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Efeito de diferentes fontes de forragem no desempenho de bezerros durante a fase de aleitamento

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E JACKELINE THAIS DA SILVA

CARLA BITTAR

EM 15/03/2012

5 MIN DE LEITURA

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O fornecimento de volumoso, seja na forma de feno ou silagem, para bezerros durante a fase de aleitamento, é uma discussão que enfrenta controvérsias há algum tempo. Fornecer apenas concentrado inicial, durante esta fase, vem sendo preconizado devido aos seus efeitos estimulatórios no desenvolvimento do rúmen destes animais. Já o fornecimento de forragem não tem sido recomendado, uma vez que estudos mostram que seu consumo pode reduzir o consumo de concentrado, e consequentemente diminuir o desenvolvimento de papilas ruminais, afetando a digestibilidade da matéria seca e o ganho de peso após o desaleitamento.

Por outro lado, fornecer apenas concentrado inicial até o desaleitamento pode levar a grandes variações e reduções no pH ruminal, na motilidade do rúmen e provocar a fusão de papilas ruminais devido a maior deposição de queratina; fatores que podem diminuir a habilidade da mucosa ruminal em absorver nutrientes. Estes fatores podem ser minimizados com o fornecimento de forragem ou pela adequação no teor de FDN dos concentrados iniciais. A forragem estimula a parede muscular do rúmen, promove a ruminação, mantém a integridade e a saúde da parede ruminal, reduzindo assim, problemas no ambiente ruminal como a queda do pH.

Mesmo com todos esses benefícios para o rúmen, o fornecimento de forragem para bezerros não tem sido recomendado. Atualmente, é comum o fornecimento de concentrado inicial com relativamente baixo teor de fibra em detergente neutro (FDN) de forma a maximizar a digestibilidade (16-18%). Na literatura, várias fontes de forragens (feno de alfafa, feno de capim, capim fresco, silagem de milho) e concentrado foram utilizadas para estudos, mas nenhum deles avaliou mais que duas fontes de forragem sob as mesmas condições experimentais.

Assim, considerando a necessidade de maximizar o consumo de alimentos sólidos em bezerros, um grupo de pesquisa espanhol avaliou o potencial benéfico do fornecimento de diferentes fontes de forragens, de forma a determinar que fonte de forragem poderia melhorar o desempenho e saúde dos animais.

Para um conjunto de três experimentos foram utilizados 179 bezerros machos, com acesso a concentrado, e suplementados com diferentes fontes de forragens:

1) Feno de alfafa e feno de azevém;
2) Feno de aveia picado e palha de cevada picada;
3) Silagem de milho e silagem de triticale.

Após o período de adaptação, que foi até o 14º dia de vida dos bezerros, os animais passaram a receber, além do concentrado inicial, uma das fontes de forragem, exceto os animais do tratamento controle. O sucedâneo foi fornecido aos animais duas vezes por dia (4L/d) até o desaleitamento, que ocorreu no 57º dia de vida dos bezerros, sendo o experimento concluído quando os animais completaram 71 dias de vida.

As amostras de forragem, feno, palha de cevada e silagem; foram analisadas quanto a composição química, sendo avaliado a matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM) (Tabela 1).



O consumo de concentrado inicial dos bezerros que receberam feno de alfafa foi semelhante ao dos animais do tratamento controle; no entanto, foi inferior ao consumo observado para os demais tratamentos com suplementação de forragem (Tabela 2). Por outro lado, o consumo de forrragem foi superior para animais suplementados com feno de alfafa e aveia, mostrando um possível efeito de substituição, quando a forragem fornecida é de alta qualidade (principalmente digestibilidade).



Apesar do maior consumo de forragem nos animais recebendo feno de alfafa, o consumo de matéria seca total foi similar ao dos animais do tratamento controle; o consumo de concentrado neste tratamento foi baixo.

Para os animais recebendo silagem, o consumo relativamente baixo da forragem pode ser explicado pelo potencial efeito negativo de alguns subprodutos da fermentação da silagem, como as aminas. Por outro lado, o alto teor de FDN e FDA pode ter potencialmente limitado o consumo dessas forragens. Neste estudo também foi observado uma diferença de consumo entre os animais recebendo feno de gramínea ou leguminosa. Oferecer uma leguminosa (feno de alfafa) não aumentou o consumo de matéria seca total e o desempenho dos bezerros, enquanto os bezerros que receberam uma gramínea apresentaram melhora no consumo de matéria seca total e também no desempenho. O baixo consumo de forragem observado em bezerros recebendo gramíneas pode ter melhorado o ambiente ruminal, que por sua vez pode ter contribuído para estimular o consumo de concentrado inicial, consumo de matéria seca total e melhorar o desempenho dos bezerros.

O ganho de peso foi maior para animais suplementados com fontes de forragens, exceto feno de alfafa, para bezerros durante a fase de aleitamento, fator relevante para a recomendação do fornecimento de forragem. O maior ganho de peso foi observado nos animais recebendo feno de aveia, silagem de triticale, e palha de cevada com o ganho de peso variando de 21 a 28% que o observado nos animais controle (Tabela 2).

Apesar das mudanças observadas no consumo e desempenho dos animais com o fornecimento de forragem, nenhuma diferença foi observada na eficiência alimentar ao longo do experimento (Tabela 2). Este resultado sugere que ao contrário do pensamento comum, o consumo de forragem não compromete a utilização dos nutrientes em bezerros. Entretanto, as principais pesquisas encontradas na literatura não observaram melhoras no consumo de matéria seca total quando parte do concentrado foi substituído por forragem durante o período de aleitamento.

Contudo, neste estudo foi concluído que o fornecimento de feno de gramíneas ou silagem, exceto feno de alfafa, melhora o ganho de peso e o consumo de matéria seca de bezerros durante o período de aleitamento, sem prejudicar a digestibilidade de nutrientes. O melhor desempenho dos animais foi obtidos com a suplementação de feno de aveia, palha de cevada ou silagem de triticale.

Referência

Castells, Ll; Bach, A.; Araujo, G.; Montoro, C.; Terré, M. Effect of different forage sources on performance and feeding behavior of Holstein calves. J. Dairy Sci. 95:286-293, 2012.

Comentários

A recomendação de não se fornecer volumoso vem sendo questionada, mesmo considerando-se seu pequeno benefício no que diz respeito ao desenvolvimento ruminal. No entanto, os baixos teores de FDN dos concentrados fornecidos comumente tem resultado em grandes variações no consumo pelos animais. É comum observar pequenos picos de consumo seguidos de reduções, provavelmente em resposta a alterações ruminais como baixo pH. Assim, principalmente em animais aleitados intensivamente, tem-se observado respostas interessantes, sem que ocorram reduções no consumo de concentrado, quando se fornece volumoso. Além disso, adequações nos teores de FDN dos concentrados podem reduzir a variação no pH ruminal. No entanto, quando volumoso de altíssima qualidade é fornecido, a exemplo do feno de alfafa, o que se observa é o menor consumo de concentrado, o que pode reduzir o desempenho e o desenvolvimento ruminal. Também interessante é o fato de que nos sistemas de criação em abrigos individuais como a casinha tropical, os animais tem forragem de boa qualidade para pastejo, o que pode ser observado já na terceira semana de vida. Assim, esta preocupação deve ser maior nos sistemas de criação com bezerreiros fechados ou abrigos em tanques de areia.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

JACKELINE THAIS DA SILVA

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CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/09/2012

caro Gustavo,

isso seria o mais adequado! Aumentar o FDN com ingredientes de alta digestibilidade. temos observado benefícios mesmo em bezerreiros em pastagens (normalmente tifton) quando o animal consome forragem. Além deste benefício do aumento da FDN, conseguimos reduzir um pouco o teor de amido do concentrado que muitas vezes é responsável pela grande variação diária no consumo de concentrado.

Abs.,

Carla
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/09/2012

caro Alexandre,

Fornecer silagem para animais com baixo consumo total e com comportamento ingestivo diferenciado é bastante complicado. Como a silagem é um alimento de baixa estabilidade na maior parte das vezes, tem sua qualidade alterada de modo que o consumo voluntário dos animais é baixo. Fornecer silagem para animais em aleitamento não tem fundamento nenhum...Fornecer para animais logo após o desaleitamento dependerá de um manejo alimentar muito bem feito de forma que o animal não tenha apenas silagem quente para consumo.

Abs.,

Carla
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/09/2012

Caro Marcos,

o fenil traz grandes perdas e, como você mesmo levantou, problemas com relação a limpeza...Dependendo da qualidade deste feno talvez o melhor fosse não fornece-lo!!! Pense na alternativa de aumentar o teor de FDN do concentrado através de ingredientes de alta digestibilidade no concentrado.

Abs.,

Carla
GUSTAVO SALVATI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2012

Profa. Carla.

   Acho que seria mais fácil aumentar o teor de FDN da dieta através do concentrado (subpordutos fibrosos: casca de soja, etc) do que incluir forragem. Pois um feno de aveia, o qual obteve o melhor resultado no respectivo trabalho, é caro. E ainda ao se deixar a vontade para bezerros, haverá desperdício do mesmo (cair no chão). Agora em bezerreiros tropicais onde há pasto a disposição ele ingere à vontade. Mas em bezerreiros com cama de areia e fechados creio que concentrados com teor de FDN mais elevado seja melhor. Gostaria de saber sua opinião e agradecê-la pelo envio do artigo.

Att,

Gustavo Salvati
ALEXANDRE FONSECA RIBEIRO

SETE LAGOAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/03/2012

Muito bom artigo.

Prof. Carla, um ponto que gostaria de esclarecer é o seguinte: em alguns casos é comum as bezerras apresentarem ganho de peso satisfatório na fase de aleitamento e quando vão para a transição e colocadas em pasto observa-se queda no ganho de peso destas bezerras. Acredito que isso seja devido a dificuldade destes animais pastejarem nesta fase, principalmente até os 9 meses de idade. Tenho fornecido silagem de milho para estas bezerras (cerca de 5 kg/animal/dia) até os 9 meses de idade, e o ganho de peso saiu de 550 gramas por dia para mais de 750 gramas/dia, na média. O que você acha desta prática? Neste caso pode ser uma justificativa o uso de silagem na fase de aleitamento para adaptar as bezerras a este volumoso, considerando que o mesmo será fornecido após o desaleitamento?

Desde já lhe agradeço pela atenção.

Att,
ALLYSSON RANGEL RAULINO NOBRE

MORADA NOVA - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/03/2012

projeto so tem a engrandecer o pequeno produtor.........parabens
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/03/2012

Doutora Carla,

Obrigado por divulgar um tópico polêmico. Muita gente acredita ainda que fornecer volumoso é "fundamental", principalmente técnicos mais "antigos" e/ou produtores mais tradicionais. É muito difícil convencer estes indivíduos que a qualidade da forragem é fator determinante para os sucesso de programas de suplementação na fase de aleitamento. Tão difícil quanto convencê-los é produzir esta forragem (de qualidade), evidentemente.

Não uso volumoso, não recomendo e sou muito feliz apenas com concentrados. No entanto, não fico perdendo tempo e discutindo com quem acredita que o fornecimento de volumosos nesta fase é "indispensável". Quer fornecer? Ok, desde que ofereça antes um concentrado de extrema qualidade (leia: extrusado, laminado, peletizado, com melaço e leite em pó).

Forte abraço, até!
MARCOS GOULART PEREIRA (MARKITO.'.)

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/03/2012

Professora Carla

Saudações

Em bezerreiras fechadas, utilizar o feno de gramínea passado em ensiladeira, com corte de 5 cm,  misturada à ração peletizada ou deixar o feno à disposição do animal em um fenil, existe alguma diferença de consumo ou mesmo resposta no desenvolvimento. Utilizando o fenil existe um maior disperdício e dificulta a limpeza.

Obrigado.

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