Tabajara Marcondes1
Nos últimos tempos, as reuniões mensais do Conseleite do Paraná são aguardadas com certa expectativa pelo setor leiteiro paranaense e de outras unidades da federação. Nestas reuniões são definidos preços de referência para a matéria-prima, a partir dos preços de comercialização do leite e derivados.
É muito natural que esta expectativa exista e até esteja sendo intensificada, pois além de ser nestas reuniões do Conseleite onde existe a maior transparência na formação dos preços do leite do País, é sabido que, cada vez mais, o processo de formação de preços do leite não está limitado a um estado.
Especialmente em casos como o do Paraná, que, além de importante produtor e consumidor de leite, está próximo dos principais estados produtores e/ou consumidores de leite do País e que tem uma importante participação na comercialização interestadual de leite e derivados.
Na reunião do Conseleite deste mês de outubro (dia 14), a exemplo do que já aconteceu em meses anteriores, as indústrias apresentaram informações um pouco diferentes das que vinham sendo apontadas em vários estados brasileiros.
Primeiramente, verifica-se que os decréscimos dos preços de alguns produtos (leite UHT, leite pasteurizado, queijo mussarela e o leite cru), que influenciam de forma mais importante os preços aos produtores, são menos significativos do que seria de se esperar. Além disso, verifica-se também que alguns produtos (queijo prato e leite em pó, por exemplo) continuam com preços em elevação (Tabela 1).
Isto pode indicar que as vendas de leite e derivados para o varejo estão menos complicadas do que o esperado. O que, por sua vez, não deixa de indicar que o comportamento da produção ainda pode estar muito ajustado ao do consumo de leite.
Com isto, os preços de referência para a matéria-prima, mesmo seguindo a trajetória de decréscimo dos últimos meses, apresentaram reduções menos intensas que o esperado (Tabela 2).
Em Santa Catarina, a situação não tem sido muito diferente. Em várias situações continua havendo algumas reduções nos preços recebidos pelos produtores, mas de maneira geral em percentuais não muito expressivos.
O ideal para o setor leiteiro e para os produtores de leite, entretanto, é que a economia brasileira comece rapidamente a se recuperar de forma mais significativa. Isto, certamente, repercutirá positivamente sobre o consumo de leite, o que, num momento de perspectiva de crescimento de oferta de leite, pode evitar a continuidade deste movimento de redução de preços, que, mesmo em percentuais pequenos, começa a prejudicar seriamente muitos produtores.
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1Instituto Cepa