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As afecções de casco no sistema de produção da Nova Zelândia (parte 2)

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/06/2007

4 MIN DE LEITURA

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Nova Zelândia X Brasil, dicas práticas de manejo. O sistema de produção de leite na Nova Zelândia apresenta aspectos que podem ser utilizados como exemplo na exploração leiteira de muitas regiões do Brasil. No primeiro artigo sobre este tema foi apresentado a taxa de ocorrência e a distribuição das diferentes afecções podais na Nova Zelândia. Foi também abordado que os principais fatores predisponentes da claudicação naquele país são a pouca manutenção dos corredores de circulação dos animais, a maneira impaciente, com a qual os animais são conduzidos quando se dirigiam à ordenha, e as distâncias percorridas diariamente pelas vacas.

Os corredores de circulação merecem especial atenção no momento da elaboração do projeto da fazenda, bem como no momento de sua execução. Um corredor ideal deve ser construído um pouco acima do nível das cercas do pasto. A área do corredor deverá ser bem compactada e, sobre a base já compactada, deve-se acrescentar um material não abrasivo que também deverá ser compactado com um rolo de compactação. Além disso, a superfície do corredor deverá ser levemente abaulada para permitir a drenagem da umidade.

Recomenda-se uma inclinação de 3 a 5% (não mais de 8% para não comprometer o conforto animal). A umidade deverá ser drenada para as laterais e deverá ficar acumulada do lado de dentro da cerca (do lado do pasto) para evitar erosão da área do corredor.

A área do corredor que apresenta um manejo mais difícil é o local da junção entre o corredor e o concreto do pátio que reúne os animais para a ordenha. Esta área está sempre úmida devido à água de limpeza da ordenha; esta umidade favorece o aparecimento de pedras e pedregulhos que, na maioria das vezes, são levados com o deslocamento dos animais para o concreto. Os animais não gostam de ficar nesta área devido ao desconforto causado nos cascos pelos pedregulhos e por isso, respondem a este desconforto defecando e urinando, piorando ainda mais a condição do local.

Além das instalações e da manutenção dos corredores de circulação, existem muitos fatores do comportamento animal que estão associados com a ocorrência de problemas de casco. Para manejar bem as vacas leiteiras é importante conhecer alguns aspectos de seu comportamento. Observe abaixo uma lista de 8 importantes aspectos do comportamento das vacas leiteiras.

1-As vacas têm uma ordem para o deslocamento nos corredores e uma outra ordem para a entrada na ordenha. Quando as vacas chegam à sala de espera da ordenha, elas precisam de um certo tempo para reorganizar a ordem de entrada na ordenha.

2-As vacas caminham e permanecem em estação com a cabeça voltada para o chão. Com liberdade para levantar e abaixar a cabeça as vacas podem escolher o melhor local para apoiar os cascos. Se as vacas estão com as cabeças levantadas quando estão no corredor ou na sala de espera da ordenha é sinal que elas estão sem espaço e apertadas. O posicionamento do casco estará sempre comprometido nestes casos.

3-As vacas respondem deslocando quando manejadas somente com a voz. Quando tocadas com uma voz calma as vacas caminham sem estresse, resultando em um bom fluxo no corredor.

4-No deslocamento natural o casco posterior deverá ocupar o mesmo local que o anterior durante a passada. Sobre pressão, estresse ou superfícies que causam dor nos cascos, as passadas ficarão mais curtas, forçando a vaca a perder a posição segura encontrada para o casco anterior.

5-As vacas evitam se chocar com outras vacas lateralmente. As vacas precisam de espaço nas áreas de manejo para evitar os choques laterais, que causam desconforto e estresse. (a recomendação na Nova Zelândia para o espaço na sala de espera da ordenha é 1,3 m2 para as vacas Jersey e 1,8 m2 para a Holandesa Frísia)

6-As vacas têm distâncias mínimas de segurança. Se outro animal ultrapassar esta distância, a vaca ira reagir empurrando ou fugindo. Cada rebanho responde de uma forma diferente a esta distância de segurança. Se o rebanho é manejado com calma e a vaca aprendeu a confiar nos funcionários, esta distância será muito pequena.

7- As vacas dominantes determinam a velocidade do deslocamento do rebanho. Tocar e pressionar as últimas vacas do corredor, não irá modificar a velocidade do deslocamento e irá somente causar a compactação dos animais, já que elas não irão ultrapassar as vacas dominantes. E quanto maior a compactação e o estresse, maiores serão as chances de lesões no casco.

8-Vacas são animais que gostam de rotina e hábitos. Todas as atividades do rebanho deverão ser feitas nos mesmos horários, todos os dias. Até a forma de abrir os portões devem ser a mesma para evitar surpresa nas vacas e ações súbitas de mudança de posição dos cascos.

Todos estes aspectos ligados ao comportamento e a forma de deslocamento visam favorecer a saúde do casco, já que ao movimentar o corpo subitamente as vacas torcem os cascos sobre o piso e forçam a região da linha branca, podendo causar gradativamente, a cada mudança súbita de posição, a abertura a linha branca, traumas e injúrias nesta importante região do estojo córneo.

Segundo o levantamento apresentado no artigo anterior as injúrias na sola e a doença da linha branca representam 66% das lesões podais encontradas nas vacas leiteiras da Nova Zelândia.

Figura 1. Doença da linha branca e pedregulho alojado na área da lesão.


Fonte:

Chesterton, N. Lameness under grazing conditions. In: International Symposium and Conference on Lameness in Ruminants, 14., 2006, Colonia del Sacramento. Proceedings. Colonia del Sacramento: {s.n.}, 2006.

Tranter, W.P.; Morris, R.S. Hoof growth and wear in pasture-fed dairy cattle. New Zealand Veterinary Journal 40, 89-96, 1992.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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CARLOS OTÁVIO MADER FERNANDES

CONCÓRDIA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/12/2007

Parabéns pelo excelente artigo, os itens abordados sao de extrema importância, principalmente em nossa região, com solos pedregosos e topografia inclinada.

Em qualquer sistema de produção os problemas de cascos são um dos principais fatores de descarte de vaca, pois existe inteligação entre nutrição, fertilidade e problemas de casco.

Gostaria de um maior aprofundamento nestes aspectos, principalmente relacionando problemas de casco, com a raca da vaca e com a nutrição.

Espero o próximo artigo..
ANTONIO ROBERTO R. MIRA JUNIOR

PONTE NOVA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/06/2007

Parabéns pelo artigo, acho que os item abordados são de extrema importância em um sistema de criação a pasto. E ainda mais hoje, que os problemas podais correspondem a uma boa parte do descarte de animais em algumas propriedades.

Espero o próximo artigo...
PAULO R. F. MÜHLBACH

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/06/2007

Parabéns, ótimo artigo. Como pode ser depreendido, a propalada produção de leite "a pasto" não é tão simples assim, e o planejamento, construção e manutenção dos corredores de circulação tem esses custos que deveriam ser computados no sistema.

Em razão da contínua compactação do solo e dificuldade de drenagem, na prática, em nosso meio, os corredores de circulação muitas vezes tornam-se verdadeiros lodaçais aos quais as vacas em lactação são submetidas diariamente, com todo o ônus e estresse que o artigo bem apresenta.

Se lá na Nova Zelândia, com décadas de experiência na produção a pasto e rebanho mais rústico (média de 12 litros/dia) e adaptado, a questão é um problema, imagine-se nas nossas condições, onde não há muito conhecimento de comportamento e demanda etológica de uma vaca leiteira, os efeitos desse "manejo" na condução diária de vacas de maior produção...
ROGERIO EDUARDO DE SOUZA JUNIOR

PASSOS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 12/06/2007

Muito bom o artigo, que foi abordado de forma prática e objetiva, ou seja, apto para ser adotado por produtores. Parabéns.

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