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Temperaturas elevadas podem influenciar o desempenho das bezerras em aleitamento?

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 25/11/2009

5 MIN DE LEITURA

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Com a chegada do verão e de dias com temperaturas elevadas, é constante a preocupação com o bem-estar e com práticas de manejo que possam reduzir os efeitos das altas temperaturas no desempenho dos animais em todas as categorias. O estresse por calor está normalmente associado à diminuição no consumo de alimentos e dessa forma acaba influenciando o crescimento dos animais, dependendo da idade, raça ou adaptabilidade.

Além de afetar o consumo de alimento de forma negativa, também é observado aumento no consumo de água pelos animais (sendo necessária maior preocupação com o fornecimento em quantidade e qualidade adequadas), alterações comportamentais (animais mais inquietos, menos deitados) e aumentos na taxa respiratória e na temperatura corporal (características visíveis da ocorrência de estresse térmico), e, nos casos mais graves, levando alguns animais à morte.

Quando se discute os efeitos do calor em sistemas de produção de leite, já é de conhecimento geral a preocupação com os animais em produção, sendo tomadas medidas para se evitar prejuízos na produção de leite, como a adequação das instalações com ventiladores, maior disponibilidade de sombra com plantio de árvores, por exemplo.

Contudo, os efeitos das altas temperaturas geralmente são esquecidos e ignorados para bezerras em aleitamento, que devem receber atenção especial em relação ao tipo de alojamento, principalmente porque, no Brasil, a grande maioria é criada em instalações abertas e individuais, e não em galpões fechados com maior controle de temperatura e disponibilidade de sombra.

Apesar de algumas vantagens observadas nos principais sistemas adotados no Brasil, como um menor risco na transmissão de doenças pela criação individual dos animais, os abrigos utilizados oferecem pouca proteção aos efeitos dos raios solares, principalmente em dias muito quentes. Na prática, o que se observa são os animais durante o dia todo procurando uma melhor posição dentro da sombra projetada pelo abrigo, que muitas vezes é posicionado de maneira incorreta, ou confeccionado com telhados de materiais que acabam não protegendo os animais dos efeitos da radiação solar. Neste aspecto é importante distribuir os abrigos de forma que a tarde a sombra seja projetada à frente do abrigo. Muitas vezes a sombra da tarde é projetada atrás do abrigo e devido ao comprimento da corrente a bezerra não tem acesso a sombra (Figura 1).


Figura 1. Tratador mostrando que durante o período da tarde a bezerra não tem acesso a sombra devido ao posicionamento do abrigo e ao comprimento da corrente.

Dependendo da maneira como o bezerreiro é conduzido, e dos materiais utilizados na confecção dos abrigos, o que se observa são animais, nos horários mais quentes do dia, com sinais típicos de estresse por altas temperaturas, como boca aberta ofegante, salivação e, principalmente, relutância em se alimentar.

Assim, a escolha do local onde será alocado o bezerreiro é importante e fundamental, como a utilização de áreas que ofereçam sombra durante os períodos mais quentes do dia (Figura 2). Além disso, a época do ano quando do nascimento dos animais pode influenciar diretamente seu desempenho.


Figura 2. Bezerreiro com sombra extra durante o período da tarde.

Em regiões com temperaturas elevadas, comumente são observados melhor desempenho dos animais nascidos em épocas com temperaturas mais amenas, como outono e a primavera. Temperaturas entre 15º e 29ºC estão dentro da faixa de conforto térmico para bezerros em aleitamento. Portanto, em algumas regiões e determinadas épocas do ano quando as temperaturas encontram-se acima dos 30ºC, os efeitos no desempenho são evidentes, assim como em épocas com temperaturas bastante baixas, abaixo dos 14oC.

Dessa forma, para tentar responder a alguns destes questionamentos, um grupo de pesquisadores (Broucek et al., 2009) conduziu um estudo para investigar os efeitos de altas temperaturas sobre a saúde e desempenho de bezerros mantidos em abrigos móveis individuais em campo aberto.

Para realizar este estudo, 63 bezerros (30 fêmeas e 33 machos) nascidos em diferentes épocas do ano foram criados em abrigos individuais, durante o período de aleitamento (a partir do segundo dia de vida até 8 semanas de idade). Cada abrigo possuía área interna de 1,8 m × 1,2 m e foram dispostos em fileiras, orientadas no sentido leste a oeste, para minimizar a exposição ao aquecimento solar. Os animais receberam o manejo usual de animais em aleitamento, com fornecimento de sucedâneo lácteo (2 vezes ao dia), concentrado e água a vontade. A temperatura e a umidade relativa foram monitoradas durante todo o dia, por equipamento eletrônico fixado a mesma altura da cernelha dos bezerros.

Em relação à frequência de ocorrência de diarreia, os resultados deste estudo mostraram que não foram observadas diferenças entre as épocas e entre o sexo dos bezerros na consistência das fezes.

Um resultado bastante importante mostra que os bezerros nascidos em épocas mais quentes do ano apresentaram maior consumo de água (Tabela 1), mostrando a importância do fornecimento de água em quantidade adequada aos animais durante este período.

Tabela 1. Consumo de água e concentrado totais de todo período de aleitamento.



O consumo de concentrado foi maior durante o período de outono, quando as temperaturas tendem a ser mais amenas, enquanto que os animais nascidos em épocas mais quentes apresentaram menor consumo de concentrado. Conseqüentemente, foi observado ao final do período de aleitamento um menor peso corporal dos bezerros nascidos nas épocas mais quentes, reflexo direto do menor consumo apresentado por estes animais, enquanto que os animais nascidos no outono apresentaram maior ganho até o desaleitamento. As taxas de ganho de peso observadas foram de 440, 390 e 480g/d para os períodos de primavera, verão e outono, respectivamente.

Os resultados deste estudo indicam que o estresse térmico é de extrema importância para o desenvolvimento de bezerros em aleitamento, muito embora não seja uma preocupação entre os produtores e até mesmo técnicos. O fato é que os efeitos das altas temperaturas muitas vezes passam despercebidos para bezerros em aleitamento. Os resultados mais importantes encontrados são os que mostram que os animais nascidos nas épocas mais quentes (final da primavera e verão) foram os que apresentavam maior consumo de água e menor consumo de concentrado, e, consequentemente, menores ganhos de peso diário, embora não tenha sido observadas alterações na freqüência de diarréia dependente da época do ano.

Citação Bibliográfica
Broucek, J.; Kisac, P.; Uhrincat, M. Effect of hot temperatures on the hematological parameters, health and performance of calves Int. Journal of Biometeorol., v.53, p.201-208, 2009.


Comentários:

Poucos trabalhos são encontrados no que se refere ao efeito de estresse térmico em animais em aleitamento. Temos visto em campo que a preocupação tanto com sombra quanto com disponibilidade de água não tem sido muito grande entre os produtores. É comum observarmos baldes de água vazios no meio do dia, restringindo o consumo de água, e ainda mais o consumo de concentrado. Como mostrou o trabalho, com o verão o consumo de água pode chegar a quase 80L no período, dessa forma, é importante que o tamanho dos baldes permitam que os animais recebam água sem restrição. De outra forma, um maior número de visitas ao bezerreiro para completar os baldes com água fresca.


CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2009

Caro Carlos Sampaio,

Desde que os bezerreiros de alvernaria seja dimensionados para esta função, não existe problema algum em se criar bezerras neste tipo de instalação. No entanto, o que vemos por aí de forma rotineira são galpões adapatados para esta função, resultando em problemas como baixa ventilação e alta umidade (e aumentos nos casos de problemas respiratórios); piso inadequado e grande necessidade de colocação de cama, áreas da instalação com grande incidência de sol no período da tarde, quando todos os animais deveriam ter sombra disponível, entre outros problemas. Mais uma vez, quando a instalação foi planejada de forma adequada para ser bezerreiro não existe problema algum, além do grande investimento com a construção.
Att.,
Carla Bittar
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2009

Caro Rodrigo,
A recomendação é que os animais tenham água de boa qualidade e a vontade desde a primeira semana de vida. Os animais rapidamente aprendem a tomar águia do balde...Um balde de 15L com água sendo trocada duas vezes ao dia (de manhã e a tarde) é bem suficinete para animais mais jovens.
Att.,
Carla Bittar
CARLOS SAMPAIO FARIA FILHO

OUTRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/11/2009

Dra Carla bom dia.

Mesmo considerando a utilização de casinhas na grande parte dos criatórios e do meu pouco conhecimento como produtor de leite, mas por outro utilizando se também de um pouco de bom senso e conhecimentos de engenharia, sou um crítico quanto a utilização deste modo ( Uso de Casinhas )de criar Bezerras.
Sou favoravel a criação em Galpões/ Baias cobertas e são muitas as vantagens :-
1- A questão da Água é favorecida com proteção contra os raios solares e permite muitas vezes a utilização de sistemas com água corrente.
2- Sombra e temperaturas desejaveis em todas as estações são garantidas.
3- Proteção adequada contra chuvas e baixas temperauras
4- A separação em baias viabiliza as boas condições de Sanidade e isolamento necessário, reduzindo sensivelmente o índice de mortalidade
5- Aspecto favoravel quanto a liberdade das bezerras que não precisam ficar amarradas como cachorro
6- Facilidade de Manejo
7- Permite definir espaço próximo ao Bezerreiro, ( Cozinha ) para preparo da alimentação.
8- Quanto ao Custo das instalações sem dúvida é maior, mas evita se perdas de materiais( madeiras), que muitas vezes não são conssiderados no custo de produção.
9- E não poderia deixar de considerar como conclusão o foco deste artigo, DESENVOLVIMENTO X ESTRESSE, no sistema de casinhas, a bezerra pode sentir calor, tomar chuva e sentir frio no mesmo dia, uma vez pela situação do Planeta muitos não se dão conta, que as vezes não podemos mais falar em estações e sim falar como vai ficar o tempo no dia de hoje.
Abraços
Carlos Sampaio
AP.DBR - Silveiras-SP

RODRIGO OLIVEIRA MARANHÃO

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/11/2009

Parabens pelo trabalho!
Gostaria de saber a quantidade de agua a ser fornecida a bezerras nas duas primeiras semanas,quando elas ainda não sabem se servir sozinhas no balde.
obrigado.
Rodrigo.

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