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Identificação de animais doentes em bezerreiros coletivos com auxilio de testes de abordagem

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

CARLA BITTAR

EM 18/08/2014

4 MIN DE LEITURA

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Considerando dados de pesquisa sobre bem estar e seus efeitos no desempenho animal, muitos técnicos tem estimulado a criação de bezerras em grupos. Vários dados mostram que, quando criados em grupos, estes animais manifestam comportamentos lúdicos (brincadeiras) e se adaptam melhor a novas situações como, por exemplo, a troca de lote. Com alojamento em grupo dos bezerros cada vez mais comum, é imperativo identificar comportamentos indicativos de doenças em um ambiente socialmente competitivo. O comportamento dos animais acometidos por doenças pode ser bastante alterado, com animais apresentando anorexia, letargia, isolamento, falta de interesse em coisas/eventos novos no ambiente. O entendimento destas alterações e da resposta que o animal apresenta pode auxiliar no diagnóstico de doenças, aumentando a probabilidade de sobrevivência.

Dentre as doenças que mais acometem os bezerros criados coletivamente, destaca-se a doença respiratória bovina (DRB). As DRB tem sido responsáveis por altas taxas de mortalidade em alguns rebanhos. No EUA, em torno de 12% dos bezerros são afetados pela doença, que responde por 22,5% da mortalidade destes animais (NAHMS, USDA, 2010). Além de reduzir o desempenho, as DRB aumentam a morbidade nos bezerreiros, apresentando também impactos nas fases seguintes com aumento na idade ao primeiro parto e no risco de não completar a primeira lactação. Os impactos diretos das DRB no bem estar animal são o sofrimento associado a dor e a dificuldade respiratória.

Existem várias tentativas de se criar métodos de identificação e diagnóstico de animais doentes quando criados em grupo. O escore de saúde proposto por McGuirk (2008; saiba mais: https://bit.ly/VyEu7n) tem auxiliado nesta tentativa, mas pode consumir muito tempo por ser uma avaliação individual dos animais. Nos sistemas automatizados de aleitamento, os dados de consumo individual de dieta líquida podem auxiliar na identificação de animais que vão apresentar doença, uma vez que o consumo é reduzido dias antes do aparecimento da mesma (Borderas et al., 2009). No entanto, esta redução só é observada em animais que recebem maiores volumes de dieta líquida. Assim, métodos e ferramentas de fácil aplicação, rápida resposta e de baixo custo, que auxiliem na identificação de animais doentes são necessárias.

Em ratos, observa-se redução no comportamento exploratório quando novos objetos são colocados no ambiente. Testes de medo e de comportamento exploratório tem sido utilizados em bovinos. Assim, Cramer e Stanton, da Universidade Wisconsin, sugerem que os testes de aproximação podem ser utilizados na identificação de bezerros doentes, apresentando trabalho na reunião conjunta da American Dairy Science Association e da American Society of Animal Science em julho de 2014.

O objetivo do estudo foi determinar as associações entre DRB de bezerros leiteiros alojados em grupo e sua probabilidade e latência para abordar um novo objeto ou pessoa parada. A hipótese é de que bezerros acometidos por DRB terão menor probabilidade de aproximação, comparados a animais saudáveis; e que em caso de aproximação, o tempo para que ela ocorra será maior.

Em uma propriedade comercial em Wisconsin, 75 bezerras da raça Holândes, em aleitamento e criadas em grupo, foram testadas uma vez por semana, durante 6 semanas. A idade média dos bezerros no início do estudo foi de 4 ± 2 dias. Os animais foram alojados em oito baias, com uma média de 9 ± 1 bezerros/baia. A cada semana, todos os animais do estudo foram testados quanto à sua vontade de se aproximar de um novo objeto (cone de plástico azul) e uma pessoa estacionária em 60 segundos. A abordagem foi definida como um passo na direção da pessoa ou do objeto. Após os testes de aproximação foi realizada avaliação de saúde utilizando-se o escore proposto por McGuirk (2008). O comportamento de bezerros com sinais clínicos de BRD foram comparados com bezerros sem sinais clínicos de BRD.

Figura 1. Baias coletivas onde foram realizados os testes de aproximação.

A Figura 2 mostra a prevalência de DRB aumenta com o tempo, embora a prevalência de diarreia tenha um pico em torno da segunda semana, sendo reduzida no período subseqüente. Com a idade, houve aumento da proporção de animais que se aproximou tanto do objeto quanto da pessoa parada; havendo, no entanto, algumas diferenças entre proporção de aproximação do objeto ou da pessoa.

Figura 2. Proporção de bezerros que se aproximou do objeto ou da pessoa parada e prevalência das doenças observadas durante o período do estudo.

Bezerros sem DRB apresentaram 0,5 vezes maior chance que os bezerros doentes de se aproximar da pessoa parada ou do novo objeto (Figura 3). Estes dados sugerem menor comportamento exploratório e maior apatia em relação a coisas novas no ambiente para animais doentes. Além disso, animais saudáveis tiveram 0,6 vezes maior chance de se aproximarem do objeto ou da pessoa parada em qualquer momento durante o teste de aproximação.

Figura 3. Proporção de bezerros doentes e saudáveis que se aproximou do objeto ou da pessoa parada.

Figura 4. Proporção de bezerros que se aproximou do objeto ou da pessoa parada em diferentes janelas de tempo.

Os sinais clínicos de DRB tiveram impacto na probabilidade de abordagem, comprovando redução no comportamento exploratório. Quando os bezerros doentes se aproximaram, esta aproximação foi bem mais lenta do que aquela observada em animais saudáveis. Estes resultados sugerem que os testes de abordagem podem ser usados para identificar os bezerros com DRB quando criados coletivamente.

Referências

Borderas, T. F., A. M. B. d. Passille, and J. Rushen. 2009. Feeding behavior of calves fed small or large amounts of milk. J. Dairy Sci. 92(6).

Cramer, M. C., Stanton, A. Associations between bovine respiratory disease complex and the probability and latency of group-reared neonatal dairy calves to approach a novel object or stationary person. Journal of Animal Science, Volume 92, E-Supplement 2. 2014.

McGuirk, S. M. 2008. Disease management of dairy calves and heifers. Veterinary Clinics of North America, Food Animal Practice 24(1).
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

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ARLLISON BARRA

VOLTA REDONDA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/08/2014

Muito bom, ouvi muito sobre isso de forma prática, a ciência confirma!!!

Brinca menos, não se aproxima para " mamar nos dedos", olhar "lento".
LEONARDO

CARANGOLA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2014

Parabens pelo o artigo!

os indices de tranferencias de doenças iram aumentar .mais se pensarmos por  outro lado vai facilitar o manejo para separar aquele animal que estar com alguma doença bacteriana , e essa parte de aproximação será muito mais facil focalizar aquele bezerro que esta com algum tipo de infecção pois o seu comportamento será diferente em relação aos outros animas .

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