No caso do leite ao produtor, a média nacional, apurada pelo CEPEA, está, há 3 meses, ao redor de R$ 1,10/litro, com algumas movimentações de baixa de preços nos estados do sul (principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde a produção vem crescendo mês a mês com a aproximação do pico da safra) e também de elevações, como em Goiás, onde estamos em plena entressafra. Ainda que estável, a cotação média é muito próxima do patamar praticado no ano passado, o maior, em termos deflacionados, desde 2010 (veja os preços no gráfico 01).
Gráfico 01. Preços deflacionados ao produtor
Fonte: Elaboração de MilkPoint Inteligência, a partir de dados do CEPEA
No mercado spot, a média Brasil ficou em R$ 1,086/litro na primeira quinzena de agosto, praticamente o mesmo valor médio apurado pelo MikPoint Inteligência na segunda quinzena de julho (R$ 1,089/litro). No gráfico 02 você observa a evolução do mercado spot nas diferentes regiões pesquisadas e, no gráfico 03, a evolução da média Brasil.
Gráfico 2. Evolução do preço do leite spot – Média por estado (R$/litro)Fonte: MilkPoint Inteligência
Gráfico 3. Evolução do preço do leite spot – Média Brasil (R$/litro)
As informações obtidas nas diferentes bacias indicam melhora nas vendas de lácteos, que vinham bastante lentas até a Copa do Mundo, e redução nos níveis de estoque das indústrias. A demanda pelo leite UHT tem reagido, proporcionando elevações de preço tanto no atacado, quando no varejo.
No atacado, as cotações de início de mês de agosto apontam para valores ao redor de R$ 2,14/litro. Este valor acumula, desde maio, 14 centavos de aumento, o que serviu basicamente para recuperar a margem da indústria, que vinha bastante negativa desde o início do ano (leia mais a respeito no artigo “Leite UHT: a necessidade de diferenciar para ter resultado positivo”, recentemente pubicado no MilkPoint) (no gráfico 04 você encontra os preços do leite UHT no atacado).
Gráfico 4. Preços do UHT no atacado (R$/litro – deflacionados)Fonte: CEPEA e MilkPoint Inteligência
Com os queijos não conseguindo repassar preços no atacado – os preços médios apurados pelo CEPEA estão, há cerca de 3 meses, ao redor de R$ 14 a 14,4 por kg – o UHT é a base de sustentação dos preços ao produtor e no mercado spot. A demanda por este produto e sua capacidade de repassar preços serão bastante importantes para estabelecer se, neste momento, encontramos o teto de preços para o leite fresco (cenário mais provável) ou não.
Uma outra importante variável a ser monitorada é a importação de leite. Com este última e forte queda no preço no mercado internacional (o leite em pó nas cotações do leilão GDT acumula cerca de 45% de queda desde fevereiro deste ano), a comparação de custos fazem hoje (ao menos no modelo conceitual de custos comparados) o leite em pó importado de algumas origens (Mercosul e Estados Unidos, por exemplo) mais competitivo que o similar nacional (observe o gráfico 05, onde todas as possíveis origens de leite em pó aparecem com custo em equivalente leite fresco posto Brasil).
Gráfico 05. Custo, em equivalente leite fresco, do leite em pó importado vs. leite ao produtor brasileiro
Fonte: MilkPoint Inteligência, a partir de dados do CEPEA e da plataforma GDT
A equação de mercado para este segundo semestre é complexa e aparentemente três perguntas são bastante relevantes para a definição do cenário final:
• Qual é a demanda de leite aos preços de hoje ou, de outra forma, quais deverão ser os preços para que sejam absorvidos pelo mercado os volumes hoje disponíveis?
No ano passado, os preços do UHT no atacado e no varejo atingiram patamares bastante mais elevados do que os verificados hoje. Neste sentido, portanto, o cenário não aponta para uma redução da demanda do produto por preço.
• Até quando o leite UHT conseguirá repassar preços no atacado e mesmo no varejo?
Empresas que atuam em diferentes cadeias de produtor (muitas delas estão no UHT e nos queijos ou no UHT e no leite em pó) tem aumentando seus volumes de produção de UHT (único produto que hoje consegue repassar preços) em detrimento aos volumes de leite em pó (cujos preços cada vez mais estão pressionados pelas cotações internacionais) e de queijos (que não tem conseguido repassar aumentos). A tendência é que, com estes maiores volumes de UHT no mercado, haja uma estabilização e posterior recuo de preços, com repasse imediato à matéria-prima, se isso de fato ocorrer.
• Como impactarão o mercado as importações de lácteos neste segundo semestre?
Os volumes importados devem crescer e os preços de importação, seguindo os valores em queda no mercado mundial, vão baixar. Um fato novo, que deve ser observado com atenção, é o banimento, pela Rússia, das importações de lácteos de várias origens, inclusive Estados Unidos, União Européia e Austrália. A Rússia é, junto com a China, o maior mercado importador de leite no mundo e este embargo, se efetivo no médio prazo, pode alterar o cenário de balança comercial e abrir frente a exportações brasileiras para aquele mercado (leia mais a respeito na matéria “Rússia autoriza Perdigão e cooperativa do Paraná a exportar lácteos”, publicada no MilkPoint).
Outros conteúdos exclusivos e o mais completo banco de informações sobre o mercado lácteo brasileiro e mundial, podem ser encontrados no novo serviço de inteligência para o mercado de leite, o MilkPoint Mercado (www.milkpoint.com.br/mercado).
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