As principais mudanças que ocorrem nesta fase de transição são: a mudança da dieta; a adaptação ruminal; as diferenças da nova instalação; o início do contato social com os outros animais e a competição por espaço, alimento e água (Figura 01); descorna; vacinações (geralmente: Brucelose, Raiva; IBR/PI3/BVD/BRSV, Clostridioses, Leptospiroses, Aftosa); produção de anticorpos (mudança da imunidade passiva para ativa); vermifugações, e, em algumas propriedades, há também a mudança do funcionário que realiza o manejo dos bezerros.
As principais enfermidades que acometem os bezerros nesta fase são a diarréia, a pneumonia e a tristeza parasitária. Há também o aumento da suscetibilidade e um maior desafio das helmintoses. É comum, nos lotes pós-desmama, bezerros mais sensibilizados que se tornam "reservatório" de helmintos. Além disso, bezerros que apresentam alguma complicação associada ao umbigo podem, nesta fase, apresentar maior susceptibilidade ao desenvolvimento de doenças.
O período de aleitamento do bezerro apresenta um alto custo, já que o leite, o sucedâneo do leite e a ração inicial são produtos de alto valor, e também porque o manejo destes animais é mais minucioso, e despende um maior número de horas/dia do funcionário. Por esse motivo, há uma tendência natural para a redução da fase de aleitamento, e muitas fazendas procuram adotar o desmame precoce.
O desmame tradicional segue os seguintes critérios: animal com aproximadamente 8 semanas de vida, ingerindo 700g de concentrado por mais de 3 dias consecutivos ou quando atinge 90 a 100 Kg de peso vivo. Já o desmame precoce é preconizado com 4 ou 5 semanas de vida. Pesquisadores desta área afirmam que é possível obter um adequado desenvolvimento ruminal já com 3 semanas de vida.
Na realidade, o fator que vai determinar a possibilidade ou não de uma propriedade realizar o desmame precoce é qualidade de seu manejo. Certamente, somente os rebanhos com elevado controle nutricional e gerencial estão aptos a realizar o desmame precoce.
Seja o desmame tradicional ou precoce, algumas recomendações podem auxiliar a reduzir o estresse sofrido pelo animal nesta fase de transição:
• idade não deve ser o principal critério para definir o momento do desmame do bezerro, há variações individuais que devem ser consideradas,
• somente desmamar animais saudáveis (animais sensibilizados devem aguardar a recuperação para sofrer a desmama),
• após o desaleitamento, para minimizar o estresse, procure manter os bezerros na mesma instalação (individual) por mais uma semana,
• procure reduzir o estresse nesta fase e não realize atividades paralelas ao desmame. Esquematize um manejo que evite descorna, vermifugação, vacinações, etc. no período próximo ao desmame,
• desmamar os bezerros em lotes, com o intuito de manter o mesmo grupo de animais que conviveu desde o nascimento (evite o desmame individual),
• ênfase na limpeza; lembre-se que os animais estarão com a imunidade reduzida.
Por fim, nem é necessário destacar que o lote de bezerras desmamadas merece atenção diária. Afecções como a tristeza parasitária, por exemplo, podem acometer rapidamente e causar perdas significativas. Estas bezerras atravessam uma fase delicada, e constituem as futuras novilhas do rebanho, ou seja, tem um alta representatividade no desempenho da atividade.
Figura 1- Lote de bezerras após desmame
Fonte:
McGuirk, S. M. Trouble Shooting Calf Health Concerns. In: WORLD BUIATRICS CONGRESS, 23., 2004, Quebec. Proceedings.Quebec:{s.n.}, 2004.
Coelho, S. G. Criação de Bezerros. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE BUIATRIA, 2., 2005, Belo Horizonte.
Schoonmaker, K. She's ready. Are you? Dairy Herd Management, April, 2006.