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Qual a temperatura da sua silagem?

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E THIAGO BERNARDES

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 02/04/2012

4 MIN DE LEITURA

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É bastante comum realizar diagnóstico da qualidade de silagens em propriedades produtoras de leite ou carne por meio do cheiro, da cor, do tamanho de partículas e da análise de valor nutritivo. Entretanto, pouca atenção é direcionada à temperatura da silagem.

Muitas vezes são observadas silagens com elevadas temperaturas e pouca atenção é dada a este fato. Além disso, muitos acreditam que com a silagem quente o consumo do animal será maior. Porém, poucos sabem que esta elevação de temperatura é a chamada de deterioração aeróbia da silagem e este fenômeno traz reflexos negativos no valor nutritivo da silagem e posteriormente ao desempenho animal.

A deterioração aeróbia da silagem é caracterizada pela ação de microrganismos aeróbios (leveduras, fungos filamentosos e bactérias aeróbias), os quais consomem os ácidos produzidos durante o processo de conservação (ácido lático) e os componentes solúveis da silagem, produzindo gás carbônico, água e calor. Todo esse processo gera perdas de matéria seca, além de depreciar o valor nutritivo e o desempenho animal.

Os efeitos danosos do ar na qualidade da silagem são manifestados por dois caminhos. O primeiro ocorre na camada superficial durante o armazenamento, freqüentemente visível pelo crescimento de fungos (camada preta deteriorada). O segundo está ligado à estabilidade aeróbia durante o período de remoção e fornecimento da silagem.

Um grande número de fazendas tem produzido silagens de qualidade satisfatória devido aos cuidados tomados durante todo o processo de ensilagem (colheita, picagem, compactação e vedação). No entanto, com freqüência tem dimensionado erroneamente suas estruturas de armazenamento, devido ao aproveitamento de silos existentes na propriedade e/ou a construção destes, desvinculados da previsão da fatia diária a ser removida, em função do número de animais alimentados, o que tem provocado perdas durante o fornecimento da silagem.

O ingresso do O2 na face do silo será influenciado pela densidade alcançada durante a fase de abastecimento. Portanto, nas regiões mais porosas da massa (áreas periféricas) aumentam-se os riscos de deterioração aeróbia. Na remoção, a densidade poderá ser afetada principalmente pelo modo como a silagem é retirada (por exemplo: equipamento utilizado no corte), devido às perturbações que poderão ser provocadas na estrutura da massa remanescente, o que pode levar a maior susceptibilidade à penetração de O2.

Atualmente, muitos produtores tem utilizado serviços terceirizados para colheita da forragem, apresentando o mesmo, muitos benefícios do ponto de vista de rapidez na colheita e eficiência na picagem da forragem. Entretanto, poucos produtores tem-se questionado com relação as densidades alcançadas em seus silos. Dessa forma, é muito importante respeitar o tempo de compactação (1 a 1,2 vezes o turno de colheita) e o peso do trator (Peso do trator = 40% da forragem transportada/hora). Caso contrário, a densidade no silo será penalizada e a deterioração aeróbia terá seu início (aquecimento da silagem).

A face do silo exposta ao oxigênio é um ponto fundamental e, por este motivo, é indispensável assegurar uma velocidade de avanço do painel que possa reduzir o fenômeno de deterioração. Os estudos desenvolvidos com a composição do gás (CO2, O2 e N2) mostraram que a profundidade de penetração do ar é cerca de 1 m. Se a progressão do painel for de 1 m/semana, toda a silagem estará exposta ao oxigênio por uma semana. Porém, os riscos de deterioração podem ser reduzidos drasticamente se o avanço for de 2 m/semana, principalmente quando as temperaturas ambientais estiverem mais elevadas pelo favorecimento no desenvolvimento de microrganismos. Na Figura 1 é possível observar que apesar de uma face de silo aparentemente bem manejada (descarga com fresa), a temperatura de silagem de milho estava acima da temperatura ambiente por volta de 20 oC, indicando deterioração aeróbia evidente, com presença de fungos filamentosos, sendo tudo isso ocasionado por mal dimensionamento do silo.


Figura 1. Silagem de milho em processo de deterioração aeróbia.


A alta concentração e a predominância de ácido lático em silagens, necessariamente não representam feito positivo na estabilidade aeróbia. Silagens adequadamente fermentadas, com altas concentrações de ácido lático e açúcares remanescentes, são mais afetadas pela deterioração aeróbia. Os fungos, as leveduras e algumas espécies de bactérias promovem a assimilação aeróbia de lactato da silagem, reduzindo o seu potencial de conservação. A habilidade em se estimar os riscos de deterioração aeróbia, de acordo com o perfil de fermentação, ainda é incerta. Porém, além de todos os cuidados relacionados com o manejo, a maior chance em obter sucesso na ensilagem está na premissa que as silagens devem conter ácido acético em associação ao ácido lático.

A impossibilidade de mensurar as perdas totais por manejo inadequado que ocorre nas propriedades rurais e a dificuldade de as determinarem quantitativa e qualitativamente por meio de trabalhos experimentais, resultam em falta do estímulo à percepção e à divulgação de resultados para a economia de produção. Dificilmente os produtores acreditam em perdas elevadas pelo problema de oxidação da massa, pois só consideram aquelas que são visíveis (com presença de fungos), o que subestima as reais perdas envolvidas na ensilagem. Um parâmetro prático para ser utilizado por produtores e técnicos com relação a deterioração aeróbia da silagem, é checar a temperatura da silagem (centro e topo do painel), de preferência no período da manhã e após a retirada da mesma para os animais.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

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RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 17/04/2012

Prezado Paulo,

Exatamente. No mínimo é isso o necessário para se realizar um bom processo de ensilagem.

Atenciosamente

Rafael & Thiago
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/04/2012

Deixe-me ver se eu entendi direito: se trabalharmos 10 horas por dia enchendo o silo, teremos que ter um trator compactando pelas mesmas 10 horas ou mais?

Neste caso, para fazer uma boa silagem, temos que ter , no mínimo, 3 tratores: 1 picando com a máquina ensiladeira, 1 transportando, e 1 compactando direto, o tempo todo.

Esta é a recomendação técnica?

Grato. Paulo Fernando.
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 09/04/2012

Prezado José Pedro,

A densidade alcançada no silo vai ser dependente de vários fatores, tais como: teor de matéria seca da planta, tipo de silo utilizado, peso do trator utilizado na compactação e tempo despendido com tal atividade.

Um valor ideal para silos do tipo trincheira é de densidades por volta de 225 kg MS/m3, o que gera um valor aproximado de 750 kg MV/m3. É um valor ideal, porém muito dificil de se alcançar. Na prática o que observamos são densidades variando de 600 a 700 kg MV/m3.

Um regra básica para maximizar a compactação no silo é utilizar peso de trator com 40% da quantidade de forragem que chega por hora no silo, ou seja, se chega 10 toneladas por hora, o trator deve pesar por volta de 4 toneladas.

O tempo de compactação deve ser de 1,0 a 1,2 vezes o turno de colheita. Se a colheita no dia leva 10 horas, a compactação no silo deve ser de 10 a 12 horas no mínimo.

Atenciosamente

Rafael & Thiago
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 09/04/2012

Prezado Gabriel,

Como a temperatura ambiental tem grandes variações ao longo do dia, a comparação com ela torna-se cercada de vários fatores.

Experimentos científicos são realizados em câmaras climáticas com temperatura controlada em 25 graus celsius. Quando a temperatura da silagem ultrapassa em 2 graus a do ambiente controlado já é um ponto em que a silagem esta em processo de deterioração.
Na minha opinião, o que podemos ter como base para silagens em condição de fazenda é comparar a temperatura da mesma, logo nas primeiras horas do dia. Ainda assim, podem haver fatores que possam alterar a conclusão, porém na minha opinião é a melhor opção.

Uma ideia é comparar a temperatura de diversos locais da face do silo regiões laterais, topo e compará-las com a do centro (considerada silagem mais estável).

Quando a diferença é gritante a temperatura ambiente é perceptível até pelo cheiro da silagem que a mesma se encontra em processo de deterioração.

Com relação ao pH, tem-se que a elevação do pH é um indicativo que ácido lático que foi produzido está sendo consumido por leveduras, as quais geram essa elevação de temperatura.

Atenciosamente

Rafael Amaral
JOSÉ PEDRO FRANQUEIRA JUNQUEIRA

SÃO LOURENÇO - MINAS GERAIS

EM 06/04/2012

Atualmente com o uso de maquinas para a compactação da silagem , qual o peso medio por metro cubico? Sempre encontro em artigos a relação de 600, porém me lembro desta medida desde quando esta operação era bem mais rudimentar .
GABRIEL OLIVEIRA BARRIOS

AJURICABA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/04/2012

Gostaria de saber qual a temperatura adequada da silagem em relação a do meio ambiente? Costumo utilizar um termometro a laser e  já verifiquei diferenças de até 15 graus acima . Em relação ao Ph da silagem, também observei que acima de Ph 4,5, a temperatura na janela do silo e superior a do meio ambiente. Pergunto sobre a relação do Ph, com a estabilidade da silagem e sua temperatura, quais os parâmetros a serem trabalhados?   
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/04/2012

Prezado Leandro,

Seu comentário é muito coerente com relação a prestação de serviços e consequente pode gerar problemas para o produtor.

Com relação a zearalenona, esta é uma micotoxina produzida por fungos do gênero Fusarium. Essa micotoxinas são provenientes principalmente do campo, ou seja, essa micotoxina que vem na planta durante o corte.

Seu aparecimento ocorre principalmente em plantas que sofreram algum tipo de estresse (hídrico, ataque de pragas), onde foi possível o desenvolvimento do fungo e consequentemente sua produção de toxina.

Durante o período de pós abertura grande quantidade dessa micotoxina já esta presente, pois o processo de fermentação não inativa a micotoxina produzida. Se o manejo do silo não for bom, e a silagem aquecer, esse é um indicativo que espécies do genero Fusarium irão se desenvolver e a zearalenona também será produzida.

Deve-se lembrar que em estado de deterioração de silagem, muitas outras micotoxinas  podem ser produzidas, dentre elas: aflatoxinas, ocratoxina, toxina T2, fumonisina, e por aí vai.

Atenciosamente

Rafael & Thiago
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/04/2012

Prezado Abel,

Não são todos os inoculantes que conseguem controlar o aquecimento da silagem.

As bactérias indicadas para esse controle devem ser heteroláticas, as quais produzam ácidos fracos, como o ácido acético, que conseguem controlar o desenvolvimento de leveduras.

Atenciosamente

Rafael & Thiago
LEANDRO ROSSONI

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/04/2012

Na minha região, temos um problema sério com qualidade de silagem, sendo assim, vários casos de intoxicações, baixa de imunidade e consequência de doenças. Um dos problemas encontrados nas pequenas propriedades seria a colheita do milho, os produtores dependem de máquinas da "Prefeitura", com isso há uma antecipação ou atraso na colheita (já que são vários solicitando ao mesmo tempo), ficando para traz alguns pontos técnicos importantes para a qualidade final. Sem falar no tamanho de partícula, que normalmente é encontrada palha inteira. Na questão de ZEARALENONA que encontramos com frequência, o desenvolvimento se dá principalmente por quais fatores???

Att. Leandro Rossoni
ABEL DE CARLI

VISTA ALEGRE DO PRATA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/04/2012

Queria saber se utilizando inoculante o processo de aquecimento pode ser evitado diminuindo a perda da qualidade da silagem

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