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Cio Silencioso - Problema ou Mito?

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 01/02/2010

5 MIN DE LEITURA

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Detecção de estro é um dos fatores mais importantes do manejo reprodutivo, e as falhas de detecção contribuem de forma significativa para o declínio da eficiência reprodutiva de um rebanho leiteiro. Heersche e Nebel (1994) após analisarem os dados de 4.550 rebanhos americanos, concluíram que a taxa de detecção de cio era de 38%. Coleman (1993) atribuiu 90% das falhas às pessoas responsáveis pela detecção e 10% às vacas.

A detecção correta do cio é importante para reduzir o intervalo entre partos, e também para determinar o momento correto da inseminação. A detecção incorreta do cio resulta em inseminação de vacas que não estão em cio ou na inseminação em momento inadequado para a concepção. Van Eerdenburg et al. (2002) relataram que quando a ovulação ocorre 48 horas após a inseminação apenas 15% das vacas concebem, e quando ocorre até 24 horas, 52% das vacas concebem. E ainda, Reimers et al. (1985) reportaram que 5,1% das vacas não estão em cio quando são inseminadas, e que essa porcentagem pode variar de 0 a 60% dependendo do rebanho analisado. Isso pode ser devido à inseminação realizada cedo demais, tarde demais ou detecção incorreta.

Uma das possíveis causas das falhas de detecção de cio pode ser a introdução de ferramentas auxiliares de detecção de cio que podem deixar as pessoas responsáveis pela detecção menos atentas. A manutenção do bom conhecimento dos sintomas de cio, a observação o mais frequente possível e por um período adequado (30 a 60 minutos) são fundamentais para a boa eficiência de detecção de cio.

A duração e a intensidade do comportamento de cio são altamente variáveis entre indivíduos e influenciado pelo número de vacas em cio num mesmo grupo (Diskin e Sreenan, 2000). Grupos pequenos de vacas e a parição distribuída ao longo do ano contribuem para a redução de vacas em cio simultaneamente no lote.

Implantação de um protocolo de detecção de cio com observação de comportamento de estro por um técnico treinado por dois períodos por dia de 30 minutos cada, mais a observação diária pelos outros funcionários da fazenda durante as atividades rotineiras foi capaz de detectar 65% das vacas em cio. Nesse mesmo protocolo foram detectados 9,3% de cios em vacas considerados em anestro pela analise da concentração de progesterona e 2,3% de cios em vacas gestantes (LAW et al. 2009).

Cios silenciosos ou ovulação silenciosa são problemas comumente associados com falha de detecção de cio em vacas de leite de alta produção (Shipka, 2000). A ausência do comportamento de cio antes da primeira ovulação pós-parto é atribuída à exposição a alta concentração plasmática de estradiol no final da gestação que deixa o hipotálamo num estado refratário ao estradiol (Allrich, 1994). Foi sugerido que a exposição à progesterona durante a primeira fase luteal pós-parto retira a refratariedade do hipotálamo e permitiria que a vaca manifestasse o comportamento normal de estro quando a concentração de estradiol se elevasse durante a segunda ovulação pós-parto (Kyle et al., 1992; Allrich, 1994).

King et al. (1976) e Kyle et al. (1992) relataram que de 50 a 80% das primeiras ovulações pós-parto são silenciosas, e que a partir da terceira ovulação pós-parto, 100% das vacas expressam comportamento de cio.

Law et al. (2009) estudaram 367 ciclos estrais de 90 vacas até 140 dias pós-parto e avaliando a concentração de sanguínea de progesterona, detectaram 19,6% de cios silenciosos (72/367). Os cios silenciosos foram definidos pela não observação de comportamento de estro nas vacas (observação de comportamento de estro por um técnico treinado por dois períodos por dia de 30 minutos cada, mais a observação diária pelos outros funcionários da fazenda durante as atividades rotineiras) que pela variação da concentração de progesterona apresentavam atividade estral. A porcentagem maior de cio silencioso (47.2%) foi detectada nas vacas no primeiro ciclo pós-parto e foi decrescendo nos ciclos seguintes. Gil et al. (1997) reportou que 48% das vacas apresentam pelo menos um cio silencioso até ficarem gestantes.

Na maioria dos experimentos os cios silenciosos são definidos pela não observação do comportamento de cio por técnicos treinados. No entanto, deve-se levar em consideração que isso não significa que realmente as vacas não manifestaram o comportamento de cio.

Algumas vacas não mostram interesse por outras vacas, o que pode comprometer a externalização do comportamento de estro (Ball and Jackson, 1979). Adicionalmente a duração do estro de vacas de alta produção é menor. Van Vliet e Van Eerdenburg (1996) relataram cios de duração de apenas 4 horas.

Portanto apesar a taxa de cio silencioso ser de aproximadamente 20%, não pode ser considerada o único causador dos problemas da falha de detecção de cio das fazendas leiterias, e não pode ser usado como desculpa para a baixa eficiência da detecção.

Referências

Allrich, R. D. 1994. Endocrine and neural control of estrus in dairy cows. J. Dairy Sci. 77:2738-2744 .

Ball, P. J. H., and N. W. Jackson. 1979. The fertility of dairy cows inseminated on the basis of milk progesterone measurements. Br. Vet. J. 135:537-540.

Coleman, D. A. 1993. Detecting estrus in dairy cattle. USA National Dairy Database, Reprod. Collection, Univ. Maryland, College Park. https://www.inform.umd.edu/EdRes/Topic/AgrEnv/ndd/reproduc/

Diskin, M. G., and J. M. Sreenan. 2000. Expression and detection of oestrous in cattle. Reprod. Nutr. Dev. 40:481-491.

Gil, Z., J. Szarek, and J. Kural. 1997. Detection of silent oestrous in dairy cows by milk temperature measurement. Anim. Sci. 65:25-29.

Heersche, G., and R. L. Nebel. 1994. Measuring efficiency and accuracy of detection of oestrus. J. Dairy Sci. 77:2754-2761.

King, G. J., J. F. Hurnik, and H. A. Robertson. 1976. Ovarian function and oesrus in dairy cows during early lactation. J. Anim. Sci. 42:688-692.

Kyle, S. D., C. J. Callahan, and R. D. Allrich. 1992. Effect of progesterone on the expression of estrus at the first post partum ovulation in dairy cattle. J. Dairy Sci. 75:1456-1460.

Law, R. A., F. J. Young, D. C. Patterson, D. J. Kilpatrick, A. R. G. Wylie, and C. S. 2009. Mayne. Effect of dietary protein content on estrous behavior of dairy cows during early and mid lactation. J. Dairy Sci. 92:1013-1022

Reimers, T. J., R. D. Smith, and S. K. Newman. 1985. Management factors affecting reproductive performance of dairy cows in the northeast United States. J. Dairy Sci. 68:963-977.

Shipka, M. P. 2000. A note on silent ovulation identified by using radiotelemetry for estrous detection. Appl. Anim. Behav. Sci. 66:153-159.

Van Eerdenburg, F. J. C. M., D. Karthaus, M. A. M. Tavern, I. Merics, and O. Szenci. 2002. The relationship between estrous behavioral score and time of ovulation in dairy cattle. J. Dairy Sci. 85:1150-1156.

Van Vliet, J. H., and F. J. C. M. Van Eerdenburg. 1996. Sexual activities and oestrous detection in lactating Holstein cows. Appl. Anim. Behav. Sci. 50:57-69.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/04/2010

Prezado Ronaldo Mendonça dos Santos,
Desculpe-me pela falta de atenção, sua pergunta ficou sem uma resposta.
Não conheço nehuma trabalho que relacione cio silencioso com qualidade de ovócito.
Obrigada pela participação!
Um abraço,
Ricarda.
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 17/04/2010

Dr. Ricarda, na prática há alguma relação do cio silencioso com a qualidade de oócitos?

Atenciosamente,
Ronaldo
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2010

Prezado Marcelo de Moura, como vai?
Isso mesmo sou a Ricarda da CONAPEC que ia na sua fazenda. O senhor ainda tem a fazenda?

Qual a razão do semem sexado ter uma taxa de concepção menor em vacas do que em novilhas?
Uma das razões do semem sexado resultar em taxa de concepção menor em vacas do que em novilhas é que o método de sexagem por citometria é um pouco agressivo aos espermatozóides, o que altera a qualidade do sêmen após a sexagem.
Outro ponto é que a quantidade de espermatozóides dentro da palheta de sêmen sexado é menor (apenas 2 milhões de espermatozóides por dose no semen sexado comparada a aproximadamente 20 milhões de espermatozóides por dose do sêmen convencional).
Como novilhas em geral tem melhor concepção do que vacas o resultado final é menos alterado.

Através de analise de laboratório ou estatística de resultados poderíamos selecionar touros cujo semem sexado aprsentem taxas de concepção melhores em vacas?
Acredito que sim, hoje em dia tem muito pesquisa sobre métodos de avaliação de sêmen, na tentativa de se desenvolver um teste capaz de predizer com acurácia a qualidade do sêmen. Mesmo assim, as estatísticas de resultado também são muito importantes na definição da qualidade do sêmen.

Um grande abraço,
Ricarda.
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/03/2010

Prezada Ricarda

Ricarda, penso que você é formada pela UNESP/Botucatu e quando estudante através da CONAPEC JR me ajudou a implantar sistema de pastejo rotativo na Fazenda Moura.

Qual a razão do semem sexado ter uma taxa de concepção menor em vacas do que em novilhas? Através de analise de laboratório ou estatística de resultados poderíamos selecionar touros cujo semem sexado aprsentem taxas de concepção melhores em vacas?

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/03/2010

Prezado Claudinei Dombroski,
Por enquanto essa é a recomendação mais segura. Usar sêmen sexado apenas nas novilhas, pois em vacas que já tem uma menor taxa de concepção, o resultado não seria satisfatório.
Obrigada pela participação!
Até mais,
Ricarda.
CLAUDINEI DOMBROSKI

CURITIBA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/03/2010

Dra. Ricarda,

O semem sexado deve ser utilizado apenas em novilhas, no caso das vacas cai o percentual de concepção?
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/03/2010

Prezado Antonio Welder,
Obrigada pela participação!
Essa sua pergunta é muito difícil. Mas acho que a melhor forma seria a avaliação da conformação se você não tem o histórico do animal.
Infelizmente não posso te ajudar muito. Procure do site das Associações de Criadores de cada raça, que você provavelmente vai encontrar materia sobre o assunto.
Até mais,
Ricarda.
ANTONIO WELDER MATOS EVANGELISTA

GARANHUNS - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 03/03/2010

Olá Dra. Ricarda,gostaria de saber como posso avaliar se uma vaca pode ser boa de leite ou não? Sem que pra isso eu tenha que conhecer seus pais. Tipo fazer uma avaliação do animal olhando para sua conformação.Obrigado.Aguardo resposta.
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 03/03/2010

Prezado Henrique de Faria Medeiros,
A utilização de rufião auxilia na eficiência de detecção de cio. Principalmente na detecção de cio das vacas que são "mais discretas" e nos cios que começam e terminam durante a noite.
Obrigada pela participação,
Ricarda.
HENRIQUE DE FARIA MEDEIROS

DIVINÓPOLIS - MINAS GERAIS

EM 02/03/2010

Olá Dr. Ricarda,
A utilização de rufiões, auxiliaria em diminuir a taxa de cio silencioso no rebanho?
Qual a sua opnião.
Desde já agradeço sua atenção.
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/03/2010

Prezado Heloisio Mendes Ferreira,
Obrigada pela participação!
É difícil responder o que pode estar acontecendo com as vacas compradas.
Tenho que fazer algumas perguntas:
- as vacas compradas são da mesma raça das já existentes no rebanho?
- qual a produção delas?
- foram compradas paridas e vazias?
- qual a idade delas, vacas de primeira, segunda ou mais lactações?
- como esta a reprodução das vacas que já estavam no rebanho?
Como essas respostas talvez a gente consiga chegar a alguma hipótese do que pode estar acontecendo.
Ricarda.
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/03/2010

Prezado Andre Avelar Prado,
Nos radares Priorização de Nutrientesem Vacas Leiteiras no Pós-Parto Imediato: Discrepância entre Metabolismo e Fertilidade? Parte-1 e 2, publicados em 06 e 23/04/2009, tem uma revisão sobre o efeito do balanço energético negativo sobre a eficiência reprodutiva e qualidade dos ovócitos.
Obrigada pela participação,
Ricarda.
HELOISIO MENDES FERREIRA

CARMO DO PARANAÍBA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/03/2010

Dra. gostaria de saber de vc. o seguinte, tenho uma criacao de vacas leiteira, e ate ai tudo bem, mais uns 9 meses atras comprei mais um pequeno lote de 11 vacas em lactacao, e ai vem o problema, agora elas nao estao pegando cria, repetindo cia direto, ja troquei de reprodutor, mais continuo o problema, o q devo fazer.
ANDRÉ AVELAR PRADO

SÃO GONÇALO DO SAPUCAÍ - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 22/02/2010

Olá Dra. Ricarda gostaria de saber se a alta taxa metabólica após o parto pode levar à diminuição da qualidade do oócito?
Grato,
André.
LUCIANO LEITE PEREIRA

ALTAMIRA - PARÁ - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 10/02/2010

OI Dra. Ricarda

Gostaria de saber se voces tem alguns dados sobre este tipo de problema em animais Nelores, e principalmente na região amazonica diferentemente da região Sudeste, para sabermos se existe uma relação com o clima
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2010

Prezado Paulo Thomazella,
Obrigada pela participação!
Não conheço esses dados em novilha, vou dar uma olhada nos artigos da área.
Temos que lembrar que os fatores que interferem negativamente na manifestação do cio em vacas leiteiras não estão presentes na novilha, como: alta produção de leite, sensibilidade ao estresse térmico, problemas de casco, ...
Até mais,
Ricarda.

PAULO CESAR DIAS THOMAZELLA

SOROCABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2010

DR. ricarda,gostaria de saber se em novilhas qual a porcentagem de cio silencioso.
Atenciosamente,
Paulo thomazella
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 01/02/2010

Dr. Ricarda, na prática há alguma relação do cio silencioso com a qualidade de oócitos?

Atenciosamente,
Ronaldo

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