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Bactérias causadoras da mastite contagiosa

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 16/07/2007

3 MIN DE LEITURA

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Podemos dividir as bactérias causadoras de mastite contagiosa em dois grandes grupos: patógenos principais e patógenos secundários. Dentre os patógenos principais destacam-se o Staphylococcus aureus, o Streptococcus agalactiae e o Mycoplasma bovis; e entre os secundários, o Corynebacterium bovis.

Staphylococcus aureus: microrganismo Gram-positivo, geralmente encontrado colonizando o canal do teto, o interior da glândula mamária ou a pele do teto, especialmente quando essa se encontra lesada. A transmissão ocorre principalmente por meio das mãos do ordenhador e dos panos ou esponjas de uso múltiplo.

Uma vez instalado no interior da glândula mamária, esse agente tem a propriedade de fixar-se às células epiteliais e estabelecer uma infecção por meio de múltiplos mecanismos patogênicos, tais como a produção de diversas toxinas. Isso pode resultar em necrose do estroma e parênquima mamário, estabelecendo-se nesse local um foco de infecção. Tal necrose resulta em perda de função secretora e conseqüente redução da produção de leite.

As infecções causadas por S. aureus apresentam-se geralmente na forma subclínica. Pode ocorrer um aumento variável na CCS e, uma vez infectado, o quarto passa a ser um reservatório do agente. Podem ainda ocorrer, com uma menor freqüência, casos agudos que resultam em mastite gangrenosa e podem levar à morte do animal. O S. aureus possui grande capacidade de invasão, o que permite sua instalação em partes profundas da glândula mamária.

Além disso, geralmente há formação de tecido fibroso no foco da infecção, formando "bolsões" de bactérias que impedem o acesso dos antibióticos ao local da infecção. Isso confere uma das principais características do agente: infecções de longa duração, com tendência a cronificação e baixa taxa de cura, tanto espontânea como por uso de antibióticos.

As dificuldades para controle de S. aureus ocorrem em razão de falhas na detecção de todos os animais infectados, diversidade de reservatórios do agente e resistência do agente ao tratamento.

Figura 1. Leitura de placas de isolamento de agentes causadores de mastite.


Nos quadrantes superiores (direito e esquerdo), observa-se cultura pura de Staphylococcus aureus apresentando hemólise beta (parcial). No quadrante inferior esquerdo, aparecem colônias de Corynebacterium bovis.

Streptococcus agalactiae: bactéria Gram-positiva, encontrada principalmente no interior da glândula mamária e altamente contagiosa. Pode ser isolada também de superfícies contaminadas com leite, tais como teteiras e mãos dos ordenhadores. A transmissão dessa bactéria ocorre principalmente durante o período da ordenha, porém bezerras criadas em bezerreiros coletivos e que recebem leite de vacas com mastite também podem adquirir a infecção.

A infecção por esse agente manifesta-se na grande maioria das vezes na forma subclínica. Estima-se que pode haver até quarenta casos subclínicos para cada caso clínico em um rebanho afetado por essa bactéria. Os rebanhos infectados apresentam poucos casos clínicos, mas normalmente têm alta CCS.

Inicialmente, o agente infecta a cisterna e o sistema de ductos da glândula mamária, determinando redução na produção de leite e, em alguns casos, substituição do tecido secretor por tecido fibroso. Quando o diagnóstico é feito rapidamente, são raros os casos de perda do quarto afetado. A resposta à antibioticoterapia no tratamento de infecções causadas por Streptococcus agalactiae é boa e permite até a sua erradicação em um rebanho infectado.

A alta prevalência de Streptococcus agalactiae em rebanhos leiteiros pode ter impacto negativo sobre a qualidade do leite, pois esse agente provoca grande elevação da CCS (acima de 1.000.000 cel/mL), podendo comprometer a qualidade do leite de todo o rebanho. Além disso, esse é um dos casos em que um quadro de mastite pode determinar uma alta contagem bacteriana total (CBT) no leite enviado para a indústria, pois vacas infectadas com Streptococcus agalactiae eliminam elevado número de colônias de bactérias no leite. Foi estimado que um quarto infectado com esse agente em um rebanho de 100 vacas pode elevar a CBT do leite para cerca de 100.000 ufc/mL.

Figura 2. Placa de ágar sangue apresentando o teste de CAMP para identificação de Streptococcus agalactiae.


O teste consiste em inocular culturas suspeitas de S. agalactiae perpendicularmente a uma estria de Staphylococcus aureus apresentando ampla zona de hemólise beta (parcial). S. agalactiae produz uma substância que causa a hemólise total da hemólise beta de S. aureus. Na proximidade do crescimento das duas bactérias, observa-se uma zona de hemólise na forma de "V" ou "chama de vela", quando o estreptococo é CAMP positivo.

Fonte:

SANTOS, M. V. e FONSECA, L. F. L. Estratégias para o controle da mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri: Manole. 2006. 314 p.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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TALLES OLIVEIRA FERREIRA

SALGADO FILHO - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 25/03/2019

Boa tarde!!! Qual é o plano de prevenção da msatite (Mamite), Clinica e Subclinica?
ADRIANE ZALAMENA

TUPARENDI - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/11/2018

Olá professor Marcos. Estive pesquisando e fiquei em dúvida. Fizemos cultura de algumas vacas com CCS alta. Entre as gran positivas ficou em staphylococcus sp e enterococos sp. A dúvida é sobre a enterococos sp se ela é Ambiental ou contagiosa?. E o que fazer para prevenir novos casos?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2018

Prezada Adriane, Enterococcus sp. são bactérias Gram-positivas de origem do ambiente. Comportam-se de forma muito parecida com os estreptococcus ambientais e todas as recomendações de prevenção de mastite ambiental se aplicam. Uma das diferenças é que a resposta ao tratamento geralmente é menor do que a dos estreptococos, pois os Enterococcus são mais resistentes aos antimicrobianos. Atenciosamente, Marcos Veiga
PATRICIA NEVES

TUPACIGUARA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/03/2008

Boa noite professor Marcos, gostaria de saber como descobrir qual o agente patogênico que está causando tal infecção no caso de uma mastite clínica ou sub-clínica? Para o tratamento com o antibiótico correto. Gostaria de saber também o melhor método para abaixar CCS e CBT no caso de um rebanho com alto índice de mastite sub-clínica?

<b>Resposta do autor</b>

Prezada Patricia Neves,


Obrigado pela sua participação. O método diagnóstico para idetnificação do agente causador é pela cultura microbiológica do leite. Deve-se coletar uma amostra de leite do quarto afetado em frasco estéril para envio a um laboratório especializado. O resultado será dado em termos de qual o agente é o causador da mastite.

Sobre as medidas para redução da CCS e CBT do leite, o espaço é curto para maiores detalhamentos, mas em termos gerais para a redução da CBT: adequado manejo de ordenha, resfriamento imediato do leite e boa limpeza dos equipamentos e utensílio em contato com o leite.

Para um programa de controle de mastite, visando a reduçào da CCS, recomenda-se: adequado manejo de ordenha, tratamento de todas as vacas secas, imediato tratamento de casos clínicos na lactação, descarte e/ou segregação de vacas com mastite crônica e adequada manutenção do equipamento de ordenha.

Atenciosamente, Marcos
ANDREIA TIRLONI

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA

EM 05/09/2007

Boa noite Prof. Marcos, parabenizo você pelo excelente artigo, que esclarece muito bem os casos de mastite e auxiliam, a nós estudantes, a esclarecer dúvidas.

Parabéns novamente e continue publicando seus artigos.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezada Andreia,

Obrigado pela mensagem.

Atenciosamente,
Marcos Veiga dos Santos

EDIVALDO SAMPAIO DE ALMEIDA FILHO

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/08/2007

Bom dia prof. Marcos. Aproveitando seu excelente artigo sobre agentes infecciosos causadores de mastite, venho informar a ocorrência de 2 casos de mastite clínica ocasionada por <i>Nocardia</i>, afetando apenas um quarto de cada animal em rebanho leiteiro em Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso.

O rebanho é girolando (3/4), cerca de 30 vacas em lactação, e o leite obtido por meio de ordenha mecânica. Sabendo dos perigos que este microrganismo pode causar à produção e a saúde pública tb, recomendamos o afastamento imediato dos animais do resto do plantel. Quais medias extras o sr me orientaria a fazer em relação as vacas acometidas, e tb ao resto do rebanho?

Obrigado pela atenção.
Edivaldo.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Edivaldo,

As infecções causadas por <i>Nocardia</i> sp. não respondem à antibioticoterapia, pois o agente é resistente à maioria dos antibióticos. Dessa forma, as medidas de controle passam pelo uso de produtos descartáveis para tratamento intramamário, sendo desaconselhável a utilização de produtos de uso múltiplo. Recomenda-se o descarte de vacas comprovadamente infectadas por Nocardia sp. ou a secagem permanente do quarto afetado, visando a eliminação da fonte de infecção.

Atenciosamente,

Marcos Veiga
ROGERIO FABIO VARELA DE OLIVEIRA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2007

Artigo esclarecedor e bem articulado com a nossa realidade. Eslarecedor por ser redigido de forma simples e de fácil compreensão e articulado na sua forma análitica textual.
MARCELINO MATTIELLO

XAXIM - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2007

Muito Bom este artigo, parabéns pelas pesquisas, e o interesse de repassá-las na forma de informações técnicas a nós!

Marcelino Mattiello Xaxim SC
Méd. Veterinário
MARCOS KOCH ORTIZ

CASTRO - PARANÁ

EM 26/07/2007

Prof. Marcos: primeiramente, parabéns pelo artigo, lendo-o, me deparo com uma realidade constante do trabalho que desenvolvo junto a Coop. Castrolanda em Castro - PR.

Porém, tenho uma curiosidade sobre um determinado assunto e aproveito este momento para pedir sua opinião. Qual o nível desejado de CCS em um rebanho (média do tanque), considerando que este rebanho não tem em seu histórico mais que 5% do rebanho infectado por patógenos da mastite? Comenta-se também que: a CCS abaixo de 100.000 cél/ml propicia os animais maiores chances de novas infecções, pois reduz a imunidade da glândula mamária, e neste caso encontramos alguns profissionais da área que defendem níveis de CCS mais elevados do que o valor referido. Baseado nas dúvidas, considero muito importante o seu parecer.

Desde já agradeço.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Marcos,

O controle de mastite ambiental é sem dúvida o grande desafio de rebanhos leiteiros que controlaram a mastite contagiosa. Realmente, o fato de um rebanho ter média de CCS baixa (< 100-200 mil cel/ml) reflete em maior risco de ocorrência de mastite ambiental. Na minha opinião, nesse caso o foco não seria aumentar a CCS e sim trabalhar visando prevenir novos casos de mastite ambiental e nesse caso temos como poucas opções, a vacina J5 e medidas gerais como pré-dipping e manejo de camas de animais estabulados.

Atualmente, temos grandes problemas com Strep. uberis e outros agentes ambientais, mas não vejo como trabalhar e prevenir esses casos de outras formas.

Atenciosamente, Marcos Veiga
RAFAELA RIZZARDI

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL

EM 24/07/2007

Achei muito interessante este artigo, a mastite é um desafio e ainda há muito a se conhecer.

Continuem divulgando artigos assim, parabéns!
AILTON CÉSAR BARBOSA

SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/07/2007

Ótimas colocações do Professor Marcos Veiga. A mastite é um grande desafio para rebanhos leiteiros, especialmente os com grande presença de sangue de raças especializadas, como a Holandesa.

Informações como essas são de suma importância para se obter um bom controle da doença e evitar boa parte dos prejuízos que ela causa. Sem informções como essas, o produtor com pouco êxito conseguirá obter com a atividade leiteira, quando se se trata de mastite. Estamos na era do conhecimento e da informação, continue divulgando-as.
ROMULO CÉSAR ALVES DA SILVA

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/07/2007

Caro professor Marcos, tal artigo permite aos médicos veterinários que atuam no segmento de gado de leite um importante aprendizado e aprimoramento nas condutas terapêuticas de animais e rebanhos.

Parabenizo a você por tal artigo.

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