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Comportamento na parição em ovelhas - Parte 1

POR DÉBORAH ASSIS BARBOSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/07/2008

4 MIN DE LEITURA

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Por uma questão de sobrevivência, os ovinos desenvolveram características comportamentais únicas. O produtor de ovinos de sucesso aprende a compreender essas características, e aplica esse conhecimento em todas as fases do sistema de produção. Uma das horas mais importantes do dia é aquela em que o responsável pára e observa o rebanho a procura justamente de animais que não estão apresentando comportamento "normal" da espécie. Nessa primeira parte iremos abordar o comportamento pré-parto e durante o parto, e na segunda parte abordaremos o comportamento após o parto da ovelha e do cordeiro após o nascimento e suas implicações na ligação mãe-filho.

O que leva uma ovelha a ter um comportamento peculiar na época da parição? Lembrando-se sempre do que é primordial para uma espécie - sobreviver e reproduzir, entendemos que todo o comportamento da ovelha serve para garantir essa perpetuação da espécie ao máximo.

Durante o parto, tanto a mãe quanto sua cria estão muito vulneráveis e suscetíveis a ataques de predadores, por isso é importante que a ovelha tome alguns cuidados para diminuir essa suscetibilidade.

Cuidados como encontrar lugares seguros, encurtar o tempo de parição, proteção, minimizar as evidências de que haverá ou de que está havendo um parto e recuperar-se rapidamente incluem alguns passos que garantem o sucesso da parição.

Mortalidade de cordeiro na casa dos 10-15% são facilmente observadas no estado de São Paulo, sendo que alguns rebanhos têm taxas até maiores, como 25% de perdas de cordeiros até o desmame. Ao redor do mundo, altas taxas também são observadas, como 9,2% em Tennesse (E.U.A.) e taxas de 5 a 15% em outros estudos. Grande parte dessas mortes ocorre logo após o nascimento, e muitas das causas de mortalidade estão diretamente ligadas ao comportamento.

Comportamento no pré parto

É extremamente importante que fiquemos atentos aos primeiros sinais que a ovelha dá ao aproximar-se a hora do parto. Dois fenômenos são reportados no pré parto de ovelhas: o isolamento e a busca de proteção, ambos vantajosos para os cordeiros.

O primeiro deles é a tendência da ovelha de separar-se do rebanho, porém isso nem sempre acontece. Alguns pesquisadores encontraram resultados bastante diferentes. Esse isolamento ocorre com maior ou menor intensidade de acordo com a raça, e também sofre influência de algumas técnicas de manejo, como tamanho de piquete, taxa de lotação e outros. Pesquisas com ovelhas selvagens demonstraram que todas se isolaram para parir, enquanto outro trabalho com ovelhas da raça Merino levantou que 90% das ovelhas pariram onde quer que estivessem. Outro estudo com Merinos e ovelhas de raças britânicas encontrou que 2/3 das ovelhas afastaram-se do rebanho.

A procura por abrigo (proteção) no pré parto também é um sinal, e pode ser importante para melhorar as condições do parto, sobretudo em condições adversas de clima, porém também há diversidade nos resultados encontrados em diversos trabalhos. Alguns estudos na Austrália com Merinos mostraram pouca tendência das ovelhas procurarem abrigo mesmo no frio, enquanto em estudos com ovelhas Lacaune a procura por abrigos aumentou com frio e vento.

Ovelhas tosquiadas têm maior propensão a procurar abrigo, e esse fato leva a uma adaptação no manejo, tosquiando as ovelhas 6 a 8 semanas antes do parto. Nos Estados Unidos, tem sido observado também que ovelhas tosquiadas antes do parto são mães mais atentas, além da tosquia diminuir o espaço necessário por ovelha confinada. Porém não devemos esquecer que tosquiar o rebanho 2 vezes ao ano apresenta um acréscimo na mão de obra e redução no crescimento da lã, com perda de seu valor.

Caso as ovelhas estejam confinadas em baias, provavelmente irão procurar os cantos para parir.

Comportamento durante o parto

A parição pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite, porém resultados de pesquisas demonstraram que há uma concentração dos partos em alguns horários, como das 09:00 da manhã até o meio dia e das 15:00 às 18:00. Alguns estudos também encontraram relação entre as parições e a hora do trato, demonstrando que quando o trato é oferecido de manhã, as parições se concentraram mais no período noturno.

Conforme o parto se aproxima, a ovelha fica inquieta, começa a caminhar em círculos, vocaliza e abaixa-se e levanta-se repetidamente. Geralmente esse comportamento ocorre 60 a 90 minutos antes do parto, e algumas ovelhas nem demonstram todos eles. A ruminação e apreensão de alimentos geralmente cessam, e esse período de inquietação é menor em ovelhas mais velhas.

Algumas ovelhas podem apresentar interesse em cordeiros neonatos nas duas semanas que antecedem o parto, chegando em alguns casos a 21% de casos, porém geralmente as taxas de "furto" de cordeiro variam de 0-2,2% em ovelhas mais velhas até 10-15% em borregas primíparas. Em um estudo, metade das ovelhas que roubaram outro cordeiro no pré parto abandonaram seu próprio cordeiro após o parto.

O trabalho de parto em si é curto, geralmente leva menos de uma hora após a primeira protusão. Ovelhas de primeiro parto podem passar de uma hora de trabalho de parto, e ovelhas mais velhas podem encurtar por até meia hora.

Caso o parto esteja demorando mais de uma hora em ovelhas maduras ou mais de 2 horas nas borregas, geralmente é necessário intervir. Elas normalmente deitam nas últimas horas do parto, mas podem ficar em pé no momento da saída do cordeiro.

Outro comportamento típico, que serve para manter a ovelha próxima ao local de parição é o interesse delas pelo líquido amniótico que sai de sua vagina. Constantemente elas cheiram e lambem esse fluido. Um trabalho levantou que essa atração pelo "ninho" pode ser suficientemente forte para mantê-la no local mesmo se o cordeiro é retirado de lá.

Esse fato tem uma grande implicação no manejo, levando-nos a evitar qualquer manejo que faça com que o cordeiro saia de perto da mãe nas primeiras horas pós parto.

Referências bibliográficas

Gill, Warren - Applied Sheep Behavior - Agricultural Extension Service , The University of Tennessee

Fernandes, Simone - Comportamento Materno - O Ovelheiro - nº92, janeiro/fevereiro, 2008.

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SERGIO BALAN SOBRINHO

NEÓPOLIS - SERGIPE - OVINOS/CAPRINOS

EM 12/12/2022

a quatro meses nasceu uma ovelha e ela esta com o ubre com leite e normal isso
ARTUR RICARDO DE OLIVEIRA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - OVINOS/CAPRINOS

EM 30/08/2022

Estou com uma ovelha buchuda. E faz 3 dias que ela está mais deitada e triste e afastada das outras . Oque pode estar acontecendo com ela . Nunca tive ovelhas e agora estou preocupada. Será que ela está doente ?
DANIEL NEVES

EM 03/08/2022

Qual de os cuidados que temos na hora do parto se estiver presente apesar da observação que devemos de ter?
ROSANA SUZIGAN GONÇALVES

AMERICANA - SÃO PAULO

EM 28/01/2021

Minha carneira soltou a placenta mas nao criou
E ta adotando o filhote da outra o que eu faço Será que ela vai criar ainda depois que a placenta saiu
IGORKOVALHUK

PAULA FREITAS - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 12/06/2020

Eu tenho uma carneira que vez de sedo ela está quieta e éla foi pro pasto e comeu um pouco e vez das 2 horas da tarde so deitada. Oque será pode ser?
LUIZ CARLOS GUEDES

QUARAÍ - RIO GRANDE DO SUL - OVINOS/CAPRINOS

EM 04/05/2020

Muito interessante o texto ! Serve com certeza como aprendizado .
RONNY SANTOS

EM 24/05/2019

Estou vom uma ovelha amojada da raça dorpe, hoje ela demonstrou uns sinais meio estranho, tipo, ela se deita passa uns 20 minutos deitada e depois se levanta ela vai comer, com poucos minutos depois se repete a mesma coisa, o Que isso pode ser ?
JANYCLECIA COSTA

EM 25/02/2019

Estou com uma ovelha buchuda. E desde ontem a tarde ela está mais deitada e triste e afastada das outras . Oque pode estar acontecendo com ela . Nunca tive ovelhas e agora estou preocupada. Será que ela está doente ?
MARCOS VINICIUS APOLINARIO

EM 27/08/2018

Minha carneira pariu vimos o filhote e tudo mas depois de dois dias sumiu o que Fasso com a mãe pós está cheia de leite será que vai dar febre posso perde la ????
MARCIA MALLMANN

EM 21/05/2018

PArabens pelo artigo, muuto interessante. Gostaria de saber se seria inportante confinar a ovelha quando está prestes a parir e, se sim, como podemos identificar que faltam dois ou tres dias para parir. Temos ovelhas sufolk, texel e recentemente adquirinos 4 exemplares da raça ille de france, hoje ao chegarmos no sitio encontramos uma ille de france e sua cria recém nascida mortos, esta foi a primeira cria desta fêmea e ficamos nuito chateados com a perda. Se houver algo que pudermos fazer, seria otimo contar com sua ajuda.
MARCOS

FILADÉLFIA - BAHIA - OVINOS/CAPRINOS

EM 19/07/2016

bom dia,a ovelha quando pari é melhor deixar presa ou solta
VALDECIR KRESCH

ITAJAÍ - SANTA CATARINA

EM 28/05/2015

Valdecir kresch  Itajai S.C    Muito  bom este artigo. Tenho uma duvida um ovelha criou sozinha , e so demos conta depois   de 2 dias , já faz 17 dias q nasceu um filhote e ta vivo mas a vagina da mae q criou continua saindo um monte de coisa parece bem inchada e virada pra fora , que aparente não  estava assim ate uns 3 dias pos parto. Sera que ainda e` a placenta que ta limpando?
GABRIEL SILVA ALVES

SÃO SEBASTIÃO DO PASSÉ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/10/2012

boa noitei adorei esse artigo.

Gente preciso de um ajuda de vocês da farmpoint, tive até hoje 5 parições sendo 3 parições foram normais e 1 com feto morto gemeos e outra com feito morto porém a matriz está otima .Ambos animais com otimo escore corporal.

O que será que está acontecendo?o sistema é semi confinamento, durante o dia pasto e a noite concentrado de cevada e mineralização.

abraço a todos
DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/06/2011

Prezado Rodrigo,

Não vejo como o fornecimento do milho ao reprodutor poderia inibir a monta nas ovelhas, a menos que esteja sendo dado em grandes quantidades e em dietas desbalanceadas e causando distúrbios metabólicos como acidose ou urolitíase (cálculo urinário), ou se o carneiro estiver obeso.

Um abraço,

Déborah
RODRIGO

RIO GRANDE DO SUL

EM 30/06/2011

Quero parabenizar a todos que aqui postaram suas duvidas e tambem a todos que as responderam, isso ajuda a sanar duvidas de quem cria ovelhas, e a partir desta prerrogativa, venho aqui para postar minha duvida, uma certa vez um capataz de fazenda me disse que para o reprodutor, não se deveria fornecer farelo de milho que isso faria inibir a sua monta nas ovelhas, isso tem algum nexo?
DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/10/2008

Prezado Flávio Belmonte da Silva,

Aparentemente a tosquia pré parto tem dado resultados positivos, como citado em carta do Prof. Luiz A. O. Ribeiro. Isso provavelmente porque a tosquia funciona como um flushing, ou seja, a ovelha aumenta a ingestão de alimentos e acaba engordando, na tentativa de termorregulação - o que aumenta o peso do cordeiro ao nascer, além de levar a fêmea a procurar abrigo na hora do parto.

Acredito que a tosquia apenas da cabeça da ovelha seja para facilitar o contato visual com o cordeiro, e não uma forma de forçá-la a procurar abrigo.

Um abraço,
DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/10/2008

Prezada Zelia Ap. de Andrade Figueiredo,

Alguma situação de stress durante ou logo após o parto, como presença de cães ou outros predadores, ou até mesmo humanos, manejo incorreto do pós parto ou até mesmo um início de mastite, podem ser algumas das causas, além da desnutrição ou doença, entre outras, que levam uma ovelha a rejeitar a cria.
Procure verificar se nenhuma dessas situações ocorreu!

Um grande abraço,
DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/10/2008

Prezados Steffan Edward Octávio Oliveira e Luiz Alberto Oliveira Ribeiro

Realmente conseguimos entender os comportamentos atuais dos animais quando olhamos para a vida selvagem! E conseguimos melhorar e viabilizar as condições da atividade com pesquisas como essa sobre a Mortalidade Perinatal dos Cordeiros

No caso da tosquia pré parto acredito que é realmente por aí... a ovelha tosquiada sente mais frio, então tem que procurar um abrigo na hora da parição, o que acaba sendo benéfico para a cria!

Muito interessante essa troca de informações que o site possibilita!

Agradeço a participação de todos!
ZELIA AP. DE ANDRADE FIGUEIREDO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 01/10/2008

muito interessante esse artigo e as cartas...sempre aprendendo neste site. Tenho uma dúvida: o que faz uma mesma ovelha cuidar bem de um cordeiro em um parto e rejeitar o cordeiro em outro? Tive esse problema com uma ovelha Santa Inês de 3 anos. A ovelha não estava desnutrida ou doente.
FLÁVIO BELMONTE R. DA SILVA

SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ - RIO GRANDE DO SUL

EM 26/09/2008

Parabéns pelo artigo.
Achei muito interessante
Quanto à tosquia pré-parto, fiquei com algumas dúvidas uma vez que os partos, de um modo geral no RS, acontecem no inverno.

No caso, a tosquia não iria trazer mais maleficios do que benefícios?

Ainda quanto à tosquia, certa vez li neste mesmo site , uma carta de um leitor do RS (região serrana) informando que ali se costuma tosquiar a cabeça (apenas) da ovelhas para que as mesmas procurem abrigo quando frio. Este método já não seria suficiente?
Foi um prazer participar. Continuem.

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