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Boas práticas de produção associadas à higiene de ordenha e qualidade do leite - Parte 3

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 20/09/2007

5 MIN DE LEITURA

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4. Prevenção de contaminação do leite por medicamentos veterinários

Para que seja seguro e de boa qualidade, o leite deve estar isento de resíduos de drogas veterinárias, como antibióticos e pesticidas. O leite com resíduos de antibióticos não deve ser consumido, pois pode ocasionar graves problemas de alergias ou resistência aos antibióticos usados para o tratamento de doenças humanas, além de não poder ser usado para a fabricação de produtos lácteos, uma vez que afeta o processamento dos mesmos.

4.1 Origem dos resíduos no leite:

A mastite é a principal doença do gado leiteiro que requer antibioticoterapia e, portanto, é uma das principais origens de resíduos de antibióticos no leite. No entanto, deve-se enfatizar que qualquer antibiótico utilizado em vacas por qualquer via de administração (intramamária, muscular, intra-uterina, oral, ou pela pele) pode resultar em resíduos no leite. Isso ocorre porque os antibióticos são absorvidos pela corrente sangüínea após sua aplicação e depois podem passar para o leite.

O período de carência ou período de retirada do leite para o consumo é aquele período de tempo após a administração da droga até o leite ser permitido para consumo humano. A duração do período de carência depende de diversos fatores como: a) dose e esquema de tratamento utilizado; b) via de administração; c) produção leiteira do animal; d) formulação do produto.

4.2 Razões para aparecimento de resíduos no leite

a)Não observância do período de carência do antibiótico.

b)Erro na identificação dos animais tratados ou na anotação dos dados do tratamento.

c)Uso de drogas ou dosagens em esquemas diferentes de tratamento para o qual o período de carência foi estabelecido.

d)Descarte de leite apenas do quarto tratado.

e)Vacas que têm partos antecipados e períodos secos curtos.

f)Uso de produtos de vacas secas para tratamento de vacas em lactação.

g)Ordenha acidental de vacas secas ou erro durante a ordenha e mistura de leite com e sem resíduos.

4.3 Medidas de controle e prevenção de resíduos no leite

a)Implantação de programa de controle de mastite, visando reduzir sua ocorrência no rebanho e, dessa forma, reduzir o uso de tratamentos para mastite.

b)Identificação dos animais em tratamento e ordenhar separadamente esses animais.

c)Respeitar estritamente o período de carência dos medicamentos.

d)Usar somente medicamentos aprovados e autorizados para uso em vacas em lactação.

e)Evitar o uso de antibióticos em doses ou esquemas de tratamento não recomendados na bula.

f)Armazenar os medicamentos em local fechado e com controle de acesso, separando os produtos para vacas em lactação dos de vacas não-lactantes.

g)Instruir funcionários e ordenhadores sobre o correto uso de antibióticos nos animais em lactação.

h)Manter registros do responsável e datas dos tratamentos, animais tratados, períodos de carência e produtos utilizados.

Aplicação de boas práticas de produção em fazendas leiteiras

A implantação de programas de BPA e APPCC tem sido incentivada por várias entidades e por força de legislação em algumas indústrias de alimentos. Um desses exemplos é o Programa alimento seguro (PAS) - (https://www.alimentos.senai.br/), cujos objetivos são disseminar e apoiar a implantação das Boas Práticas e o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nas empresas de alimentos e alimentação no Brasil. O enfoque desse programa é aumentar a segurança e a qualidade dos alimentos e capacitar o setor produtivo brasileiro para atender a exigências dos países importadores em termos de segurança dos alimentos.

O PAS é composto de uma parceria que reúne instituições como: EMBRAPA, SENAR, SENAI, SESI, SENAC, SESC, SEBRAE e algumas Instituições Governamentais, como a ANVISA e o CNPq. Entre os vários módulos que compõem o PAS, o Projeto PAS-Campo enfoca as BPAs ligadas à produção primária de alimentos (https://www.alimentos.senai.br/campo/index_c.htm).

Para a implantação das BPA em uma fazenda leiteira há necessidade da formação de uma equipe de trabalho e definição de responsabilidades de cada pessoa. É fundamental nessa fase que todas as pessoas sejam capacitadas para participação no programa. É necessária, também, a existência de registros e controles na propriedade para o monitoramento da atividades e avaliação da necessidade de ações corretivas.

A elaboração de um Manual de Boas Práticas Agropecuárias para cada propriedade auxilia na descrição das tarefas do dia-a-dia da propriedade e na redação dos Procedimentos Operacionais (PO) relacionados, visando obter o leite seguro e de alta qualidade. Os principais PO relacionados ao controle de mastite e qualidade do leite são: manejo de ordenha, tratamento de casos de mastite clínica, procedimento de secagem, procedimentos para vacas recém-paridas, limpeza de equipamentos de ordenha, limpeza de tanque e coleta de amostras de leite.

Em relação ao manejo de ordenha e resfriamento do leite, os principais itens a serem descritos são:

• Como as vacas são conduzidas para a ordenha.

• Quais cuidados e procedimentos são realizados antes da ordenha: teste da caneca, lavagem dos tetos, desinfecção dos tetos.

• Como é feita a ordenha (manual ou mecânica).

• Procedimentos pós-ordenha: pós-dipping, alimentação das vacas.

• Temperatura e velocidade de resfriamento do leite após a ordenha.

• Procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha e tanque de expansão.

Uma importante ferramenta das BPAs é a lista de verificação (checklist), que auxilia na identificação de procedimentos incorretos e possíveis ações corretivas. Além disso, o uso da lista de verificação permite estabelecer quem é o responsável pela ação corretiva, o prazo para execução, o novo procedimento a ser utilizado e os custo envolvidos. Alguns exemplos de lista de verificação e PO são descritos em anexo (1 e 2).

Bibliografia consultada

International Dairy Federation and the Food, Agriculture Organization of the United Nations. Guide to good dairy farming practice. Roma : IDF/FAO, 33 p, 2004.

Renaldi, J. R. F. Milk production. In: Assad, A. A. C.; Macedo, J.; Izquierdo, J.; Porto, M. C. M.; Barbosa, S. (Org.) Guidelines for good agricultural practices. Embrapa's input to FAO'S priority area of interdisciplinary action on integrated production systems. Brasilia : FAO/MAPA/Embrapa, p. 99-136, 2002.

PAS Campo. Boas práticas agropecuárias para a produção de alimentos seguros no campo: "mão na massa" para obeter um leite seguro. Brasília-DF : Embrapa Trasferência de Tecnologia, 54 p. 2005.

PAS Campo. Boas práticas agropecuárias para a produção leiteira - Parte I. Brasília-DF : Embrapa Trasferência de Tecnologia, 39 p. 2005.

PAS Campo. Boas práticas agropecuárias para a produção leiteira - Parte II. Brasília-DF : Embrapa Trasferência de Tecnologia, 20 p. 2005.


Fonte: SANTOS, M. V. Boas práticas de produção associadas à higiene de ordenha e qualidade do leite. In: O Brasil e a nova era do mercado do leite - Compreender para competir. Piracicaba-SP : Agripoint Ltda, 2007, v.1, p. 135-154.


Anexo 1 - Check-list para monitoramento da qualidade do leite na propriedade

1) Cadastro de propriedade


2) Infra-estrutura


3) Avaliação do manejo de ordenha


4) Limpeza do equipamento de ordenha

Avaliação da limpeza em sistema canalizado do equipamento de ordenha


Anexo 2: exemplo de protocolo operacional para o manejo de ordenha



MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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EDUARDO GUINESI PÍCOLI

CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/05/2008

Obrigado pela resposta professor! Mas e sobre a mastite? Ela poderia também ser causa de acidez no leite logo que este sai do úbere? Ou sempre que a mastite estiver presente o leite estará alcalino?

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Eduardo Guinesi Pícoli",

De forma geral, a mastite causa alcalinização do leite (aumento do pH), no entanto, pode sim ocorrer redução da estabilidade do leite dessas vacas com alta CCS, uma vez que ocorre alteração do teor de caseína do leite.

Atenciosamente, Marcos Veiga

EDUARDO GUINESI PÍCOLI

CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 17/05/2008

Boa tarde Prof. Marcos! Sou veterinário e Responsável Técnico por um laticínio localizado em Uberaba-MG e estamos trabalhando pela melhoria da qualidade do leite que captamos. Porém, tenho me depararado com alguns problemas que não conseguimos esclarecer totalmente. Um desses problemas diz respeito à acidez do leite. Como é possível o leite já sair ácido do úbere da vaca? Sabemos que a mastite sub-clínica alcaliniza o leite; mas poderia ocorrer também o contrário, ou seja, acidificar este leite? Suspeitamos que a dieta esteja relacionada, mas quais seriam os mecanismos metabólicos responsáveis por tal alteração no leite e quais os componentes da dieta que interferem diretamente neste problema? E ainda, o que fazer quando isto ocorre mesmo em animais a pasto e com suplementação mineral correta? O bicarbonato de sódio via oral na dose de 50 gramas por animal seria uma solução acertada?

<b>Resposta do autor </b>

Prezado Eduardo Guinesi Pícoli,

Esse problema deve ser o de leite instável e não necessariamente leite ácido. Isso significa que o leite está com uma estabilidade mais baixo, pois coagula ao teste do Alizarol, mas que é feita a análise do pH ou acidez titulável, o leite está normal. Não se sabe exatamente qual a causa dessas alterações, mas sem dúvida que existe um componente nutricional, o que pode indicar que a dieta destas vacas deve estar desbalanceada. Infelizmente, não existe base cientifica para o uso de bicarbonato na dieta, pois isso somente teria sentido se a vaca estive em quadro de acidez ruminal, o que nem sempre ocorre.

Atenciosamente, Marcos Veiga
EDUARDO FONSECA PORTUGAL

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/10/2007

Boa tarde! Breve reflexão sobre B.P.As. Há muito tempo se fala e pouco se pratica no que diz respeito à garantia de obtenção de leite com qualidade. Neste ano de 2007 pudemos presenciar o bom momento que atravessou a pecuária leiteira e a desaceleração dos preços. Ao refletirmos dos erros e acertos, a razão nos mostra que num período de falta de matéria-prima(em questão o leite) o ineficiente passou a eficiente, o leite sem qualidade passou a ser "top", o amador passou a ser profissional e muitas indústrias esqueceram de aplicar deságios no leite de qualidade inferior!

O que faz o ser humano agir na falta de leite para atender suas necessidades industriais? Minha carta destaque (acho que em Agosto) abordava minha preocupação com o leite de qualidade pagar a conta da queda dos preços! Li um comentário do pesqisador da Embrapa São Carlos (Chinelato) sobre o imediatismo do produtor de leite no Brasil.

Tentamos extrair o máximo do bom momento quando na verdade temos que nos preparar para o momentos de aperto. Agora o "lobby" das grandes redes não permite a estabilidade dos preços no varejo, é mais rentável vender a que desce redondo ou a boa idéia, do que valorizar um produto de alto valor nutricional.

Continuo insistindo que não existe lugar para leite sem qualidade, sem boas práticas de obtenção de leite, e programas de pagamento de qualidade só terá importância e resultado quando a oferta de leite no Brasil estiver acima das necessidades industriais!

A sobra fará que o melhores sejam valorizados, e o deságio atinja os oportunistas e amadores da atividade. Precisamos avaliar se o produtor é pequeno na estrutura de sua propriedade ou nas sua ações do dia a dia de sua atividade. O custo social do leite tem que ser repensado, evidenciamos as diversas formas atuais de organização de produtores de leite que muitas vezes visam apenas preço e esquecem da qualidade e segurança do consumidor!

Acredito que a oferta de leite em excesso selecionará os melhores. Sem BPAs, não existe crescimento da atividade de leite no Brasil.

Sds,

Portugal-Frimesa-PR.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Eduardo,

Obrigado pela sua mensagem. Concordo contigo de que nos momentos de falta de leite, a questão qualidade passa a ser secundária, justamente porque existe demanda para esse leite inferior. Também concordo que a qualidade é uma grande oportunidade de diferenciação entre produtores, mas em períodos de falta de leite, essa diferença fica imperceptível.

Atenciosamente,

Marcos Veiga dos Santos
ANDERSON LUIZ CAMPANHARO

PITANGA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2007

Boa tarde,

Gostei muito desde texto e das tabelas. Aproveitando, gostataria de parabenizar pelo livro "Estratégia de controle de mastite e qualidade de leite", muito bom.

Um abraço e até mais.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Anderson, obrigado pela mensagem.

Atenciosamente,

Marcos Veiga


RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

POMPÉU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/10/2007

Ficamos meio perdidos com a variedade de medicamentos para vaca seca existente no mercado, nomes como cefapirina, cefalonio e nafcilina parecem ser tudo a mesma coisa, entretanto, cada vendedor chega com um prospecto mostrando que o seu é melhor que o da concorrência. Existe alguma pesquisa séria com um número interessante de fazendas que mostre um bom produto?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Renato,

A questão da escolha dos produtos para tratamento de vaca seca e para tratamentos na lactação sempre envolve alguma dificuldade, pois lembre-se que estamos tratando a vaca um apenas um antibiótico e temos uma ampla gama de agentes causadores. Posso te garantir que nenhum medicamento tem eficácia de 100% e se fosse assim teríamos a mastite controlada sem grandes problemas.

A minha recomendação sempre é usar um produto de vaca seca com base em informações sobre a eficácia na fazenda (verificar se vacas estão parindo com mastite ou mastite clínica nas duas primeiras semanas de lactação e também dados de antibiograma que pode ser útil, além disso fazer um rodízio de produtos a cada 6 meses. Isso pode aumentar a chance de sucesso.

Atenciosamente,

Marcos Veiga dos Santos

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