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Nossos bezerros também estão passando calor!

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

CARLA BITTAR

EM 31/01/2014

5 MIN DE LEITURA

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Como todos os mamíferos, bezerros também tentam manter a temperatura corporal, independentemente da temperatura ambiente e dependendo desta temperatura conseguem realizar este controle sem gastar muita energia. Esta faixa de temperatura ambiente que não resulta em aumento da exigência energética dos animais é chamada de zona termoneutra e é afetada pela temperatura real vivenciada pelo bezerro, o que em última análise depende da ventilação, da incidência de sol, da cama utilizada na instalação (se for o caso) e dos processos digestivos como a ruminação. Estes são fatores influenciados pelo tipo de instalação e ambiente em que os animais são criados, assim como o manejo alimentar.

Uma vez que animais jovens tem maior superfície corporal em relação ao seu peso vivo, além da menor geração de calor, bezerros conseguem lidar de maneira mais fácil com temperaturas mais elevadas. No entanto, quando a temperatura está acima da zona termoneutra para os bezerros ocorre uma redução no consumo de concentrado, resultando em redução no ganho de peso diário, como observaram pesquisadores da Provimi North America. Estes pesquisadores monitoraram a temperatura corporal de bezerros, a cada 10 minutos, em três diferentes condições de temperatura dentro do bezerreiro: Moderado: 21-32°C; Quente: 25-36,5°C; Fresco: 11-19,5°C. Os autores observaram maiores temperaturas corporais na condição mais quente no bezerreiro, mas observaram que, independente da temperatura do ambiente, a temperatura corporal dos bezerros é mais baixa no início do dia, aumentando com o passar das horas (Figura 1).


Figura 1. Temperatura corporal de bezerros em aleitamento em três diferentes faixas de temperatura ambiente no bezerreiro (Moderado: 21-32°C; Quente: 25-36,5°C; Fresco: 11-19,5°C).

No entanto, quando a temperatura mínima foi superior a 25°C (ambiente quente), os bezerros não foram capazes de dissipar o calor e pode-se dizer que os mesmos estavam quase que apresentando febre. A diferença da máxima temperatura corporal entre bezerros na condição moderado e quente foi de quase 1°C. Assim, o melhor horário para se realizar atividades de manejo com bezerros como pesagens, descorna e vacinações é no início da manhã quando tanto a temperatura ambiente, quanto a temperatura corporal do bezerro, estão em seu mínimo valor.

A análise dos dados mostrou que o aumento de 1°C na temperatura corporal reduz em média 15% do crescimento estrutural e o ganho de peso de bezerros leiteiros (Figura 2). A redução no consumo ou no ganho de peso de bezerros está inversamente relacionada com o aumento da temperatura do ar dentro de bezerreiros. Além disso, um grande agravante é a elevada umidade relativa do ar em algumas regiões. A avaliação das duas figuras permite concluir que bezerros expostos a altas temperaturas no ambiente tem problemas para dissipar de forma eficiente o calor e não são capazes de retornar a sua temperatura corporal normal num período de 24h. Esse problema é ainda mais grave quando as temperaturas mínimas são elevadas. Estas reduções no desempenho e o problema com o controle da temperatura corporal devem ser ainda maiores nas condições nacionais tendo em vista que, na maior parte das regiões, temos temperaturas mais elevadas do que as avaliadas no trabalho da Provimi, associadas a mínimas também superiores.


Figura 2. Relação entre a temperatura do ar e o ganho de peso diário e o consumo de concentrado inicial em bezerros leiteiros.

Portanto, podemos dizer que bezerros, assim como vacas, podem apresentar estresse por calor, principalmente quando a temperatura durante a noite não é reduzida permitindo a dissipação do calor corporal. Uma vez que o consumo é reduzido e a exigência energética para controle corporal aumentada, a eficiência dos animais é reduzida, assim como o ganho de peso. Ao reduzir o consumo de concentrado o desenvolvimento ruminal pode ser retardado, muitas vezes afetando o desempenho na fase de transição.

Interessante observar que a queda no consumo de concentrado não é tão acentuada quanto a queda no ganho de peso, sugerindo que parte da energia consumida está sendo utilizada para o controle da temperatura corporal. Assim, para auxiliar os bezerros nesta fase é extremamente importante fornecer concentrados de alta qualidade, com alta digestibilidade; além de aumentar o fornecimento de dieta líquida, a qual não tem seu consumo reduzido com o calor. Dessa forma, o consumo de nutrientes seria aumentando, podendo resultar na manutenção do ganho de peso dos bezerros.


O fornecimento de água de boa qualidade e a vontade também é de extrema importância para auxiliar bezerros que estão sujeitos a estresse por calor. Na tentativa de controlar temperatura, estes animais aumentam sua perda de água através da respiração e da transpiração. Lembrando que animais mais velhos irão consumir mais água, em alguns casos é necessária a troca de baldes normalmente utilizados por baldes maiores. Além disso, bezerros acometidos por diarreias no período de calor sofrem ainda mais com a perda de água e muitos entram em óbito por desidratação. Assim, protocolos de reidratação com soro devem ser realizados nos primeiros sinais de bezerros com diarreia nos períodos mais quentes do ano.

Outras estratégias para auxiliar os bezerros nestes períodos é fornecer mais sombra para estes animais, principalmente quando se utilizam abrigos individuais. Nestes períodos de maior temperatura podem ser utilizadas áreas mais arborizadas ou sombrite que forneça sombra suplementar. No entanto, no caso de área mais arborizada deve-se atentar para a umidade do ambiente, que muitas vezes acaba sendo aumentada piorando a condição de bem estar do bezerro. Em bezerreiros fechados alguns bezerros podem ficar expostos a raios solares diretos, aumentando o problema de estresse por calor, sendo então necessária a colocação de cortinas que possam amenizar o problema. De novo, deve-se atentar para a umidade do ambiente também neste caso. O posicionamento dos abrigos ou do galpão de forma que nos períodos mais quentes do ano tenham o máximo de ventilação natural. No caso de galpões podem ser colocados ventiladores, mas existe a necessidade de controle conforme o clima é alterado durante o ano.

Com as altas temperaturas observadas neste verão, é de se esperar uma redução no desempenho dos animais, principalmente por que as mínimas durante a noite também têm sido elevadas. Ainda, se houverem surtos de diarreias, que normalmente estão associados a maior umidade do ambiente, mas também a problemas na limpeza de utensílios para o aleitamento, as reduções podem ser ainda mais graves. Avalie o ambiente em que seus bezerros estão sendo criados. Se você está passando calor enquanto trabalha com seus bezerros, é muito provável que eles também estejam! Sendo possível, forneça mais sombra. Verifique se houve grande redução de consumo de concentrado e considere um aumento no fornecimento de dieta líquida de forma a não ter reduções no ganho de peso. Lembre-se que bem estar e desempenho caminham juntos!
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

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LILIAN

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - ESTUDANTE

EM 11/08/2014

Olá, Carla Bittar

Gostaria de ter acesso a esse artigo da Provimi, tem como me enviar?

att

Lilian
FABIANO LOPES BUENO

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 16/02/2014

Caros Professores Carla e Flávio.

Muito obrigado pelo retorno e pelos esclarecimentos. Eu achei o artigo muito importante porque vejo que no dia a dia das fazendas, em geral, o conforto térmico das bezerras é relegado a segundo ou até terceiro plano. Eu moro e trabalho no sul do Brasil e acredito que nossas bezerras sofrem com estresse térmico no verão e no inverno devido e falta de adequações nas dietas e alojamento inadequado.

Gosto muito deste canal no Milkpoint pois é um dos poucos "locais" de discussão sobre criação de bezerras.

Mais uma vez agradeço pela atenção e parabenizo pelo excelente artigo.



Att



Fabiano Lopes Bueno.
CARLA BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/02/2014

Caro Fabiano,

Sim, os animais também podem sofrer estresse por frio e neste caso os recém-nascidos são os mais afetados. Alterações nas dietas e adequações nas instalações também são necessárias para manter o desempenho animal, já que os bezerros tem aumento na exigência para produção de calor. No entanto, na maior parte do Brasil, esta não é uma preocupação devido as temperaturas mais elevadas.

Abs.,

Carla
FLÁVIO BACCARI JR.

BAURU - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2014

Olá Fabiano, grato pelo interesse.

Todo excesso é prejudicial. No stress pelo calor ou pelo frio, deve-se considerar, de início, se lidamos com bezerros (as) de raças europeias (leite ou corte) ou de origem indiana (mais para leite/ ou mais para corte). A diferença básica está na taxa metabólica (raças europeias = "animais mais quentes", raças indianas = "animais mais frios"). Daí decorre que os (as) de origem europeia são menos tolerantes ao calor e mais resistentes ao frio; o inverso é verdadeiro para os (as) de origem indiana. Não obstante, em condições climáticas extremas ambos (as) mostram acentuada queda  no ganho de peso e a taxa de mortalidade  pode chegar a 10 % ou mais, na dependência da intensidade, duração e frequência de atuação dos agentes climáticos estressores. Em verdade, a matéria envolve muitos outros aspectos que demandariam ser analisados como a zona de termoneutralidade, índices de conforto térmico e funções vitais.Assim, este espaço seria  pequeno para tal. No entanto, caso seja do seu interesse, poderei enviar  uma cópia do capítulo "Proteção do Bezerro Contra o Frio e o Calor" constante do meu livro (v. acima) e a referência de três trabalhos que publiquei os quais incluem vários ângulos relativos ao que ora tratamos com bezerros. Outrossim, há muita informação a respeito que poderá ser encontrada na web.

Abraço

Prof. Baccari
FABIANO LOPES BUENO

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 11/02/2014

Ao meu ver o excesso de calor é tão prejudicial para o ganho de peso e bem estar das bezerras quanto o estresse por frio.

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