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Oportunidades e Desafios do Sêmen Sexado - Parte 2

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 22/04/2010

11 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Joseph C. Dalton, no XIV Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2010.

Para conferir a primeira parte do artigo "Oportunidades e Desafios do Sêmen Sexado" clique aqui.

Sucesso comercial nos rebanhos leiteiros americanos

DeJarnette et al. (2009) avaliaram os registros de 211 rebanhos leiteiros de fazendas usando sêmen sexado. As taxas de concepção no primeiro serviço foram em média 47% (31.815 serviços) para sêmen sexado (2,1 × 106 espermatozóides por dose) em novilhas holandesas e 53% (2.064 serviços) em novilhas jersey. Adicionalmente, DeJarnette et al. (2009) relataram que a taxa de concepção obtida com IA usando sêmen sexado foi de 80% daquela obtida com sêmen convencional no primeiro serviço.

Nos rebanhos de novilhas holandesas que relataram valor mais ou igual a 50 serviços para sêmen sexado e sêmen convencional, a taxa de concepção geral para sêmen sexado (para todos os serviços) foi em média 45% (variando de 27 a 70%), comparado com 56% (variando entre 34 e 83% para sêmen convencional (Tabela 3; DeJarnette et al., 2009). Os resultados de DeJarnette et al. (2009) são semelhantes a um estudo de campo anterior conduzido na Itália, onde novilhas leiteiras inseminadas com sêmen sexado comercial apresentaram taxa de concepção de 51% (Cerchiaro et al., 2006).

Tabela 3. Taxas de concepção de novilhas holandesas inseminadas com sêmen sexado ou convencional.



Existem muitas pesquisas e dados comerciais com novilhas leiteiras para justificar expectativa de uma taxa de concepção média para sêmen sexado de aproximadamente 70 a 80% da taxa de concepção no primeiro serviço quando se usa sêmen convencional (Seidel et al., 1999; Seidel and Schenk, 2002; DeJarnette et al., 2009). Consequentemente, se a taxa de concepção de novilhas leiteiras de uma fazenda é de 65% ao primeiro serviço quando se usa sêmen convencional congelado-descongelado, pode-se esperar (com um bom manejo) uma taxa de concepção com sêmen sexado congelado-descongelado de 46 a 52%.

Como observado nos dados de DeJarnette et al. (2009) apresentados no parágrafo anterior, existe grande variação nas taxas de concepção após IA com sêmen sexado. E não é de se surpreender uma vez que o manejo de cada rebanho precisa ser considerado, assim como o viés introduzido pelo produtor ou técnico de IA quando é feita a seleção dos animais que serão inseminados com sêmen sexado (primeiro serviço apenas ou múltiplos serviços, por exemplo).

A maior parte dos trabalhos descreve uma garantia de 85-90% para a pré-determinação do sexo dos bezerros nascidos (Tubman et al., 2004; Seidel and Schenk, 2006; Cerchiaro et al., 2006; DeJarnette et al., 2009). Adicionalmente, bezerros nascidos de sêmen sexado são normais e não há relatos de diferença no peso ao nascimento, a desmama, no tempo de gestação ou na incidência de anomalias (Tubman et al., 2004).

Segundo DeJarnette et al. (2009), a incidência média de natimortos em novilhas holandesas parindo bezerras produzidas com sêmen sexado foi de 9,2%, o que é semelhante à incidência nos rebanhos leiteiros americanos quando é usado sêmen convencional (~10%; Cole et al., 2007). A incidência de natimortos dentre bezerros machos nascidos de sêmen convencional (12,9%; DeJarnette et al. 2009) foi idêntica à média americana (Cole et al., 2007); no entanto, dentre os bezerros nascidos de sêmen sexado ela foi maior (19,9%) (DeJarnette et al., 2009).

Ainda não se sabe o motivo para esse aumento na incidência de natimortos entre bezerros machos produzidos com sêmen sexado quando não parece haver diferença na incidência de natimortos entre bezerras produzidas com esse tipo de sêmen. Apesar de a incidência média de natimortos entre bezerros produzidos com sêmen sexado parecer alta (19,9%), os machos representam apenas 10% do total de nascimentos produzidos com sêmen sexado. Consequentemente, a incidência total de natimortos não é influenciada pela utilização de sêmen sexado (DeJarnette et al., 2009).

Resultados de pesquisas com vacas em lactação

Embora se recomende atualmente a utilização de sêmen sexado apenas para novilhas virgens, pesquisas recentes têm enfocado o uso de sêmen sexado em vacas em lactação. Em um dos primeiros trabalhos, pesquisadores da Finlândia relataram uma taxa de concepção média de 21% com sêmen sexado (2 × 106 espermatozóides por dose) e 46% com sêmen convencional não sexado (15 × 106 espermatozóides por dose) após o primeiro serviço em vacas holandesas (Andersson et al., 2006). Nesse estudo não foi feita sincronização do estro nem da ovulação. A taxa de concepção obtida com espermatozóides sexados foi de 45,6% da obtida com sêmen convencional não-sexado (Andersson et al., 2006).

Em outro estudo, vacas holandesas (lactação 1 a 4 e entre 20 a 140 dias de lactação) foram inseminadas com sêmen sexado ou convencional não-sexado após sincronização (com prostaglandina ou Ovsynch) ou estro natural (Schenk et al., 2009). As taxas de concepção gerais foram de 25% para vacas no grupo recebendo sêmen sexado e 37,7% para vacas no grupo recebendo sêmen convencional não-sexado.

A taxa de concepção obtida com sêmen sexado foi 66% da com sêmen convencional não-sexado. As vacas inseminadas com sêmen sexado quando estavam em estro natural apresentaram taxa de concepção maior do que as vacas que haviam sido sincronizadas (com prostaglandina ou Ovsynch). Além disso, as taxas de concepção das vacas inseminadas com sêmen sexado após 84-98 dias de lactação (ou mais) foram aproximadamente 8% maiores do que no início da lactação, e mais do que 6% menores em vacas mais velhas (terceira e quarta lactações) do que vacas mais jovens. Consequentemente, Schenk et al. (2009) concluíram que podem ser obtidas taxas de concepção mais altas com sêmen sexado em vacas de primeira ou segunda lactação que apresentam estro natural e que estão com mais de 100 dias de lactação.

Outro estudo recente enfocou a eficácia de selecionar apenas vacas leiteiras "normais" em termos reprodutivos para a IA a tempo fixo (Ovsynch) com sêmen sexado (Schenk et al., 2009). Todas as vacas (lactação 1 a 9) foram inicialmente tratadas com Presynch (duas aplicações de prostaglandina com intervalo de 14 dias). Elas foram examinadas com ultra-som 14 dias após a segunda aplicação de prostaglandina, e apenas aquelas com atividade ovariana e uterina normais (55% do total avaliado) foram tratadas com Ovsynch.

A IA a tempo fixo foi feita 16-19 horas após a segunda injeção de GnRH do Ovsynch. As taxas de concepção gerais foram 40,5% para vacas inseminadas com sêmen sexado e 55,6 % para vacas inseminadas com sêmen convencional não-sexado. A taxa de concepção com sêmen sexado foi 72,6% daquela obtida com sêmen convencional não-sexado. Embora Schenk et al. (2009) tenham concluído que as taxas de concepção de vacas reprodutivamente normais em lactação e pré-sincronizadas submetidas a IA a tempo fixo foram aceitáveis, eles alertam para o fato de que esse foi um estudo pequeno (~115 animais) e que ele não deve ser sobre-interpretado.

Apesar das recomendações de praticamente todos os centros de IA, veterinários e pesquisadores de universidades de que o sêmen sexado só deve ser usado em novilhas virgens, muitos produtores testam a utilização de sêmen sexado em vacas em lactação. Segundo DeJarnette et al. (2009) as taxas de concepção ao primeiro serviço foram em média 26% (1.173 serviços) para sêmen sexado (2,1 × 106 espermatozóides por dose) em vacas holandesas e 37% (929 serviços) em vacas Jersey.

Disponibilidade, economia e utilização prática do sêmen sexado

A disponibilidade de sêmen sexado é limitada principalmente pelo número de equipamentos de sexagem existentes nas centrais de IA e pelo tempo necessário para processar cada palheta. O número de equipamentos é limitado pelo custo do investimento inicial (maior do que US$400.000/máquina). Além disso, não seria realista acreditar que logo teremos à disposição sêmen sexado dos melhores touros, já que um valor maior ou igual a 75% dos espermatozóides de um ejaculado precisam ser descartados (ou são perdidos) no processo de sexagem (Seidel e Garner, 2002).

Consequentemente, devido aos elevados custos fixos e à ineficiência associada ao processo de sexagem, o custo, nos Estados Unidos, de uma única palheta de sêmen sexado tem girado em torno de US$20,00 a US$50,00 nos últimos anos.

Fetrow et al. (2007) afirmam que "a chave para o valor do sêmen sexado não está na oportunidade de simplesmente ter mais novilhas; está na oportunidade de ter novilhas melhores". Consequentemente, Fetrow et al. (2007) mostram que os dois fatores mais importantes influenciando um uso mais lucrativo do sêmen sexado são: i) quantas novilhas geneticamente superiores são inseminadas; ii) a redução na taxa de concepção que acompanha a utilização de sêmen sexado.

Se o impacto sobre a concepção é pequeno (como uma redução de 5%, por exemplo), Fetrow et al. (2007) argumentam que um número maior de novilhas seria inseminado com sêmen sexado do que se o impacto sobre a concepção fosse maior (como 15 a 25%). Outros fatores que podem influenciar a oportunidade para o retorno sobre o investimento incluem: i) a diferença no valor das novilhas e touros; ii) a diferença de custo entre o sêmen sexado e o convencional; iii) o mérito genético da novilha ou vaca sendo inseminada; iv) o valor da novilha de reposição em relação ao custo de criar uma novilha (Seidel, 2003; Olynk and Wolf, 2006; Fetrow et al., 2007).

Atualmente, a utilização prática óbvia (e recomendada) para sêmen sexado é a inseminação de novilhas virgens para a produção de bezerras. Essa estratégia permitirá ao longo do tempo: 1) a oportunidade de produzir novilhas geneticamente superiores a partir das melhores novilhas do rebanho, 2) expansão fechada do rebanho (sem os riscos de biossegurança que existem normalmente com a introdução de animais comprados), e 3) uma potencial redução na incidência de problemas de parto já que as bezerras tendem a ser mais leves do que os bezerros ao nascimento. O benefício da redução de problemas com distocias, no entanto, é provavelmente bastante baixo e estimado como sendo de aproximadamente US$1,00 por parto (Fetrow et al. 2007).

Quantas inseminações devem ser feitas nas novilhas quando se usa sêmen sexado? A resposta depende, já que cada situação de criação de novilhas é diferente da outra. Quando as novilhas valem US$1.800,00 nos Estados Unidos, pode valer a pena produzir novilhas usando sêmen sexado em mais do que apenas no primeiro serviço (Fetrow et al., 2007).

Na verdade, um cenário no qual as 30% melhores novilhas virgens do rebanho foram inseminadas (até seis serviços) usando sêmen sexado enquanto as 70% restantes foram inseminadas com sêmen convencional, resultou em um ganho líquido de US$22,00 por novilha no grupo em reprodução devido à melhora na genética (Fetrow et al., 2007).

Mesmo assim, é importante lembrar que se o valor das novilhas de reposição cai para US$1.400,00, pode ser mais lucrativo usar sêmen sexado apenas no primeiro serviço, e isso em um número de animais bem menor do que as 30% melhores novilhas virgens do rebanho de reprodução (Fetrow et al. 2007).

Qual é o impacto da utilização de sêmen sexado sobre o rebanho leiteiro dos Estados Unidos? DeVries e Nebel (2009) estimam que menos de 1% de todas as novilhas entrando nos rebanhos leiteiros até o final de 2008 haviam sido concebidas com sêmen sexado. Até o final de 2009, esse número terá aumentado para 2% de todas as novilhas entrando no rebanho leiteiro, e esse valor chegará a 6% no final de 2010 (DeVries e Nebel, 2009).

Em 2011, aproximadamente 10% de todas as novilhas entrando no rebanho leiteiro terão sido concebidas com sêmen sexado. Isso significa aproximadamente 8.100 novilhas adicionais entrando no rebanho leiteiro em 2008 como resultado da utilização de sêmen sexado (DeVries e Nebel, 2009). Em 2009, espera-se que esse número suba para 63.000 novilhas e em 2010 para 161.000 (DeVries e Nebel, 2009).

A redução da fertilidade inerente a vacas multíparas torna a utilização de sêmen sexado nesses animais um pouco mais complicada do que em novilhas. Uma redução na taxa de concepção de 5% em vacas pode ser muito mais devastadora quando comparada a essa mesma redução em novilhas, principalmente porque qualquer redução aumenta o risco de a vaca ficar vazia e ter que ser descartada (Fetrow et al. 2007).

Mesmo assim, um cenário onde as 30% melhores vacas foram inseminadas com sêmen sexado apenas no primeiro serviço (com uma redução de 10% na taxa de concepção, passando de 35% para 25%) resultou em um ganho líquido de US$1,00 por vaca no rebanho reprodutivo. O sucesso reprodutivo e a lucratividade decorrentes da utilização de sêmen sexado em vacas em lactação provavelmente é ilusório, o que significa que seu uso não é recomendado para esse grupo de animais.

É importante lembrar que os cenários descritos acima para novilhas e vacas em lactação tem como premissa a utilização de sêmen sexado ou convencional de um mesmo touro. Se o mérito genético do touro usado para sêmen sexado for menor do que o mérito genético do touro usado nas inseminações com sêmen convencional, o "ganho" genético (e o lucro) associado ao sêmen sexado será menor ou nulo (Fetrow et al. 2007).

Finalmente, a fertilização in vitro para transferência de embriões constitui um dos melhores usos para sêmen sexado, já que são necessários poucos milhares de espermatozóides para a fertilização e produção de embriões sexados. Os primeiros bezerros produzidos com sêmen sexado (Cran et al., 1993) foram o resultado da fertilização in vitro e transferência de embriões.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/02/2015

Prezado Tomás,

Você consegue informação sobre compra de sêmen  sexado nas empresas que que vem sêmen.
TOMÁS SILVA

EM 17/02/2015

Saudações

Sou Zootecnico quero ter informação acerca de semen sexado para comprar
MATEUS

FORMIGA - MINAS GERAIS - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 06/04/2011

Dr. Ricarda, estou fazendo um trabalho sobre a viabilidade tecnica e economica em inseminaçoes artificiais com semem sexado em novilhas leiteiras. E estou prescisando de dados de pesquisas. se voce tiver como me mandar, ou passar-me algumas referencias.
desde ja agradeço.
Mateus Nunes Oliveira
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 22/04/2010

Dr.Ricarda, qual a sua opinião na utilização do sêmen sexado?
Quais as recomendações que você faz para o sucesso da técnica?

Em uma das fazendas que presto consultoria o pecuarista estava utilizando a inseminação com sêmen sexado seguindo o sistema de Trimberg(cio pela manhã, inseminação a tarde; cio a tarde, inseminação de manhã do dia seguinte). Atualmente, recomendo inseminar 6 horas após o final do cio. Qual sua opinião? Se formos comparar as recomendações do Pietro e a do Dalton há muita variação do momento de inseminar.
Por exemplo:
Recomendação do Dalton: Vaca no cio ás 6:00 horas inseminação ás 18:00 horas.
Recomendação do Pietro: Vaca no cio ás 6:00 horas inseminação ás 00:00 horas.

Agradecidamente,
Ronaldo Mendonça dos Santos.

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