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Estresse em bezerros desaleitados de forma gradual ou abrupta

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

CARLA BITTAR

EM 18/04/2008

13 MIN DE LEITURA

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Em algum ponto todos os bezerros devem ser desaleitados, um processo que envolve a transição de uma dieta baseada em leite ou sucedâneo para a dieta sólida. Estas alterações, associadas com mudanças de ambiente e relações sociais, são normalmente estressantes para os bezerros, sendo observadas por profundas alterações fisiológicas (redução no consumo de alimento, redução no crescimento e disfunções gastrintestinais) e alterações comportamentais (aumento de atividade e vocalização). Assim, o desaleitamento pode ter efeitos negativos tanto na produção quanto no bem-estar destes animais. Em bezerros de corte este estresse é ainda mais crítico uma vez que além retirada do leite da dieta, ocorrerá a separação do bezerro de sua mãe, o que tem sido reduzido através de desmame em dois estágios.

A separação destes fatores nutricionais e sociais durante o desaleitamento é mais fácil em sistemas de criação de bovinos leiteiros. Estes animais são normalmente separados de suas mães logo após o nascimento, mas continuam recebendo leite durante algumas semanas. Este sistema de criação permite que os efeitos da separação materna, e as mudanças nas relações sociais no período próximo do desaleitamento, sejam estudas independentemente dos efeitos da interrupção no fornecimento do leite. Várias pesquisas já demonstraram que os bezerros apresentam uma forte resposta comportamental devido ao desaleitamento.

Embora já se tenham informações de como reduzir o estresse devido a separação da cria de sua mãe, pouco se sabe sobre como reduzir o estresse do desaleitamento. A prática usual de desaleitamento é simplesmente cessar o fornecimento do leite, mas é possível que algumas práticas de manejo possam reduzir este estresse. Uma alternativa, muitas vezes adotada, é a redução gradual do fornecimento de leite durante alguns dias, seja pelo fornecimento mais espaçado, pela redução no volume total ou ainda pela diluição do leite com água. Entretanto, não existe pesquisa publicada sobre o efeito destas práticas de manejo.
Assim, Jasper et al. (2008) conduziram estudos com o objetivo de comparar a resposta comportamental imediata de bezerros sob desaleitamento gradual ou abrupto.

A hipótese do grupo de pesquisa era de que os animais aleitados com leite progressivamente diluído responderiam com aumento na vocalização e na atividade quando comparados com animais aleitados com o leite não-diluído. Também era hipótese do grupo de pesquisa que os bezerros consumissem mais dieta sólida antes do desaleitamento, facilitando a transição da dieta líquida para a dieta sólida, além de reduzir a resposta de estresse no dia do desaleitamento.

O estresse do desaleitamento para bezerros leiteiros pode estar relacionado não só a interrupção no fornecimento do leite; é possível que outros aspectos da rotina de alimentação resultem em sensação de satisfação para os bezerros como o enchimento do sistema digestório com a dieta líquida ou o ato de mamar. Para investigar a importância destes fatores, bezerros foram desaleitados de forma abrupta, com interrupção total do fornecimento de leite, ou através do fornecimento de água morna ao invés de leite. Os autores acreditavam que bezerros com acesso continuado aos utensílios de aleitamento poderiam apresentar uma redução na resposta imediata ao desaleitamento comparado com bezerros desaleitados de forma abrupta.

Material e Métodos

Um total de 30 bezerras da raça Holandês foi utilizado para este experimento. Os animais foram separados de suas mães entre 2 e 6 horas após o parto, sendo em seguida realizado o fornecimento de 4L de colostro, em um período de 12 horas. Os animais foram alojados individualmente em casinhas de madeira (1,7 m x 1,2 m) com as laterais abertas, com acesso livre a água, concentrado inicial (21,6% PB) e feno picado (18,7% PB). Leite integral foi fornecido em duas refeições diárias através de baldes de plástico na quantidade de 10% do peso vivo do animal.

Para a condução do experimento foram utilizadas três baias experimentais, em local separado do bezerreiro e distantes umas das outros pelo menos 2 m, sendo separadas também por pilhas de feno, impedindo contacto visual. Nestas baias os animais também tinham livre acesso a água, concentrado e feno. O fornecimento de leite era realizado da mesma forma descrita para as casinhas individuais.

Os bezerros foram movidos para as baias experimentais aos 68 dias de idade, sendo dados 2 dias para adaptação, antes do início dos tratamentos. Conforme os bezerros alcançavam a idade determinada eram alocados aos tratamentos de forma casualizada sem reposição dentro de cada conjunto de 4 bezerros disponíveis. Para os tratamentos 1 e 2 foi fornecido leite diluído na taxa de 10% por aleitamento durante 10 refeições. A diluição começou na manhã do dia -4 do início do experimento, de forma que os bezerros receberam 100% de água morna no dia 0. Nos tratamentos 3 e 4 foi fornecido leite não diluído até o dia 0. No dia 1, considerado como o dia do desaleitamento, o fornecimento de leite foi interrompido para todos os bezerros, mas os bezerros nos tratamentos 2 e 4 continuaram a receber um balde de água morna (10% PV), divido em duas refeições.

Medidas de comportamento foram colhidas através de filmagem dos animais com auxílio de uma câmera posicionada de forma a filmar todos os animais das baias. As imagens foram gravadas, sendo colhidos dados dos 20 minutos após cada alimentação dos dias 0 e 1. Como boa parte da vocalização ocorre durante o aleitamento de outros bezerros, este período definido para avaliação desta medida de comportamento.

Os chamados (vocalização) foram gravados durante este período, sendo avaliados os números de chamados, de movimentos, e de contactos orais (definido como o número de contacto da boca do bezerro com seu próprio corpo ou qualquer superfície da baia). Também foi mensurado quanto tempo a cabeça do bezerro permaneceu para fora da baia e o tempo mamando no balde após todo o consumo de água morna. Um novo início de mamada foi considerado quando o bezerro perdeu o contacto com o balde por mais de 3 segundos. Os bezerros foram pesados nos dias -5, -4, -3, 0, 1, 2, 3 e 7. O consumo de concentrado inicial e feno foram mensurados diariamente durante o experimento.

Resultados

A diluição gradual do leite fornecido aos bezerros teve um efeito dramático no consumo de concentrado inicial (Figura 1). No inicio da fase de diluição todos os grupos (com ou sem diluição) estavam consumindo em torno de 1 kg/d. Os bezerros recebendo o leite diluído dobraram o consumo de concentrado (quase 2 kg/d) durante 5 dias antes do desaleitamento, enquanto os bezerros aleitados com leite não-diluído mostraram apenas um pequeno aumento no consumo de concentrado. Após o desaleitamento, o consumo de concentrado destes grupos convergiu, de forma que o consumo entre os tratamentos não foi diferente estatisticamente. Os bezerros consumiram quantidades desconsideráveis de feno durante o estudo (0,2 ±0,1 kg/d), não sendo observadas diferenças entre os tratamentos.

Figura 1. Consumo médio de concentrado inicial por bezerros do dia 6 antes do desaleitamento até o dia 5 após mesmo.


Os bezerros pesaram em media 91,9 ±11,1 kg quando o tratamento com a diluição do leite começou. O aumento no consumo de concentrado pareceu compensar a redução do leite fornecido para o grupo com diluição uma vez que não houve diferença no ganho de peso diário entre os grupos tanto antes quanto depois do desaleitamento.

A diluição de leite na taxa de 10% por alimentação teve um pequeno efeito no comportamento imediato dos bezerros durante o período de diluição. No dia anterior ao desaleitamento os bezerros no tratamento com diluição mostraram uma tendência para chamarem (vocalizarem) mais frequentemente do que os bezerros aleitados sem diluição (Tabela 1), mas não houve diferença estatística entre tratamentos em qualquer uma das medidas comportamentais neste dia.

Tabela 1. Média de respostas comportamentais imediatas durante 20 minutos após cada aleitamento no dia anterior ao desaleitamento (dia 0).


A diluição também não teve efeito significativo no comportamento no dia do desaleitamento (Figura 2). Por outro lado, o acesso contínuo a rotina de alimentação reduziu de forma marcante a resposta comportamental ao desaleitamento. Comparados aos bezerros desaleitados de forma abrupta, os bezerros que receberam água morna ainda no dia do desaleitamento vocalizaram menos, foram menos ativos e passaram menos tempo com a cabeça fora da baia. Os animais que receberam água morna tiveram grande contacto oral com o balde, gastando aproximadamente 5 minutos, de um total de 20 de observação, com esta atividade. No entanto, bezerros sem acesso ao balde não redirecionaram estes comportamento oral para outra superfície da baia; os bezerros apresentaram 18 contactos orais com outras superfícies mas não houve efeito de tratamento para esta medida.

Figura 2. Respostas comportamentais imediatas de bezerros durante 20 minutos de observação após cada refeição no dia do aleitamento (dia 1) para bezerros que receberam água morna ou não.


Weaning distress in dairy calves: Acute behavioural
responses by limit-fed calves
Jennifer Jasper, Monika Budzynska 1, Daniel M. Weary *

Discussão

Conforme predito, a diluição do leite antes do desaleitamento encorajou os animais a consumir mais concentrado inicial antes e imediatamente depois do desaleitamento. Entretanto, bezerros desaleitados de forma abrupta rapidamente alcançaram o consumo daqueles desaleitados de forma gradual, de forma que o consumo entre os tratamentos foi igual após 3 dias do desaleitamento. Os maiores consumos de concentrado parecem compensar a redução no consumo de sólidos via dieta líquida, uma vez que a diluição não teve efeito no ganho de peso durante o estudo.

Surpreendentemente, a diluição gradual não resultou em resposta de estresse durante os 20 minutos após o aleitamento, conforme medido no dia anterior ao desaleitamento. É possível que os bezerros no tratamento com diluição tenham mostrado uma resposta comportamental no início do processo de diluição, isto é, dias -4 a -1, de maneira que futuros estudos devem realizar observações logo no início do tratamento. Entretanto, se os bezerros estavam respondendo a redução do consumo de leite, era esperado que esta resposta fosse a maior no dia 0 do experimento, ou seja, um dia após o desaleitamento, quando a fase de diluição estava completa.

Uma vez que os bezerros no tratamento com diluição já estavam sendo alimentados com a diluição completa no dia anterior ao desaleitamento, e que estes bezerros estavam com consumo de dieta sólida mais estabelecido, esperava-se uma menor resposta comportamental imediata ao desaleitamento se o estresse causado por este processo fosse somente relacionado a alterações nutricionais. Entretanto, os autores observaram que os bezerros responderam fortemente ao desaleitamento independentemente do sistema de diluição do leite. É importante notar que ambos os grupos de bezerros apresentavam consumo de dieta sólida bem estabelecida (maior que 1 kg/d) no momento do desaleitamento, provavelmente limitando o efeito do fator nutricional no estresse do desaleitamento. Bezerros mais dependentes do leite, seja por serem jovens ou por serem aleitados com grandes quantidades de leite, podem mostrar um aumento na resposta a interrupção do leite per se.

A importância da rotina do aleitamento no estresse do desaleitamento foi demonstrada pelo segundo tratamento. Quando a rotina de alimentação foi descontinuada os bezerros mostraram a típica resposta aguda ao desaleitamento (aumento na vocalização e atividade). Por outro lado, bezerros que continuaram com a rotina de alimentação (embora com o fornecimento de água morna) mostraram uma pequena resposta imediata ao desaleitamento (vocalizaram menos e passaram menos tempo se movimentando ou com a cabeça pra fora da baia) quando comparados aos bezerros desaleitados de forma abrupta.

Estes resultados indicam que fatores não-nutricionais também têm papel importante no estresse imediato do desaleitamento de bezerros leiteiros. Entretanto, este trabalho não esclarece exatamente quais fatores não-nutricionais são importantes, embora existam diversas possibilidades. É possível que o mais óbvio destes seja que a saciedade é mediada pelo enchimento do trato gastrintestinal, e que a água morna fornecida tenha promovido o enchimento anteriormente promovido pelo leite. Metabólitos e hormônios no sangue também afetam a saciedade, mas estas respostas só podem ser notadas após o período de observação utilizado de 20 minutos.

Também pode haver fatores sociais importantes, neste caso, mediados pelo apego de bezerros a algum aspecto da rotina de alimentação, como a presença do tratador ou ao próprio balde de fornecimento. A importância relativa destes fatores sociais pode ser explicada por fatores ligados a esta rotina e ao próprio leite. Existem evidências de que os mamíferos jovens apresentam grande apego a objetos inanimados. Uma pesquisa clássica mostrou que macacos isolados apresentaram grande apego a uma tábua coberta com tecido e quando separados deste objeto inanimado (substituto de suas mães) apresentaram as mesmas respostas de estresse apresentadas quando separados de suas mães. Os próprios humanos quando infantes apresentam grande apego a objetos como cobertores e bichos de pelúcia, podendo apresentar estresse quando separados destes objetos. Assim, o estresse do "desaleitamento" observado pode ser devido a separação deste substituto de sua mãe, ou seja, algum aspecto da rotina de alimentação além da falta do leite.

Os bezerros que continuaram a receber água morna no desaleitamento gastaram tempo mamando a borda do balde. A mamada pode ser um comportamento importante para o animal e pode ter propriedades de recompensa/satisfação. Os bezerros deste estudo redirecionaram este comportamento para o balde, havendo ou não leite ou água dentro do mesmo. Na experiência dos autores, bezerros desaleitados de fora abrupta não redirecionam a mamada para outra superfície da instalação. Assim, a resposta aguda ao desaleitamento pode se dever em parte a falta do hábito de mamar e qualquer efeito positivo associado a este comportamento.

Conclusões

Concluindo, bezerros desaleitados com aproximadamente 10 semanas de idade mostram pronunciada resposta comportamental ao desaleitamento, embora apresentem consumo de dieta sólida de quase 2 kg/d. A resposta ao desaleitamento sob estas condições parecem estar relacionadas a fatores não-nutricionais, especificamente a interrupção da rotina de alimentação.

Referências

Jasper, J. et al.. Weaning distress in dairy calves: Acute behavioural responses by limit-fed calves. Applied Animal Behaviour Science, v.110, p.136-143, 2008.

Comentários

É sabido que o desaleitamento é um grande fator de estresse para bezerros leiteiros, que podem reduzir consumo de alimento e suas taxas de ganho de peso. Com o desaleitamento o animal é forçado a várias mudanças: 1) sua principal fonte de nutrientes muda da forma liquida para a forma sólida; 2) a quantidade de matéria seca que o animal recebe é diminuída com o não fornecimento do leite; 3) o bezerro deve se adaptar ao tipo de digestão e fermentação própria de ruminantes; 4) mudanças de manejo e instalações geralmente ocorrem juntamente com o desaleitamento.

Já vimos em radares anteriores que é de suma importância para o sucesso do desaleitamento dos bezerros que estes apresentem consumo de concentrado adequado, seja este fixado em uma quantidade de acordo com a raça do animal ou a 1,5% de seu peso ao nascer. O consumo de concentrado, quando bem estabelecido, permite ao bezerro assumir a dieta de um ruminante funcional, reduzindo o maior estresse relacionado ao desaleitamento: o estresse nutricional.

No entanto, como mostrou o trabalho de Jasper e colaboradores, mesmo quando o consumo de concentrado está bem estabelecido os animais sofrem grande dose de estresse em resposta ao desaleitamento, aumentando sua atividade e vocalização. Pode-se concluir do trabalho que a manutenção dos animais em suas instalações durante um período após o desaleitamento e a manutenção da rotina de alimentação podem reduzir estas respostas imediatas ao desaleitamento. A discussão do trabalho mostra que é provável que os bezerros tenham apego a algum objeto da rotina de alimentação, ao tratador ou até mesmo ao ato de mamar, sendo possível a redução de estresse com a manutenção destes fatores durante alguns dias.

No entanto, como foi demonstrado, o consumo de concentrado no período, assim como o ganho de peso dos animais não foi diferente para animais em sistema de desaleitamento abrupto ou gradual. O manejo de bezerreiros com desaleitamento gradual é normalmente mais difícil uma vez que deve se fazer o controle da redução na quantidade de leite fornecida para os bezerros em processo de desaleitamento. Em sistemas de produção de maior escala este tipo de manejo é trabalhoso e exige grande atenção para que a redução na dieta líquida seja realizada corretamente. Assim, tem-se recomendado a adoção do desaleitamento abrupto, com a manutenção dos animais por mais 5 a 7 dias em suas instalações, recebendo o mesmo tipo de concentrado inicial para a formação de grupos de 3 bezerros os quais serão introduzidos nos lotes de animais desaleitados.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

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CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/06/2008

Caro Matheus,

Esse seria um raciocínio correto se o desaleitamento somente não causasse tanto estresse no animal. Na fase logo após o desaleitamento, também chamada de fase de transição, é importante que o animal mantenha e logo em seguida aumente o consumo de alimento sólido. Assim, as mudanças fisiológicas e de manejo alimentar já causam grande estresse nos animais não sendo recomendável associar outras práticas que também possam desafiar o bezerro. Não tenho conhecimento de trabalhos que tenham avaliado quanto o nível de cortisol é elevado quando se realiza o desaleitamento somente ou quando também se associa outras práticas como mudança de instalações, vacinações descorna, etc. De qualquer modo, é observado em campo que quanto mais práticas são realizadas maior o tempo para estabilização do consumo de alimento após o desaletamento, oq ue muitas vezes pode resultar em perda de peso e até a necessidade de voltar a fornecer leite ao animal.

Quanto ao fornecimento de fontes de cromo orgânico e redução de estresse, os resultados de pesquisa são bastante variáveis mas a sua maioria mostra benefícios.

A posição da cabeça do bezerro não determina o fechamento da goteira esofageana. O seu fechamento é um reflexo condicionado que depende não só de estímulo químico (leite) como também de estímulos visuais (preparação para o aleitamento, tratador) e auditivos. Assim, o fornecimento de dieta líquida através de balde ou de mamadeira apresentam normalmente os mesmos resultados de desempenho. Quanto a ocorrência de diarréias, esta é maior de acordo com o nível de limpeza dos utensílios utilizados para o fornecimento da dieta líquida, seja balde, bibeirão ou mamadeira. Normalmente, os maiores problemas com a higiene dos utensílios ocorre com as mamadeiras, pricipalmente devido a dificuldade de limpeza de bicos e das roscas da garrafa. A ocorrência de diarréia também depende do tipo de instalação dos animais, onde a individualização é recomendada; além da qualidade da dieta líquida.

Att.,
Carla Bittar
MATHEUS DE CARVALHO ALVES

VIÇOSA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 07/06/2008

Carla, parabéns pelos artigos. É um assunto importantíssimo e que deve ser de conhecimento de todos na área. Tenho lido vários artigos seus em revista e neste site, e tenho 3 dúvidas.

Não seria conveniente a realização de todas as práticas de manejo estressantes (como descorna, transferência de instalações, vacinações e vermifugações) em uma mesma ocasião, ou seja, junto ao desaleitamento, assim como é feito para aves e suínos? Assim, não evitaria que os níveis de cortisol se mantivessem altos por várias ocasiões, reduzindo o desempenho?

Seria conveniente o fornecimento de vitaminas C e E, ou fontes de cromo orgânicas para a redução do estresse à desmama?

Ouvi algumas recomendações que afirmavam que o ato do bezerro em levantar a cabeça para mamar ajudaria num melhor direcionamento do leite pela goteira esofágica, evitando que este se acumule no rúmen e provoque diarréias. Se isto for verdade, o fornecimento de leite no balde para bezerros, de forma que estes bebam de cabeça abaixada, poderia aumentar a incidência de diarréia. Esta afirmação é verdadeira? O que você tem a comentar?

Mais uma vez parabenizo e, desde já, agradeço.

<b>Resposta da autora</b>

Caro Matheus,

Esse seria um raciocínio correto se o desaleitamento somente não causasse tanto estresse no animal. Na fase logo após o desaleitamento, também chamada de fase de transição, é importante que o animal mantenha e logo em seguida aumente o consumo de alimento sólido. Assim, as mudanças fisiológicas e de manejo alimentar já causam grande estresse nos animais não sendo recomendável associar outras práticas que também possam desafiar o bezerro. Não tenho conhecimento de trabalhos que tenham avaliado quanto o nível de cortisol é elevado quando se realiza o desaleitamento somente ou quando também se associa outras práticas como mudança de instalações, vacinações descorna, etc. De qualquer modo, é observado em campo que quanto mais práticas são realizadas maior o tempo para estabilização do consumo de alimento após o desaletamento, oq ue muitas vezes pode resultar em perda de peso e até a necessidade de voltar a fornecer leite ao animal.

Quanto ao fornecimento de fontes de cromo orgânico e redução de estresse, os resultados de pesquisa são bastante variáveis mas a sua maioria mostra benefícios.

A posição da cabeça do bezerro não determina o fechamento da goteira esofageana. O seu fechamento é um reflexo condicionado que depende não só de estímulo químico (leite) como também de estímulos visuais (preparação para o aleitamento, tratador) e auditivos. Assim, o fornecimento de dieta líquida através de balde ou de mamadeira apresentam normalmente os mesmos resultados de desempenho. Quanto a ocorrência de diarréias, esta é maior de acordo com o nível de limpeza dos utensílios utilizados para o fornecimento da dieta líquida, seja balde, bibeirão ou mamadeira. Normalmente, os maiores problemas com a higiene dos utensílios ocorre com as mamadeiras, pricipalmente devido a dificuldade de limpeza de bicos e das roscas da garrafa. A ocorrência de diarréia também depende do tipo de instalação dos animais, onde a individualização é recomendada; além da qualidade da dieta líquida.

Att.,
Carla Bittar
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/04/2008

Caro Thiago,

O aspecto mais importante para se realizar o desaleitamento é sim o consumo de concentrado. Com o consumo de alimento sólido o rúmen inicia seu desenvolvimento permitindo que, com a retirada da dieta líquida, o animal assuma a dieta de um ruminante funcional.
O consumo de concentrado recomendado para a realização do desaleitamento é de 700-800g/d para animais da raça Holandês e de 450-500g/d para animais da raça Jersey. É importante que este consumo seja observado durante 3 dias consecutivos o que garante que estes valores representam consumos já estabilizados. Lembre-se que o consumo de concentrado por bezerros é muito errático, ou seja, variável de um dia para outro.
Uma outra forma de se fixar o consumo para o desaleitamento é através do peso ao nascer dos bezerros e isso se mostrou interessante uma vez que mesmo dentro da mesma raça tem-se variação no tamanho dos animais. Sugiro que você leia o radra técnico https://www.milkpoint.com.br/?noticiaID=23795&actA=7&areaID=61&secaoID=162, onde este assunto foi tratado.
Um abraço,
Carla.
THIAGO ALVES DE OLIVEIRA

REGISTRO - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 25/04/2008

Muito bom o artigo, assim como as dicas do comentário, e dentro disso tenho duas perguntas. O principal parâmetro para desaleitamento é consumo de concentrado? Quanto deve consumir uma bezerra Jersey para ser desmamada? e uma holandesa?

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