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Restrições na utilização de soluções de iodo para tratamento do umbigo de bezerras nos Estados Unidos

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 27/07/2009

4 MIN DE LEITURA

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Dentre os principais fatores para a prevenção de doenças em bezerras recém-nascidas estão a adequada transferência de imunidade passiva (colostragem) e a redução na exposição dos animais a agentes patogênicos. Dessa forma, se o segundo fator não for conduzido de forma correta, de nada adianta a grande preocupação e empenho com o período de colostragem.

Minimizar a exposição das bezerras a agentes patogênicos é um dos métodos mais seguros, fáceis e rentáveis para garantir a sobrevivência dos animais durante as primeiras semanas de vida. Entretanto, ao contrário do que possa parecer, não é preciso muito esforço para isto, já que os principais patógenos que causam doenças em bezerras (rotavírus, Salmonella, E. coli, Cryptosporidium, entre outros) são normalmente encontrados no próprio ambiente em que se encontram os animais.

Como as bezerras recém-nascidas têm suas defesas imunitárias mínimas durante as primeiras horas de vida, atenção especial deve ser dada a uma abertura existente no corpo do animal durante os primeiros dias, que pode contribuir ainda mais para a entrada dos agentes patogênicos do ambiente: o cordão umbilical restante após o parto.

Problemas com infecções na região do cordão umbilical podem resultar em miíases ou "bicheiras", com desenvolvimento rápido de processos inflamatórios, podendo levar a um quadro de septicemia e até a morte. Portanto, é de suma importância minimizar o potencial de infecção do cordão umbilical através da desinfecção da região do umbigo.

Dados recentes de pesquisas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA -NAHMS) mostram que apenas 47% dos bezerros têm o umbigo tratado logo após o nascimento. Estudos têm mostrado que a mortalidade de bezerras é reduzida quando o umbigo é tratado logo após o nascimento, entretanto, práticas de gestão nas próprias fazendas prejudicam a eficácia da técnica.

O umbigo é uma estrutura que está relacionada a vários órgãos do animal, incluindo o fígado. Deste modo, a assepsia e a cicatrização do mesmo são primordiais para a saúde do bezerro. A recomendação tradicional de tratamento baseia-se na utilização de uma forte tintura de iodo (pelo menos solução com 7% de iodo), para a imersão do umbigo por completo, por até 3 vezes em intervalos de 12 horas, inibindo assim a contaminação da área com agentes patogênicos. A prática de se amarrar o umbigo provou ser prejudicial para a boa cicatrização, resultando em muitos problemas, inclusive a morte de bezerros. A utilização de outros produtos para a cura do umbigo, como mata-bicheiras, repelentes, e até mesmo soluções iodadas utilizadas na sala de ordenha, devem ser evitados, pois não possuem concentração de iodo suficiente para promover a cicatrização. Outro ponto importante é que como a tintura de iodo contém álcool há um benefício para a secagem da porção restante do cordão umbilical.

Entretanto, em agosto de 2007, o Drug Enforcement Agency (DEA) dos Estados Unidos anunciou novas regras relativas à utilização e comércio de iodo ou misturas superiores a 2,2% de iodo na fórmula, com o objetivo de controlar a utilização de produtos químicos que possam ser utilizados para a produção de drogas como as metanfetaminas (drogas que afetam o sistema nervoso central).

Para esta agência reguladora (DEA), não haverá proibição na comercialização dos produtos com iodo na fórmula, porém regulamentos e exigências a vendedores e compradores terão que ser impostos, sendo obrigatório o registro de todas as transações envolvendo iodo regulamentado, independentemente do volume comercializado.

Do ponto de vista prático, a série de exigências burocráticas fará com que os produtores diminuam ainda mais a utilização de soluções de iodo no tratamento do umbigo das bezerras. A Associação Norte Americana de Medicina Veterinária também já divulgou orientações aos profissionais da área sobre a atualização de registros para manuseio de produtos com iodo, além da necessidade de confecção de relatórios periódicos sobre como o produto foi utilizado, sendo sujeito a inspeções pelos órgãos reguladores.

Sabendo da importância da utilização do iodo na desinfecção do umbigo e sua relação com a diminuição da incidência de doenças em bezerras recém-nascidas existe alternativa para resolver este problema?

Pesquisas com produtos alternativos ao iodo vêm sendo conduzidas nos Estados Unidos com o objetivo de encontrar uma formulação com igual, ou melhor, eficiência em relação à solução de iodo. Trabalhos recentes com a utilização de soluções a base de clorexidina (um produto chamado Nolvasan), tem mostrado resultados satisfatórios.

Dessa forma, a Universidade de Wisconsin tem recomendado a utilização de uma solução de clorexidina (Nolvasan) a 2%, com a mistura de 1 parte do produto para 4 partes de água. Uma publicação da Universidade de Minnesota recomenda a mesma solução, porém a uma concentração de 0,5%, no entanto, os trabalhos ainda são escassos.

Em resumo, embora esta regulamentação ainda não esteja valendo para as condições brasileiras, o grande apelo internacional em relação ao comércio de produtos que possam ser utilizados para produção de drogas torna importante o conhecimento de alternativas para cura do umbigo dos animais, já que o procedimento é essencial para o sucesso da criação de fêmeas de reposição.

Bibliografia consultada

BITTAR, C.M.M. Curso Agripoint: Criação eficiente de bezerras e novilhas. 2009.
QUIGLEY, J. Regulation of tincture of iodine. Calf Notes, 2007, 2p.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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MARCOS CALIANI

ASTORGA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2015

Doutora Carla Maris, preciso de um auxílio na elucidação de um processo clínico em bezerros de corte se possível. Em um rebanho de nelore em nossa região está ocorrendo um morbidade de 33% de bezerros neonatos com baixo desenvolvimento, alguns casos de diarréia, e todos animais apresentam sinais clínicos de dermatites em diversas regiões pelo corpo. As matrizes apresentam boa condição corporal, em pasto de mombaça. A cura do umbigo é realizada uma vez ao dia com produtos a base de ( violeta genciana ), matabicheiras ou fipronil associado a sulfadiazina spray.  Como não temos um caso clínico atuas suponho que estamos enfrentando um processo clinico de onfalite, onde o agente desenvolve no organismo do bezerro com liberação de toxinas hepaticas. As medidas corretivas foram definidas pela mudança no manejo de cura de umbigo com produtos a base de iodo, melhora na aplicação do produto ( dentro e fora do cordão umbilical)  e que o rodeio no rebanho ocorra duas vezes ao dia pelo menos. Pergunto:  Alguma vez a Doutora passou por um caso semelhante de casos de dermatites em bezerros de até uma semana de vida seguidos ou não de quadros de diarréia.   Obrigado pela atenção!    
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/08/2009

Caro Carlos,
A recomendação é de se realizar a imersão em solução iodada duas vezes ao dia, aproveitando o horário de fornecimento do leite no bezerreiro. Utilizando esta estratégia, o umbigo tem sua cicatrização completa por volta de 3 a 4 dias.
Att.,
Carla Bittar
CARLOS SAMPAIO FARIA FILHO

OUTRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2009

Dra Carla boa noite.

Aproveitando este espaço, gostaria de tirar uma dúvida quanto ao processo ideal
da aplicação do Iodo, basta fazer a aplicação como a Sra indicou,pois estamos fazendo as aplicações uma vez por dia durante sete dias.

Fiquei preocupado com o nosso procedimento,por ter um intervalo maior entre as aplicações.

Aguardamos por novos artigos.

Abraços

Sampaio.
APDBR- Silveiras SP

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2009

Caro Francisco,

Não encontrei nenhuma menção a respeito das soluções iodadas utilizadas no pré e pós-dipping. É importante salientar que o uso não está proibido e sim regulamentado de forma que compradores e vendedores das soluções com mais de 2,2% de iodo devem ser registrados em orgãos reguladores. As soluções utilizadas no manejo de ordenha tem entre 05 e 1% de iodo e, sendo assim, não devem entrar nesta regulamentação.
Att.,
Carla Bittar
FRANCISCO ARMANDO DE AZEVEDO SOUZA

BANDEIRANTES - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 31/07/2009

Prezada Profa Carla. Boa tarde. O artigo gerou uma nova dúvida: como "ficará" a higiene dos tetos , antes e após a ordenha?

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