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Porque 2004 será melhor

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 09/01/2004

4 MIN DE LEITURA

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Todo economista gosta de fazer previsões catastróficas, por dois motivos. Primeiro, porque repercute mais, chama mais atenção. Segundo, porque caso as previsões se confirmam, mostra que o vidente estava certo. Se não se confirmam, o mérito é do economista-vidente, pois alertou do perigo a tempo das correções serem feitas. Vou na contramão: 2004 será um ano bom para a cadeia do leite!

E não se trata de ufanismo barato! Senão, vejamos os fatores motivadores desta previsão.

Primeiro, o consumo de leite crescerá em relação a 2003. Isso se dará por vários motivos, principalmente porque não há expectativa de surto inflacionário, como havia há 12 meses. Isso é importante, pois há uma forte correlação negativa entre o consumo de leite e taxas de inflação, ou seja, quanto menores as taxas de inflação, maiores são as taxas de crescimento de consumo de leite. Isso se deve ao fato de leite e derivados terem elasticidade-renda elevada, ou seja, quando a renda se eleva, cresce também o consumo de leite. E está comprovado que inflação reduz renda.

Segundo, não há no horizonte nenhuma perspectiva de manutenção de taxas de juros nos patamares dos últimos dois anos. Com taxas de juros próximas do aceitável, há um estímulo em toda a economia para que se retome investimentos privados anteriormente adiados. E o que alavanca a geração de emprego e renda na economia são os investimentos. Com o crescimento da renda e do emprego, cresce o consumo de leite e de derivados.

Alguém poderia lembrar que neste ano o Estado brasileiro ainda continuará sem condições de promover grandes investimentos, o que é verdade. Mas refiro-me a investimentos privados. Além do mais, temos o terceiro motivo: este é um ano de eleições municipais. O fato de ser ano eleitoral já estimula o crescimento econômico, pois há um esforço de investimento público, o que gera emprego. Veja o anúncio do ministro do Planejamento quanto a prioridade para obras de saneamento e habitação. Mas o fato de ser ano de eleição municipal leva a uma contribuição adicional ao crescimento. Isso porque os gastos de campanha são feitos em todos os municípios, contratando desempregados e micro empresas. Em campanhas para Presidente e Governador o bolo dos gastos é arrebatado por grandes empresas. Portanto, haverá uma natural inclusão ao grupo de consumidores de parcela da população hoje com demanda reprimida para leite e derivados.

O quarto motivo que permite prever um bom ano para a cadeia do leite está relacionada ao Câmbio. Quando o Dólar está valorizado frente ao Real, temos uma barreira natural à importações. O ano de 2003 foi excepcional sob este aspecto, porque reduzimos substancialmente as importações de lácteos e demos continuidade ao processo de inserção no mercado externo, com superavits mensais sendo observados no final do ano.

Com a decisão do Governo de recompor as reservas cambiais comprando Dólar, há a garantia de que a paridade da moeda ficará numa relação próxima de R$ 3,00 para US$ 1,00. Mas há ainda um outro aspecto favorável, que é a desvalorização do Dólar frente ao Euro e ao Yen. Isso reduz a competitividade da União Européia e de todos os países sob sua influência, em termos de exportações de lácteos.

O quinto motivo é que o setor produtivo nacional está decidido e acumulou experiência para aumentar as exportações. Entre 2000 e 2003 crescemos as exportações em 6,7 vezes. Ao que parece, seguir a Rota LULA, ou seja, procurar vender para países visitados pelo presidente, é estratégia sólida.

O sexto motivo está relacionado à evolução institucional do setor. Em 2003 o Conseleite se consolidou no Paraná. Ainda que não haja maturidade nos demais estados para a sua total reprodução, sua existência já é referência em termos de organização. Além disso, as cooperativas demonstraram claro interesse de atuação em conjunto, o que inequivocamente dará os primeiros resultados em 2004.

E como toda previsão deve lançar mão de números cabalísticos, vamos para o sétimo motivo. Refiro-me à consolidação de espaço político junto ao Governo. A criação da Câmara Setorial do Leite e de várias câmaras de âmbito estaduais legitimam o leite como assunto de Governo e permite ações de proteção ao setor. Imaginem se não existisse a Câmara criada pelo Ministério da Agricultura. Como seria tratado o problema Parmalat? A quem o ministro Roberto Rodrigues ouviria? Os diferentes setores apresentariam propostas convergentes? Há também o Programa de distribuição de leite do ministro Graziano... Se você ainda duvida que leite virou assunto de Estado e que as entidades do setor estão sendo ouvidas, veja a lista de reivindicações que CNA, Leite Brasil, OCB/CBCL elaboraram em dezembro de 2003, na chamada Carta de Foz do Iguaçu. Todas foram atendidas ou encaminhadas de forma consistente. Até mesmo a inimaginável repressão à fraude de lácteos.

Enfim, todo adjetivo é relativo. Estamos longe de termos um setor organizado, com faturamento seguro e convidativo permanentemente. Mas, comparado com o passado recente, 2003 foi um bom ano para a atividade láctea. Avançamos. 2004 será melhor. E olha que sou simpatizante de São Tomé...

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RONALDO AUGUSTO DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/02/2004

Quero registrar meu apreço à sobriedade da matéria. Os técnicos da EMBRAPA são um orgulho nacional, estão entre os melhores do mundo. Tive oportunidade de comprovar isso "in loco", participando de palestras em Juiz de Fora. Gostaria que o ilustre Prof. Paulo comentasse, adicionalmente, a questão da aparente incoerência entre a produção artesanal extensiva de leite e a produção moderna, mecanizada, intensiva, com grande aporte de capital. Os dois tipos de leite no mesmo tanque, a remuneração do leite diferenciado e os programas de governo de incentivo ao micro produtor, que, de forma inconsciente e até inocente, não sabe o risco que está imputando à população, decorrente de um produto sem o menor controle de sanidade.

Atenciosamente,
Ronaldo Augusto

<b>Resposta do autor</b>

Caro Ronaldo,

Agradeço suas palavras de elogio à Embrapa.Ter o reconhecimento de produtores como você estimula a todos nós a continuar atuando na geração de conhecimento. Quanto aos assuntos que você levanta, comentei-os em dois artigos, em <a href=https://www.milkpoint.com.br/mn/conjunturalactea/artigo.asp?nv=1&id_artigo=7603&perM=2&perA=2004>24/07/2003</a>
e <a href=https://www.milkpoint.com.br/mn/conjunturalactea/artigo.asp?nv=1&id_artigo=7600&perM=2&perA=2004>12/06/2003</a>;, ambos publicados aqui no MilkPoint. Ambos estão disponíveis para leitura. Solicito que leia-os. Mas prometo voltar ao assunto nos artigos vindouros, dado o seu estímulo.

Obrigado.

Paulo Martins

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