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Compost barn: satisfeitos com o sistema, produtores relatam suas experiências e compartilham índices

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

EM 04/12/2018

8 MIN DE LEITURA

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O sistema de compost barn teve início em meados dos anos 80 nos EUA, mais especificamente na Virgínia. O sistema foi desenvolvido por produtores e derivou do bedded pack ou sistema de cama sobreposta onde a mesma serve como uma barreira física entre o esterco e a vaca. E não é novidade que os produtores de leite no Brasil estão buscando com maior frequência informações sobre o sistema. O ‘boom’ ocorreu após algumas suposições como a maior facilidade de manejo e a finalidade clara e adequada para os dejetos dos animais.

Na última pesquisa Top 100 realizada pelo MilkPoint, quando questionados sobre o alojamento utilizado para as vacas em lactação, as propriedades participantes desta edição são adeptas - em sua maioria - ao sistema confinado, predominantemente o free stall, em 46% das propriedades. Na sequência, aparece o compost barn, representando 22%.

A fim de entender com mais detalhes como o sistema vem se desenvolvendo no Brasil, o MilkPoint lançou recentemente uma pesquisa para analisar - com detalhes - a percepção dos produtores e os resultados obtidos por eles com o sistema até então. De antemão, é interessante apontar que os produtores participantes se mostraram extremamente satisfeitos com o sistema.

Participaram da pesquisa 42 produtores de leite de sete estados brasileiros (MG, SP, SC, PR, RS, GO e AL). A região com maior participação foi a Sudeste, totalizando 48% das respostas. Em segundo, veio a região Sul, com 43% seguida da Centro-Oeste (7%) e Nordeste (2%).

Quando questionados sobre quais sistemas os produtores estavam utilizando antes do compost barn, 52% dos participantes disseram que trabalhavam com semiconfinamento, 40% com pasto, 5% free stall e 2% já iniciaram a produção leiteira direto com o compost.

Relatos de produtores que migraram do semiconfinamento para o compost barn

Um produtor de São Gotardo/MG que antes trabalhava com semiconfinamento e agora optou pelo compost, disse que está observando uma melhor conversão alimentar: “Animais que sofriam com estresse térmico passaram a se destacar na produção. A incidência de doenças relacionadas à imunodeficiência reduziu”.

Também sobre melhorias na saúde dos animais, outro produtor de Londrina/PR, que também foi do semi para o compost, disse que na sua fazenda, os problemas de casco diminuíram, melhorando assim, a eficiência da produção.

Diretamente de Guapiaçu/SP outro produtor comentou que a transição foi muito importante, pois a propriedade é pequena. “O confinamento de todas as categorias no compost barn possibilitou o uso das áreas do pasto para a produção de volumoso. A queda na CCS ocorreu com várias mudanças no manejo (linha de ordenha, descarte de animais com mastite crônica, uso de pré e pós dipping de qualidade), entre outros. A meu ver, o compost também ajuda na manutenção da CCS já que ‘elimina’ o problema de um dos fatores que favorecem o aparecimento das infecções que é o ambiente onde os animais ficam. Respeitar o espaço por animal, revirar a cama na quantidade correta e usar material de qualidade para a cama é o ‘segredo’ para se ter sucesso com o sistema”, completou.

Na contramão, um pecuarista de Cruzília/MG citou que infelizmente não está satisfeito já que os custos com serragem, energia elétrica, combustível para manutenção da cama acabam superando os benefícios e consomem todo o lucro do sistema.

Número de animais alojados e lotes selecionados

Quando questionados sobre o número de vacas hoje alojadas no compost da fazenda, a maioria (29%) respondeu que a quantia varia de 10 a 50. Na sequência, com 26%, de 101 a 200 animais. Seguidos de 51-100 (24%) e 200 ou mais (21%).

É interessante pontuar que majoritariamente (88%) o lote escolhido para usufruir do compost são as vacas em lactação. Apenas 7% trabalham com pré-parto e uma minoria (2,4%) com lactação e pré-parto. Outras opções também totalizaram 2,4%.

Para um produtor de Boa Ventura de São Roque/PR, a fazenda necessitava de uma mudança, pois caso contrário, ele pararia com a atividade. “Resolvemos então investir no compost e hoje – passados dois anos após a construção – estou muito contente com os resultados. Claro que não foi só colocar os animais lá dentro. Teve muita coisa por trás. Estudei bastante o sistema para alcançar os resultados, que hoje, são motivadores. Estamos no momento nos preparando para um novo investimento com mais de 200 animais. No primeiro projeto, a capacidade era para 100 cabeças. Resumidamente, estou muito feliz com o sistema e faria tudo de novo”.

Já outro participante de Cerqueira César/SP destacou que como a sua propriedade é pequena, com a intensificação da atividade e especialização dos animais, ficou muito complicado o manejo durante o verão. “Ficamos com pouca sombra e muita lama nas áreas sombreadas. O compost barn ajudou muito na solução desse problema”.

Aumento na produção de leite (em litros/animal/dia) após a transição do sistema

Um participante de Almirante Tamandaré do Sul/RS conseguiu agregar um aumento de 5-6 litros/vaca/dia. “Além disso, o sistema nos proporcionou mais sanidade e imunidade aos animais. O sistema é um atrativo para futuros colaboradores”.

Na pesquisa, 48% responderam que o aumento na produção de leite (litros/leite/dia) foi de 5 a 8 litros. Na sequência e empatados com 19%, o crescimento apontado foi de 1 a 4 litros e 11 a 13 litros. Por fim, 10% comentou que a expansão foi de 9 a 10. Acima de 13 litros e aumento não apurado, empataram, com 2%.

Gráfico 1 - Aumento na produção de leite (em litros/animal/dia) após a transição do sistema. Fonte: MilkPoint.

Queda na contagem de células somáticas

“O compost trouxe para nós um menor gasto com medicamentos, mais saúde e longevidade do rebanho. Aliado a isso, tivemos um aumento de produção, fato que diluiu mais ainda os custos de produção”, comentou um produtor de São Gotardo/MG. Na mesma linha e de lá de Bela Vista de Goiás/GO, outro produtor relatou que após o sistema, eles passaram a conseguir ver as vacas manifestarem cio, emprenharem melhor, o consumo e a produção aumentaram bastante e – em contrapartida – diminuiu a mastite.

A queda de 100-200 mil células/ml foi presenciada em 38% dos participantes da pesquisa. Em seguida, 21% comentaram que a queda foi de 200-400 mil células/ml e 14%, 100 mil células/ml.

Gráfico 2 - Queda na contagem de células somáticas pós compost barn. Fonte: MilkPoint.

“Por aqui nós vimos um aumento significativo na produção de leite. Os animais ficam confortáveis, melhorando os índices sanitários, principalmente na época das águas. Conseguimos maior facilidade no manejo e uma fácil observação do comportamento do gado, o que influenciou também na sanidade e cios. Estamos fazendo o aproveitamento do composto orgânico para a lavoura e esses pontos que citei – inegavelmente – são os principais pontos positivos do sistema”, comentou um produtor de Itanhandu/MG.

Despesas sanitárias

De acordo com 36% dos participantes da pesquisa, as despesas sanitárias após a opção pelo compost caíram de 10 a 20%.

“Por aqui conseguimos reduzir os problemas sanitários. As vacas estão mais sadias e consequentemente, consigo melhorar os critérios de descarte de animais e ter sobra, fazendo com que os recursos tenham destino certo: os investimentos” acrescentou um produtor de São João do Oeste/SC.

Em uma fazenda localizada em Sarapuí/SP as despesas diminuíram, houve aumento de produtividade e melhora da sanidade do rebanho. “Tudo isso animou mais ainda os funcionários que agora entendem melhor o sistema e aceitam com mais alegria a oferta de cursos e palestras que promovo voluntariamente na propriedade e na região”.

Em segundo lugar, 24% dos participantes notaram uma queda nas despesas de 20 a 30% e 19%, uma queda de 10%.

“Para nós foi de grande importância a utilização desse sistema. Foi o diferencial em nossa propriedade. Já utilizamos o compost há mais de cinco anos e todos os dias aprendemos com ele. É uma ótima ferramenta, porém, tem que saber utilizar. O grande ponto negativo é o alto custo com energia elétrica”, declarou um produtor rural de Buritama/SP.

Com a mesma opinião, mas com um aumento nos quadros de pneumonia, um produtor de Cruz Alta/RS narrou a sua experiência: “Melhorou muito o nosso manejo, tivemos aumento na produção e melhorias no bem-estar dos animais e dos funcionários. Também, notamos menos problemas podais e de mastite, porém, temos mais problemas com pneumonia, doença que não tínhamos antes por aqui”.

Gráfico 3 – Redução das despesas sanitárias com a utilização do compost. Fonte: MilkPoint.

Sistema de resfriamento

Analisando como os produtores vêm trabalhando com o sistema de resfriamento no compost barn, é válido pontuar que a grande maioria opta pelos ventiladores em alguma das etapas. Das respostas, 38% das fazendas estão trabalhando apenas com o ventilador nas camas; 19% com aspersor e ventilador na sala de espera; 17% aspersor e ventilador no corredor de alimentação e 12%, só ventilador na cama e no corredor de alimentação.

Gráfico 4 – Sistemas de resfriamento utilizado no compost barn. Fonte: MilkPoint.

“Em função de a propriedade estar próxima ao litoral, com elevadas temperaturas e umidade relativa do ar, bem como uma região de valores de terras elevadas, o compost proporcionou aumento da eficiência do uso dos recursos produtivos, como terra, mão de obra e equipamentos”, compartilhou um produtor de São Sebastião/AL.

Outros depoimentos interessantes que surgiram na pesquisa:

Nova Cantu/PR > “Nossa região é bastante argilosa, portanto faz muito barro. No semiconfinamento tínhamos alimentos sobrando nos piquetes e as vacas não conseguiam comer. Faz cinco anos que comecei um barracão de 1.125 m² e aproveitei a sala de alimentação. Há três anos construí um barracão para 200 vacas em lactação. Estou muito contente com o sistema”.

Coronel Vivida/PR > “Depois do período de adaptação, houve uma significativa queda nos problemas de cascos. A área reprodutiva melhorou (chegando a 86% a taxa de serviço) o manejo facilitou a mão de obra e o bem-estar dos animais foi de grande importância”.

Leopoldina/MG > “Conseguimos melhorar o manejo, possibilitando mais conforto e higiene principalmente no verão. As vacas ficavam deitadas na sombra de árvores e virava um barreiro só”.

Barracão/PR > “Visto a falta de mão de obra, aliada à dificuldade de manejo, principalmente em dias chuvosos e inverno, a atividade estava sendo descartada. Com um pouco mais de alimentação salva, mantemos um rebanho de alta qualidade e nossa área agrícola está respirando. Inclusive, com a adubação de esterco bovino do compost, melhorou a produtividade, a qualidade do produto e de vida de quem está no operacional, além de contribuir para um melhoramento geral de todos os índices da atividade”.

Guaratinguetá/SP > “Houve um avanço significativo em praticamente todos os setores que possibilitou a redução no quadro de funcionários e melhora dos indicadores de produção, o que permitiu maior rentabilidade da propriedade”.

Em breve, publicaremos a segunda parte dessa pesquisa que trará informações de como os produtores estão manejando as camas do compost! Fique atento!

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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HAMILTON LARA

SÃO TIAGO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2018

Boa tarde,
Por favor gostaria de saber sobre a ventilação, altura da cobertura, tipos de materiais da cama bem como o manejo dela.
Obrigado !!
MARCOS RODRIGUES DE FARIA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 17/12/2018

Estou investindo num Compost Barn e essa excelente matéria mostra q fiz a opção correta. Sobre o consumo de energia elétrica, alguém teria uma estimativa do valor ou consumo mensal (kWh por vaca confinada) ? Grato.
CARLOS EDUARDO COSTA GOMES DE SANTANNA

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 06/12/2018

Muito boa matéria! Parabéns!
MAYKE REIS

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2018

Parabéns pelo trabalho, muito importante levar essas informações para os produtores, sabemos que o sistema de Compost Barn veio para ficar no Brasil .
MANOEL DANTAS SILVA

FORTALEZA - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/12/2018

Muito interessante! Gostaria de saber como é medida a situação sanitária destes rebanhos. São eles livre pelo menos de tubeeculose? Na minha concepção o sistema é dw alto risco para a tuberculose. Será que todos esses criadores estão sendo orientados nesae sentido? Ou estou errado?
LUIS EINAR SUÑE DA SILVA

ANÁPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/12/2018

Parabéns. Muitos depoimentos a comprovar que estamos no caminho certo.
Depois estenda a pesquisa para os outros sistemas.

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