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Fatores que afetam a taxa de concepção em vacas Jersey da Fazenda Capela Nova do município de Itaúna-MG

Taciana C. Campos, Ricarda M. Santos; médicas veterinárias

Este texto é parte do trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, pela aluna Taciana Lopes Campos.

Introdução

O desempenho reprodutivo do rebanho tem grande impacto na, média produtiva durante o tempo de vida da vaca, número de bezerros nascidos e também sobre o lucro da fazenda (Ahmadzadeh, 2004). O número alto de vacas secas faz com que os custos recaiam sobre as vacas em lactação afetando a economicidade do sistema (Athiê, 1992).

A raça Jersey é considerada uma das mais eficientes, sendo encontrada nos cinco continentes. Atualmente, é a segunda raça leiteira criada no mundo, devido às suas características de precocidade, alta capacidade de adaptar-se a vários tipos de climas, manejo e condições geográficas, prolificidade com boa capacidade de reprodução, facilidade de parição e longevidade.

O número de partos de uma vaca depende de três fatores principais: a idade em que ela tem a primeira cria, a frequência das gestações e a duração da vida produtiva. É importante ressaltar que a nutrição também é um fator preponderante que afeta a taxa de concepção de vacas leiteiras, além do estresse térmico e a sanidade, pois a concepção e manutenção da gestação são altamente influenciadas por qualquer fator que possam afetar o equilíbrio metabólico e endócrino nos bovinos. Por isso muitos dos impactos da deficiência, do excesso ou desbalanço de nutrientes refletem no desempenho reprodutivo de vacas leiteiras.

Com este trabalho objetivou-se avaliar os fatores que afetam a eficiência reprodutiva de vacas leiteiras, da raça Jersey, mantidas confinadas.

Material e Métodos

Foram analisadas 107 inseminações realizadas em novilhas e 334 inseminações realizadas em vacas em lactação, pertencentes ao rebanho de leite da raça Jersey da Fazenda Capela Nova, situada no município de Itaúna-MG. O rebanho foi mantido confinado, recebendo água, silagem de milho/sorgo e suplementação com concentrado de acordo com a produção. O calendário zoosanitário foi seguido regularmente obedecendo à legislação sanitária estadual para bovinos.

Os dados foram coletados de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. O manejo reprodutivo foi feito a cada 30 dias, onde foi realizado exame com aparelho de ultrassom (Mindray Vet 3300) equipado com transdutor retal linear de 5 a 7,5 MHz, no qual foi avaliado:

- Presença de corpo lúteo nas vacas com mais de 30 dias pós-parto, para determinar retorno à ciclicidade e condição uterina. Todas as vacas consideradas aptas foram submetidas a um protocolo de sincronização de ovulação (Figura 1).
- Diagnóstico de gestação nas vacas com 28 dias de inseminadas. As vacas vazias foram re-sincronizadas.
- Reconfirmação do diagnóstico de gestação nas vacas com mais de 45 dias de inseminadas, para definição da perda de gestação. A presença da gestação no primeiro exame e ausência no segundo foi considerado perda embrionária tardia.

Foram coletados os dados dos partos, a data e temperatura retal no momento das inseminações, e o resultado do diagnóstico de gestação. Para temperatura retal foi utilizado termômetro clínico de mercúrio da marca BD.

Figura 1. Diagrama esquemático do protocolo de sincronização da ovulação: GnRH: Gonadorelina (0,1 mg); PGF2α: análogo da prostaglandina F2α (25 mg de dinoprost trometamina); ECP: cipionato de estradiol (0,5 mg); IATF: inseminação artificial em tempo fixo.

*Observar cio entre a aplicação de cipionato de estradiol e a IATF, as vacas que derem cio devem ser inseminadas 12 horas depois da detecção do cio

O efeito de categoria animal sobre a temperatura retal foi analisado por análise de variância, com a utilização do programa MINITAB. As taxas de concepção foram analisadas por regressão logística, com a utilização do programa MINITAB, incluindo-se no modelo os efeitos de categoria animal (novilhas vs. vacas), temperatura retal ajustada no momento da IA e estação do ano da inseminação.

Resultados e Discussão

Foi detectada uma tendência (P = 0,068) de efeito da categoria animal na taxa de concepção (Tabela 1). As novilhas apresentaram taxa de concepção um pouco maior do que as vacas. A taxa de concepção das vacas Jersey em lactação encontra-se dentro do esperado, no entanto com relação às novilhas a taxa de concepção está abaixo no reportado em outros estudos para essa categoria (Ahmad et al., 1996; Pursley et al, 1997).

Royal et al. (2000) relataram em estudos recentes que a fertilidade das vacas leiteiras tem se tornado um grande problema, demonstrando taxas de concepção muito baixas em vacas de alta produção. Além disso, a alta incidência de anomalias reprodutivas, como doença cística ovariana (Garverick, 1997; López-Gatius et al., 2002; Wiltbank et al.; 2002), ovulação tardia (Lamming e Darwash, 1998; Royal et al., 2000; Nakao et al., 1992) tem sido observados em vacas de alta produção. Em contraste, novilhas nulíparas têm poucas anomalias reprodutivas, e taxa de concepção tem sido consistentemente acima de 50 a 60% (Spalding et al., 1975; Ahmad et al., 1996; Pursley et al., 1997).

Com relação à influência da categoria animal sobre a temperatura retal média, não foi detectado efeito (P = 0,786), o esperado seria que a temperatura retal de vacas em lactação fosse maior do que das novilhas, pois segundo Lenz et al. (1983) a diferença entre novilhas e vacas em lactação ocorre provavelmente porque vacas em lactação manifestavam maiores aumentos na temperatura corporal do que novilhas expostas às mesmas temperaturas ambientais. Berman et al. (1985) também relataram que a diminuição da capacidade de termorregulação em vacas em lactação pode ser devido à elevada energia metabólica associada com a produção de leite.

Sartori et al. (2002) relataram em um experimento, que a média máxima e mínima da temperatura ambiente foram mais elevadas nas instalações das novilhas do que nas baias das vacas lactantes, e apesar da temperatura ambiente ter sido maior, as novilhas apresentaram menor temperatura retal do que as vacas em lactação, em equações de regressão comparando temperatura retal (tanto para novilhas e vacas) e temperatura ambiente entre 20 e 33°C (no momento da avaliação da temperatura retal), demonstrando que as vacas em lactação apresentaram maior elevação da temperatura retal em resposta ao aumento da temperatura ambiente do que as novilhas.

Tabela 1. Taxa de concepção e na temperatura retal no momento da inseminação artificial de acordo com a categoria animal.



A temperatura retal média das vacas foi de 38,66°C. Para análise estatística a variável temperatura retal foi ajustada para acima e abaixo da média. Foi detectado efeito (P = 0,015) da temperatura retal ajustada sobre a taxa de concepção, as fêmeas com temperatura acima da média apresentaram taxa de concepção menor do que as fêmeas com temperatura abaixo da média (Tabela 2).

Sabe-se que a temperatura corporal da vaca em lactação aumenta (hipertermia) durante o estresse calórico, e como resultado muitos processos fisiológicos são alterados. Um dos exemplos do comprometimento da fisiologia pelo estresse calórico seria a redução da eficiência reprodutiva. Segundo Hansen e Aréchiga (1994), vacas expostas ao calor reduzem a intensidade do cio e a probabilidade de concepção e manutenção da gestação. A magnitude dos efeitos do estresse calórico sobre a taxa de concepção está relacionada com o grau de hipertermia da vaca.

A probabilidade de que a inseminação ou outro tipo de monta resulte em um embrião viável diminui à medida que a temperatura corporal da vaca aumenta. Hipertermia severa pode causar efeitos drásticos e potencialmente letais na estabilidade das proteínas e nas funções das membranas celulares (Hansen & Ealy, 1991). Assim, os ovócitos, os espermatozóides e o embrião são incapazes de manter as funções normais quando submetidos a temperaturas acima do normal e, desse modo, a gestação é interrompida quando essas células são expostas à hipertermia materna (Hansen & Aréchiga, 1994).

Ulberg e Burfening (1967) já haviam relatado que a taxa de concepção em vacas Holandesas diminuiu 61 a 45% quando a temperatura retal aumentou 1°C, além disso vacas com temperatura retal de 40°C como resultado da exposição à temperatura ambiente de 32,2°C por 72 horas após IA apresentaram taxa de concepção de 0%, em contrapartida vacas com temperatura retal de 38,5°C expostas à temperatura ambiente de 21,1°C apresentaram taxa de concepção de 48%, demonstrando a influência da temperatura retal sobre a taxa de concepção.

Tabela 2. Taxa de concepção de acordo com a temperatura retal ajustado o para abaixo da média e acima da média de 38,66°C.



Os resultados do efeito das estações do ano sobre a taxa de concepção estão de acordo com o esperado, pois a estação do ano na qual foi realizada a inseminação artificial teve efeito na taxa de concepção (P = 0,051), porém a estação não afetou (P = 0,609) a temperatura retal das fêmeas (Tabela 3).

De Rensis e Scaramuzzi (2003) afirmaram que em vacas leiteiras inseminadas durante os meses quentes do ano, há uma diminuição da fertilidade e o fator mais importante para essa situação é o aumento da temperatura e umidade que resultam numa diminuição na expressão de cio.

Na Argentina, em condições de pastagens a taxa de concepção no verão foi 10% menor do que no outono e no inverno, e 15% menor do que na primavera (Orr et al., 1993). Em Israel, em sistemas de confinamento, a taxa de gestação durante o verão foi 25 a 30% menor do que durante o inverno (Valtorta & Gallardo, 1996). As taxas de gestação no inverno (62%) e no verão (26%), segundo González et al. (1993), diferiram devido ao fato de que a fertilização e/ou mortalidade embrionária foram afetadas durante os meses quentes do ano.

Tabela 3. Efeito da estação do ano sobre a taxa de concepção (%) e temperatura retal média (°C)



Conclusão

As novilhas tenderam a apresentar maior taxa de concepção do que as vacas em lactação da raça Jersey. A categoria animal e a estação do ano não afetam a temperatura retal, porém fêmeas da raça Jersey com temperatura retal elevada apresentam menor taxa de concepção, e o verão foi a estação na qual foi detectada a menor taxa de concepção.

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