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O tipo de dieta afeta o desenvolvimento ruminal dos bezerros

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/07/2001

5 MIN DE LEITURA

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José Roberto Peres

O leite é a principal fonte de renda de uma fazenda leiteira. O desmame precoce de bezerros é uma opção potencialmente interessante para se aumentar a rentabilidade da propriedade, já que permite a comercialização de maior quantidade de leite. Não se pode, no entanto, comprometer o desenvolvimento do bezerro.

O rúmen de um bezerro recém nascido não tem capacidade de digerir alimentos sólidos ou absorver nutrientes. Esta capacidade é adquirida ao longo das primeiras semanas de vida e é estimulada pelo consumo de dietas sólidas. Quanto mais cedo o rúmen se tornar "funcional", maior a economia de leite possível, através da desmama precoce.

A digestão no rúmen é feita por bactérias, que precisam "colonizar" o rúmen do recém nascido. Para isto elas precisam de alimento. Além disso, a capacidade de absorção de nutrientes depende do desenvolvimento de papilas no rúmen. As papilas são "projeções" da parede ruminal, como se fossem minúsculos dedos, que aumentam a área de absorção e portanto a capacidade de absorver os nutrientes originados na fermentação ruminal. Este aumento de área é de fundamental importância.

Para que se entenda melhor, vamos fazer uma analogia prática: imagine que você tomou banho, precisa se enxugar e tem disponível duas toalhas, uma lisa e outra felpuda. Provavelmente escolheria a felpuda pois sabe que ela irá enxugar melhor. Isto se deve à sua maior área de absorção, proporcionada pelas "ferpas" do tecido. É o mesmo princípio das papilas ruminais. Quanto mais bem desenvolvidas, maior a absorção dos nutrientes pelo animal.

Ocorre que o desenvolvimento das papilas é afetado pelo tipo de dieta oferecida aos bezerros. É possível, portanto, manipular a intensidade com que as papilas se desenvolvem através da dieta. Isto foi demonstrado num experimento realizado na Universidade Federal de Santa Maria (RS). Dezoito bezerros da raça holandesa, recém nascidos foram divididos em três tratamentos:

1) Desaleitamento lento: receberam 4 litros de leite/dia até os 35 dias de vida; 2 litros/dia do 36o ao 42o dias de vida e um litro do 43o ao 49o dia de vida, quando foram desmamados. Além disso receberam concentrado com proteína de soja (DLPS)
2) Desaleitamento rápido: 4 litros/dia até 21o dia; 3 litros/dia do 22o ao 28o dia; 2 litros do 29o ao 35o dia e um litro do 36o ao 42o dia; além de concentrado igual ao tratamento anterior (DRPS).
3) Desaleitamento rápido: com dieta líquida semelhante ao tratamento 2 e concentrado com proteína de origem animal (farinha de penas) e resíduo agroindustrial de óleo de soja (DRPP)

O concentrado foi ofertado desde o início da segunda semana de vida nos três tratamentos. Todos animais também receberam feno de alfafa triturado à vontade a partir da terceira semana.

Ao final do período de aleitamento foram sorteados dois bezerros de cada tratamento, que foram abatidos aos 50 dias de idade. Foram coletados fragmentos de 4 regiões do rúmen para observação anatômica. Os resultados encontram-se na tabela 1.

Os diferentes tratamentos afetaram tanto o comprimento das papilas quanto a distância entre elas. De maneira geral, os animais recebendo as dietas com proteína vegetal apresentaram papilas mais longas (o que é interessante) que aqueles que receberam o concentrado com proteína animal e resíduo de óleo de soja.

 

Tabela


OR = ótrio ruminal; SV = saco ventral; SD = saco dorsal; SC = saco cego dorsocaudal
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente (P<0,05)

Os autores sugerem que a menor degradação ruminal da farinha de penas deve ter disponibilizado menos nitrogênio na forma de amônia para o desenvolvimento dos microorganismos ruminais, o que diminui a produção de ácidos graxos voláteis, responsáveis pela estimulação do crescimento das papilas. Além disso, o resíduo de óleo de soja pode ter funcionado como uma barreira física sobre as partículas fibrosas, reduzindo sua digestibilidade e contribuindo ainda mais para a redução na produção de ácidos graxos. A distância entre papilas foi maior no tratamento com proteína animal, na maioria das regiões avaliadas, o que vem reforçar a idéia de que houve prejuízo à fermentação ruminal e ao desenvolvimento das papilas com o uso desta dieta.

É interessante notar que, entre os tratamentos com proteína vegetal, não houve diferenças estatísticas. Isto sugere que o desaleitamento rápido é uma possibilidade quando o concentrado é adequado (muito embora o experimento não tenha avaliado o desempenho dos animais nos diferentes tratamentos).

Os autores concluem que o uso de uma fonte protéica de menor degradabilidade associada a uma fonte de gordura produz menor desenvolvimento das papilas ruminais e maior distância interpapilar.

Para que o leitor possa visualizar melhor esta questão, seguem abaixo duas fotos da parede interior do rúmen de bezerros em dois tipos de dietas.

 

Figura 1: Papilas bem desenvolvidas

 

Figura 1


Fonte: Team Dairy
Na figura 1 é possível observar as papilas com excelente desenvolvimento em um bezerro de 8 semanas, criado em dieta à base de leite, ração e feno. A coloração escura é classificada como saudável, pois é reflexo de maior quantidade de tecido (maior desenvolvimento das papilas) e da melhor vascularização. Está portanto associada à alimentação adequada e significa que o rúmen está preparado para digerir e absorver os nutrientes em dietas fibrosas logo após a desmama. Dessa forma o bezerro não deverá ter seu desempenho diminuído, fato comum neste período.

 

Figura 2: Papilas mal desenvolvidas

 

Figura 2


Fonte: www.das.psu.edu/teamdairy/


Já a figura 2 mostra o rúmen de um bezerro de 6 semanas de vida, que recebeu somente leite. Suas papilas são mal desenvolvidas e a vascularização é limitada (coloração branca). Este bezerro, mesmo que apresentando desenvolvimento perfeito até o momento (como ocorre com vitelos, por exemplo), não está preparado para a desmama e caso isto ocorra irá passar por um período de perda de peso e atraso no crescimento, até que seu rúmen se desenvolva.

Comentário do autor: a intenção ao se apresentar estes dados e imagens é conscientizar o produtor sobre a importância do fornecimento de concentrado de qualidade aos bezerros desde a primeira semana de vida. Isto permite o desmame precoce de animais preparados para a digestão de dietas fibrosas. Com isto também evita-se as quedas de desempenho freqüentemente observadas nesta fase.

Fonte: Pereira, M.E. et alii, 2001. Efeito de diferentes dietas no desenvolvimento das papilas ruminais de bezerros da raça holandesa. In: Anais da 38a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Piracicaba - SP.

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ÁLVARO LUIZ PEREIRA BERNARDES

SÃO LOURENÇO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2012

Gostaria de saber sobre a "ração da total", (granulada e inicial), é a mais indicada?

desde de já grato pela atenção

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