ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

A pergunta que não se cala: Minha fazenda esta indo bem ? Parte 3

POR CLÍNICA DO LEITE

CLÍNICA DO LEITE/AGRO+LEAN

EM 26/01/2015

6 MIN DE LEITURA

8
0

Atualizado em 06/10/2023

Paulo F. Machado e Júlio Meireles

 
Na edição passada, discutimos o que é um problema, como identificá-lo corretamente e como usar os relatórios de mastite da Clínica do Leite para responder a pergunta que não quer calar: minha fazenda está indo bem? Nessa edição, vamos estudar o caso de uma fazenda que está com um problema reprodutivo e que precisa, antes de alterar qualquer procedimento, entender o porquê desta situação. Para tanto, vamos utilizar os relatórios do Gerencial Zootécnico da Clínica do Leite.

Analisando a reprodução da fazenda

O principal indicador para avaliar a reprodução dos animais de uma fazenda é a porcentagem de matrizes vazias com mais de 125 dias pós-parto. Esse indicador está correlacionado com o que vem acontecendo na fazenda em termos de reprodução, e serve como base para analisar se algo precisa ou não melhorar. No R001 temos disponível um gráfico com esse indicador:


Figura 1. R001 - Porcentagem de matrizes vazias com mais de 125 dias pós-parto

Pode-se observar que a fazenda em questão não atingiu as metas elaboradas no Planejamento Estratégico feito no início do ano. Isso quer dizer que, se algo não for feito, ela não conseguirá manter o número de animais em lactação e a reposição de matrizes necessária para atingir o volume de leite diário esperado para o próximo ano. É preciso, antes de tudo, entender o problema, o que chamamos de “Análise do Fenômeno” para, em seguida, descobrir suas causas raízes, o que deve ser feito por meio de um diagnóstico de situação “in loco”. Na Análise do Fenômeno procuramos responder as seguintes perguntas:

• Os animais estão recebendo a primeira cobertura no momento previsto?
• A concepção dos animais cobertos está dentro do previsto?
• Os animais estão mantendo sua prenhez pelo período de gestação mínimo para garantir viabilidade do feto e boa produção da matriz?
• Existe algum efeito do número da lactação, volume de leite, sanidade ou época do ano sobre a concepção dos animais?
• Os resultados dos indicadores vêm melhorando ou piorando?

As respostas a estas perguntas podem ser encontradas nos relatórios que compõem a série “Reprodução” do Sistema de Informações da Clínica do Leite. Começaremos o estudo pelo R504 para verificar se as vacas estão recebendo a primeira cobertura no momento previsto.


Figura 2. R504 - Número de dias pós-parto até a primeira cobertura dos animais de 1a cria e dos demais

O R504 mostra dados de animais cobertos pela primeira vez após o parto, separados pelo número da lactação (2a > crias e 1a cria). É mostrado o número de animais cobertos, o número médio de dias após o parto em que foram cobertos, o coeficiente de variação dos dados (C.V.) e os valores do 1o quartil e 3o quartil. No exemplo mencionado, foram cobertos, em média, por mês, no ano, 21 animais de 2a > crias, os quais tinham 62 dias pós-parto e o C.V. foi de 16%, indicando que 66% dos animais foram cobertos entre 52 e 72 dias (+ ou - 16% x 62). O 1o quartil foi de 60 e o 3o quartil de 65, sugerindo que 25% dos animais foram cobertos com menos de 60 dias e 25% deles foram cobertos com mais de 65 dias. A interpretação destes dados mostra que os animais estão sendo cobertos dentro da faixa esperada de 60-70 dias e a distribuição das coberturas está bem próxima, pois 50% delas estão entre 60 e 65 dias. No caso dos animais de 1a cria a situação é ainda melhor. Dados como estes somente são possíveis em rebanhos onde se faz uso de IATF. O gráfico abaixo representa o que foi explicado para este rebanho. Observa-se que os animais estão recebendo a primeira cobertura dentro do intervalo especificado.


Figura 3. Distribuição dos animais de 1a e 2a > crias em função do número de dias pós-parto quando recebem a primeira cobertura

A segunda pergunta se refere à concepção. Será que estes animais cobertos estão ficando prenhes? O R502 nos dá as pistas.


Figura 4. R502 - Taxa de observação de cios, concepção, de prenhez e aborto dos animais cobertos no último ano separados por ciclos de 21 dias

No R502 observa-se que havia, neste rebanho, 1.759 cios possíveis nos últimos 12 meses. Destes, 956 foram observados, sendo que houve 956 coberturas que resultaram em 183 prenhezes, mas que 44 não chegaram a termo (44 abortos). Isto resulta em uma taxa de observação de cios de 54%, de concepção de 24% e de prenhez de 12%. Os valores estão bons, porém, aquém do padrão biológico que seria de > 60%, > de 30% e > de 18%, respectivamente. Um rebanho com taxa de prenhez de 12% não conseguirá manter o número de vacas em lactação no próximo ano se tiver que descartar mais de 30% das matrizes (que é o valor médio para conseguir aumentar a produção e reduzir as células somáticas do leite). No entanto, a taxa de aborto é muito alta, está em 24% e deveria ser inferior a 10%. É preciso investigar este fato para identificar suas causas raízes. Os coeficientes mostram, também, que há um componente estacional – no verão as taxas são piores.

O R505 desdobra os dados dos animais que estão, no momento, com mais de 195 dias de paridos. Estes animais são separados em prenhes (153 animais) e vazios (126 animais). Eles são agrupados pelo número da lactação, produção, problemas sanitários e época de parto (verão e inverno). Observa-se no R505 que a única variável que contribui para a existência de animais vazios, com mais de 195 dias de paridos, é o aborto (marcado com a caixa vermelha).


Figura 5. R505 - Fatores de risco para prenhez em animais com mais de 195 dias de parido

Uma análise do R506 nos dá pistas sobre os abortos.


Figura 6. R506 - Distribuição dos abortos nos últimos 12 meses

A primeira tabela nos mostra a porcentagem de abortos das vacas e das novilhas. Nota-se que o problema está nas vacas, pois 4,6%, 6,3% e 5,0% dos animais prenhes na 1a cria, 2a cria e 3a + crias, respectivamente, abortaram, por mês, nos últimos 12 meses. Teoricamente, isto equivale a uma taxa de aborto na gestação de 32,4%, 44,4% e 35,3% dos animais (taxa mensal vezes 7,5). Já a segunda tabela, mostra os dados históricos dos abortos, e permite constatar que houve grande ocorrência de abortos das inseminações feitas entre março e junho, indicando um componente estacional para o problema.

Em resumo, a análise dos relatórios mostra que a situação reprodutiva deste rebanho poderia ser melhor. As áreas de oportunidade são a observação de cios e a concepção. Os abortos são problemas a serem resolvidos imediatamente. É preciso identificar suas causas raízes. Com este entendimento, o consultor médico veterinário deve ir à fazenda realizar um levantamento de campo dos fatores de risco associados à observação de cios, concepção e abortos (diagnóstico “in loco”).

A identificação das causas raízes trará subsídios para a elaboração de um plano de ação, com o objetivo de solucionar os problemas e, eventualmente, modificar os procedimentos operacionais ativos. Esta forma de solucionar problemas é muito importante pois, frente a uma situação indesejável, não é possível simplesmente modificar procedimentos. Antes de qualquer ação, é preciso entender o problema e identificar suas causas, para daí propor soluções mais eficazes e eficientes. Isto será assunto de próximos artigos.
 

CLÍNICA DO LEITE

Vinculada à ESALQ/USP, a Clínica do Leite é uma instituição sem fins lucrativos que atua em gestão da pecuária de leite, por meio da geração de conhecimento e da formação de pessoas.

8

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOAO GOMES DE AZEVEDO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/02/2015

Boa noite!
Acho este estudo para responder a pergunta muito rico porem complicado de ser entendido.

Abraços
RICARDO LEONEL SOBRINHO

LAGOA DA PRATA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/02/2015

muito bom artigo
JÚLIO MEIRELLES

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/01/2015

Olá João,

Exatamente! A análise da fazenda é totalmente baseada sobre a meta de cada setor, definida no Planejamento Estratégico. No caso desse artigo particularmente, a meta não foi atingida, como você pode ver no primeiro gráfico.

O restante da discussão é a análise do fenômeno, onde buscamos entender o que pode ser melhorado antes de tomar decisões. Dessa forma podemos fazer melhores investimentos e conseguir melhores resultados.

Já o risco de não cumprir a meta é discutido durante a sua definição. Com a Planilha de Planejamento Estratégico MDA o produtor pode fazer projeções de diferentes cenários até encontrar algum que seja satisfatório para os interessados e possível de ser cumprido.

Abraços!
JOAO GOMES DE AZEVEDO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/01/2015

Boa tarde Julio!
Primeiro que lhe agradecer o retorno.
Não li a parte 1 e nem a parte 2, vou me a ter na 3 parte que li e reli e vou externar minha opinião.
Sua analise e para verificar se a fazenda esta indo bem ou mal. Sugiro fazer uma analise em cima de meta com risco de não ser cumprida.
Exemplo: Vou produzir 30% de leite ate 31/12/15.
Mortalidade de cria zero até 31/12/15
Nascimento de 90% de bezerras até 31/12/15
etc.

grande abraço
JÚLIO MEIRELLES

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/01/2015

Olá João,

Uma das nossas principais preocupações é justamente como passar a todos as informações desenvolvidas aqui na Clínica do Leite da forma mais simples possível. Infelizmente, as vezes são tantos os pontos importantes a serem abordados que fica muito difícil resumi-los em apenas alguns artigos.

Justamente por isso, oferecemos 2 vezes ao ano o Curso de Especialização do Sistema MDA de Gestão de Explorações Leiteiras, onde discutimos com bastante calma todos os pontos da gestão da qualidade e da produção de leite.

Além disso, estamos à disposição para esclarecer dúvidas sobre esse e qualquer outro serviço da Clínica do Leite, por e-mail gr@clinicadoleite.com.br ou telefone (19) 3422-3631.

Um abraço!
JOAO GOMES DE AZEVEDO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2015

Boa noite!
Acho este estudo para responder a pergunta muito rico porem complicado de ser entendido.

Abraços
JÚLIO MEIRELLES

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/01/2015

Olá Sidney,

Estou certo que podemos ajudá-lo de muitas formas.

Para conhecer melhor O Sistema MDA de Gestão e o nosso Sistema de Informações entre em contato por e-mail: gr@clinicadoleite.com.br ou pelo telefone: (19) 3422-3631.

Um abraço!
SIDNEY

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2015

Eu continuo admirado com a eficiencia desses relatórios. Queria ver algo mais detalhado.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures