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Lesões nos tetos causam aumento da CCS e na incidência de mastite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E MARCO AURÉLIO DE FELICIO PORCIONATO

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 26/04/2010

3 MIN DE LEITURA

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Em outra oportunidade destacamos a influência da anatomia do úbere e dos tetos na contagem de células somáticas (CCS) e resistência a mastites (Radar - 30/11/2009). Além desses fatores, podemos enumerar vários outros que podem prejudicar a saúde da glândula mamária, sendo um deles a integridade dos tetos, principalmente em relação a sua extremidade próxima ao orifício.

Manter a extremidade dos tetos em boas condições é extremamente importante, pois nessa região, a musculatura do esfíncter desempenha um papel fundamental na contração do canal do teto mantendo-o fechado entre as ordenhas, o que impede a entrada de patógenos no interior da glândula mamária. Essa ação é auxiliada por células maduras de queratina, presentes no canal do teto e juntos representam a barreira primária na resistência às mastites.

Alguns fatores podem prejudicar a integridade dos tetos, tais como: equipamentos de ordenha mal regulados (alto nível de vácuo); sobreordenha depois de encerrado o fluxo de saída do leite; bezerros muito vigorosos na mamada; ordenhadores que exercem força excessiva na manipulação dos tetos; remoção abrupta das teteiras, sem desligar o vácuo; soluções desinfetantes de pós-dipping (principalmente receitas caseiras) que agridem a pele dos tetos e pastagens com capins de crescimento ereto que podem machucar os tetos.

Esses e outros fatores podem lesionar a extremidade dos tetos e estimular uma resposta fisiológica local no orifício, com formação de hiperqueratose (calosidade) que significa "crescimento exagerado de queratina", deixando a pele espessa e prejudicando o fechamento do canal.

Após a ordenha, o esfíncter normalmente permanece aberto por cerca de 40 minutos ou até mais de 1 hora e meia, dependendo da idade do animal e intensidade do estímulo. No caso de tetos lesionados esse tempo aumenta consideravelmente, permitindo maior oportunidade para entrada das bactérias no canal do teto. Exemplos de formações de hiperqueratose em vacas leiteiras podem ser observados na Figura 1.

Figura 1. Hiperqueratoses encontradas em tetos de vacas leiteiras.



Recentemente, um estudo evidenciou maior incidência de mastite em tetos lesionados. Em um experimento que relacionou a incidência de patógenos em relação às condições da extremidade dos tetos (Tabela 1), observou-se que a presença de lesões severas com hiperqueratose pode aumentar o risco de infecções tanto por patógenos ambientais quanto por contagiosos.

Tabela 1. Porcentagem de isolamentos de patógenos em relação à condição dos tetos.



Alguns autores sugerem que uma pequena quantidade de calosidade na ponta do teto parece não aumentar o risco de infecções intramamárias em vacas leiteiras lactantes, e pode ser considerada como uma resposta fisiológica benéfica do teto à ordenha. Porém, avaliando o efeito das lesões de tetos na contagem de células somáticas, observaram que a prevalência de mastites e aumentos de CCS, depende do grau de gravidade das lesões, isto é, quanto mais grave o grau de hiperqueratose encontrado, maior os valores de CCS e também a incidência de mastites clínicas e subclínicas (Tabela 2).

Tabela 2. Efeitos da severidade das hiperqueratoses na CCS em vacas leiteiras.



Apesar dos prejuízos causados à saúde da glândula mamária pelas lesões de tetos, devemos lembrar que alguns manejos podem auxiliar na manutenção da integridade dos tetos, na redução da CCS e na prevenção de mastites, tais como: regulagem periódica do equipamento de ordenha; manejo correto de ordena (pré e pós-dipping), com uso de soluções glicerinadas de pós-dipping; fornecimento de alimentação após a ordenha para que os animais permaneçam de pé até o fechamento do esfíncter; maior atenção na retirada das teteiras fechando o vácuo logo após cessado o fluxo de leite; manter equipamentos, instalações e pastagem limpas.

Fontes:

Bhutto, et al. The Veterinary Journal, 2010.
Neijenhuis, et al. Journal of Dairy Science, 2001.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

MARCO AURÉLIO DE FELICIO PORCIONATO

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ENEILMA GUIMARÃES

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/08/2021

Boa tarde !minha vaca cortou uma teta no arame tá inchada e ñ sai leite. Pariu tem 8 dias
ADAILTON ALVES DOS SANTOS

ITAMBACURI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/04/2020

Eu tenho um vaca que está com um furo no peito o que eu devo fazer
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/02/2017

Prezada Graziella, nesta situação, a recomendação é consultar um veterinário para que possa fazer uma avaliação e determinar o melhor tratamento, atenciosamente, Marcos Veiga
GRAZIELLA HEIDE

ALVORADA DO SUL - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 22/01/2017

Minha vaca cortou a teta em cerca de arame.cortou a válvula mamária onde agora fica saindo leite direto.o que faço?
WAGNER DALBOSCO

ITABAIANA - SERGIPE - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/09/2016

Quando a mastite é persistente mesmo com a higienizaçao adequada e o passo a passo da ordenha é seguido, camas são trocadas, a uso do cal, controle de CCs, avaliação de amostra de leite por laboratório,corredores do freestall lavados ,ordenhadores orientados e alimentação do rebanho balaceada. O que pode estar causando essa presistência.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/01/2015

Prezado Franklin,



Neste caso, haveria necessidade de uma avaliação a ser feita por um veterinário, para definir a gravidade e quais as possíveis alternativas para o teto da vaca.



Sem esta avaliação feita por um veterinário, não seria possível fazer uma recomendação adequada.



Atenciosamente, Marcos Veiga
FRANKLIN SILVA DE SOUSA

CAATIBA - BAHIA

EM 26/12/2014

minha vacas cortou os tetos no arame o q fazer p tirar o leite e o que passar no corte..
FELCIO MANOEL ARAUJO

CARIACICA - ESPÍRITO SANTO - ESTUDANTE

EM 08/09/2012

ola dr.Marcos  estou satisfeito com a vossa explicaçao sobre profilaxia da mastite,fico feliz em ver pessoas formadas como o sr.e com muita atençao e carinho com o seu publico,vejo tambem que é querido e respeitado no setor leiteiro bovino,queria saber qual é a terapia adequada para a mastite cronica,e qual o medicamento injetavel para combater a ccs,e acidez no sangue!
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/05/2010

Prezado Marcos ! O Eder fez comentário sobre vacinação. É lógico que procedimentos de sanitização são necessários. Entretanto,até que ponto a vacinação contra mastite ajudaria na prevenção da mastite, tanto clinica como sub-clinica?

Walter


<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Walter Jark Flho,

Os resultados de experimentos com testes controlados sobre a vacinação J5 são de que existe uma redução média de ocorrência de mastite clínica causada por coliformes de 80% em relação às vacas não vacinadas. Além disso, vejo como principal vantagem a redução da gravidade dos sintomas, pois com a vacinação as vacas não apresentam sintomas tão agudos e dificilmente ocorre perda de vacas por morte.

Como a mastite causado por coliformes não tem grande impacto em CCS, a vacinação não tem foco com redução de mastite subclínica.

Atenciosamente,
Marcos Veiga

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/05/2010

Prezado Dr. Marcos Veiga dos Santos: Obrigado por suas informações. Continue a nos orientar sobre os manejos de ordenha, já que o setor é tão carente de informações seguras. A minha dúvida se resumia a um tópico, veiculado num fórum técnico, aqui do Milk Point, sobre qualidade do leite, em que se aventava a possibilidade destes eventos quando do uso da clorexidina. Particularmente, já a utilizo, com eficiência, há mais de dois anos, sem quaisquer eventos desta natureza e com grande capacidade bactericida. Quanto à sua utilização para desinfecção da sala e de equipamentos de ordenha, ela é feita uma vez por semana, no intuito de controlar a proliferação de agentes biológicos ambientais. Não sei se os produtos à base de hipoclorito de sódio teriam o mesmo potencial.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Guilherme Alves de Mello Franco

O hipoclorito é um dos produtos mais usados para desinfecção de equipamentos e tanques pelo baixo custo e boa eficiência. Uma das desvantagens seria abaixa ação em matéria orgânica e a possibilidade de volatilização do cloro ao longo do tempo de armazenamento.

Atenciosamente, Marcos Veiga

DAVID ANTONIO CARVALHO DE OLIVEIRA

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2010

Bom dia,

Diante de tantos desafios no controle de qualidade do leite, sobre a maximizacao da imunidade do animal e em especial a gflandula mamaria, o uso de minerias como Cobre, zinco, selenio e outros poderiam nos auxiliar neste contexto? Como seriam as dosagem na dieta? quais niveis poderiamos introduzir?podriam nos auxiliar na busca de maiores informacoes?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado David Antonio Carvalho de Oliveira,

Segue abaixo uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Mastite dos EUA sobre níveis de micro-nutrientes na dieta de vacas:

Tabela 12.4 Níveis de micronutrientes recomendados para otimização da resposta imune em vacas leiteiras

Nutriente Quantidade vaca/dia
Selênio (Se) 6 mg
Cobre (Cu) 200-500 mg
Zinco (Zn) 900-1.200 mg
Vitamina A 100.000-150.000 UI
Vitamina E 400-800 UI (vacas em lactação)
Vitamina E 1.000 UI (vacas secas)

Fonte: National Mastitis Council Newsletter, 1997.

O fornecimento de níveis adequados deste nutrientes tem efeito positivo sobre a saúde da glândula mamária. Sobre esse assunto, publicamos alguns radares técnicos que podem ser consultados:

Impacto da suplementação com selênio e vitamina E sobre a ocorrência de mastite clínica

Suplementação mineral e vitamínica e suas relações com a mastite e a qualidade do leite - Parte 1 e 2

Atenciosamente,
Marcos Veiga

RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 19/05/2010

Prezado Dr. Marcos Veiga e ao amigo Clemente,

Obrigado por sua resposta ao meu questionamento, quanto aos sanitizantes usados.

Ao amigo Clemente, é bem possível que seu amigo Jurandyr tenha sido meu contemporâneo na universidade, meu primeiro ano foi 1976 e o último 1981, mas como a engenharia da UFF era e ainda é toda departamentalizada havia uma grande variedade de alunos de vários períodos em todas as turmas. Se tiver oportunidade de estar com ele pergunte sobre o Prof. Zozó Bobina de Geometria Analítica e o Prof. Esfregão de Física ele certamente vai lembrar dos bons tempos.

Meu questionamento sobre os sanitizantes era justamente sobre a possibilidade de uso em áreas como você citou, foi muito útil sua experiência no uso deste produtos.

Vou lhe enviar um artigo de 1988 muito interessante e que re-acendeu a discussão lá no debate com o Guilherme.

Um grande abraço
Ramon Benicio



EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 19/05/2010

Pela grande probabilidade e conjunto de fatores os quais são determinantes a temida contaminação, a vacinação como método preventivo cairia como uma luva, frente a vulnerabilidade na qual a glândula mamária está submetida. é claro que o manejo durante e após a ordenha deve ser o mais correto possível e não deixará de ser mais ou menos importante frente a um protocolo de vacinação, mas este, torna-se imprescindível e deverá fazer parte de todo um conjunto no manejo adequado para uma diminuição na incidência de mastites.Forte abraço!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/05/2010

Prezado Dr. Marcos Veiga dos Santos: Parabéns pelo artigo. Muito interessante e instrutivo, como os que precisamos sempre ler, quando se trata de pecuária de leite. Gostaria de sanar umas dúvidas: O uso de clorexidina, adida de elementos emolientes, no âmbito do pré-dip é eficiente para o controle dos germes causadores da elevação das CCS e no estabelecimento da UFC, sendo ela um desinfetante cirúrgico de alta potencialidade? Ele tem alguma interferência na pele dos tetos, podendo causar rachaduras e outras lesões que podem induzir aos processos infecciosos conhecidos, mesmo estando incorporado com substâncias emolientes, a ponto de desaconselhar seu uso? Pode o mesmo ser utilizado, ainda, como desinfetante de áreas de ordenha, com eficiência?
Muito obrigado.


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA -MG

<b>Reposta do autor</b>

Prezado Guilherme Alves de Mello Franco,

Obrigado pela mensagem. A clorexidina é um desinfetante que pode sim ser utilizado para desinfecção de tetos. Eu não tenho conhecimento de problemas de rachadura de tetos com produtos a base de clorexidina. Isso geralmente ocorre com o uso de hipoclorito de sódio em altas concentrações ou em produtos de baixa qualidade (presença de outros contaminantes).

Para desinfecção geral em equipamentos de ordenha, o mais recomendável em função do baixo custo são os produtos a base de hipoclorito de sódio, mas não teria problema em usar a clorexidina.

Atenciosamente,
Marcos Veiga


CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 29/04/2010

Prezado Ramon Benício\Lima da Silva, que bom saber que você está em todos os foruns relacionados ao leite, no MilkPoint.
Você me lembra muito um grande amigo meu com o qual tive imenso prazer em trabalhar, engenheiro mecânico como você e com o mesmo dinamismo em tudo que faz. Creio até que seja seu conhecido e colega de turma, pois se formou na mesma universitadade e tem aprox. a sua idade. Jurandyr Arone Maués, é o seu nome. Você o conhece?
Bem, quanto aos quaternários como sanitizante em linha de produção de leite, eu desconheço já que eles são de ação lenta, embora muito eficientes, deixam resíduos por até 15 dias.
Há muitos anos eu usei por longo tempo, compostos de quaternário de amônia em desinfecção de ambientes e utensílios, na área de avicultura e suinocultura. Esses compostos são excelentes, para essa finalidade, bem como frigoríficos e algumas áreas de hospitais, já que apesar de lentos abrangem quase todas as gamas de contaminantes ambientais por longos períodos, além de não serem corrosivos como iodos e cloro.
No Pré dipping por exemplo, seria um produto inútil, uma vez que para esse fim é necessário que o produto haja em no máximo 15 segundos, eliminando a grande maioria dos germes causadores de mastites e em especial a contagem de CCS no tanque de leite. Em linha de leite, sinceramente, sem ter muita certeza, acho que o produto deve ser proibido em função de sua ação residual. Talvez, fosse interessante que os técnicos mostrem algum trabalho feito com quaternários no controle de mastites ambientais; aí sim, creio que seria de grande ajuda em pulverizações ou nubulizações em estábulos salasde ordenha, maternidades etc, etc.
Espero ter contribuido com o tema em questão.
Abraços,
Clemente.
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 28/04/2010

Prezado Dr. Marcos e ao amigo Clemente,

Já houve algum trabalho ou pesquisa no sentido de se usar bactericidas com formulação a base de quaternários de amônio, de uso muito comum em desinfecção na indústria alimentícia e hospitalar.

Um abraço
Ramon Benicio

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Ramon Benicio Lima da Silva,

Eu desconheço estudos relacionando compostos de amônia quaternária para desinfecção de equipamentos. Em relação ao pós-dipping, existem sim estudos, mas com resultados inferiores aos obtidos com o uso de compostos a base de iodo.

Atenciosamente,
Marcos Veiga


CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 27/04/2010

Prezado Dr. Marcos.

É verdade, é um conjunto de medidas que levam ao sucesso de qualquer empreedimento e isso se revela muito mais patente quando se trata de produzir leite com qualidade e controlar as mastites num rebanho. Esse tema sempre me encantou, por isso acabo sendo enfático e brigão quando entro numa discussão sobre esse assunto.

Certa ocasião eu participava de um curso sobre qulidade de leite e controle de mastite, ministrado por um dos melhores técnicos do USDA, um mexicano muito simpático, que começou o curso pela bomba de vácuo da ordenhadeira e sua capacidade, conforme o Nº de conjuntos de ordenha regulagem do nível de vácuo na tubulação, passando depois para a regulagem na abertura dos pulsadores (quando manuais), descendo para os conjuntos de ordenha, terminando nas teteiras, enfatizando que teteiras têm um tempo de vida útil que deveria ser melhor observado por técnicos e produtores, pois seu uso após o termino de sua capacidade de obedecer aos comandos da linha de vácuo, acarretam grandes perdas ao produtor, tornando-se um inimigo invisível e ladrão dos lucros, já que não extraem corretamente o leite e ainda causam lesões as vezes, irreparáveis aos tetos e todo o sitema mamário, provocados também, por resíduos de leite não ordenhado corretamente.

Na seqüência, as mãos do ordenhador além de muito limpas e com unhas bem cortadas, tem que estar protegidas por luvas de latex, já que teste de laboratório, provam que não há como fazer uma acepcia correta nas mãos, dentro de um ambiente contaminado como uma sala de ordenha, por limpo que se apresente (aparentemente). Solução desinfetante de mãos sempre em spray, nada de bades com água. Água em tetos de vacas, somente se estiverem muito sujos e com jatos curtos perpendiculares ao chão, sendo imediatamente enxugados com toalhas de papel.

Pré-dipping, com produtos de comprovada eficiência bactericida, de baixa agressevidade aos tetos, e de rápida ação (10 a 15 segundos). Antes de transferir o cojunto para outra vaca, um jato em spray de um sanitizante não tóxico e não residual. Ao final da ordenha, imediatamente após o fechamento do vácuo e a extração do conjunto, a aplicação do pós-dipping com caneco de aplicação com fundo curto sem retorno do produto e finalmente as vacas dexarão a sala de ordenha, para um comedouro onde não será permitido que se deitem por pelo menos 45 minutos.

Ao terminar o curso eu me adiantei e fiz a seguinte pergunta: Dr., com todos esses procedimentos efetuados corretamente, porque ainda é necessário usar ao final da ordenha, um produto tão caro como são os pós dipping de boa qualidade? Resp. Clemente, "no necesitaria si todo lo seguisen correctamente esos procedimientos, y si no existisen los patogénes ambientales". Esse curso me fez voltar anos, à época em que trabalhei com ordenhadeiras e cansei de trocar teteiras vulcanizadas como a câmaras de ar de carro, em borracheiro, por usura do produtor. Hoje, não é muito diferente, infelizmente. Abraços, Clemente.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Clemente da Silva,

Obrigado pela mensagem. Eu acrescentaria que o pós-dipping é a medida mais importante para controle da mastite contagiosa e pelos estudos e levantamentos é uma das medidas com relação custo:benefício mais vantajosa. Penso que é um dos investimentos mais bem aplicados que o produtor faz.

Atenciosamente,
Marcos Veiga

CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 26/04/2010

Prezado Dr. Marcos Veiga dos Santos, parabéns pelo trabalho. Acompanho seus trabalhos na qualidade do leite desde a época em que você e o Laranja estavam planejando a confecção daquele excelente manual de manejo de gado leiteiro e controle de mastites, época em que tive a oportunidade e o prazer de ter a companhia do Laranja numa de minhas idas aos EUA e ver com meus olhos a seriedade com a qual o gauchinho se dedica ao que faz e depois, numa Expomilk, vocês fizeram o lançamento do livro, do qual eu recebi um exemplar autografado por vocês e com uma dedicatória do amigo Laranja, referindo-se àquela viagem que fizemos juntos, o qual guardo com carinho, até hoje.

Naquela época eu trabalhava para a ABS, com genética leiteira, mas a minha maior preocupação sempre foi com a qualidade do produto final, que é o leite. Por isso, minha grande preocupação com os tetos das vacas... imagine uma vaca com os quatro tetos danificados. Sempre combati todos os métodos que você cita acima como sendo errados durante e após a ordenha, bem como e principalmente, o uso de produtos agressivos como o cloro no pré-dipping, como no pós dipping com produtos duvidosos e sem emolientes. Particularmente, abomino o uso do cloro em tetos de vacas e já arranjei brigas federais por isso.

O cloro é o maior responsável pela hiperqueratose, ou esfincter florescido, agravado por outros fatores, conforme você menciona acima. Numa solução de cloro feita na fazenda, você nunca sabe oquê realmente está colocando nos tetos da pobre vaca, em termos de concentração do princípio ativo, já que o produto é muito instável, mesmo bem armazenado. Entretanto, 90% dos técnicos defendem o bandido cloro e eu pergunto: Porquê? Você poderá até discordar de mim também, mas quando eu deixei em definitivo a área de I.A. e genética, me dediquei exclusivamente a qualidade do leite por esse Brasil afora acompanhei rebanhos de todos os tipos e usando produtos das mais variadas marcas, muitos com qualidade alta, muitos, sem qualidade alguma, vi milhares de vacas com os quatro tetos danificados por todo tipo de maus tratos e também ajudei a consertar muitos rebanhos melhorando detalhes de manejo e promovendo a troca de produtos de pré e pós dipping.

Trabalhei propriedades cujos indices de CCS no tanque chegavam as estupendas marcas de 600.000, fazendo baixar para a casa das 280.000 e até muito menos, em torno das 240.000, que eram os padrões internacionais na época, com simples modificações de manejo e em especial no pré- dipping, com o produto adequado e na dosagem correta. A Weizur tem esse produto, é um bactericida de largo espectro com alto poder oxidante e que não deixa resíduos tóxicos. Não existe nada melhor no mercado tanto para a higienização dos tetos antes da ordenha, quanto de equipamentos de ordenha ou armazenagem. Em muitas propriedades na época, conseguiamos trazer índices de UFC da ordem de 1.500.000 até mais, para 70.000 a 100.000,deixando pasmos até técnicos muito experientes.

Abr.Clemente.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Clemente da Silva,

Obrigado pela sua mensagem e pelas informações. Eu concordo com a sua opinião de que o uso de produtos para pré e pós-dipping de baixa qualidade ou com concentrações fora do padrão é um fator de risco para lesões nos tetos.

Na minha experiência, no entanto, um das principais causas para o desenvolvimento de hiperqueratose nos tetos é o mau funcionamento de equipamentos de ordenha (nível de vácuo, uso de teteiras desgastadas, problemas de regulador e pulsador). Conheço rebanhos que utilizam produtos a base de cloro, no Brasil e nos EUA, que tem tido bons resultados com o uso deste produtos, assim como alguns rebanhos nos quais o cloro pode causar rachaduras e lesões. Da mesma forma, temos uma grande gama de rebanhos que rotineiramente usam produtos a base de iodo ou ácido lático e que têm problemas gravíssimos de mastite. Penso que não é somente o uso de um produto ou marca que pode fazer com que um resultados sejam bom ou não e sim um conjunto de medidas.

Obviamente, eu não poderia entrar na discussão de qual seria a melhor marca para produtos pré e pós-dipping, pois existem marcas idôneas no mercado e com produtos com várias faixas de preços e eficácia. Eu penso que o cloro, desde que usado de forma adequada, pode sim ser uma opção para os produtores que buscam um produto de baixo custo, mas que necessita de uma série de cuidados, desde a compra, armazenamento e concentração adequada.

Mais uma vez obrigado.

Atenciosamente,

Marcos Veiga

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