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Alterações do casco acometido com a úlcera de sola

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/11/2004

4 MIN DE LEITURA

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A Úlcera de sola é a afecção mais comum e a mais importante economicamente entre os problemas associados com a laminite. As lesões que comprometem o tecido do talão (tais como a Erosão do talão) e a laminite são os principais fatores responsáveis pela ocorrência da Úlcera de sola.

A lesão ocorre na região adjacente ao processo plantar da falange distal (figura 2). O pesquisador que em 1920 descreveu esta localização anatômica e os fatores mecânicos que contribuem para a ocorrência da lesão foi Dr. Rusterholz, por isso a Úlcera de Sola é também conhecida como Úlcera de Rusterholz.
 


Figura 1- Aspecto da úlcera de sola

A teoria sobre a associação entre o deslocamento da terceira falange e a ocorrência da lesão foi baseada no estudo dos cascos de animais abatidos (postmortem). Neste estudo, foi observado que muitos animais com laminite e acometidos com Úlcera de sola apresentaram um deslocamento distal da terceira falange. Acredita-se que, inicialmente, um distúrbio no suprimento sangüíneo do tecido córium propicia um dano na junção córium-epidermal e o aumento da elasticidade do tecido córium. Já foi demonstrado em estudos na Inglaterra que a distribuição da queratina na sola do casco é alterada com a presença da Úlcera na sola. Nestes casos, as células basais são localizadas na região suprabasal, esta ocorrência parece contribuir para a deterioração da epiderme nas áreas acometidas com a úlcera, bem como, para a depressão da síntese de proteína, contribuindo para uma baixa qualidade do casco produzido.

 


Figura 2- A seta aponta a localização usual da Úlcera de sola: região adjacente ao processo plantar da falange distal

Em uma segunda fase, a terceira falange declina verticalmente lesionando o córium adjacente da sola e do talão. A maioria das hemorragias e necroses devido à excessiva compressão do córium são encontradas abaixo do tubérculo flexor, justamente no local descrito por Rusterholz. Na chamada "terceira fase" as lesões tornam-se clinicamente aparentes na sola do casco com a exposição do córium. Esta exposição ocorre devido à baixa qualidade do casco produzido no local, e este "casco fraco" é decorrente dos eventos ocorridos na fase 1 e 2 descritas acima. Mas, é claro que este processo pode algumas vezes ter a "participação especial" do meio ambiente, daí a o determinante papel dos pedregulhos, cascalho, umidade e pisos ásperos na etiologia da Úlcera de sola. Há também algumas evidências que as mudanças hormonais na época do parto resultem em alterações nas propriedades elásticas do colágeno, o qual pode aumentar a mobilidade da terceira falange dentro do estojo córneo, mas a associação do parto com as lesões da sola ainda precisa ser mais estudada.

 


Figura 3 - Corte transverso do casco

01) animal sem deslocamento da terceira falange
02) animal com deslocamento da terceira falange

* Os cilindros adiposos estão representados em amarelo.
A letra (a) indica que distância vertical entre a borda distal das lâminas da muralha do casco e a saliência distal do córium do talão do casco é significativamente maior nas vacas com Úlcera de casco do que nas vacas sadias.

O coxim digital possui três cilindros paralelos de tecido adiposo: axial, abaxial e médio. Para determinar o grau de declínio da terceira falange nos animais acometidos pela Úlcera de sola e comparar as características do coxim digital entre os animais acometidos e animais sadios, foi realizada uma pesquisa na Universidade de Zurich, na Suíça. Com esta pesquisa foi possível comprovar que a distância entre a terceira falange e a face interna do estojo córneo é menor nos animais acometidos com a Úlcera de sola. Observou-se também que os cilindros de tecido adiposo do coxim digital são menos evidentes nas vacas com Úlcera de sola (figura 3). Foi comprovado que os animais sadios apresentam claramente uma melhor definição do tecido adiposo. O cilindro adiposo axial nas unhas laterais e mediais e o cilindro adiposo central na unha medial foram significativamente menores nos animais com a lesão.A figura 3 evidencia também que a distância vertical entre a borda distal das lâminas da muralha do casco e a saliência distal do córium do talão do casco é significativamente maior nas vacas com Úlcera de casco do que nas vacas não acometidas.

Durante algum tempo os pesquisadores tentaram explicar a patogenia da Úlcera de sola, com muitas especulações e poucas certezas. Todavia, pesquisas tais como as que foram abordadas neste artigo elucidaram muitas questões e abriram novas perspectivas no estudo da prevenção e tratamento da Úlcera de sola.

Fonte:

LISCHER, Ch. J.; OSSENT, P.; RÄBER, M.; GEYER, H. Suspensory structures and supporting tissues of the third phalanx of cows and their relevance to the development of typical sole ulcers (Rusterholz ulcers). The Veterinary Record, v.151, p.694, 2002.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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MARCOS BOLOGNANI PEREIRA DA SILVA

CURVELO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/12/2016

Prezada Renata e prezado Alexandre, sou Marcos Bolognani Técnico em Agropecuária e me especializei em CASQUEAMENTO BOVINO, estive por 2 vezes no Canal do Boi no Programa ZEBÚ PARA O MUNDO falando a repeito de AFECÇÕES DO CASCO e CASQUEAMENTO BOVINO, sou também instrutor do SENAR MINAS. Estava olhando a matéria de vocês e percebí que algo não está correto na aplicação da resina acrílica pelo Alexandre. Este material colocado corretamente permanece na unha do animal por até 50 dias quando do seu desgaste natural. Se precisarem de mais informações é só entrar em contato comigo pelo telefone ( 38 )9. 9966-1070 ou pelo e-mail marcos.cascoecia@gmail.com   Abraços.
CLEDER BARTZ

BRAÇO DO NORTE - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2009

Boa Noite

Parabens pelas publicações,
poderia me encaminhar seu contato para que possa interagir perante um caso clínico.

Obrigado

ALEXANDRE CARVALHO RIBEIRO

OUTRO - MINAS GERAIS - EMPRESÁRIO

EM 28/01/2005

Cara Renata, sou médico veterinário e trabalho na região de Muzambinho MG. Tenho encontrado vários casos de úlceras de sola. Como tratamento tenho usado Tetraciclina pó no local, enfaixado e engessado,porém devido as chuvas a durabilidade do gesso é curta. Tentei trabalhar com o taco de madeira e a resina acrílica, porém tive dificuldade em adiquirí-la bem como colocá-la(sai muito). Desta forma gostaria de saber se há outras opções de tratamento, e se seria possível fazer o ferrageamento (idéia impírica) da unha sã em substituição do taquinho.

ATENCIOSAMENTE,

ALEXANDRE

<b>Resposta da autora:</b>

Prezado Alexandre,

Agradeço sua mensagem.

O uso da tetraciclina pó é realmente o mais indicado. Imagino que o seu problema é realmente o uso do gesso que não resiste a abrasão e à umidade. Mesmo que vc não possa utilizar o taco, é preferível trabalhar com a faixa simples, que irá ao menos manter a área preservada por algum tempo e mais barata que o gesso.

O ideal seria treinar a colocação do taco com acrílico. Vc já procurou nas lojas dental das cidades próximas. Inialmente, eu comprava em Alfenas (minha família mora na região). Se vc tiver alguma dúvida específica, é só me falar e vamos trocando idéia até vc conseguir!

O ferrageamento não é possível, pois lesiona a linha branca e compromete a integridade do tecido córneo.

A outar opção é o Cow slip (um tamanco de borracha). Ele é importado do USA e tem um custo mais alto que o taco de mandeira, como vc pode imaginar. O Cow slip é fixado com um cola própria, semelhante a um durepox. Se vc tiver interesse, posso procurar quem possa trazer este material para vc.

Espero poder ajudá-lo.

Com atenção,

Renata Souza Dias

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