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Produção restrita aumenta disputa pelo leite; preços do longa vida aquecem o atacado

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARLIZI M. MORUZZI

PANORAMA DE MERCADO

EM 17/03/2010

5 MIN DE LEITURA

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No mês de fevereiro, os produtores da maioria dos estados brasileiros já sentiram uma reação nos preços do leite, desencadeada principalmente pela redução antecipada da produção em muitas regiões. Com isso, os reajustes esperados com o início da entressafra chegaram antes, e a disputa pela matéria-prima segue acirrada.

Em janeiro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) caiu 3,1% frente a dezembro - considerando os meses de janeiro, este foi o maior recuo do ICAP-L/Cepea registrado para o período desde 2006 (no entanto, o volume captado em janeiro/10 ainda é 4,2% superior ao do mesmo período de 2009). Segundo o Cepea, a estiagem observada em algumas regiões de Minas Gerais, o elevado volume de chuvas no estado de São Paulo e o excesso de calor no Sul do País prejudicaram a produção de leite no Brasil neste início de ano. Com isso, o valor médio nacional pago ao produtor foi reajustado em 3,6% em fevereiro em relação ao valor de janeiro, ficando em R$ 0,6184/litro (bruto), como pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1. Variação da captação em relação ao mesmo mês do ano anterior e preços ao produtor.
 

Clique na imagem para ampliá-la.

O mercado spot encontra-se aquecido em relação a preços; o volume disponível é restrito. Os valores médios giram em torno de R$ 0,85/litro no Sul e R$ 0,90-0,95/litro no Sudeste e Centro-Oeste. Em função dos valores praticados, as indústrias optam por buscar a maior parte do leite a campo, diretamente com produtores, gerando maior disputa pelo produto.

Para o pagamento de abril (leite entregue em março), os agentes consultados pelo MilkPoint falam em nova alta, de cerca de 5 centavos. Assim, os preços médios brutos ao produtor devem chegar a R$ 0,75-0,78/litro em Minas Gerais, R$ 0,70-0,75 no Sul, R$ 0,75-0,80 em São Paulo e R$ 0,75-0,77 no Paraná.

No mercado atacadista, as indústrias tentam puxar os preços do leite longa vida, mas o varejo ainda está pressionando, controlando de certa forma esta alta de preços. No entanto, o mercado está comprador, e os preços do produto, no atacado, alcançaram na 1ª quinzena de março, média de R$ 1,60-1,65/litro no Paraná, R$ 1,75-1,80 em São Paulo, R$ 1,60-1,65 em Minas Gerais, R$ 1,65-1,70 no Sul. Já os queijos mostram um reajuste mais tímido, com preços próximos aos praticados no mês de fevereiro - R$ 8,50-9,00/kg no atacado.

No varejo de Piracicaba, conforme pesquisa realizada pelo MilkPoint (gráfico 2), o preço médio do leite UHT na 1ª quinzena de março teve alta de 5,6% em relação à média de fevereiro. Em relação aos dias de fabricação, calculado pela data da pesquisa menos a data de fabricação do leite, houve um pequeno aumento (de 23 para 32 dias), cuja pequena magnitude não permite ainda uma interpretação.

Gráfico 2. Preço médio do leite longa vida no varejo de Piracicaba-SP.
 

Clique na imagem para ampliá-la.

Neste cenário de recuperação antecipada dos preços da matéria-prima, é esperado também que ocorra uma recuperação mais rápida da produção, considerando os preços mais favoráveis dos insumos (milho e farelo de soja) - ou seja, com uma remuneração melhor pelo leite, o produtor investe na alimentação do rebanho, resultando em aumento do volume produzido. Assim, a preocupação, mesmo que ainda cedo, é com relação à manutenção desses preços e até que ponto o mercado sustentará essas cotações.

A balança comercial de lácteos acumula déficit de US$ 15,7 milhões no 1º bimestre de 2010, com compras de 15,3 mil toneladas de lácteos e pouco mais da metade (8,6 mil toneladas) embarcadas ao exterior. Segundo agentes consultados pelo MilkPoint, poucos negócios estão sendo feitos, e com volumes não significativos. O que se pode ver, a menos a curto prazo, é que o setor não deve esperar novidades do comércio internacional.

Já o mercado externo mostrou-se estável nos últimos 30 dias. No leilão da Fonterra em 02/março, o preço médio dos contratos para o leite em pó permaneceu praticamente estável frente a fevereiro, com leve alta de 0,8%, a US$ 3.281/tonelada. Segundo o diretor comercial da Fonterra, Paul Grave, este é um bom resultado, indicando estabilidade do mercado. No Oeste da Europa e na Oceania os preços na 1ª quinzena de março registraram leve alta frente à quinzena anterior - o leite em pó integral ficou em US$ 3.350/ton (+0,4%) na Europa e em US$ 3.175/ton (+1,6%) na Oceania.

Apesar da recuperação modesta, o mercado internacional mostra-se mais animado. Segundo informações do Dairy Industry Newsletter, os reajustes de preços na Europa, aliados às previsões de menor produção na Australásia (Austrália, Nova Zelândia e Ásia) dão ao mercado uma perspectiva mais positiva - a produção da Nova Zelândia, nesta estação, deve ficar 2% superior à anterior e, na Austrália, deve haver queda de 5% nesta estação.

Voltando ao Brasil, o volume produzido será crucial na formação dos preços no mercado interno, considerando que as indústrias aptas a exportarem não estão enviando volumes significativos ao mercado externo, por conta dos preços internacionais, que ainda não trazem remuneração satisfatória ao produto, segundo fontes das indústrias. Há que se considerar, também, que a Argentina (país que mais exporta leite ao Brasil) sofreu forte redução da produção neste início de ano - no primeiro bimestre de 2010, a produção caiu entre 12 e 15% com relação ao mesmo período de 2009.

Outros acontecimentos de relevância e que podem repercutir no setor lácteo, dizem respeito a essa nova onda de fusões e aquisições. A possível fusão entre as 5 cooperativas de leite - Itambé, Cemil e Minas Leite, de Minas Gerais; Centroleite, de Goiás; e Confepar, do Paraná - poderá criar a maior cooperativa de leite da América Latina, com capacidade para captar mais de 7 milhões de litros de leite por dia. Na enquete realizada pelo MilkPoint, quase 70% dos leitores apoiam esta fusão (60,7% que apoiam totalmente + 8,5% que apoiam em termos a fusão), julgando ser a melhor maneira do setor cooperativista se fortalecer e fazer frente às grandes empresas do setor, acreditando também que seja um passo importante no processo de consolidação do setor.

Nesta semana, uma nova notícia no setor: o consórcio entre o Grupo GP e a Parmalat - que pode ser um caminho para a fusão das empresas e que, caso aconteça, fará com que a operação do GP no setor de lácteos dobre de tamanho, com sua capacidade de captação de leite saltando de 1 milhão de litros por dia para 2 milhões.

Nos próximos meses, a evolução da produção indicará o caminho para os preços no mercado interno, considerando que sejam mantidas as atuais condições do mercado internacional. No final de março o IBGE divulgará a captação formal de leite do 4º trimestre de 2009, dando sinais mais claros sobre o volume disponível de leite neste início de ano.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARLIZI M. MORUZZI

Médica Veterinária pela FCAV/UNESP-Jaboticabal.

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WELLINGTON

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/04/2010

Diante do exposto é preciso ter muita cautela por parte dos produtores no que diz respeito a novos investimentos, pois acredito que esse bom preço é semelhante a uma onda que se forma com o vento e de repente se disfaz. Produtores que investem pesado para uma maior produção de leite, confiante no mercado consumidor, não podem agir dessa forma. É preciso ter os pés no chão.
FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/04/2010

Concordo com o artigo editado por Savio, uma vez que o preço do spot alavancou desproporcionalmente ao aquecimento do mercado, não justifica o spot pago a R$ 0,95 e o longa vida ser vendido a R$ 1,60, a conta não fecha do leite pago mais custo de produção, mas hoje ja sentimos que o proprio mercado de spot ja esfriou, devido a formação de estoque de grandes industrias, ja se fala ate em baixa do spot para o mes de abril, alias baixa não adequar a um preço sensivel e real de mercado, onde 2 ou 3 empresas trabalham fora da realidade, prejudicando toda a conjutura de mercado.
PEDRO AUGUSTO JUNQUEIRA FERRAZ

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/04/2010

Senhor Redator,

É necessário que se faça uma trabalho conjunto com todas as cooperativas e laticínios do Brasil, no sentido de reduzir as exageradas margens dos supermercados na cadeia do leite. Entendemos que a Confederação Nacional da Agricultura deveria levantar esta bandeira. Enquanto o produtor recebeu durante os últimos 12 meses, cerca de R$0.55 por cada litro de leite produzido, o consumidor pagou de 3 a 4 vezes mais pelo leite consumido.
Nos produtores de leite de Minas e do Brasil, aguardamos com muita esperança
que a Confederação da Agricultura, presidida pela Senadora Kátia Abreu seja a voz e os olhos de milhares de produtores espalhados na grande maioria dos municípios brasileiros.
Precisamos encontrar novos caminhos para os produtores de leite do Brasil.

Pedro Augusto Junqueira Ferraz
HOMILTON NARCIZO DA SILVA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2010

Concordo com voçes todos, mas infelizmente a gana das industrias, não mudou em nada , veja os preços corrigidos aos produtores e os preços nas gondolas dos super Mercados, a diferença é gritante, não tem consumidor nenhum que aguenta estas altas desiguais, mas não se preocupem, pois tudo aconteçe como antes, quem paga a conta somos nós sofridos e bobos produtores de leite, por não termos até hoje em pleno século21, a união nescessaria para termos força de briga.
abraços Homilton
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/03/2010

Concordo com o exposto pelo Jank;

Porém para completar, um fato ainda mais assustador.

Ano passado a especulação de preços do Longa Vida puxou o mercado de uma vez e como o Jank disse, "a vida foi curta". Esse ano, os preços reais do UHT contando as promoções, que só são identificadas na prática, não atingiu nem 70% do preço especulativo do ano passado e as indústrias já inflaram em demasia o leite SPOT. Ou seja, corremos risco de uma bolha especulativa muito mais rápida e maléfica se os preços não firmarem no varejo.
A verdade é que as vendas ainda estão frias e o mercado ainda não respondeu como andam dizendo.
Na prática no Rio de Janeiro os preços praticados por "segundas marcas" está entre 1,60 à 1,65. "Primeiras marcas" comercializam entre 1,70 à 1,75, mas com bonificações pontuais que puxam à 1,65 em alguns casos (igualando suas cotações às segundas marcas que nesse mesmo período do ano passado sumiram das gôndolas do RJ). Essas bonificações para grandes redes me levam a crer que as vendas estão fracas e que ainda existem pequenas formações de estoque para quem aumentou de uma vez as cotações.
Torço para que ao invés daquela alta irreal e extratosférica do ano passado os preços de venda se mantenham como estão por mais tempo, mas se isso acontecer terá que haver uma baixa no leite SPOT que o traga a realidade atual. Senão for assim, em breve as indústrias sufocadas vão especular como no ano passado, formar estoques altos e a baixa será imediata.

Um abraço a todos;

Sávio Santiago
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/03/2010

Marcelo e Marlizi,

Concordo que o atual ambiente em preços/custos está ótimo para promover um rápido aumento da produção, o que é péssimo para o mercado (próximo) futuro.
Infelizmente, como o fiel da balança é o longa vida doméstico e não o pó exportado, esse ambiente vai ter vida curta no mercado.
Ou contamos com a desgraça alheia na Argentina, NZ, Austrália e Uruguai, o que seria uma maldosa e politicamente incorreta maneira de administrar o problema, ou promovemos um melhor equilíbrio entre oferta e demanda com estoques reguladores de pó, importação administrada, contratos de leite na BM&F, valorização de leite cota, qualidade, fidelidade e tudo o mais que possa ser traduzido em estabilidade no setor.
Fato é que vender leite a R$ 0,30, como andaram vendendo, no mesmo período que o país apresenta déficit na balança comercial de lácteos já é um grave sinal de desajuste.
Mesmo sendo repetitivo, menciono ainda a lição de casa básica ainda por fazer: promoção da qualidade doméstica para permitir acesso a novos mercados externos e marketing institucional para atrair mais espaço do estômago do consumidor, que hoje está tomado por outros líquidos como soja, isotônicos e néctar (que não perderam tempo e fizeram o MKT deles)

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