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UHT vem puxando preços; até quando?

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 26/04/2011

5 MIN DE LEITURA

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Em abril de 2010, o mercado de leite no Brasil se encontrava em situação de definição e incerteza em relação aos meses seguintes, que foram infelizes para produtores e indústria. Passados doze meses, nos encontramos em um cenário de oferta e demanda com particularidades semelhantes e, ao mesmo tempo, algumas características distintas, que não permitem ainda uma análise clara do cenário futuro.

Voltando um pouco, em março, o início (efetivo pós-carnaval) das aulas retomou as vendas no atacado e varejo, melhorando o cenário abaixo da expectativa da indústria nos dois primeiros meses do ano. Com a oferta reduzindo-se entre 5 a 15%, segundo agentes de mercado consultados pelo MilkPoint, os produtores na quase totalidade do país tiveram valorização do seu leite.

O preço ao produtor em março, considerando a média nacional do Cepea-Esalq/USP, valorizou quase 3% e chegou a R$ 0,7585/litro. Esse valor deflacionado pelo IGP-DI, o que permite a comparação entre períodos, é praticamente igual a março de 2010. O custo de produção de leite, entretanto, teve significativa valorização.

Segundo o ICPLeite/Embrapa, a variação no acumulado em 12 meses foi de 14,4%, com as porções produção e compra de volumosos, sal mineral e concentrado, apresentando o maior crescimento. Mesmo com os custos em alta, nossa estimativa de Receita Menos Custos da Ração (gráfico 1), um sinalizador da rentabilidade em curto prazo, e nosso Índice de Confiança da Produção, têm indicado um cenário "complicado", mas ainda favorável à produção, o que explica uma oferta de leite acima do ano passado - acreditamos que a oferta esteja cerca de 5% acima do mesmo período do ano passado.

Gráfico 1. Receita menos custo da ração - últimos 12 meses (R$/vaca.dia, corrigidos pelo efeito da inflação)



Você concorda? Como você, produtor, classifica a situação atual e expectativa da produção de seu negócio? Participe do nosso Índice de Confiança MilkPoint - Produção de abril/11.

Aliado a um possível aumento de oferta interna, temos as importações, que nos três primeiros meses de 2011 ocasionaram um déficit equivalente a 259 milhões de litros (consideramos a quantidade de litros necessária para produzir cada quilo de determinado produto) e de US$ 111,1 milhões (tabela 1). Apesar desses valores parecerem pequenos proporcionalmente à totalidade da produção nacional, tornam-se significativos se considerarmos sua participação no crescimento do mercado. Nesse ano, as importações, segundo nossas estimativas, chegaram a representar mais de 3% do consumo, ao passo que no ano passado estavam em 1%.

Tabela 1. Volume e valor comercializado no 1º trimestre de 2011 e comparação com 2010.



Dois importantes fatores são causa e consequência, respectivamente, dessa situação da oferta.

Se 2011 tiver um comportamento parecido com 2010, o aumento da oferta interna, aliado às importações, pode colocar um teto na ascensão de preços. As vendas sugerem que esse pode ser um cenário factível.

No atacado, os preços dos queijos nessa 1ª quinzena de abril subiram um pouco, mas tem oscilado, sendo avaliados em média entre R$ 8,90 a 10,20 o quilo. O mercado de leite em pó está devagar, havendo quem reporte formação inicial de estoques. Os valores têm variado de R$ 7,60-8,90/kg.

Já o leite longa vida (UHT), que inclusive é o produto com maior correlação com os preços do leite ao produtor, está firme, apresentando vendas crescentes, ficando entre R$ 1,60 a 1,85/litro, dependendo do estado e fabricante. Mesmo assim, os agentes de mercado têm reportado dificuldade em emplacar maiores preços.

Em pesquisa realizada pelo MilkPoint no varejo de Piracicaba (SP) o resultado foi semelhante. O longa vida teve valorização de 3,2% na 1ª quinzena de abril sobre a média de março e ficou em média a R$ 2,03/litro. Esse valor é igual ao de abril de 2010, mês que atingiu seu segundo maior valor do ano (o pico foi em maio/10). Segundo agentes de mercado, tem se observado uma subida dos preços do longa vida no período de um mês, mas há preocupação de que tenham encontrado resistência para novas altas. Segundo eles, está complicado emplacar maiores preços no atacado/varejo.

Gráfico 2. Preço do leite longa vida (UHT) e dias de fabricação no varejo de Piracicaba-SP.



Se esse "entrave" nos preços de vendas, principalmente do longa vida, perdurar, estaremos observando um estreitamento da margem de lucro da indústria. Nesse cenário, um novo reajuste em abril encontraria certa "resistência" nos próximos meses, podendo estagnar ou até ser revertido, como já ocorreu em momentos como esse. Se os estoques se formarem, os supermercados demorarão a atualizar os preços, dificultando ainda mais o escoamento de produto e forçando queda ao longo da cadeia.

Porém, esse é apenas um dos cenários. No cenário mais favorável, a indústria conseguirá emplacar maiores preços no atacado e varejo, com os queijos retornando aos patamares do fim do ano anterior e o mercado de longa vida permanecendo firme. Nesse caso, os preços ao produtor se mantém em trajetória ascendente por mais tempo, gerando um estímulo de oferta para o final do ano.

O comportamento do leite spot (comercializado entre indústrias), que chegou a a 89-91 centavos/litro na 1ª quinzena de abril frente a 85-87 centavos/litro em março, sugere que talvez haja espaço para novos aumentos. Afina, esse é um indicativo de aumento da procura por leite pela indústria e sinalizador de aumento de preço ao produtor, como aconteceu no ano passado. O spot é o primeiro a sentir a temperatura do mercado, e continua aquecido.

Também, vale lembrar que a elevação dos custos de produção não deixa margem de manobra muito grande ao produtor. Isso significa que ajustes muito fortes tendem a fazer com que se pague um preço elevado mais à frente, com grande desestímulo para a oferta.

O comportamento da demanda e vendas no atacado/varejo será novamente crucial nesses próximos meses, principalmente nos próximos 30 dias. Ainda, é preciso acompanhar o comportamento das importações, que introduziram grande quantidade de leite no mercado brasileiro no primeiro trimestre. A subida nos preços internacionais poderia amenizar esse fator, mas o câmbio desfavorável e os preços mais altos do produto nacional voltaram a colocar em risco o equilíbrio da balança. Vale lembrar que Argentina e Uruguai estão verificando grandes aumentos de oferta nesse ano. E, falando de preços, após a elevação dos primeiros três meses, o leilão da Fonterra patinou, com queda total de cerca de 10% em relação ao pico. Ou seja, as importações continuam inspirando cuidados.

Por fim, a oferta: a magnitude da produção no Sul do país, que ganha força a partir de junho, bem como o comportamento da entressafra no centro-oeste e sudeste são as peças faltantes nesse difícil quebra-cabeças.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"-USP, e Analista de Mercado do MilkPoint.

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VAGNER

AJURICABA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/05/2011

acredito que o nosso governo deveria ser mais patriota,defendendo o nosso produto,e implantando politicas de proteçao aos nossos produtores,frente a essa concorrencia desleal que temos contra as importações do merosul,que por muitas vezes servem de artimanha de cambistas para trazer produtos oriundos da europa livres de impostos
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/04/2011

Bom Dia Marcelo e demais Leitores





O UHT puxará o preço até o folego do consumidor aguentar.


Porque as industrias não balizam para um preço mais estavel e a qual o consumidor aceita..





Este filme já vimos o ano passado,porem com um custo mais assesivel do que em 2011.





Bom final de semana a todos


GERALDO MELO JR

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/04/2011

Prezados,





Gostaria que analise da alta dos preços partisse frente a alguns parâmetros do agronegócio. O café que também é produzido em minha região no sul de minas, dobrou de preço; o boi gordo também teve alta significativa de 2010 pra cá, porque no leite os argumentos não mudam? será uma estratégia da pro´pria indústria plantar tais argumentaçoes? A gasolina está acima de R$3,00 reais o litro, a cerveja subiu consideravelmente e não há um paralelo entre a alta do leite, a inflaçao, os custos, a remuneraçao digna ao produtor? Ora, tais argumentaçoes de mercado não fazem jus a uma leitura inteligente de um site sobre produçao de leite.


Há espaço sim para altas, precisamos é de líderes rurais com vergonha na cara para defender os interesses da classe produtora que TOCA esse país na marra!


AGROLAT LTDA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - TRADER

EM 27/04/2011

Volto ao tema.Defendemos a livre concorrência e as forças de mercado.



Pergunto:

Parte deste aumento não se deve aos Cartéis Tributários Estaduais, ou seja a Legislação Tributária principalmente de SP e RJ, estão beneficiando determinadas indústrias que  cartelizam os preços, pois os pretensos incentivos dados ao leite produzido nestes estados impedem que a concorrência se estabeleça.

Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e principalmente MInas Gerais sofrem barreira tarifária ao vender a estes estados cuja produção local é insipiente diante do enorme consumo de SP e RJ?Haja triangulação!

Só no Brasil Barreira Tarifária entre Estados de uma República Federativa.

O Produtor  e o Consumidor - principalmente as crianças e jovens -  perdem conjuntamente.Perdem nos impostos que não são arrecadados e que poderiam ser aplicados em educação e saúde.

O Incentivo deve ser dado ao Produtor  via Preço Mínimo condizente aos custos de produção, se for o caso subsidiando.

Afinal a Indústria estrangeira não está sendo subsidiada?
HELIO DIVINO SILVA

RIO VERDE - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2011

esta  sim puxando os preços no mercado mas pra nos os produtores nao as altas nos insumos leva todo os lucros com a atividade
GUANAMBI SILVA JUNIOR

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/04/2011

Marcelo





Mais uma vez, você se superou em sua análise de mercado.


Brilhante e esclarecedor.


Só quero acresecentar mais alguns itens a sua genial matéria.


Uma delas, e que mais uma vez o Governo vem colocar a culpa na "disparada" da inflação, na alta de preços dos alimentos, e o leite está lá na midia e nos principais telejornais como um dos vilões da inflação!


Aí, se ja foi para o telejornal, já era. Podemos esperar o resultado disso.


Outro ponto é que todo ano é essa historia de UHT. Como produtor, só ouço as desculpas.


O preço do leite subiu demais, é culpa do UHT. O preço do leite está caindo, a culpa é do UHT.


Porque os preços do UHT não podem ser mais estáveis ao longo do ano, como o do leite em pó??


Diante dessa novela (Sessão "NãO" vale a pena ver denovo), está mais do que claro que daqui 1 ou 2 meses, vamos ter que aguentar a desculpa de que o meu preço de leite está caindo porque o UHT está estocado e que o consumidor não quer pagar mais.


To cansando dessa vida de produtor de leite. Como muitos amigos produtores de leite já falaram no Milkpoint: "O último que sair, apague a luz."
DARCI KASPARY

SÃO PAULO DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/04/2011

tenho 80 vacas emprodução M.O.contratada custo de produção elevado,baixo retorno de capital investido,principalmente por falta de produtividade,mas vejo que é dificil aumentar a produtividade.Portanto com os preços medios praticados não vejo como um bom negocio investir nesta atividade.Penso que a industria teria que pensar nisto pois depois de parar dificilmente algum produtor vai retornar para a atividade.Eles só pensam em instalar industrias novas pois no sul o custo do leite é mais baixo.O produtor de leite também sabe que esistem muitas outras alternativas de sobrevivencia .No futuro vai faltar leite por ser uma atividade muito exigente.
RAUL FALEIROS

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 26/04/2011

so que impressao que eu tenho e que apesar das semelhancas este ano ta bem pior que o ano passado
HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

CASTRO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/04/2011

Marcelo a análise dos  fundamentos de mercado é um exercício difícil, nunca sabemos qual prato da balança penderá, mas por vezes arriscamos um palpite. Sendo simplista a essência está no título da matéria, que sugere que existe um teto para os preços. É fato que há limitação dos produtores na gestão da política e dos preços pagos. Movimentos da CNA e da OCB e de suas bases tem ajudado muito. Parabéns as lideranças. Não podemos mais dizer que somos irresponsavelmente desorganizados.


O fato é que como extensionista sou obrigado a dizer que há necessidade do produtor otimizar o uso dos seus recursos, com isso poderá alavancar os preços quando existirem sistemas de pagamento por volume e qualidade e/ou reduzir seus custos.


É fato que os preços cairão no mercado, mas os preços aos produtores e as margens dos negócios deles variarão com enorme amplitude, conforme a administração do negócio por parte de cada empresário. Uns sobreviverão aos sustos e solavancos da montanha russa, outros sofrerão e  procurarão outras oportunidades.


Muito obrigado pela sua análise.


     
ABEL DE CARLI

VISTA ALEGRE DO PRATA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/04/2011

Ai eu me perguto com o dolar desvalorizado o leite tende a baixar e porque produtos como os minerais e outros estão subindo

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