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Efeito da substituição de antibióticos por prebióticos na saúde de bezerros em aleitamento

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E JACKELINE THAIS DA SILVA

CARLA BITTAR

EM 29/09/2009

5 MIN DE LEITURA

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Bezerras saudáveis são essenciais para o sucesso e lucratividade da atividade leiteira, assim métodos que beneficiem o crescimento e a saúde destes animais são continuamente pesquisados. Entretanto, alguns métodos utilizados, como a inclusão de antibióticos em sucedâneos lácteos e em rações concentradas, têm gerado preocupações em relação à segurança alimentar (Heinrichs et al., 1995).

Tradicionalmente, os sucedâneos lácteos têm sido formulados com antibiótico como tratamento preventivo. Entretanto, como o consumo deste produto pode estar aumentando a resistência de bactérias, o interesse em suplementações alternativas vem crescendo. Aditivos que resultem na diminuição do uso de antibióticos e aumentem a função imunológica, além de aumentar consumo de alimento e ganho de peso, são interessantes do ponto de vista econômico para sistemas de produção de leite. Dentro deste contexto se enquadram os prebióticos, que são carboidratos não digestíveis e não hidrolisados por ácidos presentes no intestino ou absorvidos pelo trato gastrintestinal. Estes compostos servem como substrato seletivo de grupos específicos de microrganismos benéficos à saúde, já presentes na flora intestinal, dentre os quais se destacam Bifidobacteria e Lactobacilli.

Com base na busca destas alternativas, pesquisadores americanos realizaram um trabalho com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação com prebióticos ou antibióticos em bezerros leiteiros na fase de aleitamento, quanto a saúde, populações de bactérias fecais e nível de imunoglobulinas A (IgA) nas fezes Heinrichs ET.

Para a realização deste estudo foram utilizados 75 bezerros da raça Holandesa, os quais foram separados da mãe 1 hora após o nascimento, receberam colostro (4L/ 1 dia), e foram distribuídos em três tratamentos de acordo com o sucedâneo:

1) Controle: sucedâneo lácteo sem a adição de aditivos;
2) Antibiótico: sucedâneo lácteo contendo antibiótico (0,220 g de oxitetraciclina/ kg e 0,441 g de neomicina/kg);
3) Prebiótico: sucedâneo lácteo adicionado de 20 g/dia de prebiótico contendo produtos da fermentação de Lactobacillus gasseri OLL2716 e Propionibacterium freudenreichi ET-3.

Os animais receberam sucedâneo 2 vezes por dia até 6% do peso corporal por alimentação. Durante a 6ª semana de vida os animais foram desaleitados gradualmente, sendo completamente desaleitados na 7ª semana de vida. Foram avaliados os escores fecal e respiratório diariamente, o peso vivo e medidas morfométricas de crescimento, além de serem realizadas colheitas de fezes semanalmente.

Os dados de ganho de peso diário, consumo de concentrado e medidas de crescimento dos animais foram semelhantes entre os grupos (Tabela 1). O consumo de concentrado foi adequado em todos os tratamentos, resultando em taxas de crescimento satisfatórias, independente da inclusão ou não de aditivos na dieta líquida.

Tabela 1. Desempenho e medidas morfométricas de crescimento de bezerros aleitados com sucedâneo sem e com a inclusão de antibiótico ou prebiótico.

Clique na imagem para ampliá-la.

De maneira geral, a saúde dos animais utilizados neste experimento foi bastante satisfatória. Os resultados mostram que os diferentes tratamentos não afetaram o escore respiratório, a saúde ou o escore de fezes. O escore fecal revelou um pico de diarréia na 2ª semana, seguido de um declínio e estabilização no escore 1 na 5ª semana de idade. Picos de diarréia na segunda semana são comuns em bezerros manejados dessa forma, sendo principalmente causadas por E. coli (colibacilose), também chamada de diarréia branca.

Os resultados de morbidade e intervenções com antibióticos apresentados na Tabela 2 mostram claramente que os tratamentos não afetaram a saúde dos animais. Entretanto, o grupo controle apresentou 2 vezes mais bezerros com diarréia e total de dias de tratamentos que os animais dos grupos que receberam aditivos, que apresentaram valores semelhantes. Este fator pode aumentar o custo com medicamentos e mão de obra, aumentando o custo da bezerra desaleitada.

Tabela 2. Morbidade e número de tratamentos médicos em bezerros aleitados com sucedâneo sem e com a inclusão de antibiótico ou prebiótico.

Clique na imagem para ampliá-la.

Considerando que os animais utilizados neste estudo estavam com baixo nível de estresse e exibiram poucos problemas de saúde, acredita-se que não foi possível observar o verdadeiro efeito dos aditivos na saúde dos bezerros.

Outro parâmetro avaliado, e que também não foi afetado pela inclusão dos aditivos, foram as populações benéficas e as patogênicas, além das concentrações de IgA nas fezes. Os bezerros que receberam prebiótico apresentaram mais Lactobacilli nas fezes, o que indica maior produção dessas bactérias; que animais suplementados com antibióticos, particularmente na 2ª semana (Tabela 3). Já o número de populações de Bifidobacteria foi similar em todos os tratamentos. Por outro lado, considerando as bactérias patogênicas, as populações de Enterobacteriaceae foram maiores na 4ª semana para o grupo controle, quando comparado ao grupo que recebeu antibiótico. Entretanto, a contagem de Clostridium, também patogênica, que foi analisado apenas na 2ª semana, foi semelhante entre os grupos.

Tabela 3. Média da quantidade de bactérias (ufc/mL) durante o período experimental e por semanas de bezerros aleitados com sucedâneo sem e com a inclusão de antibiótico ou prebiótico.

Clique na imagem para ampliá-la.

Para os resultados de IgA nas fezes, pode-se observar na Figura 1, que as concentração diminuíram com o avanço na idade dos bezerros, com maiores concentrações na 2ª semana (p<0,001). Este fato pode ser explicado pelo estado saudável dos animais, se considerarmos que pode ser difícil observar um aumento na secreção de IgA em bezerros saudáveis comparados a animais que respondem ao desafio de uma doença.



Referência
HEINRICHS, A.J.; JONES, C.M.; ELIZONDO-SALAZAR, J.A.; TERRILL, S.J. Effects of a prebiotic supplement on helath of neonatal dairy calves. Livestock Science, v.125, p.149-154, 2009.

Comentários:

Este estudo mostra que não foi possível detectar efeito do fornecimento de prebiótico ou antibiótico na saúde e desenvolvimento dos bezerros nas primeiras 8 semanas de vida. Uma provável explicação para a falta de efeito dos aditivos é o adequado manejo geral dos animais, com possível baixa infestação e disseminação de agentes patogênicos no ambiente. Também, o adequado programa de colostragem auxilia na redução da incidência de problemas de saúde e nas taxas de morbidade e mortalidade. Embora o impacto do prebiótico neste estudo tenha sido pequeno, melhoras na população de bactérias benéficas podem ser observadas em outros estudos, representando um potencial e importante aspecto para o uso de prebióticos na dieta de bezerros, principalmente em animais submetidos ao estresse e expostos a doenças. No entanto, é importante lembrar mais uma vez que aditivo não substitui manejo, ou seja, se o manejo não estiver adequado, a inclusão de aditivos não resolverá problemas de saúde e de desempenho dos animais.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

JACKELINE THAIS DA SILVA

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