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Outubro: haverá uma luz?

POR MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

PANORAMA DE MERCADO

EM 03/10/2005

5 MIN DE LEITURA

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Setembro chega ao fim com uma queda de preços nas mesmas proporções de agosto.

O valor médio pago no país recuou 6,33%, ficando abaixo dos R$0,50/litro, valor bruto para descontar. A produção de agosto, paga em setembro, foi remunerada a R$ 0,479/litro. Em dólares, o leite brasileiro vale US$0,21/litro. Em reais nominais, o preço médio do leite já acumula queda de R$0,09/litro nos últimos 3 meses.

Dentre todos os Estados, sem dúvida alguma, o Rio Grande do Sul é o que mais sentiu o efeito da crise. Os preços, que vinham altos por conta da seca, recuaram R$0,15/litro, em média, em 4 meses. O segundo maior recuo foi observado no Espírito Santo, cerca de R$0,13/litro.

Nas outras quatro maiores bacias leiteiras, o comportamento foi parecido entre elas. Minas Gerais, Goiás e Paraná tiveram retrações de R$0,11/litro no preço. Em São Paulo, tanto o leite B como o leite C recuaram R$0,08/litro. Observe os preços de setembro, produção de agosto, e as evoluções em porcentagem e em centavos na tabela 1.

Tabela 1: Variações em porcentagem e em R$/litro e preço bruto médio pago em setembro, pela produção de agosto,em todo o país.
 

Fonte: Scot Consultoria

E os preços para setembro, pagamento de outubro, devem recuar ainda mais, segundo levantamento de perspectivas para o próximo pagamento.

Até o momento, o produtor de leite já viu seus preços recuarem cerca de 16,4%. Em 2004, o recuo nos preços do leite atingiu 6,15%, inferior à queda observada apenas no mês de setembro de 2005. Outro dado: desde abril de 2004 os preços médios nacionais não ficavam abaixo dos R$0,50/litro.

Se está ruim no geral, existem produtores para os quais a situação é mais que desesperadora. No Triângulo Mineiro (MG), região onde se consolida uma das principais bacias leiteiras do país, existem produtores que receberam R$0,25/litro, valor regional mais baixo. Nesta região, registrou-se o preço mais baixo pago no Brasil, seguido de perto pelos R$0,27/litro recebidos por produtores catarinenses e pelos R$0,28/litro da região de Rio Verde (GO).

Observe que se trata de preços cerca de R$0,22/litro abaixo da média nacional. São inimagináveis para a atualidade, e mais inimagináveis ainda para a época em que ocorrem.

Observe, na tabela 2, os preços mais baixos registrados por Estado.
 

Fonte: Scot Consultoria

Os que recebem os menores preços, geralmente, são também os produtores com menores volumes de produção. Além da escala baixa, um produtor nestas condições tende a ter o custo do frete por litro de leite mais alto. Tal valor é descontado do pagamento do preço bruto, na maior parte dos casos. É uma situação complicada, que poderá causar impactos negativos na produção do ano seguinte.

Mesmo considerando todas as adversidades, o mercado finalmente parece dar ares de mudança.

A pecuária de corte, que literalmente chegou ao fundo do poço, com os piores preços da história, já começou a assistir uma reação, mesmo com o dólar em baixa. A prazo, em São Paulo, os preços aumentaram R$3,00/@ em menos de 10 dias, os últimos de setembro. Ufa!!!

Está certo que não há uma relação padrão entre os preços do boi e os preços do leite, no entanto, o setor leiteiro começa a sinalizar que talvez tenha encontrado o seu "fundo do poço", ou que, pelo menos, ele está bem próximo.

Do total dos entrevistados pela Scot Consultoria, cerca de 40% já falam em estabilidade nos preços e 6% deles, a maioria no Nordeste do país, acredita em aumento nos valores que serão pagos em outubro, pela produção de setembro.

No final de setembro, 54% dos entrevistados acreditavam em queda nos preços, contra os 82% do mês anterior. Mesmo assim, arriscam afirmar que a queda não será tão severa como as observadas para a produção de julho e de agosto.

O mercado "spot" - que representa o leite comercializado entre as indústrias - vinha recuando à média de R$0,06/litro ao mês nos últimos quatro meses. Em três meses caiu de R$0,66 para R$0,46/litro, um "tombo" de R$0,20/litro na média de preços de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Em setembro, as cotações caíram novamente. Mas desta vez a queda foi de "apenas" R$0,014/litro. O "spot" médio do fim de setembro ficou em R$0,44/litro, valor R$0,04/litro abaixo do preço bruto pago ao produtor, média nacional.

Embora pareça que o preço do mercado "spot" sinalize que a média dos produtores volte a recuar significativamente, a realidade não é bem assim.

Observe, na figura 1, a comparação entre os preços pagos aos produtores, média nacional, e os preços comercializados no mercado "spot". Em períodos de pressão baixista no mercado, os preços "spot" tendem a ser inferiores ou, na melhor das hipóteses, próximos aos valores médios pagos aos produtores.
 


Com isso, aquela "curvinha" da queda de preços do "spot", apontada para o mês de setembro na figura 1, deve reter o ritmo de queda nos valores pagos aos produtores. Evidentemente, o mercado nem sempre se comporta conforme a lógica esperada, por isso recomenda-se acompanhamento constante das informações.

Essa discrepância, aparentemente ilógica, entre preços "spot" e aqueles pagos ao produtor, faz parte da estratégia das grandes empresas que compram no "spot". Em períodos de queda nos preços, as mesmas pagam menos às outras indústrias que fornecem matéria-prima e mantêm os preços aos seus produtores, fornecedores diretos. Em períodos de alta, pagam mais no "spot", seguindo as regras da lei de oferta e procura, mantendo preços médios mais baixos aos seus fornecedores.

Com isso, as empresas conseguem alterar favoravelmente o seu preço "mix" (média geral do valor de todo o leite industrializado), sem que os preços oscilem drasticamente aos seus fornecedores.

Trata-se de uma estratégia que vem dando resultado e, ao mesmo tempo, acaba por desestabilizar as cooperativas menores, que com menor capacidade de competitividade no mercado final, acabam tendo que comercializar no "spot".

Não é preciso refletir muito para saber para quem vende a maioria dos produtores que recebem os menores preços.

Além da necessidade de reestruturação e união do cooperativismo lácteo, o que possibilitaria maior competitividade, não resta dúvida que há enorme importância na profissionalização do gerenciamento de fluxo de caixa ao longo do ano.

Como é de conhecimento geral, no mercado de commodities, o que faz a diferença é a gestão. Para atuar num mercado cujos preços de venda ("spot") e de compra (produtor) se comportam conforme a figura 1, só mesmo com um excelente gerenciamento. Ou então, com um milagre!!

MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

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JORGE LEON PEREZ

OUTRO - PESQUISA/ENSINO

EM 04/10/2005

Sus articulos y comentarios, asi como de sus compañeros de grupo me parecen muy apropiados y serios en sus conceptos.



Me gustaria saber si el mismo comportamiento en leche y carne se da para el consumidor o tenemos un sector productor pagando las ineficiencias del transformador comercializador o enriqueciendo el exportador



Me gustaria ser receptor de tu informacion y compartir analisis. Puedes escribir en potugues. Fui formado en los años 70-75 en el estado de Ceará en aspectos econômicos.



Jorge Leon Perez

Productor de leche



<b>Resposta do autor:</b>Prezado senhor Jorge,



Obrigado pelas palavras.



Sobre seu questinamento, a resposta é sim. O comportamento do varejo, tanto para leite, queijos e carnes, é semelhante. Os preços são elevados para o consumidor e pouco remuneram a cadeia produtiva (indústria e produtores). Na verdade, não se trata de ineficiência na comercialização, mas sim de margens altas por unidade de produto.



Com base no seu comentário, estamos elaborando uma análise sobre o varejo e atacado para a próxima semana. Assim, neste espaço, divulgaremos mais números sobre essa relação entre produtores e varejo.



Um forte abraço



Maurício Palma Nogueira

engenheiro agrônomo







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