Até bem pouco tempo atrás, o considerável crescimento da produção leiteira em Rondônia era apresentado apenas em valores porcentuais. Quando se comparava o aumento da produção em volume, Rondônia perdia para outros Estados no aumento da produção leiteira.
No entanto, no último levantamento do IBGE, sobre o ano de 2002, Rondônia apareceu com o segundo maior crescimento em volume de leite no país, em relação à produção de 2001.
A produção de Rondônia aumentou 168,5 milhões de litros, enquanto a de Minas Gerais aumentou 196,1 milhões de litros, ou seja, Rondônia apareceu com 86% do aumento observado em Minas Gerais.
Apenas 6 Estados da união tiveram incremento na produção acima de 100 milhões. Em ordem decrescente foram Minas Gerais, Rondônia, Goiás, Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Observe que dentre os que mais aumentaram, aparece também um outro Estado de fronteira para a pecuária leiteira. O Pará ocupou a quarta posição entre os Estados que mais incrementaram a produção em 2002.
Observe, na tabela 1, a produção de leite nos principais Estados em 2002 e o aumento em volume, quando comparado a 2001 e à produção de 1991. Optou-se por apresentar os 16 Estados na nação, cuja produção ultrapassa 1% do volume total produzido no país. O mercado de todos estas regiões é acompanhado pela Scot Consultoria.
Tabela 1: Produção por Estado em 2002 e variação em volume em relação ao início da década de 90 e ao ano de 2001.
Outro fato que chama a atenção, analisando a tabela 1, é que o grande aumento na produção de leite nas regiões de fronteira, segundo o IBGE, parece ter se concentrado nos últimos anos. Em Rondônia, 42% do aumento do volume, observado em 11 anos, ocorreu em 2002. No caso do Pará, 35% do aumento em 11 anos concentrou-se entre os anos de 2001 a 2002.
Nos últimos anos, o maior interesse de diversas indústrias nessas regiões, especialmente em Rondônia, parece ter estimulado a produção leiteira regional.
Regiões fartas de pastagens, aplicando técnicas de fornecimento de concentrados ou mesmo sais proteinados e energéticos, permitem bons desempenhos de animais leiteiros mestiços.
É, teoricamente, um leite barato.
Às indústrias, cabe avaliar a viabilidade de compra do leite destas regiões para abastecer o mercado do sudeste, especificamente.
Observe, na figura 1, os preços do leite na média ponderada do país e nos Estados do Pará e Rondônia. Os valores estão apresentados em reais nominais, ou seja, os valores que realmente foram pagos ao longo do período.
Em média, no último ano, os preços pagos em Rondônia ficaram 13% abaixo da média do país, enquanto os preços pagos no Pará ficaram 15,7% abaixo da média. Para o cálculo da média dos preços pagos no Brasil, são incluídos todos os Estados relacionados na tabela 1. Os preços pagos nestes Estados pesam proporcionalmente, é uma média ponderada.
Portanto, os preços que mais pesam no cálculo da média ponderada são os preços dos seis Estados leiteiros que produzem mais de 1 bilhão de litro de leite ao ano: Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
Observe, na figura 2, os preços pagos pelo leite ao produtor em fevereiro, nos diversos Estados pesquisados.
Para estas regiões, a tendência é que aumentem a sua importância como bacia leiteira no país. Como ocorreu durante anos em Goiás, os preços do leite tenderão a se distanciar mais da média nacional, em períodos de sobra de leite, e aproximar-se da média durante os meses de maior concorrência entre as indústrias: a entressafra.
Visitando a região de Rondônia, ao contrário do que muitas vezes se imagina, já é possível constatar bons projetos sendo desenvolvidos para a produção leiteira. Aos poucos, aquela imagem de "fogo de palha" de uma região bem mal localizada em relação aos centros consumidores, vai sendo substituída pelos bons projetos que se iniciaram e tendem a se desenvolver no Estado.
O aumento da demanda, por parte das indústrias que começam a se interessar e se mover para a região, fortalecerá e desenvolverá a pecuária leiteira em Rondônia.