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Novidades sobre o uso de ovo na alimentação de bezerros

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/09/2002

3 MIN DE LEITURA

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Há algum tempo atrás foi publicado nesta seção um artigo sobre a possibilidade de uso de ovo na alimentação de bezerras em fase de amamentação. Por mais estranho que pareça, o assunto desperta interesse de muita gente. Naquele artigo foi demonstrado que o uso de ovo seco por spray numa formulação de sucedâneo lácteo, em substituição à proteína láctea, prejudicou o desempenho dos animais a tal ponto que a inclusão de 20% de ovo na fórmula impediu o ganho em peso.

Naquele artigo foi comentado que a razão deste efeito negativo era desconhecida. Um trabalho recentemente publicado traz alguma luz a esta questão.

Pesquisadores americanos utilizaram 120 bezerras da raça Holandesa, com média de 36,7 kg de peso vivo inicial, para testar 5 diferentes formulações de substitutos de leite, com diferentes níveis de inclusão de ovos ou suas frações. Todas formulações tinham 20% de proteína bruta e 20% de gordura e continham o seguinte:

- Tratamento 1: somente proteína de origem láctea
- Tratamento 2: 15% de ovo seco
- Tratamento 3: 9% de albumina de ovo seca
- Tratamento 4: 6% de gema de ovo seca
- Tratamento 5: 9% de albumina e 6% de gema de ovo secas

Os sucedâneos foram fornecidos diariamente na quantidade fixa de 454 gramas diluídas em 3,8 litros de água. Os bezerros foram desmamados aos 35 dias e a ingestão de concentrado foi controlada até os 42 dias de vida. Seu peso foi avaliado no início, aos 21 e aos 42 dias de experimento. Água e um concentrado comercial (18% de proteína bruta) foram oferecidos à vontade a partir do terceiro dia.

Os pesquisadores observaram que o consumo de concentrado foi maior (P<0,05) para o tratamento 4 (gema - 29,2 kg durante os 42 dias) que para os tratamentos 2 (ovo - 21,9 kg) e 3 (albumina - 23,3 kg). Os tratamentos 1 (proteína láctea - 27,4 kg) e 5 (albumina + gema - 23,4 kg) foram intermediários e não diferiram dos demais.

O ganho em peso acumulado nos primeiros 21 dias de tratamento foi maior (P<0,05) nos tratamentos 1 (8,1 kg) e 4 (8,4 kg) que nos tratamentos 2 (5,4 kg) e 3 (5,2 kg), tendo o tratamento 5 (6,0 kg) ficado em posição intermediária, sem diferença significativa de todos os demais.

De forma semelhante, no total dos 42 dias, os tratamentos 1 (19,5 kg) e 4 (19,6 kg) apresentaram ganho em peso maior (P<0,05) que os tratamentos 2 (12,0 kg), 3 (11,5 kg) e 5 (13,8 kg), o que levou os dois primeiros tratamentos a apresentarem um custo por quilo de ganho cerca de 30% inferior, nas condições do experimento. Não foram observadas diferenças na incidência de diarréias entre os tratamentos.

Os autores concluem que a gema do ovo parece ser uma boa fonte de proteína (e gordura) para a formulação de sucedâneos lácteos, quando o preço assim o permitir.

Outro pesquisador (Quigley, 2002), chama atenção para o interessante fato que particularmente a albumina, proteína da clara do ovo, reduziu o desempenho dos bezerros neste experimento. É na clara que se encontra uma considerável quantidade de IgY, a forma produzida pelas galinhas da imunoglobulina IgG, encontrada no leite que, pensava-se, poderia trazer alguma proteção (imunidade) ao trato intestinal.

De forma oposta, alguns pensavam ainda que a gordura do ovo, concentrada quase em sua totalidade na gema, poderia ser a causa de sua má digestibilidade pelas bezerras. Esta hipótese foi quebrada por este experimento já que o tratamento que incluía gema permitiu desempenho semelhante à proteína láctea.

Comentário do autor: Ao observar estes dados, me veio em mente que a pediatra de minha filha de oito meses, que começou recentemente a consumir alimentos sólidos, aconselhou que se fornecesse gema de ovo nas refeições, estando proibida a clara. Deve portanto existir algum conhecimento adicional sobre o assunto no que se refere à nutrição humana. Não podemos esquecer que, na fase de amamentação, os bezerros ainda não têm seu rúmen funcional e, portanto, sua digestão é muito semelhante à nossa, ocorrendo no estômago e intestinos. Sendo assim, algum "fator antinutricional" que afete os humanos poderia também afetar as bezerras. Parece que se você quiser fornecer ovo às suas bezerras, é melhor fazê-lo na forma de uma "gemada".

Fonte: Catherman, D.R., 2002. Evaluation of dried whole egg and components in calf milk replacers.

Quigley, J., 2002. Egg in milk replacers - an update. Calf note # 86. Calfnotes.com.

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RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 28/09/2008

Acredito na contaminação por Salmonela, presente no ovo.
MARA HELENA SAALFELD

OUTRO - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 02/10/2002

Este artigo comenta que não é conhecido o fato de que o oferecimento de proteína do ovo tenha causado problema em ganho de pesos de lactentes, porém é citado na literatura que terneiros (as) até cerca de 40 dias não tem capacidade de aproveitar proteínas que não sejam de origem do leite. Inclusive um dos motivos do oferecimento de pasto, ração a partir dos sete dias seria com a função de desenvolvimento de papilas, população da flora ruminal e feno para desenvolvimento da musculatura do rúmen. Provavelmente esta é a razão pela qual as proteínas do ovo não podem substituir proteínas do leite na alimentação dos lactentes.

O que o senhor pensa sobre isto?

<b>Resposta de José Roberto Peres:</b> Sem dúvida nenhuma, nos bezerrros lactentes, a melhor fonte de proteína é a do leite, seja ela a caseína, ou ainda as proteínas do soro (albuminas). Existem porém outras fontes de proteína que também podem, e são, utilizadas com resultados bastante semelhantes, especialmente na fabricação de sucedâneos lácteos. Exemplos disso são a proteína isolada de soja (não é farelo de soja) e a proteína isolada do trigo (veja dois artigos anteriormente publicados nesta seção - Como escolher um substituto de leite para bezerros - parte 1 e 2). A razão do fornecimento de ração (o fornecimento de pasto ou feno é discutível nos primeiros 2 meses de vida - veja artigos anteriormente publicados nesta seção - O tipo de dieta afeta o desenvolvimento ruminal de bezerros, e Deve-se fornecer feno para bezerros?) realmente é o
desenvolvimento ruminal, inicialmente não propriamente das papilas, mas da flora bacteriana. O desenvolvimento muscular é posterior. No caso do ovo utilizado nos artigos citados, eles foram incluídos na fórmula de sucedâneos lácteos e, assim, não caem no rúmen. Foram digeridos no estômago e intestino, já que ao beber o leite ocorre a formação da goteira esofageana, de faz com que o leite passe direto pelo rúmen. Portanto, os problemas encontrados na digestão do ovo ocorreram provavelmente no intestino (algum tipo de reação alérgica, muito provavelmente, como ocorre com fontes mal processadas de proteínas vegetais - como o farelo de soja).

Espero ter respondido sua questão.
Continue participando.
Saudações.

José Roberto Peres
Equipe Milkpoint

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