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Como os partos distócicos afetam o desempenho de bezerras?

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E MARÍLIA RIBEIRO DE PAULA

CARLA BITTAR

EM 26/12/2012

4 MIN DE LEITURA

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O parto é um momento importante na vida da vaca e do bezerro, uma vez que problemas ocorridos neste momento podem prejudicar a vida futura destes animais. A distocia é caracterizada por dificuldade ou atraso no parto, o qual muitas vezes exige intervenção humana. Os bezerros que sobrevivem ao trauma do parto distócico têm maior mortalidade e morbidade no período neonatal. Em geral, os estudos que relatam os efeitos da distocia foram realizados com medidas somente nos primeiros dias de vida, com foco principal em bezerros natimortos. Poucos estudos têm investigado a sobrevivência após o período neonatal em bovinos leiteiros, especialmente aqueles que consideram a sobrevivência de bezerros nascidos vivos em relação a todos os bezerros nascidos (natimortos ou não).

Existem algumas evidências também de que a distocia possa ter efeitos em longo prazo sobre o desempenho da bezerra, além de maior mortalidade e morbidade. Alguns trabalhos mostram que bezerros de corte nascidos de partos distócicos tem o crescimento reduzido no período pré-desmame. Em novilhas leiteiras a taxa de crescimento é um bom indicador de sobrevivência e também um determinante da fertilidade e produção de leite. Estudos recentes têm observado produção de leite reduzida em primíparas que nasceram de partos distócicos. A taxa de sobrevivência também foi menor para animais que foram tracionados ao nascimento, apesar de não ser o caso para os graus mais baixos de dificuldade de nascimento.

De acordo com alguns pesquisadores, bezerros provenientes de partos difíceis em geral tem alta mortalidade e morbidade, comprometendo o desempenho animal. Interessados no assunto, pesquisadores do Reino Unido avaliaram se a experiência de um parto distócico altera a sobrevivência de bezerras leiteiras, o seu crescimento até o desaleitamento e sua fertilidade enquanto nulípara. Para este estudo, foram utilizados dados de rebanhos leiteiros do Reino Unido. As bezerras nascidas entre janeiro de 1990 e janeiro de 2000 foram criadas em Edimburgo no Reino Unido. Já as bezerras nascidas entre janeiro de 2002 e abril de 2009 foram criadas em Dumfries no Reino Unido. A dificuldade de parição foi classificada em escores:

1 – Normal (sem assistência);

2 – Dificuldade moderada (parto auxiliado pelo proprietário da fazenda, bezerro era visível);

3 – Dificuldade elevada (bezerro não era visível, necessidade da intervenção de um veterinário).

Os dados incluem peso ao nascer, peso ao desaleitamento, taxa de crescimento até o desaleitamento, número de serviços por concepção e a idade a primeira parição.

As bezerras que nasceram com dificuldade moderada, apresentam 3 vezes maior probabilidade de morrerem antes do desaleitamento e antes do primeiro serviço, quando comparadas com as bezerras nascidas sem assistência, no rebanho de Edimburgo. A sobrevivência até a primeira parição, no entanto, não foi afetada pela dificuldade no parto. No rebanho de Dumfries, a taxa de sobrevivência de bezerros nascidos sem assistência (n=418) foi de 88,8; 82,3 e 77% ao desaleitamento, primeiro serviço e primeira parição, respectivamente. Quando nascidos com assistência moderada (n=27), suas taxas de sobrevivência foram 81,5; 74 e 74% também ao desaleitamento, primeiro serviço e primeira parição, respectivamente. Os bezerros que nasceram com alta assistência (n=6) tiveram uma taxa semelhante de sobrevivência (66,7%) ao desaleitamento, primeiro serviço e primeira parição.

Nas Tabelas 1 e 2, encontram-se alguns dados obtidos neste experimento. As taxas de mortalidade das bezerras nascidas de parto distócico foram maiores até o desaleitamento e após o primeiro serviço. No rebanho de Edimburgo, os bezerros provenientes de partos de dificuldade moderada foram mais pesados ao nascer do que bezerros que não sofreram intervenção e que aqueles que sofreram dificuldade elevada, mas isto não foi visto no rebanho de Dumfries. Em ambos os rebanhos, o peso ao desaleitamento e as taxas de crescimento ao desaleitamento não diferiram entre os bezerros nascidos sem assistência e bezerros nascidos com dificuldade. Não foram observados problemas de fertilidade em animais nascidos de parto distócico. Neste estudo, o desempenho dos animais foi semelhante e não houve efeitos em longo prazo na reprodução destas fêmeas.

 Tabela 1 – Desempenho de novilhas no rebanho de Edimburgo nascidas de partos com diferentes graus de dificuldade: normal, moderada e elevada



Tabela 2 - Desempenho de novilhas no rebanho de Drumfies nascidas de partos com diferentes graus de dificuldade: normal, moderada e elevada



A mortalidade de bezerros após o nascimento, independente da causa, é uma preocupação para o produtor, já que poderá afetar diretamente a composição do rebanho. Sendo assim, este estudo enfatiza a importância da prevenção da distocia não apenas do ponto de vista da vaca adulta, mas também do ponto de vista do bezerro, para melhorar a eficiência e o bem-estar.

Referência

A. C. Barrier, C. M. Dwyer , A. I. Macrae, M. J. Haskell. Short communication: Survival, growth to weaning, and subsequent fertility of live-born dairy heifers after a difficult birth. Journal of Dairy Science, 95: 6750–6754, 2012.


Comentários

O menor desempenho de bezerros provenientes de partos distócicos é comumente observado nos sistemas de produção de leite. Estes animais, além de menor vigor logo após o nascimento, tem menor capacidade de controle da temperatura corporal e são, normalmente, mais susceptíveis a doenças devido a sua comprometida capacidade de absorção de anticorpos através da ingestão de colostro. No entanto, em rebanhos bem manejados, bezerros nascidos de partos distócicos podem não ter o seu desempenho afetado de maneira significativa, como mostrou o trabalho. Os fatores que levam a ocorrência de parto distócicos podem muitas vezes ser controlados pelo treinamento de pessoal, quanto ao momento exato e a real necessidade de intervenção; além de escolha correta de touros com maior facilidade de partos e geração de bezerros menores, principalmente para novilhas. Treinamento e capacitação são essenciais para o bom desempenho animal.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

MARÍLIA RIBEIRO DE PAULA

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RAFAEL MILHORETO SPONCHIADO

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/01/2013

Primeiramente gostaria de parabenizar aos autores pelo texto.

Provavelmente essa baixa absorção de anticorpos deve-se ao tempo decorrido entre o nascimento até a ingestão de colostro, que é mais elevado que o normal, visto que a cada hora pós nascimento a absorção de moléculas pesadas, como é o caso dos anticorpos presentes no colostro, diminui.

Feliz ano novo a todos.
FELIPE VALLE DE MELLO

VASSOURAS - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/12/2012

Concordo com o comenterio anterior do futuro colega de profissão.

Porque aparentemente esse animal não sofreu nenhuma mudança fisiologica no seu aparelho digestivo para que não absorva diretamente as  imunoglobulinas do colostro nas primeiras horas apos o parto, a não ser que o autor esteja falando em relação ao estresse que esse animal passou pelo parto dificil, e tenha ocorrido o sofrimento fetal, deixando o neonato muito debilitado ou até a morte com ocorre em muitos casos.



Obrigado.
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 26/12/2012

Gostaria de questionar os autores quanto a baixa absorção de anticorpos pelos bezerros oriundos de parto distócico conforme mencionado, a que fator estaria atrelado esta colocação?


Desde já agradeço a atenção.


Forte abraço!

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