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Como estimar peso vivo de novilhas quando a balança não está disponível? Métodos indiretos: fita torácica e hipômetro

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 19/01/2007

10 MIN DE LEITURA

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Introdução

O principal objetivo nos sistemas de criação de novilhas leiteiras é conseguir peso e altura adequados para primeira parição aos 24 meses de idade, otimizando programas de reposição. Um recente estudo avaliando o crescimento atual novilhas holandesas em fazendas leiteiras dos Estados Unidos revelaram que os animais apresentavam-se mais pesados e mais altos em relação aos padrões publicados entre 30 e 50 anos atrás.

O conhecimento da taxa do ganho de peso vivo nas novilhas permite adequação dos manejos nutricionais, avaliação da eficiência alimentar, determinação exata de doses farmacêuticas e avaliação do status de saúde dos animais. Os valores de peso corporal também podem ser utilizados para a constatação de animais mais fracos e melhorar a eficiência da criação de novilhas de reposição. Estes fatores demonstram a importância da compreensão e do monitoramento do desempenho de novilhas.

Uma variedade de métodos é usada para medir ou estimar o peso vivo (PV) em novilhas Holandesas, sendo a pesagem individual dos animais o de melhor acurácia, seja em balança mecânica ou eletrônica. Pesquisas mostraram que a maioria de produtores de leite descreve que a pesagem dos animais consome muito tempo e representa alto custo em equipamentos (Heinrichs et al., 1992). Também, a falta de balança em pequenas propriedades tem reduzido a possibilidade de alguns produtores de monitorar o desenvolvimento de novilhas e adequar manejos. Como resultado, diversos métodos indiretos para estimar o PV foram desenvolvidos.

O método indireto mais comum e mais barato de estimar o PV de bezerras e novilhas leiteiras é a fita torácica de pesagem. Este método consiste em uma fita de medição que é colocada em torno da circunferência do tórax do animal. O perímetro torácico corresponde a um PV estimado a partir de medidas de 5.723 novilhas em fazendas comerciais na Pensilvânia (EUA) (Heinrichs e Hargrove, 1987).

Estudos anteriores investigaram as relações entre várias medidas de crescimento no gado leiteiro para predizer o peso vivo. Heinrichs et al. (1992) encontraram que a largura do traseiro era uma das medidas mais relacionadas ao PV e que não era influenciada pela condição corporal. Recentemente, o hipômetro (Hipometer, Dairy Innovations, Alexander, NY) tem sido desenvolvido para estimar o PV pela largura entre junção dos quadris entre os trocanteres do fêmur (Skidmore, 2001).

O hipômetro consiste em 2 braços que se abrem em torno dos trocanteres do fêmur (Figure1). Baseado na largura entre os braços, o PV pode ser estimado. Embora a fita para perímetro torácico tenha sido validada extensivamente com resultados publicados (Heinrichs and Hargrove, 1987), não existem publicações validando o método do hipômetro ou a comparação direta entre os dois métodos de predição de PV.

Figura 1. Representação diagramática do local em que o hipômetro é colocado nos trocanteres dos fêmures esquerdo e direito para estimar PV em novilhas.


Assim, Dingwell et al. (2006) avaliaram o hipômetro e a fita torácica de pesagem para predição do PV de novilhas Holandesas em comparação ao peso medido em balança eletrônica, bem como estudaram as fontes de erros entre a fita e o hipômetro em relação à balança.

Material e Métodos

Foram utilizadas novilhas Holandesas de 3 rebanhos de centros de pesquisa associados com a universidade de Guelph (Elora, Kemptville e Ponsonby Research Stations), e a Shur Gain Research, em Burford, Ontário. Estas bezerras e novilhas variaram entre 1 semana a 24 meses de idade, eram criadas em diferentes tipos de instalação (casinha, piquete ou loosing housing) e recebiam dieta baseada em programa de alimentação formulado de acordo com o NRC, de acordo com a idade.

Os dados foram coletados durante uma ou mais visitas a cada fazenda para maximizar os dados coletados. Uma visita repetida foi realizada em uma única fazenda, onde existiu a possibilidade de reavaliar novilhas em idade mais avançada do grupo inicial avaliado. Os animais eram pesados individualmente em balança eletrônica, calibradas anualmente, como parte de um procedimento padrão. As novilhas tinham então o peso estimado utilizando-se a fita torácica de pesagem (Nasco, Ft.Atkinson, WI) e o hipômetro (Dairy Innovations).

A utilização do hipômetro era realizada por uma pessoa diferente, que não tinha qualquer conhecimento das medições anteriores com os outros métodos. Os braços eram colocados sobre o trocanter dos fêmures esquerdo e direito do animal (Figura 1). O peso foi registrado de acordo com a largura da abertura dos braços do compasso pela leitura direta no aparelho (Skidmore, 2001).

Para comparação de médias, as 311 observações foram agrupadas em 1 de 8 categorias por idade: <3 meses, 3 a <6 meses, 6 a <9 meses, 9 a <12 meses, 12 a <15 meses, 15 a <18 meses, 18 a <21 meses e >21 meses. Os valores de peso médio e medidas associadas da variação para cada um dos 3 métodos foram calculados usando SAS (PROC UNIVARIATE, MEIOS de PROC, SAS, V. 8.1; SAS Institute, 1999-2000) para o total e para cada categoria da idade.

Resultados e Discussão

Os resultados dos pesos médios são sumarizados na Tabela 1. A média de peso para todos os animais foi de 261±124kg. Não houve diferenças significativas entre este peso e os pesos médios totais medidos pela fita ou hipômetro (254±123 kg e 258±118 kg, respectivamente). Nas avaliações através dos grupos de idade diferentes, foram observadas diferenças entre os métodos de avaliação de peso vivo nas categorias de idade < 3 e entre 18 e 21 meses (Tabela 1).

Para bezerras com menos de 3 meses de idade, a estimação do PV pela fita torácica foi significativamente diferente do peso encontrado pela balança eletrônica (58 e 74 kg, respectivamente), o que não ocorreu com hipômetro. Para novilhas entre 18 e 21 meses, os pesos médios estimados pelo hipômetro (544 kg) e pela fita torácica (554 kg), foram significativamente diferentes do peso médio da balança (598 kg).

Tabela 1. Comparação de medidas de PV usando balança eletrônica, fita torácica de pesagem e hipômetro para diferentes grupos de idade de 311 novilhas Holandesas.


a,bP>0,05

Para a maioria das medidas de peso, o método de medida indireta não diferiu da medida direta. Nas bezerras com menos de 3 meses de idade os valores obtidos através da fita torácica foram significativamente menores que aqueles obtidos com a balança eletrônica, sugerindo mais estudos para o uso da fita torácica em animais muito jovens ou ainda a adaptação desta ferramenta de manejo.

Para novilhas entre 18 e 21 meses, o hipômetro e a fita torácica subestimaram os pesos, o que pode ter sido influenciado por um número limitado de medições realizadas neste grupo. Entretanto, não houve diferença significativa entre os métodos, sugerindo que o hipômetro pode ser usado como um método para estimar o PV de bezerras e novilhas Holandesas.

Os coeficientes de correlação entre os pesos do hipômetro x balança eletrônica e da fita torácica x balança eletrônica foram altos 0.99. A dispersão dos dados para o hipômetro x balança eletrônica e da fita torácica x balança eletrônica são mostradas nas Figuras 2 e 3, respectivamente. Uma relação linear padrão foi observada, com variação notável para cada medida acima de 500 kg. Os valores da correlação da concordância entre o hipômetro e balança eletrônica e a fita e balança eletrônica foram de 0,98 e 0,99, respectivamente.




Coeficientes de correlação para o hipômetro e a fita torácica quando comparados com a pesagem em balança eletrônica foram bastante elevados. Quando agrupados por idade, os coeficientes continuaram altos, sugerindo que o hipômetro e a fita torácica apresentavam-se próximos da pesagem em balança eletrônica.

A elevada concordância nos valores da correlação para os métodos indiretos, quando comparados com a balança, sugere que havia poucas observações para uma linha de 45° perfeita. No grupo entre 18 e 21 meses de idade, os valores da concordância para o hipômetro e a fita torácica caíram drasticamente, sugerindo muita variação. É relevante ressaltar que a maioria das novilhas nesta categoria era de uma única estação experimental, indicando que fatores específicos desse rebanho relacionados com nutrição, condição corporal, genética podem resultar nestas diferenças.

Os resultados obtidos pelo hipômetro e pela fita torácica correspondem com resultados obtidos por pesagem eletrônica. O método da fita torácica tem sido amplamente validado e utilizado (Heinrichs & Hargrove, 1987). Pelo fato dos resultados do hipômetro apresentarem também alta correlação às pesagens em balança eletrônica, ele é aparentemente um outro método útil para estimar o PV de novilhas Holandesas indiretamente.

É de conhecimento de todos que a fita torácica está mais disponível para as fazendas leiteiras do que as balanças eletrônicas. Além disso, é o método mais barato entre os métodos disponíveis e pode ser utilizado em vacas. Entretanto, o método da fita torácica envolve ainda contato muito próximo com o animal. Em algumas situações, este processo pode ser inconveniente, consumir muito tempo e ainda apresentar perigo.

Adicionalmente, medidas torácicas podem ser de difícil execução e mudanças na posição do animal durante a medição podem afetar os resultados. O hipômetro requer muito menos contato com o animal e uma vantagem do método é sua facilidade de utilização. O operador pode caminhar num corredor num sistema tie-stall ou atrás dos animais realizando pesagens com rapidez e facilidade. Similar à fita torácica, o interesse em usar o hipômetro é a variação associada com as diferentes forças e pressões ao aplicar o dispositivo.

É importante enfatizar que o hipômetro deve ser usado com uma quantidade apropriada de pressão no compasso, que é determinado por uso repetido e periódico. É também importante que os copos nos braços do hipômetro estejam colocados na posição correta sobre o trocanter dos fêmures da esquerda e direita. Neste estudo, os técnicos foram treinados na colocação e na calibração da haste. Uma outra limitação do hipômetro é que ele não é calibrado ou fabricado para animais grandes como vacas em lactação, sendo que a escala não estende além de 700 kg.

Conclusões

A pesagem de bezerras e novilhas em balança eletrônica é o método com maior acurácia para obtenção do peso vivo. Entretanto, quando não se tem disponibilidade de balança, métodos indiretos são necessários. O hipômetro apresentou resultados bastante similares ao método da fita torácica e balanças eletrônicas para medidas de peso de novilhas de varias idades.

A correlação das medidas entre todos os 3 métodos foi elevada, e aceitável para animais entre 3 a 15 meses de idade. O hipômetro pode ser um método alternativo para estimar o peso vivo de novilhas holandesas. Entretanto, estudos adicionais para validar este método são incentivados, particularmente nas novilhas com menos de 3 meses de idade e para animais em produção.

Referências

Dingwell, R.T.; Wallace, M.M.; McLaren, C.J.; Leslie, C.F.; Leslie, K.E. An Evaluation of Two Indirect Methods of Estimating Body Weight in Holstein Calves and Heifers. J. Dairy Science, v.89, p. 3992-3998, 2006.

Heinrichs, A.J.; Hargrove, G.L. Standards of weight and height for Holstein heifers. J. Dairy Sci., v.70, p. 653-660, 1987.

Heinrichs, A.J.; Rogers, G.W., Cooper, J.B. Predicting body weight and wither height in Holstein heifers using body measurements. J. Dairy Sci., v.75, p.3576-3581, 1992.

Comentários

O monitoramento do peso vivo de animais de reposição é importante ferramenta para adequações de manejo de lotes e de manejo nutricional e, conseqüentemente da eficiência da criação de novilhas de reposição. Entretanto, a falta de balança em pequenas propriedades ou ainda a dificuldade de levar animais até a mesma, tem sido uma dificuldade no monitoramento do peso vivo de animais de reposição. A fita torácica já é bastante utilizada, mas muitas vezes de forma inadequada, com variações na pressão feita durante as medidas, o que altera a leitura. Além disso, é sabido que a fita não estima de forma acurada o peso vivo de bezerras com menos de 3 meses de idade, como demonstrado no presente trabalho.

Tendo em vista que o aleitamento é um período importante para avaliação do crescimento dos animais de forma mais freqüente, sendo recomendadas pesagens semanais, a falta de balança ou a utilização da fita podem se apresentar como um gargalo na criação de bezerras. Já no caso de novilhas com mais de 3 meses, período em que a fita torácica estima o peso vivo dos animais de forma bastante acurada, o maior contacto com o animal para sua utilização ou a utilização inadequada se apresentam côo desvantagens.

Embora ainda não muito utilizado no Brasil, o hipômetro pode substituir a fita torácica de forma satisfatória, inclusive para bezerras em aleitamento, facilitando a estimação do peso vivo em situações onde não existe disponibilidade de balança. Da mesma forma que para a utilização da fita, é importante que o hipômetro seja utilizado de maneira correta, principalmente no que se refere ao seu posicionamento e a pressão feita no compasso.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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JOAO VANDER FERREIRA

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/09/2017

boa noite, sabem aonde consigo comprar o hipometro ?
JOSÉ LUIZ FERRAZ AIRES

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 29/01/2007

Saudações!

Parabéns aos autores e aos editores das informações. Acredito que estas, ao tornarem-se públicas (como o exemplo), devem ser acompanhadas de informações estatísticas pertinentes, que muito auxiliam na orientação ao leitor.

Outrossim, em vista da fácil acessibilidade que representa o MilkPoint ao leitor no sentido da atualização das informações veiculadas, seria de muito bom alvitre reservar um espaço semanal para a divulgação de informações científicas que venham ao encontro das necessidades operacionais para o produtor de leite. Esta é parte das necessidades do segmento!

Abraços.
José Luiz Ferraz Aires
GUSTAVO MACHADO CRUVINEL

RIO VERDE - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/01/2007

A grande dificuldade da utilização destes métodos está em adquirir a fita ou o hipômetro. A fita torácica, por exemplo, não se encontra disponível em nenhuma loja especializada de minha região.
RONALD DIAS TROCCOLI

GUARANI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/01/2007

Realmente não há nada sobre esse assunto, a não ser em literaturas especializadas. Vocês estão de parabéns. Sempre que posso, divulgo a utilização destes métodos, inclusive para aplicação de medicamentos. Erra-se menos ao utilizá-los!

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