A silagem, quando adequadamente compactada favorece e acelera a fermentação anaeróbia no interior do silo. No entanto, este processo requer alguns cuidados quando o objetivo é a redução de perdas e garantia de uma silagem de qualidade. A picagem facilita a acomodação do material dentro do silo, além de expor os carboidratos solúveis e facilitar a ação dos micro-organismos fermentadores. Tamanhos de partículas menores, principalmente abaixo de 0,5 cm, prejudicam a ruminação, reduzem o consumo voluntário de silagens e a digestão das fibras. Ainda, segundo a literatura, o tamanho de partícula influencia os padrões de fermentação ruminal, produção microbiana e eficiência da utilização do amido e de outros nutrientes no rúmen.
Portanto, o tamanho de partículas da silagem assume papel importante no controle do consumo e posterior desempenho animal. Para isso, torna-se necessário o ajuste de máquinas que façam a colheita adequada da forragem, pois o sucesso da ensilagem é dependente dessa etapa. Cabe ressaltar que a colhedora não somente colhe a planta, como também promove a picagem e o processamento da planta em tamanho satisfatório para ocorrência de uma fermentação de qualidade e, posterior aceitabilidade pelos animais, mas, para isso, essa etapa do processo requer energia. A elevação dos custos de produção e a queda dos preços dos produtos agrícolas no mercado têm incentivado os produtores a buscar mecanismos eficientes com baixos custos de produção, dentre eles, o uso de máquinas.
Normalmente, a condução da lavoura (preparo de solo a colheita) de milho é a mais onerosa, correspondendo a 60 – 65% do custo total de produção, estando a ensilagem na faixa de 35 a 40%. Estes valores dependem de vários fatores, com destaque para o tipo e eficiência das máquinas e equipamentos. Assim, a ensilagem deve ser feita de forma a proporcionar baixos custos de produção para que seja viável sua utilização, aliando-se o processamento deste material a estádios de colheita que proporcionem menor custo e maior viabilidade por kg de massa seca produzida.
A maximização do uso do trator agrícola e seus implementos torna-se fundamental na redução de custos de produção para aumentar a eficiência do combustível - de modo a produzir uma máxima quantidade de trabalho por unidade consumida. Estudos conduzidos por Factori (2011), na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP Botucatu/SP, com colheita de híbridos de milho para ensilagem em diferentes momentos de colheita (1/2 leitoso, 1/4 leitoso e inicio de maturação fisiológica - Figura 1) e 3 tamanhos de partículas de partículas (2, 7 e 11 mm – Figura 2), concluiu que o consumo de combustível por área foi menor em estádios mais tardios de colheita em função do menor teor de água - o que implicou em menor esforço pelo conjunto máquina-trator na picagem do material.
Figura 1. Estádios de colheitas – ½ leitoso, ¼ leitoso e início de camada preta, respectivamente (Factori, 2011).
Figura 2. Tamanhos de partículas, fino médio e grosso, 2, 7 e 11 mm respectivamente (Factori, 2011).
Ainda, o consumo por kg de massa processada, foi menor em estádios mais avançados em função da maior produção nesses estádios. Obviamente que, não somente a demanda energética (combustível) do sistema é importante, mas, no entanto, todo e qualquer fator que aumente a eficiência de todo o processo. O conjunto máquina de colheita e trator devem estar ajustados e regulados para que o processo ocorra de forma correta e o mais eficiente possível. O uso de máquinas adequadas no mercado aproxima muito o produtor do sucesso. Atualmente, as máquinas utilizadas estão mais preparadas para trabalharem com maiores números de opções de tamanhos de partículas e ainda desempenharem rapidamente e com grande eficiência o processo de colheita. Isto permite ao produtor rural uma maior janela de colheita em função da colheita mais tardia, e ainda, com maior aproveitamento do material colhido (Figura 3).
Figura 3. Conjunto máquina trator utilizado no processo de ensilagem, composto por uma carreta, ensiladora ou colhedora de forragem e trator (Factori, 2011).
Em pesquisa desenvolvida na faculdade de Agronomia da UNESP – Botucatu SP, em experimentos conduzidos por Paludo (2015), orientado pelo Prof. Dr. Paulo Arbex, que atua na área de mecanização agrícola, com foco ao manejo da cultura do milho, foram testadas diversas granulometrias na colheita de planta inteira de milho no estádio de ¼ leitoso, para ensilagem por meio de colhedora automotriz (Figura 4).
Neste estudo foram testadas 6 granulometrias (5, 10, 15, 20, 25, 30 mm), com e sem o processamento mecânico ligado. Por meio deste estudo pôde-se verificar o efeito da potência requerida pelo conjunto da colhedora para testar a viabilidade do uso do processamento mecânico sobre a silagem.
A partir deste estudo foi verificado que em granulometrias de até 10 mm houve efeito no desempenho total da colhedora indicando que em granulometrias acima de 15 mm o uso do quebrador de grãos não foi significativo em relação ao seu uso, implicando mesmo desempenho da máquina em granulometrias maiores que 10 mm, ou ainda 15 mm, ou 1,5 cm.
Figura 4. Colhedora autopropelida forrageira, marca New Holland, modelo FR 9060 (Paludo, 2015).
Ainda em estudos conduzidos por Factori (2011), como citados neste mesmo texto, porém, no quesito Degradabilidade Ruminal da Matéria Seca, Proteína Bruta, Amido e Fibra em Detergente Neutros, pode-se concluir que o esmagamento (semelhante ao utilizado no ensaio feito por Paludo, 2015) da massa de forragem antes da ensilagem, proporciona maiores benefícios nos estádios mais avançados de colheita e em maiores granulometrias (11 mm) em função das maiores degradabilidades encontradas - ampliando o intervalo de colheita e permitindo o uso de materiais de textura dura para ensilagem, segundo o objetivo do presente estudo.
Sendo assim, quando pensarmos em processamento mecânico de silagem de milho, devemos nos atentar ao tamanho de partícula. Os estudos indicam que para materiais a serem processados por meio do esmagamento ou quebradores de grãos (oriundos das máquinas que o fazem), devemos utilizar granulometrias ao redor de 1,2 a 1,5 cm (ou 12 a 15 mm). Dessa forma, se equilibra os efeitos do benefício do processamento quanto ao aproveitamento do material e ainda, a viabilidade de colheita quanto a eficiência do sistema de colheita. Logicamente, para buscarmos eficiência de todo o processo.
Referências bibliográficas
FACTORI, M.A. Demanda energética na colheita, degradabilidade e digestibilidade da silagem de híbridos de milho 2011. 60 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2011.
PALUDO, V. Desempenho operacional de colhedora de forragem com diferentes tamanhos de partículas com e sem o uso do processador 2015. 54 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2015.