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O Chile, a atividade leiteira, e uma organização cooperativa de sucesso

POR ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

ESPAÇO ABERTO

EM 03/05/2016

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 14/09/2022

Foi realizado nos dias 25 a 29 de abril o 14º Congresso Pan Americano de Leite. O evento ocorreu no Chile, na cidade de Puerto Varas, sendo organizado pela Federação Pan-Americana do Leite (Fepale) e a Federação Nacional de Produtores de Leite (Fedeleche).

Tratou-se de um importante espaço para discussão da situação atual do mercado lácteo e suas implicações. Contou com cerca de 700 participantes e uma boa presença de brasileiros, alguns dos quais abaixo representados.

 Participantes no 14º Congresso Pan Americano de Leite, no Chile.

Com 756.096 km2 (como referência, Minas Gerais tem 586.500 km2) e uma população de 18 milhões de habitantes, o Chile é considerado ao mesmo tempo o mais estreito e o mais comprido país do mundo. Com sua extensão Norte-Sul, de 4.300 km, que vai do deserto de Atacama, ao Norte, até a região gelada da Patagônia, ao Sul, experimenta, ao mesmo tempo, uma grande variedade de climas. Sua riqueza e diversidade geográfica é pouco comum, com uma imensidade de serras, vulcões e lagos que conferem ao país uma rara beleza natural.
 
Volcán Osorno, Puerto Montt, Chile

A produção econômica mais importante do país são os minerais da região Norte, com destaque para o cobre, passando por produtos do agronegócio, tendo nas frutas, nos vinhos, nos pescados e no leite, a maior expressão. Os principais parceiros econômicos são os EUA, o Mercosul e a China. Dentre as frutas mais produzidas, estão as uvas, maçãs, peras e ameixas. O salmão se destaca entre os pescados e as cebolas, dentre os produtos da olericultura.

A produção de leite no Chile é de 2,5 bilhões de litros ao ano, proveniente de 8.000 produtores. Com exceção de 2015, como uma queda de 5% na produção, o Chile tem sido, nos últimos anos, superavitário entre o que exporta e importa de lácteos (saldo positivo na balança comercial).

Com cerca de 90% da ordenha mecanizada nos rebanhos, a atividade leiteira é relativamente bastante tecnificada. Muitos produtores da Nova Zelândia, implantaram sistemas de produção no país, aportando tecnologias, em especial no que se refere a utilização de forragens temperadas. A forrageira predominante é o azevém. Mas também é cultivada a aveia, o triticale e as Brassicas forrageiras (nabo, couve...). O milho é cultivado para a confecção de silagem, mas o excesso de pasto de inverno prevalece nos silos tipo bag.

A produção de leite está concentrada no Sul do país, estando 78% concentrada nas regiões dos Lagos e de Los Rios (o país é dividido geograficamente em 15 regiões). As três maiores empresas captadoras de leite do país são a Colun, Soprole e Nestlé.

A Colun (Cooperativa Agrícola y Lechera de La Unión Ltda), a qual iremos discorrer a seguir, é a maior compradora de leite do país, sendo muito bem-sucedida em suas operações. Com 67 anos de existência, está recebendo atualmente 1,2 milhões de litros de leite por dia, em virtude da escassez de chuvas. No período de safra, ultrapassa os 2,0 milhões diários. A fim de produzir a custos competitivos, é comum identificar nos sistemas de produção o menor uso de concentrado e silagem, sendo a atividade leiteira muito dependente dos pastos. Como consequência disso, há uma elevada variação sazonal ao longo do ano. Na Colun, este número chega a 70%.

Pasto de azevém, na propriedade Fundo Coi Coi, do Sr. Pablo Coquelet.

Em 2013, recebeu 550 milhões de litros, sendo todo este volume proveniente dos seus cooperados. A cooperativa não compra leite de terceiros. O número atual de 739 fornecedores, produz, em média, mais de 1.500 litros ao dia no outono/inverno, chegando a 2.700 litros na primavera/verão.

Os principais produtos da cooperativa são os queijos, leite longa vida, iogurtes, manteiga, soro em pó e outros, que são distribuídos em todo o país e exportados para mais de 20 países, com destaque para o México e EUA.  A cooperativa opera com um total de 2.100 colaboradores. A fábrica de queijos é totalmente automatizada, operando apenas com 50 pessoas.

Cooperativa Agrícola y Lechera de La Unión Ltda (Colun).

Grande parte dos queijos, assim como o soro em pó, são exportados. Cada cooperado é um acionista da cooperativa. Uma cota que faculta ao produtor vender 10 litros de leite custa 2.800 pesos chilenos (equivalentes a aproximados US$ 4,00). Além disso, para ser cooperado o produtor paga mais 25 a 30% de taxa de incorporação. Todo leite fornecido acima da cota é depreciado em 10%. A entrada de novos cooperados normalmente é restringida pelos elevados custos de adesão, mesmo em condições de se obter um financiamento. Anualmente, o produtor recebe dividendos ao término do ano, o que implica em atratividade e fidelização dos cooperados.

A Colun presta serviços aos seus cooperados através da venda de insumos a preços de custo e assessoria técnica. Para isso, conta com uma equipe de 50 técnicos, dentre os quais, 30 na área comercial e, 20, em assessoria. Cerca de 80 produtores, atualmente, estão participando de um sistema de gestão de custos da cooperativa, que tem variado de US$0,25 a US$0,40 por litro de leite.

O preço é pago com base na qualidade da matéria prima, considerando os parâmetros microbiológicos (CBT), células somáticas (CCS) e os sólidos (gordura e proteína).

As vacas do rebanho são predominantemente da raça holandesa, com produções que variam de 3.000 a 8.000/kg/vaca/ano. A qualidade do leite que já vem sendo trabalhada desde 1978, hoje, se encontra em patamares muito elevados, como podem ser vistos na tabela abaixo.


Observação: O rebanho da propriedade visitada (Sr. Pablo Coquelet) é da raça Jersey, ordenhado por robôs (4) em sistema de pasto rotacionado. A genética é importada da Dinamarca.

A fazenda visitada pelos congressistas tem uma experiência impar na robotização da ordenha. O rebanho de cerca de 250 vacas em lactação é ordenhado por quatro robôs, em um sistema integrado com pasto rotacionado. Os custos são monitorados pelo Sistema de gestão da Colun. Em 2015, o custo total médio apurado (considerando depreciação, salário do produtor e variação do inventário animal, apenas não incluindo os impostos) foi de 180 pesos chilenos (R$0,94) por litro de leite e o preço médio, de 260 pesos (R$1,35) – referência abril de 2016. Este ano, segundo o produtor, está mais apertado. Nos primeiros três meses de 2016, o custo foi de cerca de 200 pesos (R$1,04) e o preço pago não excede 240 (R$1,25) por litro.


Propriedade com ordenha mecanizada através de robôs

Podemos concluir que o país reúne na atividade leiteira um bom nível de desenvolvimento dentro dos países participantes da reunião da FEPALE. Os produtores no Chile, de uma maneira geral, estão se adequando ao mercado, buscando cada vez mais serem competitivos na produção. Por isso, estão focados na redução de seus custos, o que parece ser muito prudente, sendo a palavra de ordem no atual momento do leite em todo o mundo.

ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

A SL Consultoria em Agronegócios é uma empresa criada em agosto de 2014, com sede em Goiânia, tendo a expertise em negócios relacionados com a Cadeia do Leite como seu pilar central. Ela foi projetada pelo seu sócio proprietário, que atuou por 23 ano

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ELY DA COSTA GONÇALVES

RIO GRANDE - RIO GRANDE DO SUL

EM 14/09/2016

Relatório formidavel. A qualidade do produto é mais importante que quantidade.
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/05/2016

Interessante, ótimo relatório Antonio Carlos.

Tentei tirar alguns pontos que podem servir para a atividade aqui no Brasil, o que me chamou mais atenção é que a cooperativa trata de limitar novos entrantes e a produção de seus cooperados, impõem cotas e desvaloriza volumes acima da cota.

Muitos vão achar ruim, pois aqui só entendemos como bons programas que visam aumentar volume de leite. Devemos buscar uma visão mais voltada a produtividade, a atividade de produzir leite de qualidade só será viável se houver um controle maior sobre a produção de volume versus QUALIDADE, quem investe em qualidade não sobrevive competindo com produtores de verão.

Se o governo não faz o seu papel de controlador da IN 62, ficara dificil o Brasil melhorar como mercado para produtor de leite profissional. E por outro lado veremos os consumidores desistirem de consumir o leite brasileiro por não ter um sistema de produção verdadeiramente controlado e confiável.

Vivemos um dilema!
OSMAR REDIN

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/05/2016

Antônio Carlos,

Pegastes bem o funcionamento da cadeia leiteira do Chile. Foi uma experiência interessante.

Parabéns pelo artigo.
THIAGO BARCELES NEVES

CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 05/05/2016

Parabém Sr. Antônio Carlos, muito bom o Artigo e que as empresas Brasileiras tome como exemplo.
JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/05/2016

Brasil se espelhe nos seus vizinhos!
CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

MOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/05/2016

Parabéns AC pela participação



Como sempre compartilhando as suas experiências, ricas e esclarecedoras.



O nosso segmento só tem que te agradecer, pois pela nossa peculiaridade, somos consumidores de informações.



abs

Zamboni
JÚLIA LUIZA COELHO DIAS

IRAÍ DE MINAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/05/2016

Muito boa a matéria. Muito bom saber também que foi um dos idealizadores do PDPL, no qual sou ex-estagiária.

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