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Pode piorar ainda mais?

POR MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

PANORAMA DE MERCADO

EM 16/08/2005

6 MIN DE LEITURA

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Os preços do leite ao produtor passaram a recuar a partir da produção de junho, pagamento de julho. Na média nacional, é a primeira vez que os preços recuam em junho nos últimos anos.

Até o pagamento de julho, o recuo nos preços foi de 4,39%. No pagamento de agosto, a tendência é de que os preços recuem outros 4,5%, totalizando uma queda próxima de 9% em dois meses, na média nacional.

Observe, na figura 1, o comportamento nominal (dinheiro pago na época) dos preços médios do leite nacional ao longo de 2005.
 


Os preços da produção de julho, segundo 82,35% dos entrevistados, recuam nas proporções apontadas na figura 1. Evidentemente, a pesquisa estatística, conduzida a partir de meados de agosto, há de atualizar o valor final do pagamento do mês.

No entanto, se assim se confirmar, o setor leiteiro também verá pela primeira vez, no período recente, preços de julho inferiores aos preços pagos em janeiro do mesmo ano, isso em valores nominais, ou seja, sem corrigir a inflação.

Em média, os preços de julho dos últimos anos foram R$0,08/litro acima dos preços de janeiro.

Em 2005, caso a nova queda nos preços se confirme nas proporções atuais, os preços de julho serão R$0,01/litro abaixo aos preços de janeiro. Ainda assim, os preços estarão em US$0,22/litro. E é por isso que tem "doido" falando que o produtor não pode reclamar. Em dólar está bom!!!

Evidentemente, coisa que não se deve deixar de lembrar, que o dólar não é um bom indicador da situação financeira dos produtores. Se assim for, ninguém está em crise, nem a pecuária de corte, com os piores preços de toda a história em reais corrigidos pelo IGP-DI.

Ainda com relação aos preços, algumas regiões registraram recuos mais drásticos nos valores médios pagos aos produtores, como é o caso do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, cada qual com sua particularidade.

Das principais bacias leiteiras, a situação do Paraná e de Santa Catarina é a mais crítica, com os preços mais baixos em relação aos demais Estados que possuem produção anual acima de 1 bilhão de litros de leite. Observe os preços comparativos na figura 2.

Figura 2. Preços do leite brasileiro nas praças pecuárias pesquisadas pela Scot Consultoria e na média nacional $/ litro pela produção de junho, pagamento de julho

 


Pela figura 2, e pela tendência apontada pelos entrevistados, os produtores dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul devem apresentar quedas mais acentuadas no pagamento de agosto. Evidentemente que, por ora, ainda são conjecturas.

Pois bem, o quadro é adverso e muitos leitores têm nos escrito ou nos telefonado, indignados, relatando que os preços caíram ou cairão mais do que está sendo relatado. Neste caso, existem duas situações a serem analisadas.

A primeira é que a Scot Consultoria só pode divulgar os preços após a realização da pesquisa, que segue critérios estatísticos abrangendo regiões que representam mais de 95% do leite produzido no Brasil. O produtor, isoladamente, possui a informação antecipada, enquanto a análise de mercado demora cerca de 3 a 4 semanas para que seja finalizada. Vale lembrar que a indústria só informa a pesquisa depois de ter feito o pagamento, enquanto o produtor, geralmente, é informado antecipadamente sobre os preços que receberá. Por isso, geralmente o produtor está comparando o preço de um mês com a análise baseada no mês anterior.

A segunda consideração que se faz é com relação à boataria alarmista que se fixou no mercado. Há relatos de que os preços chegarão a patamares extremamente baixos, com os valores voltando a níveis nominais de 3 anos atrás.

Apesar de que nada seja impossível, ainda não há fatos no mercado que possam confirmar que esta situação realmente se estabeleça. Evidentemente, se o mercado persistir ruim, com formação de estoques, o cenário tende a piorar ainda mais.
No entanto, qualquer "carona" que empresas de pesquisa de mercado pegue em boatos, apenas contribui para piorar o cenário.

O mercado é adverso, sim! O preço "spot" já recuou consideravelmente - acima de 20% - e há possibilidade de novos recuos.

O longa vida no atacado, por outro lado, está nos piores preços quando se compara os valores em reais corrigidos pelo IGP-DI, desde janeiro de 1999.

As exportações de leite em pó, no atual câmbio e com o atual preço da matéria prima, passaram a ser desinteressante. Mesmo assim, o Brasil continua exportando; não pode parar, sob pena de perder mercados.

Portanto, analisando todo cenário, há possibilidade de que os preços caiam ainda mais, piorando a estimativa de perda de receita do produtor rural.

Porém, por ora a Scot Consultoria ainda trabalha com estimativas de perda de receita anual equivalente a R$0,02 a R$0,03/litro produzido no ano 2005. Espera-se que não seja necessário rever este cenário, pois tal perda já representa muito aos produtores.

A situação só não é pior porque o mercado de concentrados está favorecendo o pecuarista; um próprio reflexo da crise de preços da agricultura.

Porém, em meados de julho, alguns concentrados deram uma "desaparecida" do mercado, em algumas regiões. O fato se apresentava como o prenúncio de uma alta nos preços. Vale lembrar que as cotações dos concentrados, que já eram favoráveis em 2004, em 2005 estão cerca de 9% a 15% mais baixos, em média. Em relação à 2004, os proteinados reduziram cerca de 14,5%, enquanto os energéticos aumentaram 1,09%.

De fato, os preços aumentaram em agosto, mas muito pouco em relação ao que se imaginava.

Em agosto, quando comparado a junho, os preços dos alimentos proteinados estão 4,26% mais altos. Os energéticos evoluíram apenas 0,5% nos valores. Sendo assim, a situação ainda não ficou crítica em termos de preços de alimentos, apesar de que a relação de troca...

A relação de troca de alimentos concentrados adquiridos para cada litro de leite vendido, apesar de favorável em 2005, recuou 13% em agosto.

Para padronizar a relação de troca, a Scot Consultoria estimou uma formulação de dieta básica com os preços históricos dos principais concentrados demandados pela produção leiteira. Foram considerados os eventuais substitutos nas dietas tradicionais, geralmente compostos por resíduos de agroindústrias de alimentos.

Observe, na tabela 1, as relações de troca entre leite e uma formulação concentrada, desde o ano de 1998. Foram considerados os períodos de entressafra e a média anual.

Tabela 1: Relações de troca, nos períodos de entressafra e na média anual entre leite e uma formulação concentrada, desde o ano de 1998.

 


Fonte: Scot Consultoria

Observe que o poder de compra de concentrados, apesar de ser a mais favorável dos últimos anos, ainda é equivalente ao poder de compra de 1998 e 1999.

Para o produtor, recomenda-se para final de agosto e mês de setembro, atenção aos fatos de mercado, especialmente do longa vida, mercado "spot" e os resultados das exportações. Nos insumos, olho no comportamento dos concentrados e fertilizantes.

Se bem que, com esse desânimo, é provável que o produtor de leite pegue uma carona na redução do nível "tecnológico" de produção, que tem ocorrido nas demais atividades produtivas.

Se assim ocorrer, ele acabará se preparando menos com relação à produção de volumosos para a próxima entressafra.

Aí, a história começa tudo de novo!!!

MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

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FERNANDO APARECIDO BARBOSA GUIMARÃES

PRESIDENTE VENCESLAU - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/11/2009

Amigos, dividimos o mesmo sentimento de revoltas e indignação com o valor do leite pago a nós produtores que muito trabalhamos para colocar na mesa ou melhor dizendo na boca do povo brasileiro um alimento essencial para o seu desenvolvimento humano. Neste mês a empresa Lider para quem vendemos o nosso produto pagou menos que o valor de uma dose de pinga no litro leite da região (Caiua- oeste de SP) R$ 0,60 ou seja no supermercado o litro de leite por mais industrialisado que seja acrescido de impostos chega a R$ 2,50, mais de 300% de aumento.

Uma tremenda falta de respeito com o produtor e principalmento com o povo que precisa do alimento para ter seu desenvovimento fisico e ajudar a previnir doenças.

Até agora, nenhum representante das Empresas que coletam leite da região prontificaram a dar uma explicação seja ela qual for. Mas que justifique e principalmente fundamente tal desrespeito a consumidor/produtor.
JAIRO JOSÉ COSTA FERREIRA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2005

A CAPEBE (COPERATIVA DE BOA ESPERANÇA), QUE FORNECE LEITE PARA A PAULISTA PAGOU 0,47 POR LITRO DE LEITE TIPO B NA PRIMEIRA QUINZENA DE AGOSTO.
RENATO LANDINI DIAS

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/08/2005

Maurício,



Em um recente encontro com produtores de leite, a constatação de que todos não se conformavam, de que qualquer explicação que buscássemos para este cenário não era válida, mas na cabeça de vários, viam a situação como oportuna para laticínios, compradores de leite em geral, abaixarem ainda mais os preços do que realmente o mercado acenava.



Perguntei se alguém estava fazendo alguma coisa, a resposta como sempre foi não.



Então venho aqui fazer o mesmo pedido que lhes fiz, vamos pressionar os sindicatos, formar alianças regionais, cobrar das cooperativas posições mais claras e que estes esforços apareçam na mídia e cheguem até o governo. De alguma forma temos que sensibilizar lideranças do setor para que mais do que nunca elas apareçam e nos mostrem porque assim são consideradas.



Recentemente ouvi de um funcionário de uma empresa do setor lácteo, de que para exportar o preço médio teria que estar abaixo de 0,20 cents de dólar, e que estavam recusando "leite de cooperativa e spot" a R$0,40, no mês de julho deste ano. Quem está produzindo este leite? O que acontecerá com o produtor desta cooperativa?



Não acredito em milagres, e muito menos sou ingênuo para acreditar em alguma resposta rápida, mas como produtor não agüento mais ouvir dos que pararam que o leite é e sempre será assim e que alguém dirá que no ano vem irá melhorar.



Exemplos do RS são animadores na busca de seus direitos. Eles conseguiram, no cenário político, vitórias importantes.

O caso da soja transgênica, da negociação de dívidas, enfim mostram uma união, é uma região que comparada a outras, produz muito menos e aparecem muito mais.



Mas a única coisa que tenho certeza é que não é possível simplesmente abaixarmos a cabeça e esperar o próximo pagamento para saber o valor que foi pago.



Um grande abraço,

Renato Landini Dias (Piti)

Fazenda São José - S. J. Rio Pardo- SP

PAULO HORACIO CARDOSO

EUGENÓPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2005

Como produtor de leite na Zona da Mata Mineira, informo-lhes que os preços pagos ao produtor em 20-08 (referentes à produção de julho) caíram aproximadamente 9,5%, de R$ 0,48 para R$ 0,44.
MIGUEL BARBAR

FRUTAL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 18/08/2005

Maurício, Bom Dia,



Eu estava lendo seu artigo e decidi falar sobre o custo em dólar (você escreve que tem quem fale que em dólar está bom).



Nós saímos de um dólar de R$ 2,96 em Agosto de 2004 para algo em torno de R$ 2,36 (-20,27%) mais uma taxa básica de juros de 19,75%. Some os dois e não tem capital especulativo que não migre para tentar morder este bocado. Cada vez vem mais capital, que mantém câmbio baixo.



As exportações continuam bem (novos contratos estão difíceis, mas ninguém esta deixando de cumprir os assumidos), resultado na entrada de mais dólares.



Não tem jeito; má política de controle da inflação lastreada APENAS na taxa de juros demonstra sinais claros de esgotamento (como foi a política de controle de preços do cruzado, lembra-se dos fiscais do Sarney?).



Aí e lembro do seriado que minhas filhas assistiam, o Chapolim Colorado, que dizia:



-Quem poderá nos defender ????



Um abraço

Miguel
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/08/2005

Maurício,



Parabéns. Sua análise é muito lúcida e realista. Arrisco-me a acrescentar que, pensando em timing ao longo do ano, a crise veio no momento certo. O início da entresafra é o melhor momento para ducha de água fria; não há de onde extrair sobreoferta e o desestímulo tem efeitos mais imediatos do que na safra. Portanto, nestas circunstâncias, o ajuste da oferta em relação à demanda pontual é mais rápido e tende a erodir menos os preços. Nos ajuda muito o fato de termos preços internacionais históricamente altos. Apesar dos pesares, esta conjuntura é favorável.



Parece-me claro que o estímulo de preços do leite no último período, associado à queda do U$ causaram a crise atual. Mas também é bastante positivo o fato de que em julho tivemos superávit na balança de lácteos. Considero fundamental, na análise, o fato de que nossas exportações aumentaram significativamente em relação a 2004. Mostra que a importação pode ser conjuntural, mas não a exportação, que parece estar se tornando estrutural para o país.



Já sabemos que o leite a U$0,22 por litro, neste câmbio, é irreal e desestimulante. Resta ao mercado reconhecer onde ficará o ajuste, considerando os fatores conjunturais positivos e negativos da atual crise. A queda anual de 25% na taxa de câmbio é um sinalizador importante, mas não o único.



Há um objetivo (e um compromisso, com a IN 51) da cadeia em manter a atividade leiteira em evolução profissional, se quisermos continuar exportando e conquistando acesso a novos mercados. Os significativos volumes de exportação deste ano devem ser um sinalizador e um sinal amarelo para as perigosas reações manipuladas do mercado. Todos temos algo a perder com a crise mas, neste momento mais do que nunca, é preciso cautela para não retrocedermos a 1997.
RICARDO JOSÉ DE ALMEIDA SILVA

SINOP - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 16/08/2005

Este artigo é um ótimo alerta aos produtores de leite, vou tirar uma cópia e por no mural do leite da empresa de extensão rural que eu trabalho, para os produtores ficarem mais atentos.



Ricardo J. de A. Silva

Centenário do Sul - Pr

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