Durante o período seco do ano os produtores sofrem com a falta de pastos, e a maneira para aliviar a escassez de alimento se encontra no fornecimento de silagem ou feno para os animais. Quando o planejamento alimentar é baseado na utilização de feno, este geralmente não é produzido na fazenda, tendo que ser comprado, o que eleva os custos da dieta.
Algumas dicas que devem ser observadas no lote para não comprar palha por feno:
a) Os fardos devem apresentar elevada quantidade de folhas e pouco caule;
b) Deve ser de cor verde marcante. Feno com aparência amarelada e/ou marrom pode ter sofrido elevado tempo de secagem no campo ou a armazenagem não foi adequada;
c) Os fardos não devem conter material estranho, como plantas daninhas;
d) O odor deve ser agradável e o material deve ter boa flexibilidade. Feno mofado, com outros odores, empoeirado e excessivamente seco devem ser evitados.
Além de todas as características visuais citadas anteriormente, é de grande importância que seja realizada análise química desse material. Dessa forma, o produtor terá a garantia que estará fornecendo alimento de boa qualidade e a um custo acessível.
Ao optar pelo conhecimento da composição química do feno, o técnico não deve se basear somente em teores de proteína bruta (PB), geralmente o mais comum, e como os comerciantes de feno têm realizado suas propagandas. Os valores de nitrogênio ligado a parede celular (NIDA), fibra em detergente neutro (FDN), bem como a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) também devem ser conhecidos, pois estas análises apresentam baixo custo e ainda dispomos de vários laboratórios no Brasil de fácil acesso.
Os teores de PB até podem estar dentro dos níveis que achamos adequados para determinadas espécies de forrageiras, porém, é necessário saber se essa proteína estará disponível para o animal. Quando analisamos um determinado alimento, consideramos que sua qualidade é função da sua composição, mas também é importante conhecer qual a disponibilidade biológica que este nutriente tem para o animal que for ingeri-lo. No caso dos fenos, podem ocorrer reações não enzimáticas entre os carboidratos solúveis e grupos aminas dos aminoácidos, resultando em compostos denominados produtos de reação de Maillard. A formação de produtos de Maillard em fenos promove diminuição acentuada na digestibilidade da proteína, uma vez que se pode observar aumento considerável nos teores de nitrogênio ligado a parede celular (NIDA), o qual não é disponível para os microrganismos do rúmen.
Em relação a análise de fibra, é importante ressaltar que no caso dos capins do gênero Cynodon (Coastcross, Tifton 85, Estrelas) os teores de FDN apresentados são geralmente elevados (65-70 % MS), o que é normal para as gramíneas de clima tropical, porém, estas espécies apresentam uma particularidade de possuir a fibra mais digestível em relação a outros gêneros (Panicum; Brachiaria). Para estas forrageiras o teor de FDN não deve ser o parâmetro ideal para rejeitar um lote de feno, devendo ser analisadas outras características do fardo.
Portanto, no momento de adquirir feno para a propriedade, vários fatores devem ser considerados em conjunto, como análises sensitivas (cor, odor, tato) e químicas do lote conforme foi comentado anteriormente. Feno é um alimento que não se compra por telefone, como geralmente é feito com concentrados (farelo de soja, milho e etc.), que têm poucas variações em sua composição química.
A seguir, encontra-se uma tabela para ser utilizada na avaliação visual do feno. Esta não possui a propriedade de definir a qualidade do alimento, porém pode auxiliar no ranking de determinados lotes no momento da compra.
Tabela para avaliação visual de feno