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Saiba como a elevação dos preços externos pode afetar o mercado interno

VÁRIOS AUTORES

PANORAMA DE MERCADO

EM 08/03/2013

5 MIN DE LEITURA

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O início de março foi marcado por uma grande agitação no mercado internacional de leite, reflexo da valorização de mais de 10% nos preços médios dos produtos lácteos, com destaque ao leite em pó integral que valorizou 18% no leilão realizado pela plataforma gDT (global Dairy Trade) no dia 05/03 (gráfico 1).

Gráfico 1 – Evolução dos preços no leilão plataforma gDT


Fonte: GlobalDairyTrade; Elaboração: Milkpoint

Ainda que a quantidade ofertada no leilão tenha sido pequena quando comparada ao volume do mercado, a forte valorização do leite chamou a atenção do mercado para questões relacionadas a oferta internacional do leite. Todas as principais regiões exportadoras de lácteos, com exceção dos EUA, estão apresentando uma produção de leite menor, comparada ao mesmo período do ano passado, fruto do desânimo em função da elevação dos custos globais de produção no ano passado.

Os últimos leilões já vinham apresentando elevação nas cotações, mas a forte correção no último pregão foi fruto da oficialização da seca em seis regiões da Ilha do Norte da Nova Zelândia (clique aqui e veja mais sobre a seca na Nova Zelândia), que concentra mais de 67% do rebanho leiteiro do país. A Nova Zelândia é a principal exportadora mundial e vinha tendo uma safra forte até a virada no ano, situação que se reverteu nos últimos meses. Algumas fontes do mercado internacional reportam redução na produção de leite de 10 a 20% nesse momento, com tendência da produção da estação produtiva (até 31/05) ficar no mesmo nível ou abaixo do ano passado.

Ainda é prematuro apontar com segurança a tendência futura, mas considerando que a safra neozelandesa termina em maio e que os estoques na Europa estão baixos (embora nos EUA estejam mais altos), o mais provável é que possa haver novos aumentos, mesmo que em menor magnitude.

Efeito dos preços mais altos nas importações

A preocupação do mercado interno é descobrir até que ponto a valorização internacional reflete nos preços praticados no Brasil e se há possibilidade do leite brasileiro tornar-se mais competitivo no mercado frente ao leite produzido por outros países. De fato, a alta nos preços externos tende a diminuir as importações brasileiras de leite, contribuindo para uma balança comercial mais favorável comparada ao ano passado (clique aqui e veja mais sobre o déficit na balança comercial).

Nos últimos anos, o Brasil importou quantidades crescentes de leite (gráfico 2), até atingir 3,75% do consumo através de leite importado, o que dá mais de 1,2 bilhão de litros anuais.

Gráfico 2. Importações e exportações expressas em % do consumo
Fonte: MilkPoint

Vale a pena ressaltar que outros pontos, além do preço internacional, são relevantes para entender o saldo da balança comercial brasileira de lácteos, como acordos internacionais nos moldes do que foi firmado recente entre Brasil e Argentina (para saber mais sobre o acordo com a Argentina sobre importações de leite em pó, clique aqui), oscilações na taxa de câmbio, competitividade da cadeia, qualidade do leite produzido, demanda interna, entre outros.

Simulações realizadas pela equipe MilkPoint apontam que, para o nível de preços de leite em pó integral observado no último leilão da plataforma gDT de US$ 4,298/tonelada, o preço de equivalência para a entrada do leite do Mercosul no Brasil chega próximo a R$ 0,93/litro, tornando as importações de leite em pó desinteressantes nesse momento (tabela 1).

À medida que os preços externos sobem (mantido o câmbio atual), o ímpeto importador se reduz, abrindo caminho para que o produto nacional ocupe gradativamente esse espaço, desde que seja um movimento consistente. Como resultado, muitas empresas com condição de ampliar a secagem de leite podem optar por elevar a produção desse produto, resultando em menos leite para UHT e queijos, o que pode elevar também os preços desses produtos.

Tabela 1 – Preços de equivalência para o leite do Mercosul no Brasil

Para importar

Fonte: MilkPoint

Conforme observado no gráfico 3, nos últimos três anos, o preço de equivalência para o leite vindo do Mercosul se aproximou três vezes dos preços pago ao produtor no Brasil (preço Cepea). As aproximações entre os preços, ocorreram em 2010 e 2011, mas não se sustentaram por muito tempo. Agora, a situação se repete, e caso o preço internacional se mantenha elevado por um tempo maior, é possível que haja uma correlação entre preços internos e externos, com tendência de aumento nos preços internos. Um outro ponto que deve ser considerado, é que existe um volume de produtos lácteos importados já contratado, que será internalizado nos próximos 2 a 3 meses, ou seja, contribuindo para postergar a aproximação entre os preços.

Gráfico 3 – Valor máximo do leite importado do Mercosul a partir do valor do leilão dDT e câmbio médio no período versus preço pago ao produtor/Cepea.


Fonte: Preço CEPEA e simulações MilkPoint

E as exportações, serão retomadas?

Não há dúvida que preços externos na casa dos US$ 4.300 inibem as importações no atual momento de mercado, mas já a retomada das exportações é algo um pouco mais complexo, por 3 motivos principais:

1. O Brasil está há praticamente 5 anos fora desse mercado, sendo necessário reabrir clientes e reativar (em muitos casos) estruturas de exportação que foram desfeitas.

2. Considerando que há o frete para outros lugares, o máximo preço a ser pago pelo leite nacional e ainda assim permitir a exportação é menor, como pode ser visto pela tabela 2. Na prática, os mesmos valores de US$ 4.300/tonelada permitem pagamento máximo de R$ 0,87/litro, abaixo do que temos hoje (e mais abaixo ainda da tendência futura do mercado interno).

3. O leite em pó está remunerando mais no mercado interno do que o externo, o que não estimula as exportações. Caso a tendência de valorização externa continue, aí sim podemos retomar as exportações.

Para exportar


Fonte: MilkPoint

Somado ao cenário de valorização internacional, agentes de mercado consultados pelo MilkPoint já pontuaram o fim do pico da safra em grande parte do Brasil Tropical, sinalizando manutenção nos valores pagos no campo e em algumas regiões um possível reajuste de preços. O leite Spot vem subindo, o que é um importante sinalizador, o mesmo ocorrendo com UHT e queijos no atacado. O cenário mais provável é de recuperação no mercado interno.
 

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

Médica Veterinária (UEL), Mestre em Medicina Veterinária (UFV), e coordenadora de conteúdo e analista de mercado do MilkPoint.

ANDRÉ UIS RAMOS SANCHES

Economista (UFV), Mestre em Economia Aplicada (ESALQ/USP), Analista de Mercado do MilkPoint

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FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/03/2013

Tem um ponto de atenção, mesmo com o crescimento da classe C para B,com a diminuição das importações, será que o mercado irá absolver estas altas junto ao produto final, umas vez que o indice de inadiplencia tem-se aumentado no Brasil, é hora sim de aproveitar o momento, com muita cautela.
SEBASTIÃO POUBEL

NATIVIDADE - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/03/2013

Bom dia.

Como estamos vendo, precisou as comódites dispararem no mundo, dar  seca na Nova Zelândia, para ficarmos competitivos.

Agora a nossa estrutura de Exportação está degradada e a maioria da produção sem qualidade exigida para tal. E, nem leite temos hoje para isto. Somos importadores`a bastante tempo.

A produção de leite e o seu mercado têm que ser sérios. Temos que colocar em prática as normativas. Temos que mudar a mentalidade.



Sebastião Poubel
DIEGO SILVEIRA MARTINS

SACRAMENTO - MINAS GERAIS - MERCADO DE LONGA VIDA

EM 12/03/2013

   Faço das minhas palavras as do caro Sidney Lacerda !!!

   Produtores,  não vamos achar que um pequinino ponto de reação ao preço de materia prima por causa da queda de alguns estoques, ajudara a rentabilizar o produtor. E com isso sair comprando mais vacas ou mantendo os descartes na propriedade para tirar mais leite !!!!

   O momento é de fazer a lição de casa, muita atenção !!!

  

   grato;   



  
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 11/03/2013

O Brasil é hoje dependente das importações de lácteos. Sem o volume importado, há falta de leite no país.

Como esse aumento no mercado internacional acontece em um período climático desfavorável à produção local (início da entressafra no Sul e término da safra do SE/CO), certamente haverá   aumento de preços no país, tanto para o produtor quanto para o consumidor.

Com preços melhores, está aí uma boa oportunidade para se aumentar a produção nacional, diminuindo um pouco essa dependência externa de leite.
BERNARDO GARCIA DE ARAUJO JORGE

APUCARANA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/03/2013

Nos custos atuais é impossível manter a produção mundial com os preços do final de ano. Os grãos são caros em qualquer parte do mundo as distorções são pontuais em razão de subsídios. Teremos que achar um novo ponto de equilíbrio para não faltar leite.
MÁRIO SERGIO CENTINI

OSASCO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/03/2013

Dificilmente qualquer variação positiva chegará ao bolso do produtor, a curto ou médio prazo.

A industria e o governo darão um jeito de não repassar.

É importante para eles (industria e governo) que nós continuemos descapitalizados, sem capacidade de investir, para que continuemos ser dependentes dos "favores" que eles acham que nos fazem.

Infelizmente é assim, acho que vou acabar com tudo, vender a propriedade e nunca mais vou produzir nada.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 11/03/2013

Há um aspecto adicional que merece ser comentado, e que pode manter as importações em algum grau. Como os preços do leite em pó no país são mais altos do que no exterior, e como os países do Mercosul têm acesso ao mercado brasileiro sem impostos (apenas a Argentina tem limite de cotas), é possível que continue havendo alguma importação, principalmente do Uruguai. Há que se considerar que a estação produtiva do Uruguai cresce a partir do final do primeiro semestre e que clima e agora preços estão muito favoráveis.
SILVIO SARAIVA SAMPAIO

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/03/2013

A Lei de mercado é muito justa , a atividade não remunera , a oferta diminui , as empresas tinham que achar um preço de equilíbrio para manter o verdadeiro produtor na atividade.

Se o preço subir muito , a margens  ficarem muito altas , o pessoal começa até ordenhar vacas zebuínas de corte , aí a oferta aumenta muito e o consumo retrai um pouco devido ao preço e voltamos ao mesmo ciclo.
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/03/2013

Prezados produtores,



Agora é o momento de rervermos algumas gestões dentro da propriedade como: descatar vacas, antecipar secagem de vacas que atrasaram no cio etc; assim estaremos para ajudar o mercado a balizarar os preços para cima no mercado interno. Pelo amor de DEUS não hajam pela emoção precisamos que o produto leite tenha uma ligeira falta no mercado. Vejam os produtos agrícolas ( milho. soja e outros) como rentabilizaram os produtores nestes últimos anos.



Mais uma vez reintero: ´´A produção é uma faca de dois gumes, ou seja, maior produção menor preço e vice - versa``



Desse consiguiremos fazermos fluxo de caixa positivo e melhorarmos o nosso capital de giro e com menos trabalho.



Grato

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