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Vantagens e desvantagens da pasteurização de leite descarte para o aleitamento de bezerras

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 19/04/2010

4 MIN DE LEITURA

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Independente do tamanho, tipo de rebanho ou nível de especialização, toda fazenda de produção de leite produz diariamente uma quantidade variável de leite que não pode ser comercializado, comumente chamado de leite descarte. O leite descarte engloba uma grande variedade de produtos, dentre eles o leite de transição (colostro-leite), leite oriundo de animais com mastite, além de leite de animais tratados com antibióticos, entre outros medicamentos.

Desta forma, por se tratar de um produto excedente, em muitas fazendas este leite não comercializável geralmente é utilizado para o aleitamento das bezerras. Entretanto, como o próprio nome já diz, por se tratar de descarte, ou seja, não apropriado para consumo, é crescente a preocupação com o seu fornecimento para bezerras.

As maiores preocupações com o fornecimento de leite descarte estão relacionadas com o fornecimento de um produto muitas vezes contaminado por bactérias como Escherichia coli e Salmonella spp., comuns em alimentos e intimamente relacionadas com a frequente incidência de diarréia e outras doenças em bezerras. Outra preocupação é a redução no fornecimento de doses subterapêuticas de antibióticos.

Portanto, a pasteurização do leite descarte tem se tornado uma opção para reduzir os riscos da sua utilização. Entretanto, embora se conheça as vantagens da pasteurização do leite na redução de microrganismos patogênicos, o custo e tamanho dos equipamentos muitas vezes inviabilizam sua utilização na maioria das fazendas.

Por outro lado, devido a crescente preocupação com o fornecimento de leite descarte contaminado aos animais e sua associação a um grande número de doenças, algumas empresas do ramo têm investido no desenvolvimento de equipamentos mais compactos e a custos mais acessíveis para instalação nas fazendas.

Como funciona a pasteurização?

O nome pasteurização vem do seu descobridor, Louis Pasteur, que descobriu que o aquecimento poderia inativar a grande maioria dos microrganismos responsáveis pela deterioração de alimentos. Durante o processo, o produto, no caso o leite descarte, é aquecido a uma temperatura específica, suficiente para reduzir enzimas e bactérias indesejáveis a níveis insignificantes. Estudos têm mostrado que essa combinação de temperaturas elevadas é eficaz em reduzir e/ou exterminar bactérias como Staphylococcus, Streptococcus, Salmonella, Escherichia coli, Listeria, Mycobacterium paratuberculosis, entre outros microrganismos.

Por outro lado, apesar de sua eficácia comprovada na redução de microrganismos no leite, a pasteurização não resolve problemas relacionados às características nutricionais do leite descarte, que apresenta composição muito variável.

É mais saudável para a bezerra?

Estudos conduzidos nos Estados Unidos têm mostrado que o fornecimento de leite descarte pasteurizado para bezerras em aleitamento resultou em menor incidência de diarréia e pneumonia, quando comparadas com animais consumindo leite descarte não pasteurizado.

Além disso, quando doentes, o tempo de tratamento dos animais que consumiam leite pasteurizado foi menor e os surtos de diarréia no rebanho reduzidos. Estes estudos mostraram também que a composição nutricional do produto variava bastante, com teores de proteínas entre 3,12- 3,75% e gordura entre 3,12-4,37% em uma mesma fazenda.

Existem desvantagens na sua utilização?

Inicialmente, por se tratar de um alto investimento em equipamentos, a fazenda tem que primeiramente considerar qual é sua oferta diária de leite descarte. Se a oferta for baixa, por possuir rebanho pequeno ou baixa incidência de doenças nas vacas em lactação, não há vantagens na aquisição dos equipamentos. Deve-se considerar também um investimento no treinamento de mão-de-obra e adequação no manejo de ordenha de forma a reduzir a produção de leite descarte, antes de se investir em um equipamento.

Além disso, como vimos anteriormente, a composição do leite descarte é muito variável, e o fornecimento de um alimento sem estabilidade na sua composição nutricional pode refletir diretamente no desempenho dos animais.

Com base nestes fatos, podemos entender que o investimento neste tipo de equipamento é mais vantajoso em fazendas com grandes rebanhos, grande número de bezerras e oferta relativamente constante de leite que não pode ser comercializado. Também, pouco se sabe sobre quais os efeitos da pasteurização nos resíduos de antibióticos do leite.

O que se sabe é que alguns antibióticos são sensíveis ao calor, embora outros aparentemente não sofram qualquer alteração. Como grande parte do leite descarte que será pasteurizado na fazenda é proveniente de animais sob tratamento com antibióticos, não se sabe os reais efeitos em longo prazo do seu fornecimento prolongado.

É economicamente viável adquirir um pasteurizador?

A faixa de preço para compra de pasteurizadores de leite é bastante variável. O custo geralmente é dependente do tamanho e da capacidade do pasteurizador, bem como do fabricante. Também devem ser considerados os custos operacionais para seu funcionamento como eletricidade, produtos químicos, mão-de-obra e reparos.

Para obter maior aproveitamento e retorno financeiro do investimento em um pasteurizador na fazenda algumas dicas são essenciais, como a frequente amostragem do produto final para análises nutricionais, treinamento de funcionários, não utilização de leite suspeito ou anormal, além do contato com outros produtores que já utilizam a técnica.

De maneira geral, a pasteurização do leite descarte pode representar uma excelente oportunidade para aproveitar melhor um produto sem valor comercial. Porém, para o sucesso na utilização desta tecnologia um rigoroso controle de qualidade, rotina e conhecimento prévio do leite que será pasteurizado são essenciais para garantir a segurança e sucesso no fornecimento para os animais em aleitamento.

Também, com o aumento no interesse na utilização da técnica, muitos fabricantes tendem a reduzir o valor para aquisição dos equipamentos, embora no momento da decisão pela compra todas as vantagens e desvantagens devam ser consideradas e cuidadosamente estudadas.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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LUCIANO

MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 12/08/2016

Olá pessoal boa tarde preciso que me exclaressam uma dúvida.

Sabemos que a qualidade do leite cru influência significativamente na sua qualidade pós processamento(pasteurização),a minha dúvida é a seguinte: Quais os padrões de microorganismos presentes no leite cru está dentro do normal?

E se um leite com o padrão de microorganismos muito além do normal eu não consigo eliminar 100%dos coliformes mesmo depois de pasteurizado?

Se o leite estiver com a carga microbiana muito alta eu não vou conseguir eliminar 100% desses microorganismos e o leite mesmo pasteurizado a 75°c pode continuar impróprio para consumo?
OSCAR MORENO PRIETO FILHO

CASCAVEL - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2010

Meus Parabens pela reportagem.
Mais uma vez estamos criando alternativas para explorarmos o melhor desempenho do animal quando adulto e iniciamos sua exploração na fase incial, ou seja, nas primeiras semanas de vida.
Devido a grandes profissionais, hoje temos disponivies no mercado sucedaneo lacteos associados a rações pre iniciais ( micropeletes), que proporcionam um otimo resultado com um custo bem ascessivel.
Mas as oportunidades são criadas a partir de cada realidade de produção.
Otima matéria.
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/04/2010

Caro Roberto,
Obrigada pelos comentários.
Carla Bittar
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/04/2010

Caro Rogério,
Existem alguns problemas relacionados com o fornecimento de leite mamítico para bezerras. O primeiro é a grande variação na composição deste leite, o que pode resultar também em variação no desempenho dos animais. Além disso, dependendo da carga bacteriana deste leite mamítico, a frequência e intensidade dos casos de diarréia também podem ser maiores em comparação ao fornecimento de leite comercializável ou de sucedâneos. Um outro ponto é a recomendação de só fornecer esta dieta líquida em situações em que os animais estejam individualizados. Embora nunca documentado cientificamente, existe a possibilidade de um animal que recebeu leite mamítico inocular o úbere de um outro animal através de mamada cruzada.
Att.,
Carla Bittar
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 29/04/2010

Professora Carla e Lucas,

A meu ver faltou acrescentar nessa interessante matéria a descrição distintiva dos quatro processos de pasteurização implícitos inclusive na legislação que regulamenta o tratamento térmico admissível para beneficiamento do leite e sua transformação em derivados, quais sejam a pasteurização lenta utilizada para o leite destinado a fabricação de derivados, a rápida para o leite fluido (A,B e C), a UHT para o leite longa vida e a pré-envasada utilizada para o leite de cabra.

Deixando de lado os equipamentos de UHT, caríssimos e os caros pasteurizadores a placas empregados na pasteurização rápida, entendo que possam oferecer uma relação custo-benefício bastante positiva para a pasteurização do leite descarte, tanto os pasteurizadores lentos in batch (leite a granel em tanques encamisados) quanto os de "banho maria" (leite pré-envasado em sacos plásticos)

Além da eficiência no controle das infestações microbianas do leite descarte, esses pasteurizadores contribuirão com a extensão do shelf life da armazenagem do mesmo até a destinação para o aleitamento dos bezerros e no tratamento térmico ideal (37o.C) para oferecimento no aleitamento artificial dos animais.

E mais, vão garantir a possibilidade do processamento do leite destinado ao consumo próprio, assegurando qualidade total e segurança alimentar absoluta ao leite tipo A, queijos, manteiga, iogurtes e sorvetes "direto da fazenda".
ROGERIO SILVA DE LIMA

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/04/2010

Forneço leite mastitico para as bezerras(descarte), quais riscos eu corro?

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