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Quanto custa um caso de mastite?

POR MAYSA SERPA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/04/2022

5 MIN DE LEITURA

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A qualidade do leite é um dos temas mais importantes ao se tratar em uma propriedade leiteira. Os parâmetros de qualidade do leite cru dizem muito sobre os processos realizados dentro da fazenda e sobre sua rentabilidade.

Pensando em rentabilidade e qualidade do leite, a mastite é a doença que traz mais perdas na produção de leite por animal, gera custos com tratamento, penalizações, além de depreciar a qualidade do produto para a indústria, onerando a cadeia láctea tanto da “porteira para dentro” quanto da “porteira para fora”.

As perdas econômicas relacionas com cada casa de mastite nas fazendas brasileiras giram em torno de R$ 700 por vaca por ano. A título de exemplificação, em um rebanho com 50 animais, isso significaria R$ 35 mil.

“É como se nós estivéssemos desperdiçando o potencial de produção das fazendas leiteiras quando temos deficiência no controle da mastite no sistema de produção”, disse o professor Marcos Veiga, da FMVZ/USP, em sua palestra “Conceitos sobre qualidade do leite e sua relação com a rentabilidade”, ministrada no evento MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade.

 

Mas por que a mastite ainda nos preocupa?

Há cerca de 50 anos, na década de 70, existia uma grande preocupação com o controle da doença, utilizando o programa de 5 pontos para controle da mastite, além do uso irrestrito de antimicrobianos.

Hoje, de acordo com Veiga, a situação é bem diferente. Houve grande avanço genético na produção e mudanças no ambiente dos animais, além de alterações no padrão de comportamento dos agentes causadores. Existem também mais ferramentas para o controle da mastite, mas o uso racional de antimicrobianos é uma pauta recorrente.

Olhando para dados históricos do padrão de Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (BCT) no Brasil, pode-se observar um grande avanço no controle da CBT desde 2013, enquanto a CCS se manteve praticamente estagnada, em uma média de 450 mil cél./mL. Por outro lado, nos Estados Unidos – país que possui uma cadeia leiteira bem estruturada – vê-se uma gradativa queda na média deste parâmetro ao longo dos anos, atingindo valores abaixo de 200 mil cél./mL. 

“Esta [a CCS] é uma das grandes dificuldades para a cadeia leiteira do Brasil: isso impacta a rentabilidade, isso impacta o rendimento industrial, isso impacta toda a cadeia”, enfatizou o professor.
 

Como o alto padrão de CCS impacta a lucratividade? 

Vacas saudáveis normalmente possuem média de CCS abaixo de 100 mil cél./mL. Sabendo disso, é possível estimar a porcentagem de animais com mastite subclínica no rebanho a partir da CCS do tanque de expansão. Levando-se em consideração a média brasileira de CCS (400 a 450 mil cél./mL), as fazendas teriam em cerca de 30% dos animais em lactação doentes. No caso dos EUA, esse número seria de 10 a 15%.

 

E qual o impacto direto disso na lucratividade?

O maior impacto é na perda de produção por animal. Segundo Marcos Veiga, estudos conduzidos com dados de controle leiteiro da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH) mostraram que vacas de primeira lactação com CCS acima de 500 mil cél./mL deixam de produzir até 1kg de leite por dia. Em animais de segunda e terceira lactação, esse número é de 2 a 3kg/dia.

Os valores variam de acordo com o patógeno causador, mas, em média, vacas sadias produzem de 5 a 7 kg a mais de leite por dia do que vacas com mastite subclínica crônica. “São vacas que muitas vezes estão no rebanho deixando de produzir leite e representam potencial de transmissão de casos de mastite para outras vacas. Isso hoje é perfeitamente quantificável”, disse o especialista.

Desta forma, o valor de CCS de uma fazenda tem correlação direta com a média de produção por vaca por dia, impactando diretamente na lucratividade da propriedade. Também com dados do Brasil, Marcos Veiga mostrou que fazendas com alta CCS produzem cerca de 5 litros/dia/animal a menos do que aquelas com baixa CCS e a diferença no lucro por vaca por ano pode variar em até R$ 1040 comparando propriedades com CCS abaixo de 100 mil e acima de 750 mil cél./mL.

Além da queda na produção, a mastite traz outros de ordem indireta - perda de bonificação por qualidade e perdas reprodutivas associadas a mastite – além das perdas diretas, com o desembolso para tratamento dos casos, descarte do leite, penalizações por qualidade, além de casos de descarte de animais ou até morte.

 

Como minimizar as perdas com a mastite?

Para minimizar estas perdas, é imprescindível o controle da doença e o especialista destaca 3 passos principais para isso: diagnóstico da situação da mastite na fazenda, determinação das causas e a prioridade de ação (mastite contagiosa ou ambiental; clínica ou subclínica).

Além da redução dos casos, pode-se também reduzir os gastos com medicamentos por meio do tratamento seletivo para a mastite. Segundo Marcos Veiga, em torno de 7 a 8% das vacas do rebanho têm mastite clínica no mês e cerca de 40% destes casos não apresentará crescimento bacteriano na cultura microbiológica. Além disso, outros 10% dos casos referem-se a patógenos Gram-negativos, que o professor não recomenda tratamento com antimicrobianos, a menos que seja um caso grave.

“Somando [os casos de cultura negativa e de crescimento de bactérias Gram-negativas], tem-se 50% dos casos com potencial de melhoria e redução de custos de tratamento, com menos uso de antibióticos e menor descarte do leite”, configurando o que o especialista chama de tratamento seletivo da mastite clínica.

Assim, as recomendações do Prof. Marcos Veiga para o tratamento seletivo da mastite são baseadas em três parâmetros:

  • Gravidade do caso: sendo recomendado tratar imediatamente somente casos graves;
  • Características do animal: avaliar o histórico de casos do animal e decidir a viabilidade do tratamento (alerta para animais com histórico de 3 casos de mastite por lactação ou CCS cronicamente acima de 700 mil cél./mL);
  • Causa da mastite: realizar cultura microbiológica e, somente com o resultado, definir o protocolo de tratamento (anti-inflamatório + antibiótico).

Com base nisso, o esquema de tomada de decisão está ilustrado a seguir:

De acordo com o especialista, aguardar a cura clínica dos animais ou o resultado da cultura microbiológica não implica em perda de cura. Adotar o tratamento seletivo reduz em até 73% as doses de medicamento utilizadas na fazenda e em até 50% os casos tratados, o que leva a uma grande economia nos custos com medicamentos, além de evitar descarte do leite. “Antibióticos são ferramentas fundamentais para a saúde das vacas, mas quando usados de forma racional e responsável”, finalizou.

Se você ficou interessado e quer saber mais sobre como melhorar a rentabilidade controlando os casos de mastite, saiba que você pode conferir a palestra do Marcos Veiga completa. Ainda dá tempo de inscrever e conferir todo o conteúdo.

As palestras ficam disponíveis por 30 dias na plataforma do evento e ainda temos mais 3 encontros semanais online. Você com certeza vai aproveitar muito as informações quentinhas que estão rolando no evento. 

Então, não perca mais tempo, clique aqui, confira a programação e se inscrevaVamos nessa?

MAYSA SERPA

Médica Veterinária, MSc. e doutoranda em Sanidade Animal pela UFLA.

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