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Uso de própolis como aditivo na dieta de bezerros leiteiros

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E GIOVANA SIMÃO SLANZON

CARLA BITTAR

EM 26/07/2017

5 MIN DE LEITURA

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A preocupação do consumidor com a preservação ambiental e com a segurança alimentar dos produtos oriundos de fazendas com sistemas intensivos gera um reflexo no aumento da demanda por alimentos orgânicos, um mercado que tem crescido acentuadamente nos últimos dez anos. A saúde é o fator primordial que faz com que as pessoas paguem mais caro pelo alimento livre de contaminantes e resíduos químicos. Dessa forma, a economia globalizada desafia cada vez mais os produtores brasileiros a se tornarem empreendedores rurais eficientes e competitivos, que busquem ganho de produtividade, redução dos custos e melhoraria na qualidade.


O objetivo principal das práticas orgânicas de criação é a prevenção de doenças. Saúde não é apenas a ausência de doença e sim a habilidade de resistir a infecções, ataques de parasitas e perturbações metabólicas. O tratamento veterinário é considerado sempre um complemento e nunca um substituto as boas práticas de manejo. Deve-se sempre priorizar a prevenção, mas quando houver algum distúrbio com necessidade de intervenção, além de procurar as causas e não somente combater os sintomas, buscar métodos naturais para realizar o tratamento. A própolis tem sido apontada para o tratamento de inúmeras enfermidades, tanto na medicina humana como na veterinária, tendo apresentado efeitos positivos sobre a saúde do animal.

Em função de suas propriedades antibacterianas (Saeki et al., 2011), coccidiostáticas (Moura et al., 1998), leishmanicida (Ayres et al., 2007) e antioxidantes (Cabral et. al., 2009), a própolis apresenta um alto potencial para ser utilizada em grande escala nos sistemas produtivos para a prevenção e tratamento de doenças características da fase de desenvolvimento dos bezerros, promovendo a saúde dos animais. Para que a atividade leiteira seja economicamente rentável é de extrema importância o bom crescimento das bezerras, associado a baixas taxas de morbidade e mortalidade. Uma vez que os custo com mortalidade e enfermidades representam uma grande parcela dos custos totais, esse sucesso depende do manejo nutricional, meio ambiente e saúde dos bezerros.

Levantamentos mostram que a principal causa de mortalidade de bezerros nos Estados Unidos ocorre devido distúrbios gastrointestinais, como a diarreia (USDA, 2007). Resultante dessas complicações, os sistemas de produção aumentam cada vez mais a inclusão de aditivos que tenham efeito no controle de diarreias, já que ela representa a principal moléstia que acomete os bezerros nas primeiras semanas de vida, causando baixos índices de desempenho animal e alta mortalidade.

O uso de antibióticos começou a ser feito de forma desenfreada, com dosagens altas, acarretando em consequências negativas, como por exemplo, a resistência a antibióticos, que se tornou uma preocupação para a saúde pública. Na busca por métodos naturais como uma alternativa ao uso de antibióticos, a utilização da própolis na alimentação de bezerros apresenta potencialmente resultados positivos.

A própolis é um produto natural composto por resinas vegetais; cera de abelhas; óleos essenciais e pólen. Sua atividade farmacológica é capaz de inibir o crescimento de microrganismos e em ruminantes se mostrou eficaz como promotora de mudanças na fermentação ruminal, com propriedade bacteriostática sobre as bactérias gram-positivas, propriedade essa pertencente aos ionóforos como a monensina. Estudos indicam que a atividade antibacteriana da própolis sobre as bactérias causadoras de infecções em animais de produção combate o agente causador da doença sem desenvolver resistência bacteriana à própolis.

Estudo realizado por Peravian et. al. (2014), comparou o efeito da própolis e da monensina na dieta de bezerros leiteiros, e demonstrou efeito positivo da própolis, com aumento do consumo de matéria seca e para o ganho de peso. Em outro trabalho, os autores apontam benefícios da suplementação de 1000 ppm de própolis na capacidade de melhorar a imunidade, albumina e a taxa de IgG de bezerras fêmeas da raça Holandês em relação ao aditivo monensina.

Uma das fases mais críticas no desenvolvimento dos animais é a fase do desaleitamento devido à baixa adaptação aos alimentos sólidos, nessa fase a imaturidade digestiva facilita a colonização do trato gastrointestinal por microrganismos patogênicos, o que favorece a ocorrência de diarreia, comprometendo o desempenho animal. No trabalho realizado por Yucel et al. (2015) foi comprovado o efeito benéfico da própolis (2 mL/d) na prevenção da diarreia em bezerros, resultando em maior ganho de peso. Quando a doença é controlada, a energia é utilizada para o crescimento e não para o combate das doenças características dessa fase. A diarreia é a principal doença que afeta os bezerros nas primeiras semanas de vida, sendo que sua ocorrência pode estar relacionada com a imunidade neonatal, o rebanho, nutrição, instalações e a época do ano.

Em trabalho realizado no Bezerreiro Experimental do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP, pode-se observar que o fornecimento de extrato alcoólico de própolis (EAP) vermelha (30%) não resultou em recusa da dieta líquida. O consumo total de EAP foi de 4 mL/d, sendo fornecido 2mL diluídos em 3L de leite em cada aleitamento. Os resultados ainda estão sendo analisados para entender se houve efeito no ganho de peso dos animais durante os 56 dias de aleitamento. Como o estudo foi conduzido no verão, período de maior ocorrência de diarreias em sistemas com abrigos tropicais, deveremos identificar efeitos também na saúde.

Figura 1. Fornecimento de 2 mL de extrato alcoólico de própolis vermelha em 3 L de leite.

própolis - ruminantes - bezerras

Outro aspecto que deve ser considerado é o custo da própolis. Embora existam no mercado diferentes tipos de própolis, a própolis vermelha parece ser aquela com maior potencial de efeito nos animais. Os extratos comercializados em farmácias de manipulação são na sua maioria da própolis verde e tem concentrações bastante variáveis. A própolis pura vermelha tem custo elevado, o que pode diminuir a possibilidade de adoção como aditivo para ruminantes, tudo dependerá dos resultados na melhoria do desempenho e saúde dos animais.

Referências bibliográficas

Ayres D.C., Marcucci M.C. & Giorgio S. 2007. Effects of Brazilian propolis on Leishmania amazonensis. Men. Inst. Oswaldo Cruz. 102:213-22.

Cabral, I. S. R.; Oldoni T. L. C.; Prado A.; Bezerra R.M.N.; Alencar S. M.; Ikegaki M. Composição fenólica, atividade antibacteriana e antioxidante da própolis vermelha brasileira. Quim Nova. 2009; 32: 1523– 1527.

Moura L.P.P., Scapinello C., Martins E.N., Franco S.L. & Ribeiro M.C.M. 1998. Efeito da solução hidroalcólica de própolis e robenidina sobre a contagem de oocisto por grama de fezes de Eimeria ssp em coelhos Nova Zelândia. R. Bras. Zoot. 27:320-325.

Peravian P., Rezavazdi K., Nehzati G., Effect of propolis on plasma metabolites and hematocrit of Holstein calves Conference: 2014 ADSA-ASAS-CSAS Joint Annual Meeting July 2014.

Peravian P., Rezavazdi K., Nehzati G., The effect of soluble propolis in milk on the performace of Holstein suckling calves Conference 2014 ADSA – ASAS – CSAS Joint Annual Meeting July 2014.

Saeki E.K., Mello-Peixoto E.C.T., Matsumoto L.S., Marcusso P.F. & Monteiro R.M. 2011. Mastite bovina por Staphylococcus aureus: sensibilidade às drogas antimicrobianas e ao extrato alcoólico de própolis. Acta Vet Basíl. 5:284-290.

Yucel B.; Onenc A.; Kaya A.; Altan O. Effects of Propolis Administration on Growth Performance and Neonatal Diarrhea of Calves. SOJ Vet Sci 1 (1): 102 (2015).

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

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DANILO HAMDAN DE ANDRADE

NOVA LIMA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2017

Muito interessante, parabéns pelo trabalho!

Gostaria muito de ter novidades a respeito da conclusão do estudo e de saber se esse manejo é economicamente viável, parece promissor!
CARLA BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/08/2017

Cássio,

Muito obrigada! Ainda estamos em fase de análise estatística dos nossos dados. Mas, acredito que vamos ter dados muito bons quanto ao controle de diarreias. Logo publicaremos as novidades!

Abs.,

Carla
CASSIO DE OLIVEIRA LEME

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/08/2017

Carla, obrigado pelo link. Achei muito bom. Gostaria de acrescentar uma observação "empírica" minha... Percebi que a própolis começa a dar proteção após um mês de uso e que também continua protegendo após um mês de ter parado de tomar. Não sei se esta informação vale para suas pesquisas, mas não custo relatar.

Abç

Cassio Leme
CARLA BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/08/2017

Cássio,

Tem trabalhos com própolis no tratamento de mastite sim! Parecem bem promissores! Dá uma olhada neste link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26723111

Abs.,

Carla
MARCO AURÉLIO VIANA SILVA

CABEDELO - PARAIBA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 31/07/2017

A filha de uma amiga já estava com cirurgia marcada para retirada das amídalas, pois apresentava recidivas de amidalite e por consequência a febre reumática que pode levar a endocardite e artrites. Não precisou fazer a cirurgia.
CASSIO DE OLIVEIRA LEME

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/07/2017

Boa matéria Carla. Eu estava pensando também se não seria interessante usar a própolis em vacas em lactação para combater mastites. Existem trabalhos a respeito?. Acredito que ela seja muito boa para infecções e ainda permita não descartar o leite de vacas tratadas. Eu mesmo já uso própolis diariamente na minha dieta a mais de 15 anos (20 gotas/dia de solução alcoólica a 40% de própolis comum). Desde então são muito raros caso de infecção de garganta e as gripe duram apenas 6 horas entre primeiros sintomas e fim da gripe.

Abraço
MARCO AURÉLIO VIANA SILVA

CABEDELO - PARAIBA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 28/07/2017

Exatamente, para criança a utilização de mel só após 1-2 anos de idade. Quanto a própolis tem ação anti-inflamatória, antimicrobiana, antioxidativa, antifúngica, antiprotozoária, antiviral e cicatrizante natural sem nenhuma contraindicação.

Existe trabalho em cirurgia experimental que a  própolis  abrevia a cicatrização na metade do tempo e evita formação de queloide.
CARLA BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/07/2017

Ketlin,

A restrição do fornecimento de mel para crianças se deve a possível presença de bactérias causadoras do botulismo intestinal. Mas a própolis não tem restrição para crianças. É um antibiótico natural e até onde eu seu não se encontram bactérias nas amostras. Assim, podemos fornecer própolis para as bezerras sem problemas!

Abs.,

Carla
KETLIN SÍRIACO

CEREJEIRAS - RONDÔNIA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/07/2017

Sabido que até  certa idade (SE NÃO  ME ENGANO) 1 ano, crianças  ñ  podem consumir mel e derivados. Em bezerros muito novos tb teria essa restrição?
MARCO AURÉLIO VIANA SILVA

CABEDELO - PARAIBA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 27/07/2017

Muito interessante.
TIAGO JOÃO TONIN

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 26/07/2017

Muito interessante!

Parabéns pela pesquisa.

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