Se não bastassem os problemas causados pelo estresse térmico em animais em lactação, alguns estudos publicados na última década mostram claramente que altas temperaturas ambientais também afetam vacas no período de descanso da lactação – também chamado de período seco – que é o período de aproximadamente 8 semanas, no qual o úbere da vaca precisa passar por um completo processo de involução e em seguida de renovação do seu arcabouço glandular em preparação para o próximo período de lactação.
Por exemplo, pesquisas científicas realizadas por grupos de estudos em todo o mundo evidenciam que vacas expostas a um excessivo nível de estresse térmico durante o período seco produzem cerca de 10 a 20% menos leite durante a lactação subsequente – mesmo que o problema de estresse térmico seja solucionado durante o período de lactação – o estresse durante o período seco tem um efeito negativo residual por toda lactação subsequente! Porém, o mecanismo fisiológico pelo qual o estresse térmico durante o período seco afeta a produção de leite na lactação seguinte ainda não foi identificado, mas parece estar envolvido com uma involução menos eficiente do úbere nos primeiros dias após o processo de secagem da vaca.
Ao que tudo indica, um estudo pioneiro realizado por pesquisadores Norte-Americanos (Wohlgemuth et al. 2016), o estresse térmico atrapalha – em muito – o processo de involução da glândula mamária, e por consequência, também atrapalha a renovação do tecido glandular mamário para a nova lactação. Estes pesquisadores mediram – por meio de biópsias do tecido mamário e complexos mediadores celulares relacionados ao processo de regressão do úbere – o efeito de expor vacas ao estresse térmico durante o período seco. Coincidentemente, o nível de estresse térmico ao qual as vacas foram expostas foi bastante parecido com o encontrado no Brasil na maioria das regiões produtoras de leite – fazendo com que estes achados sejam de grande relevância prática local.
Para a surpresa de todos, foi encontrado que a atividade autofágica pós-secagem na glândula mamária (termo usado para uma sequência de eventos celulares que causam a involução da glândula mamária) acontece muito mais rapidamente em animais mantidos em condições mais amenas se comparado com vacas mantidas sob condições de estresse térmico! Isso foi mais evidente logo nos primeiros dias após o processo de secagem. Em outras palavras, vacas que sofrem menos com estresse térmico tem uma involução do úbere muito mais eficiente. Por contrapartida, vacas sob estresse térmico tem um atraso no processo de involução da glândula após a secagem.
Possivelmente esses efeitos do estresse calórico agem indiretamente alterando vários processos fisiológicos e hormonais no animal, incluindo o aumento de cortisol, a diminuição das concentrações de estradiol e, como descrito recentemente por outros grupos de pesquisa, aumentando os níveis de prolactina, além de muitas outras alterações no organismo do animal.Em termos práticos, o produtor deve se organizar para manter vacas sob mínimas condições de estresse térmico principalmente durante o período seco devido ao seu efeito prejudicial à próxima lactação! Vale ressaltar ainda que, ao contrário do que se imaginava, os primeiros dias após a secagem parecem ser muito críticos para o rearranjo e desenvolvimento do úbere em preparação para futura lactação. Diante disso, todos os artifícios disponíveis para manter as vacas em condições confortáveis durante o período seco, minimizando o estresse para melhorar a involução da glândula mamária, devem ser considerados cuidadosamente. Toda tecnologia que acelere o processo de involução do úbere e torne a secagem mais eficiente deve ser considerada a fim de minimizar o efeito do estresse térmico sobre a produção. Velactis, o primeiro facilitador de secagem, ao inibir a secreção de prolactina, acelera toda atividade autofágica e de renovação glandular tão fundamental para a próxima lactação.
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Referência:
Effect of heat stress on markers of autophagy in the mammary gland during the dry period – short communication. S. E. Wohlgemuth, Y. Ramirez-Lee, S. Tao, A. P. A. Monteiro, B. M. Ahmed, and G. E. Dahl. Journal of Dairy Science 99:4875–4880; 2016.
Cabergoline inhibits prolactin secretion and accelerates involution in dairy cows after dry-off. M. Boutinaud, N. Isaka, V. Lollivier, F. Dessauge, E. Gandemer, P. Lamberton, A. I. Taranilla, A. I. De Prado, A. Deflandre, L. M. Sordillo. Journal of Dairy Science 99: 5707–5718; 2016.