De modo geral, podemos pensar em dois grandes grupos ou fatores: externos e internos.
Fatores externos
São aqueles que estão em um contexto maior, além da propriedade, e sobre os quais o proprietário não tem controle. Dessa forma, ele precisa saber identifica-los para trabalhar sob sua influência da melhor maneira possível, ou seja, ter estratégias para cada ocasião. Podemos citar como fatores externos:
- condições edafoclimáticas;
- políticas governamentais;
- legislação vigente;
- preço de insumos;
- preço pago ao produtor;
- transporte;
- política de crédito rural;
- disponibilidade de assistência técnica especializada, dentre outros.
Fatores internos
São aqueles que estão sob controle do proprietário e para os quais há necessidade de ferramentas de monitoramento para avaliação e análise sobre necessidade de mudança. Podemos citar como fatores internos:
- produtividade;
- eficiência técnica;
- investimento em tecnologia;
- sistema de gestão;
- mão de obra qualificada;
- taxa de lotação das pastagens;
- grupo genético dos animais, dentre outros.
Identificação de situações práticas
A partir desses fatores foram pesquisados artigos publicados para identificar quais deles são mais citados e relacionados com o resultado econômico. Acompanhe a seguir.
De modo geral, observa-se que os produtores mais eficientes, que são aqueles que obtém maior margem bruta, conseguem atingir maior eficiência e produtividade no uso dos fatores de produção como terra, animais, pastagem, alimentação e mão de obra. Uma pesquisa realizada com produtores rurais por Mondaini revelou que o uso de concentrado na alimentação das vacas apresentava relação inversa com a rentabilidade, ou seja, quanto mais concentrado, menor rentabilidade, e com isso também verificou que a qualidade do volumoso tem influência por permitir a redução do uso de concentrado. Outra situação apontada foi a relação do volume de produção com a produtividade e a eficiência econômica, indicando uma possível existência de economia de escala na atividade, ou seja, os produtores mais eficientes economicamente têm um aproveitamento mais racional dos recursos disponíveis.
Buss e Duarte (2010) publicaram um trabalho no qual identificaram que a criação de bezerros e a venda de vacas de descarte influenciaram o resultado econômico. Ao analisar uma propriedade leiteira constataram que somente a receita da produção de leite não foi suficiente para cobrir todos os custos da atividade. Os pesquisadores também relataram que a baixa produtividade da terra (área maior que a necessidade real para o rebanho) somada à baixa produtividade animal apresentava efeito negativo no desempenho da atividade por aumentar o custo de produção do sistema. A mesma pesquisa ainda revelou o efeito do preço pago ao produtor no resultado da atividade, pois chegou a constar uma variação de 22% de um mês para outro, com oscilações de quase 60% entre os meses de julho, mês do preço mais alto, e dezembro, mês do preço mais baixo.
Em estudo realizado por Cordeiro et al. (2013) em uma propriedade concluiu que a disponibilidade de forragens aos animais era um ponto crítico que afetava os lucros, enquanto os achados de Madke (2013) mostraram que a baixa qualidade do rebanho e ausência de manejo reprodutivo e sanitário eram as situações que comprometiam a atividade.
Recentemente, Souza et al. (2013) mostrou a influência da alimentação dos animais tem na produtividade e no lucro, indicando que fontes alternativas de alimentos à ração foram capazes de manter a produtividade semelhante à média regional.
Santos e Lopes (2012) concluíram que os gargalos responsáveis pela margem bruta negativa no seu estudo ocorreram devido à dois fatores: mão de obra com custo excessivo e preço do leite baixo.
Não há muitos artigos publicados sobre resultado econômico da produção leiteira, sendo importante a exploração dessa temática para contribuir com a atividade. Entretanto, nos artigos encontrados foi possível verificar que a maioria identifica os fatores internos como os maiores responsáveis pelo resultado. Dessa forma, o produtor precisa monitorar e avaliar constantemente seus indicadores para promover melhorias em busca de maior lucratividade.
Referências bibliográficas
MONDAINI, I.; VIEIRA, A.P.; VEIGA, R.D.; TEIXEIRA, S.R. A rentabilidade da atividade leiteira: um caso de produtores no médio paraíba do estado do Rio de Janeiro. Cad. Adm. Rural, Lavras, v. 9, n. 1. Jan./Jun. 1997.
BUSS, A. E; DUARTE, V. N. Estudo da viabilidade econômica da produção leiteira numa fazenda no Mato Grosso do Sul. Custos e @gronegócioonline - v. 6, n. 2 - Mai/Ago - 2010.
CORDEIRO et al. Análise de diagnóstico de produção leiteira de uma propriedade do interior do município de Jóia. Modalidade do trabalho: Relatório técnico-científico. Evento: XIV Jornada de Extensão. 2013.
MADKE et al. Diagnóstico e proposições para intensificação da pecuária de leite de uma unidade de produção do município de Jóia. Modalidade do trabalho: Relatório técnico-científico. Evento: XIV Jornada de Extensão. 2013.
SOUZA et al. A produção de leite como fonte geradora de trabalho e renda no assentamento
Antonio Tavares, município de São Miguel do Iguaçu – PR. Revista Cadernos de Agroecologia, V. 8, N. 1, 2013.
SANTOS, G.; LOPES, M.A. INDICADORES DE RENTABILIDADE DO CENTRO DE CUSTO PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMAS INTENSIVOS DE PRODUÇÃO. B. Indústr.anim., N. Odessa,v.69, n.1, p.001-011,jan./jun., 2012.