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Você acredita na Consultoria Técnica para o leite?

POR ANDRÉ NAVARRO LOBATO

PDPL/PCEPL-UFV

EM 29/03/2021

4 MIN DE LEITURA

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O mercado de leite nunca foi estável. Estamos somente passando por mais um dos momentos de turbulência, com preços dos insumos altos e uma incerteza ainda maior do que virá pela frente.

Ano a ano produtores vêm sentindo as margens se estreitando, e a profissionalização do setor se torna cada vez mais necessária. Já não há mais espaço para amadores na pecuária leiteira. O produtor deve administrar sua propriedade como uma empresa, desde a gestão da mão de obra ao controle dos custos de produção.

O tão falado aumento de escala pra suprir essas margens menores é bem diferente de aumentar a produção a qualquer preço, ela deve sim acontecer, porém, com planejamento e custos equilibrados. Para isso, é fundamental o acompanhamento de profissionais do setor, agrônomos, zootecnistas e veterinários.

Mostraremos a seguir o caso de 16 fazendas que foram acompanhadas pelo PDPL (Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira – UFV) em uma parceria junto à CCPR nos municípios de Entre Rios, Desterro de Entre Rios, Conselheiro Lafaiete, Carandaí e Coronel Xavier Chaves, todos entre as regiões do Campo das vertentes e Zona da Mata em Minas Gerais.

O projeto teve início em Abril/2019 e tinha duração de 2 anos. Durante esse tempo os produtores tiveram visitas regulares de veterinários, agrônomos, zootecnistas e dos estagiários dessas três áreas.

Inicialmente foi realizado um diagnóstico completo das situações técnica e financeira e posteriormente as metas foram traçadas para cada setor. A cada visita, além do trabalho técnico dentro da fazenda, havia coleta de dados zootécnicos e econômicos para gerar indicadores de monitoramento para uma tomada de decisão mais assertiva. Os resultados alcançados foram excelentes!

Na média a produção das fazendas saltou de 561 para 805 L/dia (aumento de 43,5%) e produção por vaca de 14 para 18,5 L/dia (aumento de 32,8%). Na qualidade do leite, a CCS teve uma queda de 28,2% (560 mil para 402 mil/cél./ml) e CBT de 91,1% (441 mil para 39 mil UFC/ml).

Quanto aos números econômicos, vejamos alguns gráficos a seguir:

Gráfico 1

Reparem que, na média, o gasto com a MDO (mão de obra) sobre a renda bruta já era baixo (ideal até 15%). Isso é explicado pelo fato de grande parte dos produtores possuírem uma importante participação da MDO familiar*. Ainda assim, devido ao aumento da produção e consequentemente da renda, esse custo foi diluído e houve uma queda significativa.

*Em nossa metodologia a MDO familiar entra como custo fixo e não como custo variável como a MDO contratada, já que não há desembolso direto.

Gráfico 2 

Importante componente no custo de produção, o gasto com volumosos foi trabalhado principalmente em 2 setores: introdução de volumosos alternativos para animais de menor produção (Ex. Capim capiaçu e cana de açúcar), e aumento da produção por hectare do milho para silagem.

O acompanhamento agronômico das lavouras, desde o planejamento da quantidade a ser plantada, análise de solo, recomendação de adubação, controle de pragas e plantas daninhas, ponto certo de colheita, etc, são importantes fatores para o sucesso na produção de volumosos.

Vale lembrar que “economizar” com insumos para formação e manutenção da lavoura não irá diminuir o custo por tonelada ou hectare, pelo contrário, a menor produtividade fará com que o preço final da forrageira ficará maior.     

Gráfico 3

Apesar de um pequeno aumento no gasto com concentrado, devemos considerar como uma conquista, já que no mesmo período o milho teve um aumento de 108% e a soja de 114%.

Gráfico 4

Mesmo em um período com alta nos insumos os produtores conseguiram diminuir a relação do COE (Custo Operacional Efetivo, que são os desembolsos diretos na atividade) sobre o preço do leite.

 Gráfico 5

Esse indicador nos mostra o quanto a empresa consegue transformar o capital empatado em renda. No caso, essas fazendas conseguiram aumentar a produção e a receita sem a necessidade de altos investimentos em benfeitorias e maquinários.

Gráfico 6

E finalmente o indicador que nos mostra qual é o rendimento da atividade sobre todo o capital que foi investido. É o ideal para comparar diferentes atividades, desde que seja usada a mesma metodologia de custo de produção.

Nesse caso estão contemplados todos os custos variáveis e fixos, ou seja, desembolsos diretos (concentrado, volumoso, medicamentos, MDO, minerais, combustível, energia elétrica, etc.) e também a MDO familiar e depreciação de benfeitorias, máquinas, forrageiras não anuais e de animais de serviço. O capital empatado contém máquinas, equipamentos, benfeitorias, animais e também o valor total da terra utilizada.

Importante salientar que os resultados alcançados foram fruto do esforço de 4 setores envolvidos: PDPL (técnicos e estagiários), CCPR (apoio e subsídio aos produtores), Colaboradores das fazendas (que estão diretamente na lida diária) e os próprios produtores, que acreditaram na consultoria técnica e quiseram sair da inércia e evoluir na pecuária de leite.

Sozinhos, nem o produtor nem o consultor conseguem sucesso. O papel do consultor é imprescindível pra levar tecnologias, treinar os colaboradores, gerenciar dados para conseguir o aumento na produção com custo equilibrado. Em contrapartida, de nada adianta um ótimo consultor ou equipe de consultores, se o produtor não abraçar a causa e quiser mudar para prosperar na atividade.

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ROBERTO MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/04/2021

Ótimo trabalho, mas com todo respeito a meu ver muito acadêmico. Na pecuária leiteira real, é mais simples implementar um plano de lucro anualizado com objetivos de produção orientados para o incremento da lucratividade, gerido através do cashflow (fluxo de caixa) contabilizando exclusivamente os ingressos e desembolsos financeiros.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2021

Obrigado Roberto. Tudo que o Sr. disse foi realizado durante o período trabalhado. Realizamos mensalmente a coleta dos dados econômicos de entradas e saídas para confecção do fluxo de caixa, que são periodicamente discutidos com os produtores. Porém, acreditamos que somente isso não é o suficiente para uma gestão de longo prazo e com visão futura. Fazemos o inventário de recursos de todas as fazendas assistidas para calcular também a depreciação dos bens, e assim, planejar possíveis reformas de benfeitorias, trocas e/ou ampliações de maquinários, etc.
Identificamos também por meio de diversos indicadores técnicos e econômicos, quais são os gargalos daquela empresa rural, em comparação com os Benchmarks para aquela região e sistema de produção.

Nessa análise acima, os dados são absolutamente reais. Dos 16 produtores, 12 vivem exclusivamente da atividade leiteira, 3 possuem mais de uma fonte de renda sendo o leite a principal, e apenas 1 tinha o leite como fonte secundária de renda.

Mais uma vez obrigado pelo comentário, ajuda a enriquecer e esclarecer mais sobre o assunto que ainda é presente na minoria das empresas rurais dentro da pecuária leiteira.
EM RESPOSTA A ANDRÉ NAVARRO LOBATO
ROBERTO MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2021

André, em momento algum critiquei a amplitude e eficácia do trabalho e concordo em gênero, número e grau com a metodologia aplicada no oferecimento de uma profícua gestão técnica e econômica ao grupo de produtores de leite assistidos em seu programa.

Modestamente, procurei apresentar uma alternativa para gestão da pecuária leiteira estruturada por um plano de negócio orientado por objetivos de produção com máxima agregação de renda e incremento da lucratividade, geridos a partir de um orçamento de caixa, financeiro e não contábil, projetado para uma safra anualizada trimestralmente, onde o primeiro trimestre é fixo e os demais são revisados com base nos resultados do realizado no trimestre anterior.

Enfatizo aqui novamente que esse planejamento anual do lucro não elimina em hipótese alguma a necessidade da execução da gestão econômica e contábil relatada brilhantemente no seu programa de assessoramento aos 16 produtores de leite associados permanentemente a esse projeto.

Note que na gestão pelo caixa que proponho para implementação customizada em cada uma das fazendas envolvidas, com objetivos projetados para incremento da máxima agregação da renda, ou melhor da produtividade com lucro, somente contas de receita e de despesas, são lançadas no orçamento de caixa projetado trimestralmente para cada safra anualizada, enquanto o realizado é contabilizado através dos ingressos e desembolsos no cashflow do mês.

Resumindo, o orçamento de caixa (cashflow) é a ferramenta mais adequada para a gestão financeira de resultados da fazenda, único exequível pragmaticamente pelo próprio produtor, substituto natural dos antigos "Livros Caixa" das fazendas dos nossos antepassados e dando suporte à velha máxima de que "o olho do dono é que engorda o boi".

Por último, o plano de lucro gerido eficazmente com base na perfeita implementação do plano de contas otimizado para cada um dos centros de lucro inerentes da moderna pecuária leiteira, viabilizará a mais perfeita implementação da execução dos programas compartilhados regionalmente de Gestão Econômica, Zootécnica, Genética, Veterinária, Administrativa, de Mercado e Comercial em todos os elos da cadeia produtiva dos produtos lácteos com alto valor agregado.
EM RESPOSTA A ROBERTO MESQUITA
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2021

Perfeitamente Roberto! A ideia aqui é exatamente essa, trocar experiências para um objetivo comum que é o crescimento profissional da pecuária leiteira.

A sua visão bem como a nossa é a mesma, tornar a atividade leiteira mais atrativa economicamente. Isso, somado à um crescimento sustentável, contribui com a sucessão familiar e a manutenção da atividade também para pequenos produtores.

Abraços.
DIETER ROESE

SALVADOR DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/04/2021

Excelente trabalho. Parabéns aos envolvidos. Como produtor de leite, considero a gestão o maior gargalo das propriedades.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/04/2021

Obrigado Dieter. Com certeza a gestão, ou a falta dela, é um grande entrave para o crescimento e evolução de muitas fazendas leiteiras.
RAFAELA MARTINS ALVES RAMOS

UNAÍ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 31/03/2021

Ótima matéria! Muito bom poder ver resultados numéricos que comprovam as melhorias. Tenho muito orgulho de fazer parte desse programa
AINAN SANTOS

CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 31/03/2021

Excelente matéria André, é de suma importância que os técnicos juntamente com o produtor forme uma rede de contato, que ambas as partes saibam discutir e chegarem a um acordo, com essa mensuração de dados reais fica mais fácil na tomada de decisão também. Parabéns a todos os envolvidos.
FIDELIS ITAMAR DE QUEIRÓS

ARAPUTANGA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2021

Gostaria que os técnicos e produtores me desse uma sugestão, diante fo cenário atual de preços leite, arroba, grãos etc. OOR AUANTO POSDO CENDER MINA DILAGRM DE MIKHO DE ÈXCELENTE WUALIDADE.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/03/2021

Fidelis, é uma resposta muito difícil pois existem muitas variáveis para compor o preço de venda. O primeiro deles é o custo de produção dessa silagem, é o ponto de partida para o preço mínimo a ser vendido. Outro ponto é a região, esse preço varia muito até mesmo dentro do mesmo estado. E claro, como todo mercado, o que vai mandar muito é a lei da oferta e demanda, usualmente nessa época agora de safra o preço é menor, já no final da seca, muitos produtores estão apertados com comida para os animais e o preço tende a se elevar.
ADRIANO PROVEZANO GOMES

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 30/03/2021

Ótimo artigo, de fácil leitura e com dados reais. Trabalhos como este auxiliam na divulgação da importância de uma assistência técnica de qualidade aliada à participação direta da universidade, empresa e produtores. Parabéns.
OSMAR REDIN

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2021

Belo Trabalho.
Isso mostra que o trabalho integrado do Técnico com o produtor interessado dá bons frutos.
Além de tudo isso, os profissionais que estão sendo formados na Universidade, saem com bagagem prática para enfrentar o dia a dia.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/03/2021

Obrigado Osmar.
Concordo! A profissionalização do setor é algo obrigatório já para o sucesso de longo prazo.

Quanto aos profissionais que saem da Universidade, esse é o principal objetivo do PDPL, treinar estudantes para o mercado de trabalho e também para a vida!
VITOR SANCHES

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/03/2021

Muito bom!!!
PRISCILA MATOS

EM 30/03/2021

Excelente matéria, André! É nítida a importância da relação fazenda (produtor, colaboradores) / assistência técnica. Ter dados precisos que evidenciam isso na prática é de grande valia, sem contar estimulador para ambas as partes.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/03/2021

Obrigado Priscila.
Ambos devem trabalhar juntos para atingirem o objetivo em comum.
E os dados para monitoramento do negócio são fundamentais.
NILTON CÉSAR OLIVEIRA ROCHA

EM 30/03/2021

Sou de frei lagonegro mg sou umpequeno produtor de leite tiro em média 200 litros ao dia
FIDELIS ITAMAR DE QUEIRÓS

ARAPUTANGA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2021

Vamos organizar primeiro a condição de produzir alimentos para o gado, principalmente uma boa silagem de milho para momentos mais críticos de escassez. Primeiro Boa mão de obra, alimentação e genética, não tem como dar errado.
ANDRÉ NAVARRO LOBATO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/03/2021

Isso mesmo Fidelis! O primeiro passo e que deve ser anualmente planejado e constantemente monitorando é a produção de volumosos.

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