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Instituições, eis a diferença!

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 28/11/2003

4 MIN DE LEITURA

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Recentemente ocorreram dois fatos de extrema relevância para o mundo do leite. O primeiro foi o debate ocorrido durante a Expomilk sobre o leite e sua viabilidade como negócio. A escolha do Professor Sebastião Gomes e dos Drs. Roberto Jank e Valter Galan para debaterem num mesmo espaço, por si somente já garantiria qualidade e conteúdo ao evento. Com o formato inovador apresentado e o assunto escolhido, a importância cresceu. O outro fato importante foi a instalação da Câmara Setorial do Leite pelo Ministério da Agricultura.

Em função de compromissos, estive ausente em ambos. Do primeiro, tive informações geradas por este MilkPoint e por colegas que lá estiveram. São unânimes em afirmar que tem tudo para entrar no calendário de eventos do setor. Do segundo, sua importância reveste-se de simbolismo. Marca o retorno do Estado brasileiro na discussão de formulação da política de leite de modo sistematizado, contínuo, institucionalizado. E isso não é pouco. Na Era Malan, falar em Câmara Setorial era afrontar as forças de mercado. Ainda mais se viesse de setores típicos de mercado interno, como o leite. Ninguém se atrevia. Mas Malan já era. Será? Ou será que as câmaras setoriais são reflexo da credibilidade que goza o atual Ministro? Ou será que resulta do amadurecimento da cadeia do leite? Não serão ambos?

A revista Veja, que começou a circular em 23 de novembro passado, trouxe uma importantíssima entrevista com o Prof. Oliver North, ganhador do Nobel em economia nos anos noventa. Convido-o a lê-la. Ele é um proeminente pensador de uma corrente de economistas que se esforçam para que esta ciência esteja cada vez mais próxima da realidade. Os ortodoxos torcem-lhe o nariz. Porque, aceitar suas idéias, significa rever valores cultivados ao longo de toda uma vida profissional. Significa aceitar que todos nós tomamos decisões no escuro, que não somos plenamente racionais. E se tem uma coisa que nós economistas gostamos de nos gabar é que somos os guardiões da racionalidade. Superamos, neste aspecto, os engenheiros e o seu discurso de pensamento cartesiano. E mais, significa reconhecer que somos plenamente oportunistas em nossas ações. E que agimos em função dos valores cultivados no ambiente em que vivemos, consubstanciados nas instituições formais (organizações) e informais (costumes).

Você pode estar pensando que não existe nada de original nas idéias desse professor. Mas se fez alguma disciplina de economia na graduação, saiba que os pressupostos que estavam por traz daqueles gráficos são muito diferentes dos pressupostos do parágrafo anterior. Também por isso é que você achou a disciplina insossa... Veja o caso da privatização do setor elétrico. O problema diagnosticado nos anos noventa: haveria gargalo na geração e distribuição de energia, se o país voltasse a crescer. Necessário, pois, investir. Mas como, se o Estado não tinha recursos? Bom...por que não entregar essa tarefa ao setor privado? Mas, então, seria necessário tornar esta atividade atrativa. Mas como dobrar a resistência ideológica às privatizações? Simples: assegurar ágios elevados nos leilões. Como operar? Simples, também: escalar Ministro politicamente fraco, ANEEL técnica e politicamente fraca, modelo de envelope fechado para os leilões, empréstimo do BNDES para os futuros adquirentes, garantia de retorno, em dólar, do capital investido.

Os ágios nos leilões foram supreendentemente elevados. Sucesso total, então. Mas o resultado: nenhum investimento de monta foi feito até agora, pois as expectativas de lucro não foram correspondidas. Culpar as empresas compradoras? Não! O que esperar delas? Que sejam altruístas, uma espécie de Madre Teresa de Calcutá? Que formulem política para o setor? Claro que não...Mas esperavam!

O mundo do leite está reestruturando suas instituições formais e informais. Primeiro, agora já não é heresia afirmar: leite é negócio. Não é diletantismo para médicos, engenheiros e advogados, que nos anos 80 viam a atividade como hobby. Todo lazer custa dinheiro. Se quer diversão, pague para tê-la. A piscina da fazenda tem que ser resultante do lucro, e não item de custo da atividade.

Segundo, leite é setor importante economicamente. Está em consonância com o Plano Plurianual - a bíblia do planejamento dos governos atual e anterior. Gera emprego e renda, desconcentra o desenvolvimento regional, inclui os desafortunados na produção e no consumo, substitui importações e melhora o desempenho do Balanço de Pagamentos.

Terceiro, numa democracia, o que vale é o poder de pressão. Congresso existe para isso. Para receber pressão. E Executivo, para decidir sobre pressão, a favor de quem pressiona com maior vigor. E o setor tem sabido trabalhar esta questão, tanto no Executivo, quanto no Legislativo. A instalação da Câmara Setorial é um exemplo. As CPI's estaduais do ano passado também. Esse é um importantíssimo avanço que as instituições do leite conseguiram, ou seja, atuação sólida como instituições de pressão política. Infelizmente, por ser intangível, muitos produtores não percebem esta ação. Com frequência ouço produtores afirmarem que as CPI's não deram frutos concretos. Ledo engano! O papel de uma CPI é colocar na pauta de discussão da sociedade um assunto. É incomodar. É dar visibilidade a um problema. E todas cumpriram este papel. É dessa forma que as instituições vão se moldando.

Quarto, as entidades do leite atualmente têm assessorias técnicas próprias e ainda se valem de assessores contratados para um fim específico. Nos dois casos, valem-se de profissionais da melhor qualidade. Essa característica nova mudou o debate do leite. Deu consistência às demandas do setor junto aos poderes, contribuiu para educar a participação dos produtores e ajudou a esclarecer a mídia.

Há ainda pontos importantes a serem melhorados, como a coordenação entre os agentes da cadeia produtiva e aprofundar a disponibilidade de informações de mercado. Dois pontos, contudo, são chaves: o ensino e a pesquisa voltados para a cadeia produtiva do leite. Sem repensar estes dois itens, é mais difícil obter saltos quânticos. Por ser necessário uma maior reflexão, voltarei brevemente neste assunto, enfocando especificamente ensino e pesquisa.

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JOSELITO GONÇALVES BATISTA

OUTRO - MINAS GERAIS - EMPRESÁRIO

EM 28/11/2003

Gostaria muito de parabenizar o Dr. Paulo do Carmo Martins, pela belíssima matéria e pelo comentário sério e principalmente profissional.

Estarei esperando a seqüência, pois é disto que todos os integrantes do setor precisam.

Estarei também mutiplicando esta matéria e enviando para todos os meus parceiros em minha empresa, para tomarem conhecimento e refletirem sobre o exposto.
Grato
Joselito
Laticínios Taigor´s

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