Como citado no radar anterior, retenção de placenta é uma síndrome que pode ocorrer em muitas espécies animais. Porém, é um problema sério em vacas de leite, sendo que de 8 a 30% dos partos normais em vacas de leite resultam em retenção de placenta e a incidência aumenta quando ocorrem interferência ou distúrbios no mecanismo natural da gestação, a exemplo de casos de indução farmacológica do parto ou antecipação do parto por outros fatores. O estresse térmico é um dos fatores que podem levar a uma antecipação do parto, podendo ser considerado uma causa do aumento da incidência de retenção de placenta. A aplicação de Prostaglandina (PGF2a Lutalyse = 25 mg Dinoprost) na primeira hora pós-parto foi efetiva em reduzir a incidência de retenção de placenta (ver radar anterior).
Após revisão da literatura sobre retenção de placenta e baseado nos métodos de tratamentos utilizados por muitos técnicos, concluiu-se que havia grande número de técnicas de tratamentos empregadas, de drogas e de hormônios recomendados e variação no tempo de início do tratamento, porém sendo de consenso de que não se deve efetuar a extração manual forçada da placenta por causa de possíveis injúrias ao endométrio.
Um dos hormônios mais utilizados para tratamento de retenção de placenta é o estrógeno, já que este aumenta o tônus e a atividade muscular do útero (estimulando o fluxo de muco), e também favorece a circulação, relaxa a cérvix e aumenta o número de leucócitos intra-uterinos, o que já sabemos ser muito importante, pelo que foi discutido nos radares anteriores. Apesar de aumentar durante o parto, a taxa de estrógeno cai a níveis basais 12 horas após, independente de ter ocorrido ou não retenção de placenta.
A prostaglandina possui ação miotônica ou miocontrátil sobre o útero, sendo que após a aplicação de prostaglandina ocorre maior amplitude das contrações uterinas, o que pode auxiliar na eliminação da placenta e involução uterina.
O objetivo do presente experimento foi o de avaliar o efeito da aplicação de estrógeno, prostaglandina ou da ação conjunta de prostaglandina mais estrógeno em vacas com e sem retenção de placenta, na diminuição da contaminação bacteriana pós-parto e, consequentemente, na redução da incidência de endometrites.
Setenta e quatro vacas com e sem retenção de placenta foram acompanhadas no pós-parto, de 10 em 10 dias, do quinto até o 35º dia. Os tratamentos utilizados foram:
1. Injeção intramuscular de 10 mg de ciclopentilato de estradiol (5 ml de ECP), 12 horas pós-parto.
2. Injeção intramuscular de 25 mg de dinoprost (5 ml de Lutalyse), 12 horas pós-parto.
3. Injeção intramuscular de 25 mg de dinoprost (5 ml de Lutalyse), 12 horas pós-parto seguida de injeção intramuscular de 10 mg de ciclopentilato de estradiol (5 ml de ECP), 24 horas pós-parto.
4. Injeção intramuscular de 5 ml de solução fisiológica, 12 horas pós-parto.
As colheitas de material intra-uterino ocorreram no quinto, 15º, 25º e 35º dias pós-parto.
A Tab. 1 mostra a porcentagem de vacas nas quais se detectou contaminação intra-uterina, de acordo com os tratamentos utilizados e as ordens de colheitas.
Tabela 1: Achados bacteriológicos intra-uterinos em vacas com e sem retenção de placenta, de acordo com os tratamentos e os períodos de colheita
Verifica-se que houve decréscimo da contaminação bacteriana intra-uterina a partir da primeira colheita, realizada no quinto dia pós-parto, até a quarta colheita, no 35º dia, nos tratamentos dos grupos com e sem retenção de placenta. Essas diferenças foram pequenas nas duas primeiras colheitas. Na terceira e quarta colheitas, houve uma pequena tendência dos grupos que receberam tratamentos hormonais apresentarem menor taxa de contaminação, sendo esta tendência maior nos animais que receberam prostaglandina mais estrógeno e mais acentuada no grupo que apresentou retenção de placenta, ou seja, a aplicação de prostaglandina mais estrógeno apressou a diminuição da contaminação uterina em vacas no pós-parto.
Lembrem que o verão já está aí, o que diminui a ingestão de matéria seca, ou seja, fiquem atentos aos níveis de minerais e vitaminas que as vacas estão realmente ingerindo, porque senão pode ocorrer aumento de problemas periparto. Se você não estiver conseguindo prevenir a retenção de placenta, o que pode ser feito é aplicar Prostaglandina (PGF2a, Lutalyse = 25 mg Dinoprost) na primeira hora pós-parto ou injeção intramuscular de 25 mg de dinoprost (5 ml de Lutalyse), 12 horas pós-parto seguida de injeção intramuscular de 10 mg de ciclopentilato de estradiol (5 ml de ECP), 24 horas pós-parto.
Porém lembrem-se sempre de que é melhor prevenir do que tratar, ou seja, preocupe-se com o manejo e o conforto da vaca no período de transição, visando diminuir, dentro do possível, todos os fatores potencialmente estressantes como: estresse térmico, balanço energético negativo, presença de micotoxinas na dieta e suprir com segurança os minerais e vitaminas que fortalecem o sistema imunológico (Vit. E, Selênio, Cobre, Zinco).
fonte: MilkPoint