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Utilização de protocolo de IATF em rebanho leiteiro mestiço

Por Bortoletto, N. e Santos, R.M.

Este texto é parte do trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, pela aluna Nathalia Bortoletto.

Introdução

Para se obter rentabilidade na atividade leiteira, uma alta eficiência reprodutiva deve ser a principal meta dos produtores para atingir produtividade e retorno econômico. Assim, para se obter uma melhor eficiência na reprodução, existem alguns métodos que podem ser utilizados, tais como: protocolos de sincronização de estro, inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e diagnóstico precoce de gestação.

A eficiência reprodutiva é um fator que contribui para melhorar o desempenho e a lucratividade dos rebanhos leiteiros (GROHN e RAJALA-SCHULTZ, 2000). Sendo assim o baixo desempenho reprodutivo determina menor produção de leite e bezerros, aumentando despesas com vacas secas e maior taxa de descarte.

A sincronização da ovulação e a inseminação artificial em tempo fixo (predeterminado) têm sido usadas em bovinos (PURSLEY et al., 1995) visando tornar o manejo reprodutivo mais eficiente, sem a necessidade da observação diária do estro, pois sabe-se o provável momento da ovulação.

Problemas relacionados à temperatura e umidade elevada do ambiente também estão associadas à diminuição da eficiência reprodutiva e produção de leite em vacas leiteiras. Assim, o estresse térmico ocorre quando algumas combinações das condições do meio ambiente fazem a temperatura ficar maior que a temperatura suportada habitualmente pelos animais (ARMSTRONG, 1994).

O objetivo desse trabalho foi analisar os diferentes fatores que podem afetar a taxa de concepção e perda de gestação em vacas leiteiras mestiças.

Material e Métodos

O projeto foi realizado na Fazenda Experimental do Glória, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, situada no município de Uberlândia, MG. O rebanho é constituído de aproximadamente 100 vacas em lactação, mantidas a pasto no período das águas (metade final da primavera e verão) e confinadas recebendo silagem de milho/sorgo na seca (outono, inverno e metade inicial da primavera) e suplementação concentrada de acordo com a produção. O calendário zoosanitário do Estado de Minas Gerais foi seguido regularmente.

Foram coletados os dados das inseminações realizadas entre os meses de Janeiro de 2006 e Agosto de 2009.

Foram realizadas visitas a cada 21 dias Fazenda Experimental do Glória, para realizar os exames com aparelho de ultrassom (IMPEROR) equipado com transdutor retal linear de 5-MHz, no qual foi avaliado:

- Presença de corpo lúteo nas vacas com mais de 30 dias pós-parto, para determinar retorno a ciclicidade e condição uterina. Todas as vacas aptas foram sincronizadas.
- Presença de corpo lúteo entre 7 e 14 dias após a inseminação, para determinar a taxa de ovulação. As vacas sem corpo lúteo foram re-sincronizadas.
- Diagnóstico de gestação nas vacas com 28 dias de inseminadas. As vacas vazias foram re-sincronizadas.
- Reconfirmação do diagnóstico de gestação nas vacas com mais de 45 dias de inseminadas, para definição da perda de gestação. A presença da gestação no primeiro exame e ausência no segundo foi considerado perda embrionária tardia.

As vacas foram tratadas com o protocolo descrito por Cardoso et al. (2006).



Figura 1. Descrição do protocolo (ECP - cipionato de estradiol; IATF - inseminação artificial em tempo fixo). *48h - as vacas que demonstraram cio após a retirada do dispositivo intravaginal de progesterona foram inseminadas 12 horas após a detecção.

Foi considerado como perda da gestação os casos de perda embrionária tardia (vacas gestantes aos 28 dias após a cobertura que estavam vazias na reconfirmação aos 45 dias) e os casos de perda fetal (vacas confirmadas gestantes aos 45 dias que perderam depois desse período, identificadas por retorno ao cio ou abortamento).

As taxas de concepção e perda de gestação foram analisadas por regressão logística, e o intervalo parto-concepção por análise de variância, incluindo-se no modelo os efeitos de dias pós-parto, estação do ano, tipo da inseminação (IA convencional x IATF), e uso de touro.

Resultados e Discussão

Não foi detectado (P>0,10) efeito de dias pós-parto nas taxas de concepção e perda de gestação (Tabela 1), diferindo dos resultados de Tenhagen et al. (2003), que relataram que vacas inseminadas com maior número de DPP tiveram maior taxa de concepção ao primeiro serviço, quando comparadas às vacas inseminadas com três semanas a menos, independente da produção de leite. Chebel et al. (2004) e Demetrio et al. (2007) também observaram taxas de prenhez menores em vacas com dias pós-parto mais avançado, esses autores sugeriram que isso ocorreu porque as vacas que não conceberam até 90 dias pós-parto, provavelmente apresentaram algum tipo de problema não diagnosticado, porém nesse estudo isso não ocorreu, ou seja, a taxa de concepção não variou com o aumento do DPP. Por esse resultado pode-se concluir que vacas mestiças podem começar a ser inseminadas com 30 DPP, sem prejuízo para a taxa de concepção.

Tabela 1. Efeito dos dias pós-parto no momento da inseminação nas taxas de concepção e perda de gestação em vacas mestiças leiteiras. Uberlândia, 2009.



Os efeitos do estresse calórico sobre a reprodução são vários; exercem efeitos deletérios sobre os embriões, reduzindo drasticamente as taxas de sobrevida, reduzem a produção de estrógeno pelo folículo pré-ovulatório, afetando a qualidade do ovócito e do espermatozóide. Podem ainda afetar muito a manifestação do cio pelas vacas, dificultando, assim, a visualização dos animais em cio para execução da IA. No presente experimento a taxa de concepção foi afetada (P = 0,050) pela estação do ano em que se realizou a cobertura, sendo que nas estações quentes a mesma foi menor (Tabela 2). Porém não foi detectado efeito da estação do ano na taxa de perda de gestação (P>0,10). Esse resultado demonstra que o ambiente exerce grande efeito sobre o metabolismo reprodutivo do animal.

Os resultados encontrados neste estudo, relativos à época de cobertura, refletem os obtidos por Faust et al. (1988), Hansen et al. (1992) e Corassin et al. (2009) nos quais a concepção foi afetada pela época do ano da cobertura.

De La Sota et al., 1993 demonstraram que durante o verão, vacas em lactação têm baixas concentrações de estrógeno no pró-estro comparadas às vacas secas. Ainda, baixas taxas de detecção de estro (Thatcher e Collier, 1986) e de concepção foram detectadas durante o estresse calórico (Badinga et al., 1985; Thatcher e Collier, 1986), provavelmente devido à elevação da temperatura corporal, que resulta em mortalidade embrionária precoce (Putney et al., 1988). Porém no presente estudo não foi detectado efeito da época do ano na perda de gestação, provavelmente devido ao baixo número de perdas analisadas.

Tabela 2. Efeito da estação do ano nas taxas de concepção e perda de gestação em vacas mestiças leiteiras. Uberlândia, 2009.



Foi detectado efeito do uso de protocolo de sincronização da ovulação na taxa de concepção (P<0,05), porém não foi detectado (P>0,10) na taxa de perda de gestação (Tabela 3). Pursley et al., (1996) demonstraram em seus resultados que a taxa de concepção em vacas que receberam o protocolo de sincronização de ovulação Ovsynch foi de 37,8% não apresentando diferença significativa da taxa de concepção das vacas que receberam somente aplicações de PGF2α, onde a taxa de concepção foi de 38,9%.
Protocolos de IATF aumentam a taxa de prenhez por aumentar o número de animais inseminados, sem necessariamente elevar a taxa de concepção (Pursley et al.,1995; Tenhagen et al., 2004; Santos e Chebel, 2005).

Tabela 3. Efeito do uso de protocolo de sincronização da ovulação nas taxas de concepção e perda de gestação em vacas mestiças leiteiras. Uberlândia, 2009.



Apesar da taxa de concepção, quando utilizado o protocolo de IATF, ter sido inferior a taxa de concepção de animais que não receberam o protocolo (Tabela 3), o intervalo parto-concepção foi reduzindo (P = 0,037) com a utilização do protocolo de IATF e o diagnóstico precoce de gestação nos anos em que foi realizado o experimento, e não foi detectado alteração da taxa de concepção média da fazenda no mesmo período. No ano de 2007 esse intervalo era de 145,97 dias e no ano de 2008 esse intervalo diminuiu para 121,11 dias (Tabela 4).

Pursley et al., 1997 também detectaram redução do intervalo parto-concepção para vacas leiteiras em manejo de IATF. Eles relataram intervalo 99 dias para as vacas do grupo IATF e 118 dias para vacas com manejo reprodutivo típico, ou seja, com detecção de estro e inseminação artificial convencional.

Tabela 4. Efeito do ano no intervalo parto-concepção nas taxas de concepção e perda de gestação em vacas mestiças leiteiras. Uberlândia, 2009.



O tipo de cobertura não afetou (P>0,10) as taxas de concepção e perda de gestação (Tabela 5), mostrando a monta natural pode ser utilizada em rebanhos leiteiros, desde que seja respeitado a número de montas diárias de cada touro. No presente experimento foram utilizados treze touros, que faziam no máximo duas coberturas por dia. Essa grande quantidade de touros disponíveis não é uma realidade nas fazendas, por isso esse resultado deve ser interpretado com cautela, pois não é viável manutenção de tantos touros numa fazenda leiteria.

Tabela 5. Efeito do tipo de cobertura nas taxas de concepção e perda de gestação em vacas mestiças leiteiras. Uberlândia, 2009.



Conclusão

A taxa de concepção em vacas mestiças é afetada negativamente pela época quente do ano (primavera/verão). O uso da IATF e do diagnóstico precoce de gestação reduziu o intervalo parto-concepção.

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/08/2010

Prezada Rute Maria de Paula Oliveira,
Obrigada pela participação!
Um touro bem manejado (alimentação adequada, conforto, ...) pode cobrir uma vaca por dia sem prejuizo para a concepção.
No estudo apresentado tinhamos varios touros na fazenda e eles descansavam entre as coberturas, mas era uma situação particular, a Fazenda era da faculadade e tinha esses touros para outra finalidade.
Mas devemos lembrar que é sempre melhor usar a sincronização da ovulação com inseminação artificial, com semên provado. O retorno vai ser maior.
Até mais,
Ricarda.
OLIVEIRA

MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 14/08/2010

Os 13 touros utilizados realizavam no máximo 2 montas por dia. Era feito revesamento entre eles, dando algum tempo de descanso entre as coberturas?
Se eu utilizar um protocolo de IATF com monta natural, qtas fêmeas eu devo disponibilizar para serem montadas por semana, por um touro apenas, de forma q não prejudique as taxas de concepção?
Obrigada.
FILIPE FABER MARELLI

MIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - ESTUDANTE

EM 11/05/2010

Muito bom o artigo.
por que que a aplicação de estradiol em altas doses venha causar cistos foliculares?
muito obrigado.
FABIO TAVEIRA SANDIM

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2010

Parabéns pelo artigo.
Será que no protocolo, poderia tanbém usar a inseminar mais cedo para a obtenção de mais femêas, ou essa interferencia iria diminuir mais ainda a porcentagem de vacas prenhas na IATF?
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 26/03/2010

Prezado Leandro,
Obrigada pela participação!
A resposta para esta questão é bem simples. Usamos cipionato porque era o produto disponível aqui na escola.
Mesmo usando o cipionato a taxa de sincronização não foi diferente da obtida com benzoato. A taxa de ovulação ao final do protocolo foi de 85,84% para as vacas sem CL e de 93,46% para as vacas com CL.
Quanto a concepção, também não difere dos resultados que temos obtido em outros estudos usando benzoato.
Mas mesmo com esses resultados, continuamos recomendando o uso de benzoato no início dos protocolos.
Um abraço, até mais,
Ricarda.



LEANDRO FRANCISCO GOFERT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 22/03/2010

Cara Dra. Ricarda, porque usar o ECP na sincronização de onda folicular? Se trata de um fármaco de ação longa que provoca atraso e dispersão do momento de inicio da emergencia de nova onda folicular. Isso poderia provocar uma diminuição da taxa de ovulação, principalmente nas vacas cujo metabolismo fosse um pouco mais lento (as vacas de produção leiteira mais baixa e primiparas), pois nesses animais o foliculo dominante teria menor diametro (pois tiveram menos tempo para crescer). Por que não preferir o Benzoato de Estradiol, de vida mais curta e que promove uma emergencia bem conhecida e sincronizada? Não acha que os resultados de seu experimento seriam bem mais consistentes se optasse por um protocolo com BE no dia 0?
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 09/01/2010

Parabéns pelo artigo! Realmente, o trabalhou provou que é possível tirar leite de vacas mestiças nos trópicos sem interferência significativa na reprodução. Apenas com a introdução de ajustes de manejo juntamente com algumas técnicas reprodutivas. Essa semana deparei com uma situação onde o produtor de uma região quente e relevo ingreme com a maioria do rebanho 3/4HPB querendo ir para o Holandês puro, parece mito, mas é verdade. Estavamos realizando exame ultra-sonográfico e fiquei observando que algumas vacas mais apuradas a holandês com a língua para fora e batedeira, taquipnéia, digno da dificuldade na troca de calor.

Um forte abraço,
Ronaldo Mendonça dos Santos





RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 23/12/2009

Prezado Ailton,
Muito obrigada pela participação!
Um abraço, até a próxima,
Ricarda.

AILTON

ENGENHEIRO BELTRÃO - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 22/12/2009

Parabéns pelo artigo, as taxas de prenhezes na IATF em rebanhos leiteiros estao ótimas em torno de 40 a 45%,sao resultados esperados.
O que deve ser oferecidos a esses animais, são conforto a eles, como sombras artificiais e agua a mas próximo deles,o estresse calórico tanto pode afetar na reprodução e na produção deles...

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