ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Aplicação de soro de ricota na elaboração de bebida láctea fermentada funcional

VÁRIOS AUTORES

CLAUCIA FERNANDA VOLKEN DE SOUZA

EM 26/04/2016

5 MIN DE LEITURA

0
1
O soro de ricota é um subproduto da indústria de laticínios caracterizado por elevada carga orgânica. Portanto, sua eliminação inadequada causa significativos problemas ambientais e seu tratamento como efluente acarreta em aumento no custo de produção da indústria. As bebidas lácteas fermentadas têm sido uma alternativa para a utilização de soro de queijo. Devido ao alto teor de lactose (cerca de 4-5%) (Sansonetti et al., 2009), o soro de ricota pode ser facilmente fermentado, sendo uma matéria-prima acessível para a produção de bebidas lácteas e tornando-se solução viável para a diminuição do resíduo gerado e, consequentemente, redução do custo de produção (Teixeira, 2002).

Os alimentos simbióticos – que contêm prebióticos e probióticos – já são bastante difundidos; o consumidor conhece seus benefícios e busca produtos com esta propriedade. Desta forma, a utilização de ingredientes bioativos, caracterizados como probióticos e prebióticos, aumenta o interesse do consumidor pelo produto, sendo uma boa opção para agregar valor à bebida láctea produzida com soro de ricota. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi desenvolver uma bebida láctea fermentada com propriedades funcionais utilizando o soro de ricota in natura, a fim de viabilizar a utilização deste resíduo produzido em laticínios da região do Vale do Taquari, RS.

As formulações de bebidas lácteas foram preparadas variando a concentração de leite em pó e soro de ricota através do planejamento experimental, resultando em 11 amostras elaboradas nas mesmas condições de processamento. O delineamento experimental e procedimento de preparo ocorreram conforme Schlabitz et al. (2015). As amostras foram submetidas às determinações de pH, cinzas, sólidos totais, lipídeos e proteínas, conforme metodologias da AOAC (2005). A enumeração das bactérias láticas foi realizada pelo método de plaqueamento, utilizando adaptações de Vinderola e Reinheimer (1999).

O resultado da composição centesimal das formulações de bebida láctea é apresentado na Tabela 1 (clique na imagem para ampliar*) 


Abc – Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma linha e parâmetro, não diferem estatisticamente; médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem estatisticamente conforme Teste de Tukey (P ≤ 0,05)

A Tabela 1 mostra que o extrato seco variou entre 19,29% (amostra I) e 23,92% (amostra G) no primeiro dia, e 20,34% (amostra A) e 22,88% (amostra B) no 45º dia de armazenamento. A adição de soro de queijo resulta em uma bebida com menores teores de extrato seco, porém, no presente estudo, a adição de leite em pó resultou em bebidas lácteas com teores mais elevados que bebidas preparadas em estudos semelhantes (Thamer e Penna, 2006). Da mesma forma, o teor de cinzas do presente trabalho mostrou-se mais elevada que em estudos semelhantes (Thammer e Penna, 2006), indicando quantidades mais elevadas de minerais.

A concentração de proteínas variou entre 1,88% (amostra A) e 3,06% (amostra F) no 45º dia de armazenamento. As concentrações de proteínas estão de acordo com a Instrução Normativa (IN) nº 16 de 23 de agosto de 2005 (Brasil, 2005), que institui o mínimo de 1% (m/m) de proteínas em bebidas lácteas fermentadas. Thamer e Penna (2006) afirmam que apesar de o teor de proteínas geralmente ser menor em bebidas lácteas, o valor nutricional do soro é elevado.

O teor de lipídios variou entre 0,41% (amostra C) e 0,80% (amostra H) no primeiro dia de armazenamento e entre 0,39% (amostra C) e 0,84% (amostra F) no 45º dia. Thamer e Penna (2006) afirmam que, em geral, bebidas lácteas apresentam menores teores de lipídios do que iogurtes e leites fermentados. A IN nº 16 (Brasil, 2005) não fixa valores de matéria gorda para bebidas lácteas fermentadas com adição que possua características organolépticas diferentes das sem adição.

A Figura 1 apresenta a variação dos valores de pH das bebidas lácteas ao longo dos 45 dias de armazenamento.

Figura 1 - Resultados das determinações de pH ao longo dos 45 dias de armazenamento.

Os valores de pH variaram de 3,88 a 4,33 no 1º dia de armazenamento e de 4,12 a 4,27 no 45º dia de armazenamento. É comum observar a redução do pH de produtos lácteos fermentados, causados pelo processo natural de produção de ácido lático e outros ácidos orgânicos a partir da fermentação da lactose pela cultura starter e probiótica (Cardarelli et al., 2007). E, conforme Franco e Landgraf (2008) a elevação do pH pode ser um indicador de biodegradação de proteínas, que ocorre pela ação de enzimas que as hidrolisam a peptídeos e em seguida a aminoácidos.

Foram realizadas contagens de bactérias láticas, e todas as formulações produzidas podem ser classificadas como fermentadas até o 45º dia de armazenamento, pois apresentaram resultados de UFC/g superiores a 10^6, conforme exigido pela IN nº 16 de 23 de agosto de 2005 (Brasil, 2005). 

Os resultados obtidos mostram ser possível a elaboração de bebida láctea fermentada funcional com até 70% de soro de ricota, atendendo a legislação vigente (IN nº 16 de 23 de agosto de 2005). Todas as formulações podem ser consideradas probióticas. Desta forma, a bebida láctea se mostrou uma forma viável para a utilização de soro de ricota como matéria-prima, diminuindo o efluente gerado em laticínios e, consequentemente, reduzindo gastos com seu tratamento e o impacto ambiental gerado pelo descarte quando feito de forma inadequada.

Referências bibliográficas

AOAC 2005. Official Methods of Analysis of AOAC International, Horwitz, W. e G.W. Latimer (Eds.). 18th Edn, AOAC International, USA, ISBN: 9780935584752, pp: 3-4.

Brasil 2005. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa N° 16, de 23 de agosto de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Cardarelli HR, Saad SMI, Gibson GR 2007. Vulevic J. Functional petit-suisse cheese: Measure of the prebiotic effect. Anaerobe, 13: 200–207.

Franco BDGM, Landgraf M 2008. Microbiologia de Alimentos. São Paulo: Editora Atheneu.

Sansonetti S, Curcio S, Calabrò V, Iorio G 2009. Bio-ethanol production by fermentation of ricotta cheese whey as an effective alternative non-vegetable source. Biomass and Bioenergy, 33: 1687-1692.

Schlabitz C, Gennari A, Araújo ALM, Bald J, Souza CFV, Hoehne L 2015. Shelf Life of a Synbiotic Fermented Dairy Beverage Using Ricotta Cheese Whey. American Journal of Food Technology, 10: 254-264.

Teixeira SMB 2002. Elaboração de bebida láctea fermentada utilizeo soro de ricota. 63 p. Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Lavras, Lavras.

Thamer KG, Penna ALB 2006. Caracterização de bebidas lácteas funcionais fermentadas por probióticos e acrescidas de prebiótico. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 26: 589-595

Vinderola CG, Reinheimer JA 1999. Culture media for the enumeration of Bifidobacterium bifidum e Lactobacillus acidophilus in the presence of yoghurt bacteria. International Dairy Journal, 9: 497-505.

CLAUCIA FERNANDA VOLKEN DE SOUZA

Professora Titular da Univates, atuando nos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e Sistemas Ambientais Sustentáveis e nos cursos de Engenharia de Alimentos, Engenharia Química e Química Industrial. Doutora em Biologia Celular e Molecular.

CLÁUDIA SCHLABITZ

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia - Universidade do Vale do Taquari - Univates

LUCÉLIA HOEHNE

Docente do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Universidade do Vale do Taquari - Univates.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures