O leite contém poderosos hormônios de crescimento provenientes de vacas tratadas com proteína bovina geneticamente modificada. A indústria de laticínios gasta bilhões de dólares para influenciar os órgãos de saúde, o congresso e a comunidade científica e médica, com o propósito de enganar o consumidor, que desconhece o perigo de consumir leite e derivados.
Em essência, essa é a mensagem do livro que dá origem ao título deste artigo, cujo autor é um certo americano chamado Robert Cohen e publicado, neste ano, no Brasil, pela editora Ground.
Voltando de Alta Floresta, onde estive a convite do Prof. Laranja, o avião fez uma escala em São Paulo, a caminho para o Rio de Janeiro. Lá embarcou basicamente nutricionistas e nutrólogas, que tinham acabado de participar de um congresso de nutrição humana. Na fila em que eu estava, sentaram-se quatro nutrólogas, todas formadas em medicina. O assunto foi o congresso. Mais especificamente, um painel que lá ocorreu e que concluiu sobre os malefícios do leite à saúde humana. O livro em questão foi indicado a mim por uma delas. Indicaram-me outro: o leite que ameaça as mulheres, cujo autor é Raphael Nogier, publicado no Brasil pela Editora Ícone.
No início de outubro a Câmara Setorial do Leite, do MAPA, reuniu-se para discutir uma proposta da Lactea Brasil, visando a estruturação de ações sobre o marketing institucional do produto. A apresentação do diretor daquela entidade, o nosso conhecido Marcelo Carvalho foi arrebatadora e motivou elogios de todos os presentes. Para saber mais detalhes sobre esta reunião, clique aqui. Diante da ação de especialistas em alimentação humana, que cada vez ganham mais crédito junto aos consumidores, nada mais oportuno, não?
A cadeia do leite vem amadurecendo rapidamente, e a mudança de patamares tem se dado aos saltos. Assim é que, com o fim do controle de preços em 2001 e a abertura econômica que ocorreu nos anos subseqüentes, a cadeia foi competente para buscar eficiência em diferentes elos e adotou os conceitos de logística. Em 1997, com o câmbio sobrevalorizado e sem políticas claramente voltadas para o setor, foi instituído o Movimento SOS Leite, que redundou em um novo patamar de relacionamento dos seus agentes com os poderes executivo e legislativo. O discurso político passou a ter claro embasamento técnico. Disso resultou, dentre outros ganhos, as medidas anti-dumping, ainda em vigor. Já na crise do apagão, com a queda do consumo de produtos refrigerados, o setor entendeu que o caminho para alocar o excedente seria o mercado internacional. Todos esses saltos foram estruturantes, ou seja, após iniciado não houve retrocesso. Ao contrário, somente avanços foram registrados em cada um desses.
Se o setor evolui aos saltos, motivados por crises, ao que parece esta crise poderá levar à criação de um fundo, que vise atender a essa necessidade premente: o combate a informações que desestimulam o consumo de leite. Isso seria mais um salto da cadeia. Mas, incompleto. É necessário pensar também em outros dois pontos frágeis: defesa sanitária e pesquisa. Os países que evoluíram na atividade leiteira conceberam propostas específicas na alocação de recursos considerando estes três itens fundamentais para a sustentabilidade do setor lácteo. Trataremos desse assunto na próxima quinzena. Enquanto isso, compensa comprar e ler os dois livros, cujas capas estão aí em baixo, para ver o que estão falando do nosso produto. Você vai desembolsar R$ 66,00. Mas, considere esta advertência: se seus familiares lerem, você que se dedica à cadeia do leite, corre o risco de ser visto como um marginal, que age contra a sociedade! E, creia, é assim que muitos brasileiros de classes média e rica começam a ver o nosso nobre e naturalmente saudável produto.