O que causa edema de úbere?
O edema de úbere é resultante do acúmulo de fluidos no espaço intercelular na região do úbere e, às vezes, também na região ventral do abdômen. Um pequeno edema é fisiologicamente normal nas proximidades da data do parto. Entretanto, o produtor deve-se preocupar com o edema excessivo, aquele que compromete a ordenha dos animais, causando uma remoção incompleta do leite e predispondo à ocorrência de mastite.
Outra séria consequência do edema é ocasionar um dano permanente nos ligamentos suspensórios do úbere, prejudicando a vida produtiva do animal e reduzindo sua longevidade. A incidência deste tipo de edema que compromete a produtividade deve ser inferior a 4%. Entretanto, um levantamento realizado com 12000 vacas no Canadá, observou uma incidência de 18% desta manifestação clínica.
O edema é um distúrbio resultante do aumento do fluxo sanguíneo que chega à região do úbere e da redução do fluxo sanguíneo que deixa o úbere. Com isso, ocorre uma elevação da pressão interna dos vasos que, por sua vez, ocasiona um aumento da permeabilidade, permitindo o escoamento dos fluidos e o seu consequente acúmulo no espaço intercelular.
O edema de úbere representa um importante problema clínico e, juntamente com a febre do leite, a retenção de placenta, a torção de abomaso, a metrite e a cetose, faz parte do complexo de distúrbios metabólicos do periparto.
Quando ocorre o edema de úbere?
A prevalência do edema é maior em novilhas de primeira cria, possivelmente porque estes animais têm o sistema vascular da região do úbere menos desenvolvido. Todavia, existe também a contribuição do fator hereditário, sendo que algumas vacas têm tendência para apresentar o edema de mama.
Como tratar o edema de úbere?
Os casos mais simples apresentam uma recuperação espontânea logo nos primeiros dias após o parto. Entretanto, quando o edema persiste por algum tempo é necessário o tratamento com corticoides e diuréticos.
Nos casos em que animal já apresenta um edema excessivo antes do parto, é possível reduzi-lo com o uso de diuréticos, massagens no úbere, ordenha e um moderado exercício. Já foi relatado que as novilhas induzidas à prática de exercícios apresentam redução do edema no pré-parto.
Michael Schutz, pesquisador da Universidade de Purdue, avaliou o efeito da ordenha antes do parto em novilhas com edema. Os animais foram ordenhados três vezes antes do parto e os resultados foram:
- redução do edema,
- aumento da produção,
- diminuição na contagem de células somáticas com duas semanas após o parto.
Os bezerros nasceram sem alteração de peso e não houve aumento de retenção de placenta ou aumento no índice de distocias nos partos. No entanto, a qualidade do colostro produzido foi inferior, sendo necessário recorrer ao banco de colostro para a alimentação dos bezerros.
As causas exatas do edema de úbere ainda não foram completamente elucidadas. Suspeita-se que a pressão exercida pelo peso do bezerro na cavidade pélvica seja um dos fatores predisponentes. Sabe-se também, que o edema está associado à ingestão de altas quantidades de energia, sódio, ou potássio.
Figura 1- Vaca no pós-parto, em fase de recuperação do edema de úbere.
Como prevenir o edema de úbere em vacas leiteiras?
Para prevenir o distúrbio é recomendado que a ingestão de sódio (Na) seja limitada em 0,15% da dieta, a ingestão de potássio (K) a 1,4% da dieta durante as três últimas semanas antes do parto.
Pesquisadores da Universidade de Tennessee - USA, sugerem que um processo oxidativo está associado com a etiologia do edema de úbere. Esta teoria argumenta que com o aumento do metabolismo, no início da lactação, ocorre um maior acúmulo de oxigênio livre no úbere. Este oxigênio pode reagir com micotoxinas advindas dos alimentos, produzindo pro-oxidantes. O produto destas reações químicas danificaria as membranas da célula, causando o edema de úbere.
O zinco, cobre, manganês, magnésio, a Vitamina E, e o selênio ajudam a reduzir estas reações oxidativas. Estes nutrientes são chamados anti-oxidantes. Por isso, os pesquisadores da Universidade de Tennessee recomendam que a dieta das vacas no pré e pós-parto contenha 0.3 ppm de selênio, 20 ppm de cobre, 60 ppm de zinco e manganês, 0.25% de magnésio e 1000 ppm de Vitamina E.
Resumindo, o edema de úbere é um problema clínico muito comum nos rebanhos leiteiros e, apesar de não chamar muita atenção, causa prejuízos diretos (perda na produção, custos de tratamento) e indiretos (levando à mastite e ao descarte precoce do animal). No próximo artigo serão abordados dois trabalhos de pesquisa que oferecem dados interessantes sobre o edema de úbere.
Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.
Referências
MALVEN, P.V.; ERB, R.E.; FRANCES D'AMICO, M.; STEWART, T.S.; CHEW, B.P. Factors associated with edema of the mammary gland in primigravid dairy heifers. J. Dairy Sci., v. 66, n.2, p.246, 1983.
MARÇAL, W. S.; WESTERING, A.J.V. Aspectos clínicos, epidemiológicos e terapêuticos do edema de mama em bovinos leiteiros. R. Bras. Méd. Vet., v.24,n.3, p.114, 2002.
SCHUTZ, M. Milking pre-fresh heifers may be benefical. Dairy Herd Mangement, July, 2002.
VESTWEBER, J.G.E.; AL-ANI, F.K. Udder edema in cattle. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet., v.5, n.1, p.85, 1983.