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Como maximizar a produção de leite e o bem-estar das vacas mestiças? (Parte 4)

POR TELMA DA MATA MARTINS

E NILSON DORNELLAS DE OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/01/2014

7 MIN DE LEITURA

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Na parte 1 desse artigo (LEIA AQUI), fizemos alguns questionamentos sobre o manejo tradicional (com presença do bezerro ou aplicação de ocitocina) de vacas mestiças nos sistemas de ordenha mecanizada e algumas considerações sobre o amansamento e a adaptação desses animais à sala de ordenha antes da primeira lactação. Na parte 2 (LEIA AQUI), explicamos como o ambiente pode interferir no comportamento das vacas leiteiras na sala de ordenha e na eficiência da produção de leite. Na parte 3 (LEIA AQUI), aprofundamos as discussões sobre a aplicação da ocitocina e o bem-estar das vacas mestiças, além de expor algumas técnicas que podem ser adotadas para amansar esses animais. Para finalizar, discorreremos sobre a adaptação de novilhas mestiças à sala de ordenha.

Quando os animais são mal-tratados pelo homem, geralmente, eles passam a apresentar comportamento aversivo. Portanto, se as novilhas são inseridas abruptamente na sala de ordenha, sendo forçadas a entrar nesse ambiente por meio de empurrões, batidas, choques elétricos, gritos, ou até mesmo puxadas por cordas, é natural que esses animais apresentem reações negativas, as quais colocam em risco a integridade física dos funcionários e dos próprios animais. Essas reações são incompatíveis com uma boa eficiência produtiva. Alguns estudos verificaram relação direta entre as ações dos ordenhadores e o comportamento das vacas na sala de ordenha (Rosa et al., 2001; Hötzel et al., 2005; Peters et al., 2010). Ao contrário, quando os animais adquirem boas impressões dos humanos nas fases de cria e recria, ou no processo de amansamento, fica mais fácil adaptá-los à sala de ordenha (Figuras 1 a 4).


Figuras 1 a 4. Interações positivas entre os humanos, as bezerras e as novilhas mestiças. Fontes: Faz. Santa Luzia, Passos-MG (1 e 4); CIALNE-CE (2); Faz. Villefort, Morada Nova de Minas-MG (3).

A adaptação deve ser realizada de forma gradual. Inicialmente, os animais devem perceber que o ambiente da sala de ordenha é bom, não oferece riscos em potencial, não tem “predadores”. Portanto, nas primeiras vezes que tiverem contato com o ambiente de ordenha, as novilhas devem apenas “passar” pela sala. Com paciência, mantendo a calma, respeitando o tempo de cada animal, os ordenhadores devem dar oportunidade a todas as novilhas de ter uma boa impressão da sala de ordenha.

Para facilitar a entrada das novilhas na sala de ordenha, os animais devem ser conduzidos de forma tranquila, os equipamentos de ordenha devem estar desligados, o ambiente deve estar limpo e calmo. Nas salas com sistema de ordenha mecanizada, uma estratégia que pode ser utilizada para promover a entrada das novilhas na linha de ordenha, consiste em utilizar como guias, as vacas mais mansas, já adaptadas ao ambiente (Figuras 5 e 6). Esses procedimentos podem ser adotados para novilhas mestiças e Holandesas, pois independente do grau de sangue, o comportamento aversivo (coices, derrubadas de teteiras, micções e vocalizações) nas primeiras ordenhas é mais acentuado quando a primípara não se encontra adaptada ao ambiente de ordenha (Porcionato et al., 2009).


Figuras 5 e 6. Fêmeas mestiças sendo conduzidas por meio de um “guia” e entrando tranquilamente na sala de ordenha juntamente com vacas mais velhas. Fonte: Fazenda Santa Luzia, Passos-MG.

Para que as novilhas comecem a permanecer na sala de ordenha, recomenda-se, quando possível, o fornecimento de alimento em cochos adaptados à linha de ordenha (Figura 7). Após a adoção desse método, rapidamente, as novilhas associam o ambiente de ordenha a esse estímulo positivo, podendo ser conduzidas mais facilmente do pasto para a sala de ordenha (Figura 8).


Figuras 7 e 8. Novilhas mestiças recebendo alimentação durante o processo de adaptação e sendo conduzidas à sala de ordenha por meio de estímulos positivos (chamando e mostrando o balde com concentrado). Fonte: Fazenda Experimental da EPAMIG, Felixlândia-MG.

Como as novilhas já foram amansadas anteriormente, elas já permitem o contato físico dos humanos, portanto, elas podem ser escovadas, coçadas ou acariciadas na sala de ordenha. Para aqueles animais que, inicialmente, não permitem o contato físico do homem nesse novo ambiente, a aproximação deve ser realizada de forma gradativa, utilizando-se, por exemplo, “cotonetes gigantes” e escovas (Figuras 9 e 10). Agradar as novilhas e as vacas na sala de ordenha é uma forma de promover as reações positivas, as quais serão convertidas em aumento da produção de leite.


Figuras 9 e 10. Aproximação gradativa dos animais durante o processo de adaptação à sala de ordenha. Fonte: CIALNE-CE.

Assim que os animais começarem a interagir de forma positiva com o ambiente, os equipamentos de ordenha podem ser ligados e algumas pessoas podem permanecer no fosso, lembrando sempre de respeitar o tempo de cada animal. Alguns podem apresentar maior resistência, exigindo mais paciência no processo de adaptação. Acariciar o úbere e simular os procedimentos de limpeza dos tetos são outras ações que podem ser adotadas (Figuras 11 e 12).


Figuras 11 e 12. “Agrado” aos animais durante o processo de adaptação à ordenha mecanizada. Fontes: Fazenda São José do Can Can, São José da Barra-MG (11) e Fazenda Leleo Móveis, Russas-CE (12).

Quanto mais vezes as novilhas passarem pela sala de ordenha, quanto mais tempo elas permanecerem nesse ambiente em contato com os ordenhadores e com o barulho dos equipamentos, mais fácil será a adaptação ao sistema de ordenha no início da primeira lactação. Uma das formas de saber se os animais estão interagindo bem com o ambiente é observar se estão ruminando. A ruminação só ocorre quando os animais encontram-se “relaxados”.

A adaptação deve ser mantida nas primeiras ordenhas. Como o úbere encontra-se inchado, inflamado e dolorido após o parto, é necessário dar atenção especial ao processo de colocação e retirada das teteiras. Assim que o úbere retorna ao normal, o animal percebe que a ordenha pode ser prazerosa, proporcionando-lhe conforto e alívio.

Considerações finais

No século anterior, a intensificação dos sistemas de produção e a busca pela melhoria dos índices produtivos e reprodutivos, não levaram em consideração a qualidade de vida dos animais. A conscientização e a mudança de atitude dos profissionais que atuam no setor leiteiro quanto aos benefícios da adoção de um bom relacionamento com os animais será uma das grandes evoluções que ocorrerão no século XXI, pois a preocupação com o bem-estar já está começando a influenciar no consumo de produtos de origem animal.

A importância das vacas mestiças para a produção de leite do Brasil é incontestável. O desempenho produtivo dos rebanhos mestiços não depende somente do grau de sangue do rebanho, do potencial genético, das tecnologias adotadas em cada propriedade, do manejo nutricional e do manejo sanitário, mas depende também, da boa interação do animal com o meio onde vive. Portanto, o contato positivo com os humanos nas fases de cria e recria e a adaptação ao ambiente de ordenha antes do primeiro parto são de fundamental importância para que as fêmeas mestiças possam expressar todo o seu potencial genético, resultando em maior tranquilidade na rotina das propriedades leiteiras, menor ocorrência de acidentes, maior produção de leite e maior retorno econômico para os sistemas de produção.

Referências bibliográficas

HÖTZEL, M. J.;, MACHADO FILHO, L. C. P., YUNES, M. C., SILVEIRA, M. C. A. C. Influência de um ordenhador aversivo sobre a produção leiteira de vacas da raça holandesa. R. Bras. Zootec., v. 34, n. 4, p. 1278-1284, 2005.

PETERS, M. D. P.; BARBOSA SILVEIRA, I. D.; MACHADO FILHO, L. C. P. et al. Manejo aversivo em bovinos leiteiros e efeitos no bem-estar, comportamento e aspectos produtivos. Arch. Zootec, v. 59, n. 227, p. 435-442. 2010.

PORCIONATO, M. A. F.; NEGRÃO, J. A.; PAIVA, F. A., DELGADO, T. F. G. Respostas produtivas e comportamentais durante a ordenha de vacas Holandesas em início de lactação. Acta Scientiarum. v. 31, n. 4, p. 447-451, 2009.

ROSA, M. S.; COSTA, M. J. R. P. (2001). Efeitos da infraestrutura da sala de ordenha e das relações com os humanos sobre o comportamento de vacas leiteiras. In: Mariano, B. S. et al. (org.). Anais Zootec. 2001 – XXI Congresso Brasileiro de Zootecnia – III Congresso Internacional de Zootecnia, p. 8, 2001.

 
LEIA TAMBÉM OS ARTIGOS ANTERIORES:

Como maximizar a produção de leite e o bem-estar das vacas mestiças? Parte 1
Como maximizar a produção de leite e o bem-estar das vacas mestiças? Parte 2
Como maximizar a produção de leite e o bem-estar das vacas mestiças? Parte 3

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

TELMA DA MATA MARTINS

Possui graduação em Medicina Veterinária pela UFV (2008) e mestrado em Ciência Animal pela UFMG (2010). Atualmente, é doutoranda em Ciência Animal, com ênfase em Reprodução de Bovinos, na UFMG.

NILSON DORNELLAS DE OLIVEIRA

Instrutor de cursos certificados pela ABCZ: Doma de Bovinos; Apresentação em Pista e Leilões; Manejo no Pasto e no Curral; Doma e Manejo de Novilhas e Vacas na Sala de Ordenha.

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MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/09/2014

A AgriPoint está com inscrições abertas no curso online "Manejo do estresse calórico para aumentar a produção leiteira" com o professor Israel Flamembaum. Vejam mais detalhes em : https://www.agripoint.com.br/curso/manejo-calorico/
ELIANE VEGIAN CARNEIRO

PALMITAL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/03/2014

ESTOU MUITO DECEPCIONADA COM O PREÇO DO LEITE AQUI NA MINHA REGIÃO ....GASTAMOS MUITO E O RETORNO ÉPPOUQUISSIMO NÃO DA VONTADE DE CONTINUAR MAS SIM DE PARAR COM TUDO E SAIR DAQUIE IR PARA QUALQUER OUTRO LUGAR OU MEXER COM OUTRA COISA ................




TELMA DA MATA MARTINS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/03/2014

Prezado Guido.

Segue meu contato para maiores esclarecimentos:

telmavet03@hotmail.com

Atenciosamente,

Telma Martins
GUIDO REIS JUNIOR

MÃE DO RIO - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/03/2014

Telma, boa noite!



Poderia deixar seu email, tenho uma dúvida que não é pertinente ao assunto. Mas gostaria de sua opinião.



Grato.
MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/02/2014

Abertas as inscrições para a segunda turma no curso online Agripoint Compost Barn, com o instrutor Adriano Seddon.

O curso inicia dia 10/03.

Para mais informações acesse: https://www.agripoint.com.br/curso/compostagem/
TELMA DA MATA MARTINS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 21/01/2014

Oi Wells,

       Os mosquitos são importantes transmissores mecânicos da bactéria que causa a doença do olho branco em bovinos. Um artigo sobre esse assunto já foi publicado no MilkPoint: https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/medicina-da-producao/pinkeye-ceratoconjuntivite-infecciosa-bovina-16678n.aspx

       Seguem os contatos de professores da Clínica de Ruminantes da Escola de Veterinária da UFMG, os quais poderão ajudá-lo: 31 3409-2234 (Prof. Antônio Último de Carvalho) e 31 3409-2238 (Prof. Elias Jorge Facury Filho).

       Atenciosamente,

              Telma
WELLS MARTINS

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/01/2014

Gostaria de aumentar minha produção de leite se pudesse me ajudar entre em contato,tenho free stal c/ capacidade de 40 animais, hoje estou c/ 30 media de  19 lts, mas tem outro assunto q estou muito preocupado é com o mosquito q transmite uma doença q se ñ cuidar o animal fica cega (olho branco). se poder me ajudar nesse assunto me ligue    att. Wells 35 84191951
TELMA DA MATA MARTINS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/01/2014

Prezados Sidney, Fábio e Eliane,

       Agradecemos pelos comentários. Aos poucos, nosso objetivo ao escrever esse artigo está sendo alcançado: pretendemos "despertar" o interesse dos produtores pela necessidade de amansar as fêmeas mestiças. Amansar, "agradar" e adaptar ao sistema de ordenha: três passos básicos que deverão ser adotados para promover o bem-estar e aumentar a eficiência produtiva das fêmeas mestiças leiteiras. As discussões sobre esse assunto estão apenas começando... Esperamos que em breve se tornem realidade, valorizando ainda mais a produção de leite das nossas vacas mestiças.

              Atenciosamente,

                     Telma e Nilson
NEY BATISTA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS

EM 17/01/2014

o que é bom deve ser divulgado.

Nem todos tem acesso ainda, aa internet.

Gostaria de poder imprimir todas as fases do trabalho para inclusive divulgar e discutir junto aos colaboradores.

Como conseguir ?

Grato

Ney
ELIANE VEGIAN CARNEIRO

PALMITAL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/01/2014

Muito bom é sempre bom sabermos mais sobre nosso negocio que no sustenta......
FÁBIO DAS GRAÇAS O. BRAGA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 16/01/2014

Parabéns aos autores Telma e Nilson pelo didático e elucidativo texto sobre o melhor resultado da ordenha de vacas mestiças, com foco especial ao "ordenhador", que deve tratar o animal com carinho e doçura, como são os gados de leite, em especial, o Girolando, que responderá positivamente com a maior produção de leite. Áb. Fábio Braga, de Dores do Indaiá/MG.
SIDNEY

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/01/2014

Que assunto interessante. Eu adoro estudar sobre isso. Vejo que a adaptação das minhas vacas demorou um pouco por não ter esse cuidado. Já estou trabalhando com as novilhas nesse sistema.

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