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Substituição de amido por resíduo fibroso como fonte de energia suplementar para vacas leiteiras mantidas em pastagens. Parte 3: Metabolismo Ruminal

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/10/2008

12 MIN DE LEITURA

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Neste mês discutiremos o efeito da redução no teor de amido na ração das vacas sobre o consumo de pasto. Os detalhes sobre a condução do experimento podem ser encontrados no artigo do mês de agosto deste ano.

A nutrição animal vem sendo estudada e aprimorada a mais de 200 anos. Ao longo destes anos, grandes avanços têm sido obtidos no tocante ao conhecimento da composição dos alimentos, das exigências nutricionais dos animais, da digestão e absorção dos nutrientes e, mais recentemente, do metabolismo pós-absortivo desses nutrientes. Estes avanços no campo da nutrição e o grande progresso genético alcançado nas últimas quatro décadas têm possibilitado aumento expressivo da produtividade animal nos sistemas de produção de leite.

Isto tem pressionado os produtores e nutricionistas a fornecerem cada vez mais alimentos concentrados e ricos em carboidratos não fibrosos para conseguir atender as exigências energéticas desses animais. Os grãos de cereais, com destaque para o milho, têm se constituído na principal fonte concentrada de energia nas rações para altos desempenhos de bovinos de leite e de corte. Três aspectos importantes têm levado ao questionamento do uso intenso de grãos de cereais nas rações para bovinos: 1) competição por alimentos com o homem; 2) riscos de distúrbios metabólicos para os animais e 3) tendência de alta dos preços de grãos de cereais, com a demanda mundial crescente por etanol.

A principal e grande virtude dos ruminantes é a conversão de alimentos fibrosos em produto animal, processo possível devido à simbiose com microrganismos que habitam o seu retículo-rúmen, e que convertem boa parte dos componentes da dieta em uma fração importante chamada proteína microbiana. A mensuração da produção de proteína microbiana e o perfil de fermentação de novos alimentos tem sido uma importante área de estudo na nutrição desses animais.

Assim, quando queremos incluir um novo alimento na ração de vacas leiteiras, deveremos primeiramente saber qual será o comportamento deste alimento no trato digestivo do animal, quão intensa será a utilização deste pelo microbiota no retículo-rúmen e quão digestível será no intestino, qual é o seu padrão de fermentação e possíveis riscos de desordens metabólicas. Pensando nisso, o meu trabalho de tese avaliou os parâmetros ruminais dos subprodutos, alguns serão apresentados a seguir.

Perfil de ácidos graxos, teor de amônia e pH ruminal

Os ácidos graxos de cadeia curta, ou comumente chamados de ácidos graxos voláteis (AGV), podem ser vistos como o resíduo da degradação da dieta promovida pelos microrganismos ruminais. Entretanto, o que é descartado pelas bactérias é de suma importância para a vaca, pois os três principais ácidos graxos voláteis (acetato, proprionato e butirato) fornecem a maior parte da energia requerida pelo animal. Assim, dada a sua importância, modificações nas quantidades ou proporções desses ácidos são rapidamente sentidos no desempenho do animal.

A amônia é a principal fonte de nitrogênio usada para a síntese de proteína microbiana, sendo o produto final resultante do processo fermentativo de proteína ocorrida no rúmen. Segundo pesquisas, as concentrações de N-NH3 superiores a 50 mg/100 mL de fluido representam um excesso que não é utilizado para a síntese microbiana. A produção e absorção excessivas de amônia aumentam a excreção de nitrogênio e o custo energético de produção de uréia. O excesso de amônia é excretado via urina e pode contaminar solos e cursos d´água próximos a centros criatórios.

A degradabilidade ruminal da proteína dietética leva à conversão da mesma até amônia. Quanto maior for a degradabilidade da proteína da dieta, maior será a produção de amônia ruminal e, provavelmente, maiores serão as perdas urinárias de compostos nitrogenados na forma de uréia, caso essa amônia não seja totalmente utilizada dentro do rúmen ou caso seja liberada acima da capacidade de incorporação pelas bactérias ruminais.

O pH é um fator importante na atividade proteolítica do rúmen e o valor ótimo varia entre 6 e 7, sendo que, para grande número de microrganismos, a atividade máxima se situa em torno de 6,5. Com redução moderada do pH ruminal, até aproximadamente 6, a digestão da fibra decresce sem influenciar o número de organismos fibrolíticos. Porém, com redução para a faixa de 5,5 a 5,0, ocorre diminuição do número de microrganismos fibrolíticos, como também da taxa de crescimento, podendo causar inibição na digestão da fibra.

A seguir, serão apresentadas as avaliações desses três parâmetros nos experimentos que estudaram a substituição de milho por resíduos fibrosos na ração de vacas leiteiras. As Figuras 1 e 2 referem-se ao estudo com Refinasil, 3 e 4 com caroço de algodão, 5 e 6 com farelo de trigo e 7 e 8 com casca de soja.

Figura 1. Concentrações totais de AGV, relações C2:C3, concentrações de amônia e pH ruminal de vacas alimentadas com níveis crescentes de Refinasil em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa do ano.


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Figura 2. Concentrações ruminais dos ácidos graxos voláteis de vacas alimentadas com níveis crescentes de Refinasil em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa do ano.


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A redução no teor de amido do concentrado com a substituição do milho moído pelo refinasil não afetou nenhum dos parâmetros ruminais estudados. Esperava-se aumento no pH ruminal, na concentração de nitrogênio amoniacal e na relação dos ácidos graxos acetato:proprionato (C2:C3) com a redução de amido e aumento no teor de FDN do concentrado, mas isso não aconteceu.

Normalmente, o que se verifica com a inclusão de altos níveis de refinasil nas rações de bovinos, em substituição parcial a volumosos, é uma queda na concentração molar de acetato e aumento na de propionato, o que foi observado por vários autores que relataram suas pesquisas na literatura. Entretanto, há relatos de que quando o refinasil foi adicionado à ração (de 20 a 40% da MS total) substituindo milho grão e soja, houve um aumento na concentração molar de acetato e diminuição na de propionato, provavelmente devido à menor concentração de amido da ração.

O refinasil tende a diluir a concentração de amido em rações ricas em grãos, minimizando quedas acentuadas no pH após as refeições e, portanto, podendo melhorar o ambiente ruminal e assim reduzir problemas de acidose e laminite, possibilitando aumento de desempenho. Esta característica é muito interessante para animais de alta produção de leite e animais de corte confinados, que estão sujeitos a estes problemas. Entretanto, com vacas a pasto, normalmente esse benefício não é tão proeminente devido ao fato da ração controle não ser muito desafiadora.

Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis totais, relação C2:C3, amônia e pH ruminal de vacas alimentadas com níveis de caroço de algodão em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


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Figura 4. Concentração de ácidos graxos voláteis totais de vacas alimentadas com níveis de caroço de algodão em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


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O pH ruminal não foi afetado pelos tratamentos onde se substituiu o milho grão moído fino por caroço de algodão, apresentando valor médio de 6,13. Na análise de perfil pode-se observar que o pH sempre se manteve acima de 6,0 não comprometendo portanto a degradação da fibra. Se observarmos a literatura, o pH ruminal geralmente não é afetado pela inclusão de 15 ou 16% de caroço na ração. Por outro lado, maior pH foi encontrado em estudos com inclusões superiores a 15% de caroço na ração, variando de 15 a 30%.

Em alguns estudos, o caroço de algodão não afetou a fermentação ruminal. Em outros, a relação acetato:propionato aumentou com o concomitante aumento de caroço na dieta, enquanto que em outros esta relação diminuiu. Assim, observa-se que ocorrerá uma flutuação na resposta à suplementação com caroço de algodão dependendo das particularidades fermentativas de cada dieta basal.
Em nosso estudo com caroço de algodão, a concentração de butirato não foi modificada, o que discorda de alguns estudos, mas concorda com várias outras. Entretanto, de maneira geral, e para inclusões de até 15% na ração, não se observa variação nos AGV em dietas contendo caroço de algodão. Isto sugere que o lipídio do caroço pode ser liberado lentamente dentro do rúmen, ou que mesmo com a ruminação, boa parte deste fica encapsulado dentro do caroço.

A concentração de amônia ruminal aumentou com a inclusão do maior nível de caroço na ração (cerca de 21%), concordando com alguns dados de pesquisas anteriores. A alta degradabilidade da proteína do caroço pode ser uma das explicações para este aumento. O aumento de amônia pode indicar baixa atividade de bactérias celulolíticas, pois caso a demanda por nitrogênio para síntese microbiana diminua, a tendência é de aumento de sua concentração. Por outro lado, alguns experimentos não observaram modificação na concentração de amônia ao incluírem 20% de caroço de algodão nas dietas, sugerindo que desde que a dieta basal forneça subsídio, a fermentação não será prejudicada.

A concentração média em nosso estudo foi de N-NH3 no rúmen foi de 34,86 mg/dL. Esse valor é aproximadamente cinco vezes superior ao mínimo preconizado para que não afete o crescimento microbiano, e também superior aos 20 mg/dL sugeridos para animais em produção, sendo portanto, suficiente para garantir a maximização da fermentação microbiana.

O uso de caroço aumentou a concentração de amônia ruminal e de N-uréico do leite. Com base nisso, pode se concluir que pode ter ocorrido uma falta de sincronia entre degradação ruminal da proteína e da energia, resultando em redução na síntese de proteína microbiana, uma vez que as bactérias ruminais necessitam de ambos simultaneamente. Além da falta de sincronia, pode ter ocorrido limitação de energia, uma vez que o caroço de algodão apresentou baixa degradabilidade ruminal.

Figura 5. Concentração de ácidos graxos , pH ruminal e concentração de amônia de vacas alimentadas com níveis de farelo de trigo em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa.


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Figura 6. Concentração de ácidos graxos voláteis de vacas alimentadas com níveis de farelo de trigo em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa.


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No experimento com farelo de trigo, a concentração total de AGV não foi afetada pelos tratamentos. Embora a concentração total dos AGV não tenha sido afetada, a proporção molar de acetato diminuiu e a proporção de propionato aumentou quando as vacas receberam farelo de trigo, o que diminuiu a relação acetato:propionato de 2,98 para 2,60, com concomitante redução do pH ruminal. A concentração de amônia foi de 14,8 mg/dL.

Entretanto, normalmente com rações contendo abaixo de 14% de farelo de trigo e em substituição ao milho, não ocorre diferença na concentração dos ácidos graxos voláteis e na relação acetato:proprionato, quer seja na presença e ausência de bicarbonato de sódio em substituição parcial ao milho e ao farelo de soja, em rações a base de silagem de alfafa, silagem de milho, milho grão ou farelo de soja.
A concentração total de AGV durante o dia foi afetada pelos tratamentos e relação acetato: proprionato, embora numericamente, foram bastante distintas durante o dia, durante a noite, e em relação a média diária.

Durante o dia a inclusão de farelo de trigo reduziu a relação C2:C3, enquanto que a noite ela aumentou. A proporção relativa dos diferentes AGVs produzidos varia amplamente, dependendo dos componentes químicos degradados e do pH ruminal, que numericamente foi menor durante o dia com a inclusão de farelo de trigo. Maiores proporções de propionato são produzidos na degradação da hemicelulose, enquanto que com a degradação dos carboidratos solúveis da planta (amido e açúcares), o padrão de produção de AGVs é alto tanto em proprionato, quanto em acetato e baixo em butirato.

Em contrapartida, a degradação de amido de cereais produz alta concentração de propionato. A proporção molar típica dos AGVs, produzidos quando o animal alimenta-se basicamente de forragens, representa uma relação de 73:20:7 (acetato; propionato; butirato), comparado com 60:30:10 em misturas de concentrado e forragens, e somente com concentrado obteve uma relação 50:40:10.

O pH observado no presente estudo (6,23) é considerado não limitante para digestão ruminal, uma vez que o pH é um fator importante na atividade proteolítica do rúmen e o valor ótimo varia entre 6 e 7, sendo que, para grande número de microorganismos, a atividade máxima se situa em torno de 6,5. Existem afirmações de que o pH ruminal é relacionado com a concentração de AGV, com a sua absorção no rúmen, com o fluxo da água através da parede ruminal, como fluxo da saliva e dos seus constituintes tamponantes dentro do rúmen, além da acidez dos alimentos e do fluxo direto da água do abomaso para os intestinos.

Figura 7. Concentração de ácidos graxos voláteis, amônia e pH ruminal de vacas recebendo níveis crescentes de casca de soja em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


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Figura 8. Concentração de ácidos graxos voláteis de vacas recebendo níveis crescentes de casca de soja em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


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De maneira geral, os tratamentos com casca de soja não afetaram os parâmetros avaliados. A alta fermentabilidade da fração FDN presente na casca de soja pode permitir alta fermentação ruminal, possivelmente resultando em maior concentração de ácidos graxos voláteis. Entretanto, a extensão desta degradação é muito dependente das condições da dieta. Por outro lado, quando se inclui altas quantidade de casca na dieta, entre 45 e 60%, ocorre um aumento linear na concentração de ácidos graxos voláteis totais e na relação acetato:proprionato.

A concentração de amônia ruminal não teve esfeito estatístico. Entretanto a literatura relata que a concentração de N-NH3 no fluído ruminal de vacas leiteiras alimentadas com casca de soja em substituição ao grãos de cereais varia amplamente nos estudos relatados na literatura.

Considerações finais

Os experimentos realizados também mostraram que a redução de amido promovida pelos tratamentos impostos, não resultaram em significativa melhoria de ambiente ruminal. As alterações observadas nas produções e concentrações de ácidos graxos voláteis e nas flutuações do pH ruminal foram bastante discretas. Todos os tratamentos estudados não promoveram severa redução do pH ruminal e as concentração de amônia não estiveram em concentrações que limitasse a síntese de proteína microbiana.

Observa-se uma redução do pH ruminal em vacas leiteiras em pastejo e suplementadas com concentrado, em quantidade superior a 8 kg de MS/dia. Observa-se interação com a quantidade, tipo de concentrado suplementado, o consumo de matéria seca e a qualidade da forragem (ex. estágio de maturidade e conteúdo de FDN) com o comportamento do pH ruminal.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/12/2009

Prezado Fábio,
O farelo de arroz e o farelo de trigo são bons alimentos. Para se utilizar um ou outro, procure substituir até dois terços da quantidade de milho na ração, caso fosse utilizar só milho como fonte energética. Por exemplo, se fosse usar 1 kg de milho, pode-se substituir esse 1 kg de milho por até 667 gramas de farelo de arroz ou farelo de trigo e completar as 333 gramas restantes com milho.
FABIO TAVEIRA SANDIM

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/12/2009

Bom Dia, Junio.

Temos uma Produção de +- 7 Litros por vacas dia em uma ordenha diaria, e alguns animais que produzem mais, produzindo de 13 a 14 litros de leite em duas ordenhas para esses animais.

Vamos começar a fornecer de 2 a 4 kg de ração dia porque só a pasto esses irão começar a cair em produção, os produtos de mais facil acesso para aquisição são milho, farelo de soja, farelo de arroz e também farelo de trigo. Entre esses dois ultimos qual seria o melhor para misturar com milho e farello de soja.

E qual proporção de cada um dos tres produtos escolhidos na formulação de uma ração. Fico agradecido se puder me dar uma sugestão.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2009

Prezado Eraldo.
A minha sugestão é, faça uma tentativa, se funcionar, continue, caso contrário, interrompa a nova rotina. A atividade de alimentar-se provoca um maior aumento na temperatura corporal quando comparado com as atividades de ócio (vaca parada sem fazer nada) ou até mesmo ruminando, quer seja deitada ou de pé. Assim, caso o ambiente não esteja adequado, mesmo com comida a disposição, a vaca pode decidir por não comer, a fim de minimizar a produção de calor, o que poderia levá-la a estresse calórico. O resultado dessa tentativa dependerá do tipo de alimento, do ambiente e do nivel de especialização/rusticidade dos animais.
ERALDO PINHEIRO

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/01/2009

Bom dia.
Tenho uma situação parecida. Forneço concentrado apos as ordenhas, 8 horas e 20 horas. Devido ao clima quente, os animais nas horas quentes do dia procuram a sombra, pretendo colocar parte do concentrado junto com volumoso - cana picada - e fornecer aos animais em ambiente ventilado e sombriado nas horas mais quentes do dia. Gostaria de uma sugestão.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/11/2008

Prezado Dr. Regis.
É um pouco desconfortável dar um "chute no escuro", mas farei alguns comentários que talvez lhe ajude a encontrar o problema. Os capins utilizados são bons, desde que bem manejados, quando passam a ter valor nutritivo interessante. Somente o sistema de manejo adotado na pastajem (sistema de lotação rotacionada ou contínua) não é suficiente para melhorar a qualidade do volumoso oferecido aos animais. Fatores como intervalo de desfolha (ou seja, o período de descanso) e a taxa de lotação (que afeta a oferta de forragem) são fatores muito importantes e as vezes niglegenciados.

Outro ponto a ser observado é o balanceamento dos nutrientes da dieta. Não se encontra com grande facilidade vacas leiteiras mantidas em sistemas de pastagem com condição corporal em excelente estado. Se isso acontece, possivelmente dois fatos estão acontecendo: ou a dieta está muito rica em energia, ou o desempenho produtivo está baixo. Nesta sua situação, caso os animais consumam apenas pasto e cevada, essa ração pode estar com falta de Proteína, logicamente, dependendo da produção de leite. Uma solução para adequar, se esse for o problema, seria a inclusão de uréia e proteína verdadeira na dieta (farelo de soja, farelo de algodão, etc.).

Veja também outros possíveis problemas como: mastite, problemas de casco, estresse térmico, presença de lama (barro) nas instalações, ordenha com teteiras velhas, ordenhador ineficiente, índice de endo e ectoparasitas, micotoxinas em algum alimento, etc. Espero ter ajudado.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/11/2008

Prezado Duilio.
As vacas receberam o concentrado em duas doses diárias, após a ordenha da manhã (por volta das 8 horas) e após a ordenha da tarde (por volta das 18 horas). O fornecimento no horário mais quente do dia (das 12 às 16 horas) provavelmente não melhoraria o ambiente ruminal, pelo contrário, poderia piorar. A explicação é devido ao fato de que os animais consumiam cerca de 3,5 kg de concentrado as 8 da manhã. Por volta das 8:45 hs eram encaminhados para pasto onde permaneciam até por volta das 11:30 hs. Após, eram encaminhadas para a área de sombra (descanso) onde permaneciam até a ordenha da tarde sem consumir alimento algum. Como não consumiriam volumoso, um novo fornecimento de concentrado certamente abaixaria o pH ruminal e causaria malefícios.

Uma solução a ser pensada seria trocar o fornecimento de concentrado das 8 hs para as 11:30hs, mas isso poderia induzir as vacas a saírem do pasto mais cedo, reduzindo o consumo de forragem, o que não é desejável. Também, consumir o concentrado as 11:30 hs, sabendo-se que somente voltariam a consumir volumoso por volta das 18:45hs, é um fato preocupante, pois certamente também afetaria o ambiente ruminal. Por fim, a única solução que poderia ser estudada seria reduzir a quantidade de concentrado fornecido pela manhã (1 kg, por exemplo), fazendo com que as vacas fossem mais cedo para o pasto e consumissem mais forragem (maior tempo de pastejo), e uma vez na sombra entre as 12 e as 16:00hs, fornecer o restante da dose de concentrado que seria oferecido pela manhã, acompanhado de alguma fonte de volumoso, mesmo que em pequena quantidade, apenas o suficiente para formar um lastro no rúmen. A noite voltaria a fornecer a dose normal, visto que após a ordenha da tarde as vacas fazem a sua principal refeição de volumoso do dia, cerca de 3 a 4 horas de pastejo ininterrupto, então, uma ingestão de 3,5 kg de concentrado não causará problemas de abaixamento de pH.
REGIS HAMPEL DA CUNHA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/11/2008

Bom dia Dr. Junio, estou situado em Angola, na Africa, a 80 Km da capital Luanda, estamos produzindo leite aqui, com gado Girolando importado do Brasil, o clima aqui é semi árido, estamos trabalhando com Pastagem de Brachiaria e tanzania com sistema rotativo vuazan. Devido as dificuldades de logistica e por não termos no mercado aqui rações para bovinos, estamos produzindo milho irrigado adicionando premix importado do Brasil, e usando cevada que é uma matéria prima abundante aqui devido ao alto consumo de cerveja.

A situação corporal do nosso rebanho é excelente, acima da media, estamos com intervalo entre partos de 13 meses, e bezerros ótimos, mas a produção de leite esta abaixo do esperado, noto que na eventualidade da falta de cevada os indices baixam radicalmente. Pergunto-lhe se há algum produto que possamos adicionar a nossa dieta alimentar para suprir as deficiencias alimentares que temos aqui em Angola, que seja não perecivel, para que possamos importar para cá.

Certo de sua atenção,

Atenciosamente,
Dr.Regis Hampel da Cunha
DUILIO MATA DE SOUZA LIMA

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/11/2008

Boa noite e parabéns pela tese de doutorado. Fiquei com uma dúvida e gostaria de esclarecê-la. Quantas vezes no dia as vacas eram suplementadas com concentrado? Gostaria de saber também se fizesse uma refeição durante o período mais quente do dia poderia ocorrer um aumento da IMS e consequentemente uma melhora no perfil ruminal e incremento de produção?
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/11/2008

Prezado Túlio.
A produção de leite foi apresentada no artigo do mês de agosto, veja no histórico ou neste link: https://www.milkpoint.com.br/?noticiaID=47452&actA=7&areaID=61&secaoID=176
A redução da energia na dieta nem sempre é uma realidade quando se troca amigo por resíduo fibroso. Assim, a substituição de milho por polpa cítrica, casca de soja, refinasil e farelo de trigo podem ser feitas sem grandes preocupações. Por outro lado, inclusões de mais de 15% de caroço ne algodão na ração total deve ser vista com cuidado, pois pode reduzir o consumo de alimento e conseguentemente a produção de leite, conforme apresentado no artigo de agosto.
Vacas recebendo dietas de alto concentrado necessitam de um mínimo de FDN fisicamente efetivo, responsável por manter a saúde ruminal. A fonte utilizada é de certa forma independente, pode ser um feno de baixa qualidade, caroço de algodão, etc.
TULIO GOMES SCHERR ZOUAIN

IÚNA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/11/2008

Prezado Junio, gostei muito do artigo, só que gostaria de receber informações sobre as flutuações da produção de leite dos animais do experimento. Certamente quando substituimos milho por farelo de trigo, casca de soja, ou refinazil é provável que haja queda na produção ou perda de condição corporal devido à diminuição da energia da dieta.

Gostaria de saber o que fazer para sincronizar as degradações da proteína e energia ruminal no caso de suplementação com caroço de algodão ou se realmente é falta de carboidratos livres. Gostaria de saber também qual sua opinião sobre suplementação com caroço de algodão visto que esse esteja tão caro no mercado ultimamente.

Existe recomendação técnica para suplementar pelo menos um pouco (aumentar fibra, gordura não degradável no rúmen, incremento do colchão fibroso para vacas com baixo fornecimento de fdn efetivo?)
JUNIA POUSA DE OLIVEIRA RABELO

SANTO ANTÔNIO DO AMPARO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2008

Sou um produtor de leite. Nao temos uma política séria nem mesmo como sobreviver a uma grande crise no setor leiteiro. Existe boato de grandes empresas do setor lácteo com poblemas financeiros. Pergunta:
A saída é o abate do rebanho aproveitando o bom preço da arroba, evitando um prejuízo por tempo indeterminado? Resumindo, evitar falência saindo da profissão.

glar.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/10/2008

Prezado Genesmar.
Sua pergunta destoa do assunto aqui em questão, mas tentarei ajudá-lo. Normalmente os bezerros (machos) são descartados nas granjas leiteiras, mas acho que o Sr. se referiu as bezerras, ou usou o termo bezerros para se referir a ambos os sexos. Bom, o conhecimentos que temos é mais voltado às bezerras.

São raras as propriedades que criam o macho com disciplina a fim de levá-lo a ser reprodutor ou doador de sêmen. Existem vários métodos para criação de bezerras, dentre os quais, o método do desaleitamento precoce e recria em casinhas é um dos mais utilizados e recomendados. Nesta fase e até cerca de 60 dias de idade a bezerra recebe concentrado e uma fonte de volumoso, normalmente um feno de boa qualidade. Não acho interessante, portanto, o fornecimento de cana para animais muito jovens, deixe-a para animais com pelo menos 120 dias de idade.

Quanto ao capim elefante, independente da cultivar ou variedade, não há restrições para o seu fornecimento a qualquer categoria animal. A concentração de nutrientes de uma forrageira qualquer é maior quanto mais jovem ela for. Entretanto, se muito jovem, o teor de umidade é muito elevado. Assim, existe uma idade ideal para que os animais consumam, que no caso do capim elefante varia de 19 a 25 dias de crescimento. Entretanto, para manejos intensivos, a adubação e manejo adequado da pastagem é imprescindível.
GENESMAR SILVA DA CUNHA

ARAPUTANGA - MATO GROSSO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 12/10/2008

Boa tarde, gostaria de saber com que idade devo dar cana triturada para aumentar o volumoso com raçao para os bezerros? E que teor de vitaminas e proteinas tem o capim anapie para os bezerros?

Estou pensando em plantar, pois meus vizinhos deram mudas para mim. mas gostaria de saber o valor nutritivo para os bezerros e vacas em lactaçao de media de 10 a 15 litros. Desejo melhorar o meu manejo, ja visto que nao tenho muita experiencia pois estou entrando no mercado do leite agora.

Muito obrigado pela atençao.
Cunha

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